Diferenças entre edições de "1973/74"

Revisão das 20h12min de 12 de janeiro de 2023

A 4ª dobradinha

Esta foi uma das melhores temporadas da história do futebol do Sporting, que conseguiu aí a sua 4ª "dobradinha", á qual juntou a presença numa meia-final da Taça das Taças, ingloriamente perdida para uma equipa alemã manifestamente inferior.

No entanto não se pode dizer que tenha sido um ano tranquilo. A época começou sob a gerência de uma Direção interina, que depois da conquista da Taça de Portugal de 1973 optou por manter Mário Lino no comando da equipa e em termos reforços apenas contratou o defesa esquerdo Baltasar ao Atlético e Cabral, um médio brasileiro vindo do Santa Cruz do Recife, isto numa altura em que Hilário e Pedro Gomes penduraram as botas, Vítor Gonçalves foi dispensado e o Capitão José Carlos também já estava no ocaso da sua carreira.

Assim, Mário Lino manteve a base que tinha começado a construir na época anterior, com uma defesa rejuvenescida, pese embora tenha falhado a contratação do lateral direito Rebelo ao Vit. Setúbal, um meio campo talentoso e acima de tudo com uma linha avançada demolidora, liderada por um Yazalde imparável, alimentado por Marinho e Dinis, dois extremos rápidos e muito hábeis e com o apoio de Nelson Fernandes, cada vez mais adaptado à posição de médio ofensivo.

Na pré época o Sporting ganhou o Torneio Internacional de Atenas, derrotando o Peñarol, o Olympiakos e o Internacional de Porto Alegre, dando logo aí boas indicações em relação ao que estava para vir, mas na 1ª jornada do Campeonato a equipa perdeu em Setúbal, pelo que o recém eleito Vice-Presidente Jaime Duarte foi logo avisando que ainda não era possível lutar pelo título, ao mesmo tempo que garantia que estavam para chegar três reforços vindos do Brasil. No entanto a verdade é que só em Fevereiro é que o Sporting se reforçou com o angolano Camilo Conceição e o avançado brasileiro Dé, que vinha do Vasco da Gama para compensar o polémico falhanço na contratação de Ramon, que na altura era o artilheiro do Campeonato do Brasil.

Entretanto o Sporting foi subindo de produção e manteve-se na corrida pelo 1º lugar, com o Benfica que vivia a crise resultante da saída de Jimmy Hagan e o Vitória de Setúbal de Pedroto, que nesta época discutiu o título e chegou a liderar a tabela classificativa. Na 11ª jornada o Sporting perdeu na Luz, mas na ronda seguinte o Benfica foi derrotado em Coimbra e logo a seguir os sadinos cederam dois empates, pelo que o Sporting chegou ao final da 1ª volta isolado no comando da classificação.

No início de 1974 o Sporting recebeu e venceu o Vit. Setúbal em jogo a contar para a 1ª jornada da 2ª volta do Campeonato e ficou com 3 pontos de vantagem sobre os sadinos e o FC Porto e 4 em relação ao Benfica, arrancado aí definitivamente para a conquista do seu 18º título de Campeão Nacional de Futebol.

No entanto não foi um percurso isento de obstáculos, pois em Janeiro o Vice Presidente para as Atividades Desportivas Profissionais desentendeu-se com João Rocha e apresentou a sua demissão em conjunto com o restante Departamento de Futebol, face a divergências relacionadas com casos como a digressão a Hong Kong e Macau, a contratação do brasileiro Ramon e as lesões de Fraguito e Laranjeira, que tiveram de ser operados em Londres, onde Yazalde também se deslocou para tratar uma maleita, perante o desagrado do departamento médico do Clube.

Apesar de tudo isto e da derrota no Restelo, que se verificou no regresso da polémica digressão ao extremo oriente, deixando Benfica e FC Porto a apenas 1 ponto do Sporting, os Leões retomaram a senda dos triunfos e obtiveram 6 vitórias consecutivas, uma delas em Alvalade frente ao FC Porto, que liquidou as aspirações dos portistas, pelo que chegaram ao "derby" da 26ª jornada com 4 pontos de avanço sobre o Benfica.

