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|Director das Instalações Desportivas||Adriano Oliveira||Até Agosto de 1974
 
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|Director de Obras e Melhoramentos||Manuel Lopes||
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|Director de Obras e Melhoramentos||José Matias||
 
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Na sua tomada de posse que decorreu no próprio dia da Assembleia Geral em que foi eleito, [[João Rocha]] referiu que quem o escolhera tinha consciência de que o Sporting precisava de mudar de vida, alertando para o facto do Clube manter atividades altamente profissionalizadas à custa de uma gestão de carácter amador e de receitas praticamente simbólicas, o que o obrigava a recorrer sistematicamente à generosidade dos seus dirigentes e à tolerância das entidades credoras. No entanto, não deixou de garantir aos Sportinguistas que não pretendia transformar o Clube numa sociedade mercantil, mas apenas encontrar receitas que permitissem ao Sporting ser melhor naquilo que era o seu fim, dando primazia à atividade desportiva.
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Na sua tomada de posse que decorreu no próprio dia da [[A crise de 1973|Assembleia Geral em que foi eleito]], [[João Rocha]] referiu que quem o escolhera tinha consciência de que o Sporting precisava de mudar de vida, alertando para o facto do Clube manter atividades altamente profissionalizadas à custa de uma gestão de carácter amador e de receitas praticamente simbólicas, o que o obrigava a recorrer sistematicamente à generosidade dos seus dirigentes e à tolerância das entidades credoras. No entanto, não deixou de garantir aos Sportinguistas que não pretendia transformar o Clube numa sociedade mercantil, mas apenas encontrar receitas que permitissem ao Sporting ser melhor naquilo que era o seu fim, dando primazia à atividade desportiva.
  
Para além disso [[João Rocha]] afirmou acreditar que a sua Direção seria capaz de levar até ao fim um programa que ninguém até aí sonhara realizar e que era vasto mas inadiável, contemplando a concretização do sonho da construção da cidade desportiva e o fecho do estádio, contando para isso com a ajuda governamental, mas sem esquecer que para encargos daquela dimensão havia que encontrar soluções dentro do Clube, pelo que ninguém se poderia colocar de palanque à espera de milagres.
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Para além disso [[João Rocha]] afirmou acreditar que a sua Direção seria capaz de levar até ao fim um programa que ninguém até aí sonhara realizar e que era vasto mas inadiável, contemplando a concretização do sonho da construção da cidade desportiva e o fecho do anel do estádio, contando para isso com a ajuda governamental, mas sem esquecer que para encargos daquela dimensão havia que encontrar soluções dentro do Clube, pelo que ninguém se poderia colocar de palanque à espera de milagres.
  
 
Na altura [[João Rocha]] afirmou: {{Quote|"Fascina-me a ideia de erguer uma grande obra, apoiada por milhares ou milhões de pessoas e que possa representar uma viragem histórica na vida dos clubes desportivos"}}
 
Na altura [[João Rocha]] afirmou: {{Quote|"Fascina-me a ideia de erguer uma grande obra, apoiada por milhares ou milhões de pessoas e que possa representar uma viragem histórica na vida dos clubes desportivos"}}
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Referia-se a um ambicioso plano que representava o primeiro projeto de Clube-Empresa idealizado em Portugal, e assim no dia 29 de Novembro de 1973 foram aprovadas em Assembleia Geral realizada no Pavilhão dos Desportos, com uma afluência recorde de cerca de 10 mil sócios, uma alteração aos Estatutos de forma autorizar o Clube a fundar e participar em sociedades, visando a obtenção de meios financeiros para a sua sustentabilidade e a constituição da Sociedade de Construções e Planeamento (S. C. P. as iniciais do Sporting Clube de Portugal), que previa a emissão de 2,5 milhões de ações de valor nominal de 100 escudos cada, ficando o Sporting na posse de um numero superior a metade dessas ações, uma operação que seria autorizada pelo Governo em Março de 1974, mas a Revolução de Abril deitaria por terra este projeto, que assentava na construção e exploração, numa vasta zona urbana situada entre o Campo Grande, o Lumiar, Alvalade e o futuro Bairro de Telheiras, de um terminal de camionagem, armazéns, área residencial, áreas de escritórios, um centro comercial, restaurantes e cinemas.  
 
