O 2º tri-campeonato
O Sporting tinha ganho 5 dos últimos 6 campeonatos e era uma equipa respeitada em todo o mundo, mas muito invejada ou mesmo odiada em Portugal, onde para esta época os clubes rivais investiram no reforço das suas equipas, como nunca antes se tinha visto.
O Sporting pelo contrário apenas recrutou alguns jovens, fazendo fé na máxima de que em equipa que ganha não se mexe. Juvenal foi mais um histórico a abandonar, juntando-se a João Azevedo e Carlos Canário que também ainda tinham jogado na época anterior, mas a grande baixa foi Jesus Correia que aos 28 anos foi forçado a escolher entre o Futebol e o Hóquei em Patins, de que também era um destacado jogador no Paço de Arcos e na Selecção Nacional.
Chegou-se a falar na saída de Randolph Galloway que não tinha integrado a comitiva na viagem ao Brasil que encerrara a época anterior, mas o treinador inglês acabou por continuar a trabalhar em conjunto com Álvaro Cardoso e ambos construíram rapidamente a equipa com base no grupo que tinha brilhado no final da temporada de 1951/52.
Na defesa Joaquim Pacheco consolidou definitivamente o seu lugar no lado esquerdo e Caldeira regressou ao lado direito, enquanto no meio campo os recuperados Armando Barros e Juca formaram uma dupla de grande qualidade, empurrando para as Reservas Veríssimo, outro veterano, isto sem esquecer o Capitão Manuel Passos que liderava com classe as linhas mais recuadas da equipa.
Mais complicado foi resolver o problema do extremo direito, o que somado à grave lesão que afastou Travassos, obrigou a muitas mexidas na linha da frente. Rola foi a primeira e óbvia opção, mas Galileu e Mendonça também jogaram muito nesta época.
Apesar de todos estes problemas o Sporting andou sempre nos lugares da frente e ainda na 1ª volta chegou a isolar-se duas vezes na liderança da classificação, mas sempre que isso aconteceu a equipa tropeçou surpreendentemente na jornada seguinte, primeiro perdendo em Évora e deixando-se ultrapassar pelo Lusitano e depois empatando em casa com o Boavista, sendo alcançada no topo da classificação pelo Belenenses.
Mas à terceira foi de vez. Na 12ª jornada o Sporting ganhou em Setúbal e voltou a isolar-se, mas agora para não mais largar o 1º lugar, arrumando a questão com um início de 2ª volta verdadeiramente arrasador, ao ganhar nas Salésias por 4-2, seguindo-se nova vitória sobre o Benfica por 3-1 e uma goleada de 5-1 ao FC Porto. À 17ª jornada o Sporting tinha 4 pontos de vantagem sobre o Benfica, 5 sobre o FC Porto e 6 em relação ao Belenenses. Só um desastre roubaria o título aos Leões.
Mais uma derrota surpreendente, esta no Barreiro, ainda avivou as esperanças dos rivais, mas estes também foram tropeçando aqui e ali e assim o Sporting sagrou-se tri-campeão nacional pela segunda vez na sua história, conquistando novamente a Taça “O Século”, naquele que era o 8º Campeonato Nacional ganho pelos Leões, que nessa temporada foi conseguido novamente com relativo à vontade, conforme o demonstram os 4 pontos de vantagem final sobre o Benfica.
Terminado o Campeonato arrancou a Taça de Portugal que começou com o "Dia do Sporting", uma festa inesquecível onde foram entregues à equipa Campeã Nacional as taças O Século, Clipper e Federação, antes do jogo onde o Sporting derrotou a Académica por 3-0, seguindo-se um monumental cortejo até à Praça do Município, com Lisboa a aclamar os seus Campeões de uma forma nunca antes vista.
Concluída a eliminatória com a Académica com nova vitória em Coimbra, o treinador inglês Randolph Galloway resolveu não renovar o seu contrato com o Sporting, sendo substituído por Joseph Szabo que assim regressava ao Lumiar, onde começou a trabalhar de imediato na preparação dos compromissos internacionais que se avizinhavam.
