A equipa com o Presidente da República
A época de 1972/73 foi uma das piores da história do futebol leonino. Talvez por influência do sucesso de Jimmy Hagan no Benfica, o Sporting resolveu contratar um treinador inglês, apostando em Ronnie Allen que se revelou um fiasco.
O novo técnico fez várias alterações apostando em alguns jovens prometedores, mas nunca conseguiu pôr a equipa a funcionar e depois de uma humilhante eliminação das competições europeias, o Sporting foi-se afundando irremediavelmente na tabela classificativa.
A juntar a tudo isto, a Direção de Brás Medeiros foi muito criticada durante a Assembleia Geral eleitoral onde o Presidente e o seu vice foram reconduzidos para mais um mandato, pelo que ambos se recusaram a tomar posse, dando origem a uma crise diretiva, que levou à eleição de uma nova Direção, que tomaria posse no início de Abril de 1973, altura em que Ronnie Allen foi finalmente despedido, com Mário Lino a assumir o comando da equipa.
Nessa altura o Sporting já estava qualificado para os quartos de final da Taça de Portugal, depois de ter eliminado o Leça e o Torres Novas, dois pequenos clubes das divisões secundárias e, foi já sob o comando de Mário Lino que os Leões se qualificaram para a Final do Jamor, depois de afastarem, em Alvalade, o Leixões que tinha eliminado o Benfica e a CUF, no Barreiro, em ambos os casos com vitórias por um magro 1-0.
Os caprichos do calendário determinaram que na última jornada do Campeonato o Sporting se deslocasse a Setúbal para defrontar o Vitória, que era precisamente o outro clube apurado para a Final do Jamor, que se realizava no fim de semana seguinte. No Bonfim o Sporting foi derrotado por 2-0, caindo para o 5º lugar do Campeonato, ficando assim fora dos lugares que davam acesso à Taça UEFA, pelo que a generalidade da crítica atribuiu o favoritismo ao Vit. Setúbal na disputa do último troféu da temporada, que para o Sporting era também a única possibilidade de garantir o acesso às competições europeias da temporada seguinte.
A grande Final disputou-se no dia 17 de Junho de 1973 em pleno Estádio Nacional, com as bancadas completamente pintadas de verde e branco, as cores dos dois clubes em confronto. Na ausência do capitão José Carlos que tinha tido muitas dificuldades para travar Jacinto João no Bonfim, Mário Lino apostou em Vitorino Bastos para a posição de defesa direito, ao mesmo tempo que Yazalde regressava ao centro do ataque leonino, depois de ter estado ausente devido a lesão e foi aí que esteve a grande diferença, pois o jovem e aguerrido defesa leonino secou completamente o extremo esquerdo sadino, enquanto o avançado argentino arrancou uma grande exibição, sendo determinante para a vitória de um Sporting ferido no seu orgulho, que entrou com tudo.
Foi realmente uma grande 1ª parte que levou os Leões para o intervalo com uma vantagem de 2-0, que era o reflexo da melhor exibição daquela que até aí tinha sido uma triste época para o Sporting, mas que nessa tarde sob o comando de um demolidor Yazalde, destroçou por completo os setubalenses. O primeiro golo surgiu aos 23m depois de uma incursão do avançado argentino, que se desenvencilhou de João Cardoso e serviu na perfeição Nelson, que na passada rematou de primeira inaugurando o marcador. 11 minutos depois Yazalde tabelou com Manaca, surgindo isolado frente a Torres, para bater sem dificuldades o guardião sadino.
Na 2ª parte o Sporting manteve o seu domínio e aos 20m Tomé coroou a sua grande exibição com um belo golo de cabeça, na resposta a um magnifico cruzamento do endiabrado Dinis. O 3-0 arrumava a questão e cheirou a goleada no Jamor, mas a 15 minutos do fim Carlos Alhinho cometeu um erro de principiante, oferecendo o golo a Duda.
O Vitória acordou numa altura em que o Sporting já estava a adormecer e as mexidas de Mário Lino não foram felizes, ao retirar do campo os dois jogadores que mais se tinham evidenciado na sua equipa, com a agravante de ter lançado um Hilário sem ritmo de jogo, o que contribuiu para alterar o sentido do jogo, que terminou com um desnecessário sofrimento para o Sporting, depois do brasileiro Vicente ter reduzido para 3-2 na marcação de um livre direto, quando ainda faltavam 5 minutos para os 90'.
Terminou assim em aflição uma época muito sofrida, mas no fim a festa foi dos Sportinguistas e Hilário subiu à tribuna para levantar a 8ª Taça de Portugal do Sporting, naquele que foi o seu último jogo oficial pelo Sporting, enquanto Mário Lino era passeado em ombros pelos seus jogadores.
To-mane (discussão) 16h10min de 11 de novembro de 2022 (WET)
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