Referia-se a um ambicioso plano que representava o primeiro projeto de Clube-Empresa idealizado em Portugal, e assim no dia 29 de Novembro de 1973 foram aprovadas em Assembleia Geral realizada no Pavilhão dos Desportos, com uma afluência recorde de cerca de 10 mil sócios, uma alteração aos Estatutos de forma autorizar o Clube a fundar e participar em sociedades, visando a obtenção de meios financeiros para a sua sustentabilidade e a constituição da Sociedade de Construções e Planeamento (S. C. P. as iniciais do Sporting Clube de Portugal), que previa a emissão de 2,5 milhões de ações de valor nominal de 100 escudos cada, ficando o Sporting na posse de um numero superior a metade dessas ações, uma operação que seria autorizada pelo Governo em Março de 1974, mas a Revolução de Abril deitaria por terra este projeto, que assentava na construção e exploração, numa vasta zona urbana situada entre o Campo Grande, o Lumiar, Alvalade e o futuro Bairro de Telheiras, de um terminal de camionagem, armazéns, área residencial, áreas de escritórios, um centro comercial, restaurantes e cinemas.  
  
Este ambicioso projeto que até o presidente do Benfica, Borges Coutinho, elogiou, dando a entender que aquele clube poderia seguir as pisadas do Sporting e o facto da equipa de Futebol do Sporting estar lançada para a conquista do Campeonato Nacional e a fazer um excelente campanha europeia, desencadeou uma onda de entusiasmo como já não se via há muito tempo no Clube e embora os relatórios contas da altura sejam omissos nessa matéria, consta que só nos primeiros meses desta gerência foram mais de 5 mil os sócios que regularizaram a sua situação ou se inscreveram pela primeira vez no Sporting, pelo que a Direção aproveitou a Assembleia Geral ordinária de apresentação do orçamento que se realizou no dia 22 de Março de 1974, para propor um significativo aumento de cotas, que na maior parte das categorias ultrapassava os 30%. Foi tudo aprovado por unanimidade e aclamação em menos de uma hora.
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Este ambicioso projeto, que até o presidente do Benfica, Borges Coutinho, elogiou, dando a entender que aquele clube poderia seguir as pisadas do seu rival e o facto da equipa de Futebol do Sporting estar lançada para a conquista do Campeonato Nacional e a fazer uma excelente campanha europeia, desencadeou uma onda de entusiasmo como já não se via há muito tempo no Clube e embora os relatórios contas da altura sejam omissos nessa matéria, consta que só nos primeiros meses desta gerência foram mais de 5 mil os sócios que regularizaram a sua situação, ou se inscreveram pela primeira vez no Sporting, pelo que a Direção aproveitou a Assembleia Geral ordinária de apresentação do orçamento que se realizou no dia 22 de Março de 1974, para propor um significativo aumento de cotas, que na maior parte das categorias ultrapassava os 30%. Foi tudo aprovado por unanimidade e aclamação em menos de uma hora.
  
No dia 4 de Abril de 1974 realizou-se nas instalações do [[Estádio José Alvalade]] a cerimónia da escritura da Sociedade de Construções e Planeamento S.A.R.L. com a presença dos seguinte sócios fundadores: [[Palma Carlos|Adelino Palma Carlos]], [[Silveira Machado|José Silveira Machado]], [[Venâncio Deslandes]], [[João Rocha]], [[José Roquete|José Alfredo Parreira Holtreman Roquete]], [[Miguel Galvão Teles]], [[Manuel Carvalho Brito das Vinhas]], Jorge da Silva José de Melo, [[José Manuel Martins]], António Pinto de Sousa, [[Brás Medeiros|Guilherme Brás Medeiros]], José Matias, Manuel Lopes, [[Nunes dos Santos|José Nunes dos Santos]], [[Mário Themudo Barata]], [[João Simões de Almeida]], Guilherme Palma Carlos, [[Cazal Ribeiro|Francisco Cazal Ribeiro]], José Manuel Salema Garção, Francisco Marques Pereira, [[Amado de Aguilar|Augusto Amado de Aguilar]], [[Santos Ferro|Luís António Santos Ferro]], Reymão Nogueira e Luís Holstein Beck.
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No dia 4 de Abril de 1974 realizou-se nas instalações do [[Estádio José Alvalade]] a cerimónia da escritura da Sociedade de Construções e Planeamento S.A.R.L. com a presença dos seguinte sócios fundadores: [[Palma Carlos|Adelino Palma Carlos]], [[Silveira Machado|José Silveira Machado]], [[Venâncio Deslandes]], [[João Rocha]], [[José Roquete|José Alfredo Parreira Holtreman Roquete]], [[Miguel Galvão Teles]], [[Manuel Carvalho Brito das Vinhas]], Jorge da Silva José de Melo, [[José Manuel Martins]], António Pinto de Sousa, [[Brás Medeiros|Guilherme Brás Medeiros]], José Matias, [[Manuel Lopes]], [[Nunes dos Santos|José Nunes dos Santos]], [[Mário Themudo Barata]], [[João Simões de Almeida]], Guilherme Palma Carlos, [[Cazal Ribeiro|Francisco Cazal Ribeiro]], José Manuel Salema Garção, Francisco Marques Pereira, [[Amado de Aguilar|Augusto Amado de Aguilar]], [[Santos Ferro|Luís António Santos Ferro]], Reymão Nogueira e Luís Holstein Beck.
  