O Sporting ainda fez mais um jogo a contar para a Taça de Portugal, empatando em casa com o Lusitano de Évora, que era nessa altura uma espécie de adversário maldito para os Leões, mas acabou por desistir da prova para poder ir novamente ao Brasil e concentrar-se na Taça Latina, que finalmente iria disputar em casa, tendo para isso a equipa entrado em estágio na Pousada de Vale de Lobos.
Lisboa vestiu-se de verde na esperança de finalmente ver o Sporting a ganhar o título que lhe faltava, mas a má sorte não deixava os Leões, e Joaquim Pacheco lesionou-se logo no início do jogo inaugural, deixando a equipa a jogar duas horas com menos um elemento, contra os italianos do Milan. Mesmo assim registava-se um empate a dois golos no final dos 90 minutos regulamentares, e foram precisos dois prolongamentos para que os italianos garantissem um lugar na Final, ganhando por 4-3.
A vitória por 4-1 sobre o Valência de Espanha, no jogo de atribuição do 3º e 4º lugares, foi um amargo prémio de consolação para quem sentia que merecia muito mais.
Nesta altura mais do que a Taça Latina, os torneios que habitualmente se realizavam no Brasil, eram considerados como as competições mais prestigiadas do futebol mundial a nível de clubes, pois neles se juntavam algumas das melhores equipas da Europa e da América do Sul. O Sporting tinha estado presente nos dois anos anteriores e voltou a ser convidado, graças ao enorme prestigio que granjeara nessas participações, o que de resto neste ano se confirmou pelo facto da Direção leonina ter conseguido que as datas da Taça Latina e da Taça Ribadávia Meyer não colidissem, de forma a permitir a participação do tri-Campeão de Portugal em ambos os torneios.
A época que tinha começado com a conquista da Taça Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, terminou assim com mais uma digressão ao Brasil, onde coube ao Sporting defrontar as melhores equipas de São Paulo e o Campeão do Paraguai.
No primeiro jogo o Sporting perdeu por 2-1 com o Corinthians que era o Campeão paulista e tinha acabado de ganhar o Torneio Rio-São Paulo, a competição mais importante do futebol brasileiro da altura. Foi um jogo muito duro no qual Albano se lesionou com alguma gravidade, enquanto Carlos Gomes, Armando Barros e Travassos ficaram condicionados para a segunda jornada, onde o Sporting voltou a perder desta vez com o São Paulo, num jogo onde Vicente Camilo também se lesionou, ele que tinha sido escalado para substituir Joaquim Pacheco que tinha ficado em Lisboa devido à grave lesão sofrida na Taça Latina. No último jogo o Sporting empatou com o Olímpia e apesar de ter apresentado uma equipa muito remendada, merecia outro resultado.
Ainda houve lugar para um jogo com o Santos, mas a equipa estava muito debilitada pelo que o confronto programado com a Portuguesa do Rio foi cancelado e o Sporting teve de recusar os convites que tinha para jogar na Venezuela e em Buenos Aires com o Boca Juniors.
Nesta temporada a Seleção Nacional disputou dois jogos particulares. Manuel Passos, João Martins e Albano marcaram presença em ambos, Juca e Travassos defrontaram a Áustria com o interior leonino a marcar o golo de Portugal, enquanto Vasques jogou e também marcou contra a Argentina.
Continuaram a não se disputar os Campeonatos Regionais de Reservas, tendo a AFL realizado dois torneios que mantiveram as equipas desta categoria em atividade.
Como curiosidade diga-se que o Sporting nesta época inaugurou no seu campo atlético uma instalação de banhos a vapor conhecida como Bastu e um equipamento de inalação de oxigénio, que foram colocados ao serviço da equipa de futebol no sentido de ajudarem os atletas na recuperação do esforço.