No dia 31 de Março de 1974 o Presidente do Conselho Marcelo Caetano terá sido o único Sportinguista a sair de Alvalade satisfeito, depois de ter sido calorosamente aplaudido por um Estádio completamente cheio, naquele que muitos consideram ter sido um teste feito pelo regime à popularidade do chefe do Governo, numa altura em que a contestação e o sentimento de revolta em relação à situação política e à guerra colonial estavam a crescer no nosso País. O resultado foi duplamente enganador, pois menos de um mês depois estourou a revolução e nesse dia o Benfica ganhou por 5-3, isto depois de muita polémica com o Sporting a pedir controle anti doping e que o jogo fosse arbitrado por um espanhol.

Esta derrota fez estremecer a equipa e ainda por cima deixou Yazalde lesionado, depois de uma entrada violenta de Toni, pelo que foi sem o argentino que o Sporting acabou por ser eliminado pelo Magdburg nas meias finais da Taça das Taças, onde tudo tinha começado com a desforra da eliminação de 1964 frente aos galeses do Cardiff, passando depois pelos ingleses do Sunderland, e os suíços do Zurique, a quem foi devolvido o 3-0 de 1968, para terminar ingloriamente na Alemanha do Leste.

Depois dum empate em Alvalade, com Dinis a desperdiçar um penalti que fez recordar a ausência de Yazalde, num jogo em que o Sporting poderia ter goleado, veio uma derrota por 2-1 em Magdburg, com Tomé a falhar nos últimos instantes do jogo e de baliza aberta, aquele que poderia ter sido o golo da passagem à Final, que teria premiado justamente um percurso brilhante. A viagem de regresso da RDA durou mais de 40 horas, pois o Sporting encontrou as fronteiras do País fechadas na sequência da revolução de 25 de Abril e só a muito custo João Rocha conseguiu que os deixassem entrar.

Pelo meio o Sporting empatou em Aveiro frente ao Beira Mar e ficou sem Dinis que foi parar ao hospital com um traumatismo craniano, restando-lhe assim apenas um ponto de vantagem sobre o seu velho rival, mas nas últimas três jornadas os Leões, já com Yazalde, reergueram-se, vencendo em Coimbra por 3-1, goleando o Olhanense para terminarem em festa no Barreiro. Mais uma vez o Sporting inviabilizava o tetra com que o Benfica sonhava.

A agitação da revolução contagiou o Clube, e apesar de Campeão Mário Lino já não orientou a equipa na Final da Taça de Portugal, onde o Sporting chegou depois de afastar sucessivamente, Vitória de Setúbal, Belenenses, Boavista e Olhanense.

Foi Osvaldo Silva quem esteve no banco para mais uma vitória sobre o Benfica, outra vez sem Yazalde, que tinha acabado de bater um recorde, ao marcar 46 golos no campeonato, juntando à Bola de Prata a Bota de Ouro que premiava o melhor marcador da Europa.

No Jamor assistiu-se a uma vitória épica conseguida no prolongamento, com um golo de Marinho, depois de Chico ter empatado o jogo aos 89m, quando os benfiquistas já faziam a festa. Era a 9º Taça de Portugal do Sporting, conquistada naquela que foi a sua 5ª Final consecutiva.

Para terminar a temporada em beleza o Sporting fez mais uma digressão aos Estados Unidos, desta vez em conjunto com o FC Porto, que derrotou duas vezes por 2-1.

To-mane 12h22min de 30 de Agosto de 2008 (UTC)

Figuras

Secção de Futebol

Plantel

• Há um autogolo de Mário João (Boavista)

Jogos

Campeonato Nacional

Classificação

Pontuação: 2 pontos por vitória, 1 por empate, 0 por derrota

Taça de Portugal

Taça das Taças

Taça de Honra

Classificação

Outros Jogos

Ver também

• Campeões da Liberdade - 1973/74

Outros links de interesse

• Portal Sporting Memória: Fotos de Equipas// Fotos de Jogos// Vídeos da época