O Sporting e os sócios fundadores ficaram na posse de 150 mil ações, ficando as restantes 100 mil para subscrição dos sócios, sujeita a rateio de acordo com contingentes estabelecidos em função da antiguidade dos mesmos, que na altura andavam á volta dos 49 mil, tendo então sido decidido estabelecer os 50 mil como o numero limite de sócios do Sporting, pelo que quando fosse atingido as inscrições seriam fechadas.
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O Sporting e os sócios fundadores ficaram na posse de 150 mil ações, ficando as restantes 100 mil para subscrição dos sócios, sujeita a rateio de acordo com contingentes estabelecidos em função da antiguidade dos mesmos, que na altura andavam à volta dos 49 mil, tendo então sido decidido estabelecer 50 mil como o numero limite de sócios do Sporting, pelo que as inscrições seriam fechadas logo que se atingisse essa marca.
  
No inicio de Maio de 1974 os principais dirigentes do Sporting deslocaram-se ao Palácio de Belém onde foram recebidos pela Junta de Salvação Nacional. Era o início de um longa e infrutífera maratona de contactos com as entidades oficiais, no sentido de se asseguram os apoios que tinham obtidos junto aos poderes do regime derrubado.  
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No dia 31 de Março de 1974 o Presidente do Conselho Marcelo Caetano terá sido o único Sportinguista a sair satisfeito de Alvalade, depois de ter sido calorosamente aplaudido por um Estádio completamente cheio, naquele que muitos consideram ter sido um teste feito pelo regime à popularidade do chefe do Governo, numa altura em que a contestação e o sentimento de revolta em relação à situação política e à guerra colonial estavam a crescer no nosso País. O resultado foi duplamente enganador, pois menos de um mês depois estourou a revolução e nesse dia [[1974-03-31 SPORTING – Benfica|o Benfica ganhou por 5-3]], isto depois de muita polémica com o Sporting a pedir controle anti doping e que o jogo fosse arbitrado por um espanhol, mas no final foi o Sporting que foi Campeão.
  
No dia 31 de Março de 1974 o Presidente do Conselho Marcelo Caetano terá sido o único Sportinguista a sair satisfeito de Alvalade, depois de ter sido calorosamente aplaudido por um Estádio completamente cheio, naquele que muitos consideram ter sido um teste feito pelo regime à popularidade do chefe do Governo, numa altura em que a contestação e o sentimento de revolta em relação à situação política e à guerra colonial estavam a crescer no nosso País. O resultado foi duplamente enganador, pois menos de um mês depois estourou a revolução e nesse dia [[1974-03-31 SPORTING – Benfica|o Benfica ganhou por 5-3]], isto depois de muita polémica com o Sporting a pedir controle anti doping e que o jogo fosse arbitrado por um espanhol.
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Devido à revolução de Abril 1974, o Sporting teve de renegociar os apoios que lhe tinham sido prometidos pelo regime derrubado e assim, no inicio de Maio os principais dirigentes leoninos deslocaram-se ao Palácio de Belém, onde foram recebidos pela Junta de Salvação Nacional. Era o início de um longa e infrutífera maratona de contactos com os novos poderes.  
  