To-mane 23h33min de 19 de Agosto de 2008 (UTC)
Figuras
Secção do Futebol
Plantel
- Legenda
- Competição: CN=Campeonato Nacional, TP=Taça de Portugal, TL=Taça Latina
Jogos
Campeonato Nacional
Classificação
Class.
|
Clube
|
Jogos
|
Vitórias
|
Empates
|
Derrotas
|
Golos
|
Pontos
|
1º |
SPORTING |
26 |
19 |
5 |
2 |
77 - 22 |
43
|
2º |
SL Benfica |
26 |
17 |
5 |
4 |
75 - 27 |
39
|
3º |
Belenenses |
26 |
15 |
6 |
5 |
60 - 29 |
36
|
4º |
FC Porto |
26 |
16 |
4 |
6 |
58 - 35 |
36
|
5º |
Barreirense |
26 |
10 |
8 |
8 |
44 - 40 |
28
|
6º |
V. Setúbal |
26 |
11 |
5 |
10 |
40 - 33 |
27
|
7º |
Lusitano de Évora |
26 |
10 |
5 |
11 |
31 - 44 |
25
|
8º |
V. Guimarães |
26 |
7 |
6 |
13 |
28 - 54 |
20
|
9º |
Boavista |
26 |
7 |
6 |
13 |
35 - 54 |
20
|
10º |
SC Covilhã |
26 |
7 |
6 |
13 |
38 - 54 |
20
|
11º |
Académica |
26 |
7 |
5 |
14 |
39 - 57 |
19
|
12º |
Atlético CP |
26 |
6 |
7 |
13 |
33 - 52 |
19
|
13º |
SC Braga |
26 |
8 |
2 |
16 |
37 - 58 |
18
|
14º |
Estoril Praia |
26 |
5 |
4 |
17 |
28 - 64 |
14
|
Pontuação: 2 pontos por vitória, 1 por empate, 0 por derrota
Taça de Portugal
Data
|
Jornada
|
Jogo
|
Resultado
|
Ficha de jogo
|
03-05-1953 |
1/8 Final |
SPORTING – Académica |
3 – 0 |
Ficha
|
10-05-1953 |
1/8 Final |
Académica – SPORTING |
1 – 2 |
Ficha
|
24-05-1953 |
1/4 Final |
SPORTING – Lusitano de Évora |
2 – 2 |
Ficha
|
31-05-1953 |
1/4 Final |
Lusitano de Évora – SPORTING |
V – FC |
Ficha
|
Taça Latina
Data
|
Jornada
|
Jogo
|
Resultado
|
Ficha de jogo
|
04-06-1953 |
1/2 Final |
SPORTING – A.C. Milan (Itália) |
3 – 4 |
Ficha
|
06-06-1953 |
3º e 4º lugares |
SPORTING – Valência (Espanha) |
4 – 1 |
Ficha
|
Outros Jogos
Data
|
Jornada
|
Jogo
|
Resultado
|
Ficha de jogo
|
14-09-1952 |
Torneio Abertura |
SPORTING – Belenenses |
3 – 1 |
Ficha
|
21-09-1952 |
Torneio Abertura |
SPORTING – Benfica |
2 – 2 |
Ficha
|
23-11-1952 |
Amigável |
Est. Amadora – SPORTING |
0 – 11 |
Ficha
|
04-01-1953 |
Amigável |
SPORTING – Wacker Viena (Áustria) |
3 – 2 |
Ficha
|
05-04-1953 |
Amigável |
SPORTING – FC Zagreb (Croácia) |
6 – 1 |
Ficha
|
17-05-1953 |
Torneio relâmpago |
SPORTING – Atlético |
1 – 0 |
Ficha
|
17-05-1953 |
Torneio relâmpago |
SPORTING – Benfica |
0 – 3 |
Ficha
|
14-06-1953 |
Taça Ribadávia Meyer |
Corinthians (Brasil) – SPORTING |
2 – 1 |
Ficha
|
17-06-1953 |
Taça Ribadávia Meyer |
São Paulo (Brasil) – SPORTING |
4 – 1 |
Ficha
|
20-06-1953 |
Taça Ribadávia Meyer |
Olímpia (Paraguai) – SPORTING |
1 – 1 |
Ficha
|
26-06-1953 |
Amigável |
Santos (Brasil) – SPORTING |
6 – 3 |
Ficha
|
Ver também
Outros links de interesse