Sporting 2 - Benfica 1
Chico o homem que virou o jogo é cumprimentado por Dani
Osvaldo Silva, Manaca e Dinis
O Sporting acabara de se sagrar Campeão Nacional contra todas as probabilidades, numa época que foi preparada por uma Direção interina, pois João Rocha só assumiu a rédeas do Clube em Setembro de 1973, pelo que Baltasar e Cabral tinham sido os únicos reforços para um plantel que assim teve de incluir vários jovens oriundos dos Juniores, até porque Mário Lino, a quem tinha sido dado um voto de confiança depois da conquista da Taça de Portugal da temporada anterior, era um treinador também ele vindo da formação.
Mesmo assim e apesar das lesões graves de Laranjeira e Fraguito e de Yazalde ter chegado ao fim da época debilitado pela muito porrada que levou, Mário Lino conseguiu levar o Sporting a mais uma Final da Taça de Portugal, depois do Sporting ter eliminado sucessivamente o Vitória de Setúbal, o Belenenses, o Boavista e o Olhanense.
Apesar de tudo isto e de uma excelente campanha europeia que levou o Sporting até às meias finais da Taça da Taças, esta época ficou marcada por alguma instabilidade interna e em Janeiro Jaime Duarte, o Vice Presidente para as Atividades Desportivas Profissionais, demitiu-se devido a divergências com João Rocha, ficando José António Arsénio, também ele demissionário, no comando do Departamento do Futebol até ao final da temporada, mas se este dirigente garantia que Mário Lino só não ficaria no Sporting se não quisesse, o Presidente não só nunca avançou com uma proposta de renovação do contrato, como foi buscar o brasileiro Dé sem consultar o técnico açoriano e marcou uma digressão aos Estados Unidos apesar da opinião desfavorável do seu jovem treinador.
Sendo assim, Mário Lino poucos dias depois do final do Campeonato, tomou a iniciativa de informar a Direção que não desejava renovar o seu contrato que terminava no dia 31 de Julho, mas no sábado dia 8 de Junho, precisamente na véspera da Final da Taça de Portugal e em pleno estágio da equipa, foi afastado e informado de que o seu adjunto e treinador dos Juniores, Osvaldo Silva, iria assumir o cargo de treinador principal imediatamente.
Perante tudo isto e até porque ainda estava bem presente na memória de todos os 5-3 com que o Benfica tinha recentemente presenteado o Sporting em Alvalade, o favoritismo para a grande Final do Jamor era inteiramente atribuído aos encarnados, até porque Yazalde já se juntara à Seleção da Argentina, que estava em digressão pela Europa a preparar o Mundial da Alemanha. O grande goleador argentino foi convocado para a Final da Taça de Portugal via telegrama, mas alegou estar a recuperar de uma lesão e foi também por telegrama que felicitou os seus companheiros de equipa por mais uma vitória e mais um título conquistado.
A grande Final disputou-se no Jamor no dia 9 de Junho de 1974, num Estádio completamente cheio e com os espetadores encostados às linhas limites do relvado, e tudo começou sob os melhores auspícios, com João Rocha e Borges Coutinho a selarem o reatamento das relações entre os dois velhos rivais com um abraço apadrinhado pelo Presidente da Republica António Spínola e pelo Primeiro Ministro Palma Carlos.
O Sporting adotou uma postura mais cautelosa, jogando em 4x4x2 com Paulo Rocha e Dinis a fecharem as alas, deixando Marinho e Dé na frente, mas aos 32 minutos Jordão conseguiu escapar pela direita e à saída de Damas meteu a bola na frente da baliza para Nené fazer um golo fácil.
O jogo foi-se arrastando com o Benfica convencido da sua superioridade perante um Sporting que parecia não ter argumentos suficientes para reagir, mas que nunca desistiu, mesmo que muitas vezes mais com o coração do que com a cabeça. O momento de viragem aconteceu quando Osvaldo Silva finalmente arriscou, tirando um médio para lançar Chico e seria este jogador a estabelecer o empate a um minuto do fim, concluindo de cabeça um excelente cruzamento de Marinho, numa altura em que os benfiquistas já faziam a festa antecipada.
O jogo foi para prolongamento e aí a raça, o querer e a superior capacidade física dos Leões, sobrepôs-se à arrogância benfiquista e no início da 2ª parte Dinis roubou uma bola a Artur e lançou Chico que sentou Humberto Coelho e serviu Marinho, que à saída de Bento picou a bola para o fundo da baliza.
Pouco depois Chico foi expulso por ter agredido Simões em resposta a uma entrada violenta, mas nem mesmo com mais um jogador em campo, o Benfica teve capacidade para ultrapassar os 10 indomáveis Leões que estavam em campo.
Estava assim consumada a 4ª dobradinha da história do Sporting Clube de Portugal, que nesse dia conquistou a sua 9ª Taça de Portugal.
To-mane (discussão) 16h00min de 17 de janeiro de 2023 (WET)
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