No entanto o grande mérito da primeira Gerência de [[João Rocha]], terá sido a forma tranquila como ele conduziu o Clube, num período em que o País sofreu grandes convulsões, apesar das profundas alterações que a sua Direção sofreu. No início de 1974 [[Jaime Duarte]] desentendeu-se com [[João Rocha]] e apresentou a sua demissão em conjunto com o restante Departamento de Futebol, face a divergências relacionadas com casos como a digressão ao extremo oriente, a contratação do brasileiro Ramon e as lesões de [[Fraguito]] e [[Laranjeira]], que tiveram de ser operados em Londres, onde [[Yazalde]] também se deslocou para tratar uma maleita, com autorização do Presidente, mas sem o conhecimento do departamento médico do Clube, que se viria a demitir em bloco em Maio de 1974. Nessa mesma altura o Diretor do Ciclismo [[Aristides Martins]], também se demitiu depois de ter entrado em conflito aberto com [[Joaquim Agostinho]], que se recusara a treinar com os seus companheiros de equipa, alegando que necessitava outro tipo de preparação para as grandes competições internacionais em que iria participar.
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Nessa altura [[João Rocha]] soube aproveitar a conjuntura favorável resultante do facto da equipa de futebol ter ganho o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal da época de [[1973/74]], mas enquanto o chefe do Departamento do Futebol, [[José  António Arsénio]], garantia que [[Mário Lino]] só não ficaria no Sporting se não quisesse, o Presidente não só nunca avançou com uma proposta de renovação do contrato, como foi buscar o brasileiro Dé sem consultar o técnico açoriano, marcou [[1974-06-04 SPORTING – Portuguesa|o jogo da festa do título]] para a semana da [[A 9º Taça de Portugal e a 4ª "dobradinha"|Final da Taça de Portugal]] e agendou uma digressão aos Estados Unidos, apesar da opinião desfavorável do seu jovem treinador.
  
Nessa altura [[João Rocha]] soube aproveitar a conjuntura favorável resultante do facto da equipa de futebol ter ganho o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal da época de [[1973/74]], mas enquanto o chefe do Departamento do Futebol, [[José  António Arsénio]], garantia que [[Mário Lino]] só não ficaria no Sporting se não quisesse, o Presidente não só nunca avançou com uma proposta de renovação do contrato, como foi buscar o brasileiro Dé sem consultar o técnico açoriano e marcou uma digressão aos Estados Unidos apesar da opinião desfavorável do seu jovem treinador.
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Sendo assim, [[Mário Lino]] depois do tal [[1974-06-04 SPORTING – Portuguesa|jogo da festa do título]], tomou a iniciativa de informar a Direção que não desejava renovar o seu contrato que terminava a 31 de Julho, mas no sábado dia 8 de Junho, precisamente na véspera da [[A 9º Taça de Portugal e a 4ª "dobradinha"|Final da Taça de Portugal]] e em pleno estágio da equipa, foi afastado e informado de que [[Osvaldo Silva]], o seu adjunto e treinador dos Juniores, iria assumir o cargo de treinador principal imediatamente. Na altura já constava que [[João Rocha]] desejava contratar um treinador estrangeiro de grande nomeada, e na verdade [[Alfredo Di Stefano]] foi o eleito para [[1974/75|a temporada seguinte]], uma aposta completamente falhada, que durou apenas algumas semanas até que a rotura se consumasse, depois da [[1974-09-08 Olhanense – SPORTING|derrota do Sporting frente ao Olhanense]], na 1ª jornada do Campeonato de [[1974/75]], numa altura em que [[João Rocha]] acusou o treinador argentino de ser arrogante e mal educado e em que era visível o mau ambiente entre Di Stefano e os jogadores.
  
Sendo assim, [[Mário Lino]] poucos dias depois do final do Campeonato, tomou a iniciativa de informar a Direção que não desejava renovar o seu contrato que terminava a 31 de Julho, mas no sábado dia 8 de Junho, precisamente na véspera da [[A 9º Taça de Portugal e a 4ª "dobradinha"|Final da Taça de Portugal]] e em pleno estágio da equipa, foi afastado e informado de que [[Osvaldo Silva]], o seu adjunto e treinador dos Juniores, iria assumir o cargo de treinador principal imediatamente. Na altura já constava que [[João Rocha]] desejava contratar um treinador estrangeiro de grande nomeada, e na verdade [[Alfredo Di Stefano]] foi o eleito para a temporada seguinte, uma aposta completamente falhada, que durou apenas algumas semanas até que a rotura se consumasse depois da [[1974-09-08 Olhanense – SPORTING|derrota do Sporting frente ao Olhanense]], na 1ª jornada do Campeonato de [[1974/75]].
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[[Osvaldo Silva]] regressou então ao comando da equipa, mas no início de Novembro, depois de [[1974-11-03 Leixões – SPORTING|mais um empate]], [[João Rocha]] recorreu à solução do costume, promovendo [[Armando Ferreira]] ao cargo de Orientador Técnico com [[Osvaldo Silva]] a ficar apenas como treinador de campo, isto numa altura em que já decorriam negociações com [[Fernando Riera]], que no entanto estava a pedir valores considerados incomportáveis para o Sporting. Em Dezembro, depois de [[1974-12-08 SPORTING – C.U.F.|outro empate]], o Sporting chegou finalmente a acordo com o chileno [[Fernando Riera]], ao mesmo tempo que [[Juca]] regressava a casa para assumir com carácter profissional o cargo de Secretário Técnico, que antes tinha sido ocupado por [[Armando Ferreira]], mas a título obsequioso.
  
Independentemente de toda a agitação em que decorreu esta primeira gerência de [[João Rocha]] a sua Direção fez obra, e assim, em Janeiro de 1974 foram inaugurados os melhoramentos efetuados no Centro de Estágio do [[Estádio José Alvalade]], que comportava 12 quatros com 2 camas e 2 amplos salões para repouso, convívio e atividades recreativas; No dia 6 de Março, o [[Estádio José Alvalade]] estreou as suas novas torres de iluminação, um melhoramento significativo que o colocava ao nível dos melhores da Europa nesse capítulo.
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Num período em que o País atravessou grandes convulsões, a primeira Direção de [[João Rocha]] sofreu profundas e constantes alterações. No início de 1974 [[Jaime Duarte]] desentendeu-se com [[João Rocha]] e apresentou a sua demissão em conjunto com o restante Departamento de Futebol, face a divergências relacionadas com casos como a digressão ao extremo oriente, a contratação do brasileiro Ramon e as lesões de [[Fraguito]] e [[Laranjeira]], que tiveram de ser operados em Londres, onde [[Yazalde]] também se deslocou para tratar uma maleita, com autorização do Presidente, mas sem o conhecimento do departamento médico do Clube, que se viria a demitir em bloco em Maio de 1974. Nessa mesma altura o Diretor do Ciclismo [[Aristides Martins]], também se demitiu depois de ter entrado em conflito aberto com [[Joaquim Agostinho]], que se recusara a treinar com os seus companheiros de equipa, alegando que necessitava outro tipo de preparação para as grandes competições internacionais em que iria participar. Perante tantas mexidas e alguns impedimentos derivados de situações particulares, em Agosto foi anunciada uma nova composição da Direção.
  
Para além disso, neste período [[João Rocha]] conseguiu resolver o caso [[Fernando Peres]] que foi para o Brasil representar o Vasco da Gama, e reatou relações com o Belenenses e com o Benfica.
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Independentemente de toda a agitação em que decorreu esta primeira gerência de [[João Rocha]] a sua Direção fez obra, e assim, em Janeiro de 1974 foram inaugurados os melhoramentos efetuados no Centro de Estágio do [[Estádio José Alvalade]], que comportava 12 quartos com 2 camas e 2 amplos salões para repouso, convívio e atividades recreativas e no dia 6 de Março o [[Estádio José Alvalade]] estreou as suas novas torres de iluminação, um melhoramento significativo que o colocava ao nível dos melhores da Europa nesse capítulo.
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Para além disso, neste período [[João Rocha]] conseguiu resolver o caso [[Fernando Peres]] que foi para o Brasil representar o Vasco da Gama, reatou relações com o Belenenses, com o Benfica e com a Académica, acertou a renovação por duas épocas do contrato com [[Hector Yazalde]] depois de longas negociações e normalizou as relações com [[Joaquim Agostinho]] que se tinha recusado a participar na Volta a Portugal desse ano e a quem prometeu construir uma equipa para participar nas grandes competições internacionais, iniciando contactos com Raphaël Géminiani para desempenhar o cargo de Diretor Técnico e com vários ciclistas franceses e espanhóis.
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Desportivamente, para além da extraordinária época do [[Futebol]] que neste período ganhou o Campeonato e a Taça de Portugal na categoria principal, dois Campeonatos Regionais de Reservas, os Campeonatos Regional e Nacional de Juniores e o Campeonato Regional de Iniciados, o Sporting continuou a dominar no [[Tiro]] e no [[Atletismo]], principalmente na vertente do Corta Mato com [[Carlos Lopes]] a mostrar que poderia tornar-se num atleta de nível internacional, mas perdeu a hegemonia no [[Andebol]] e no [[Ciclismo]], enquanto nas [[Lutas Amadoras]] ganhou o Campeonato Nacional pela primeira vez e no [[Hóquei em Patins]] se continuou a apostar na construção de uma grande equipa, isto numa altura em que o Clube movimentava cerca de 3 mil atletas em 20 modalidades, entre as quais o [[Taekwondo]], uma arte marcial introduzida no Sporting em Maio de 1974.
  
 
Em termos financeiros o primeiro ano desta gerência foi fortemente abalado pela Revolução do 25 de Abril, que resultou numa inflação galopante, ao mesmo tempo que o projeto de sustentabilidade desta Direção caiu num impasse, pois dependia dos apoios que tinham sido acertados com o Governo de Marcelo Caetano e com a Câmara Municipal de Lisboa, que ficaram em banho maria dada a instabilidade política que se vivia.  
 
Em termos financeiros o primeiro ano desta gerência foi fortemente abalado pela Revolução do 25 de Abril, que resultou numa inflação galopante, ao mesmo tempo que o projeto de sustentabilidade desta Direção caiu num impasse, pois dependia dos apoios que tinham sido acertados com o Governo de Marcelo Caetano e com a Câmara Municipal de Lisboa, que ficaram em banho maria dada a instabilidade política que se vivia.  
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Assim em 1974 a Direção apresentou um Relatório Contas com um saldo negativo quase 7480 contos, com as receitas a subirem para perto dos 43120 contos, graças a um expressivo aumento no produto da cotização para cerca de 14875 contos (+4233 contos) e nos proveitos do Futebol, que ultrapassaram os 23820 contos (+5626 contos), havendo no entanto a registar quebras em várias rubricas, como foi o caso das modalidades amadoras, que renderam quase menos 500 contos.
 
Assim em 1974 a Direção apresentou um Relatório Contas com um saldo negativo quase 7480 contos, com as receitas a subirem para perto dos 43120 contos, graças a um expressivo aumento no produto da cotização para cerca de 14875 contos (+4233 contos) e nos proveitos do Futebol, que ultrapassaram os 23820 contos (+5626 contos), havendo no entanto a registar quebras em várias rubricas, como foi o caso das modalidades amadoras, que renderam quase menos 500 contos.
  
Em contrapartida as despesas continuaram a crescer, o que se traduziu num agravamento de quase 11 mil contos em relação ao ano anterior, chegando-se a um valor muito próximo dos 50600 contos, que resultava essencialmente dos encargos com o Futebol que atingiram os 29686 contos, mais cerca de 3 mil contos com o Ciclismo e perto de 5324 contos com as atividades amadoras..
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Em contrapartida as despesas continuaram a crescer, o que se traduziu num agravamento de quase 11 mil contos em relação ao ano anterior, chegando-se a um valor muito próximo dos 50600 contos, que resultava essencialmente dos encargos com o Futebol que atingiram os 29686 contos, mais cerca de 3 mil contos com o Ciclismo e perto de 5324 contos com as atividades amadoras.
  
 
Também as despesas gerais dispararam para cerca de 4848 contos, um crescimento superior a 50% em relação ao ano anterior. As despesas com as instalações desportivas chegaram aos 3747 contos. As secções recreativas deram um lucro de cerca de 10 contos, enquanto o Jornal Sporting teve um prejuízo de cerca de 312 contos e o Posto Médico custou mais 1056 contos ao Sporting.
 
Também as despesas gerais dispararam para cerca de 4848 contos, um crescimento superior a 50% em relação ao ano anterior. As despesas com as instalações desportivas chegaram aos 3747 contos. As secções recreativas deram um lucro de cerca de 10 contos, enquanto o Jornal Sporting teve um prejuízo de cerca de 312 contos e o Posto Médico custou mais 1056 contos ao Sporting.
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Já no final do ano de 1974, foi de uma forma pacifica que o [[Conselho Leonino]] propôs a recondução dos Órgãos Sociais deste período para a gerência do biénio 1975-1976.
  
 
[[Utilizador:To-mane|To-mane]] 15h14min de 6 de Novembro de 2011 (WET)
 
[[Utilizador:To-mane|To-mane]] 15h14min de 6 de Novembro de 2011 (WET)
  
 
[[Categoria:Direcções|1973/74]]
 
[[Categoria:Direcções|1973/74]]

Edição atual desde as 00h20min de 11 de novembro de 2023

Gerência anterior:
A Gerência 1973
Gerência seguinte:
A Gerência 1975-1978

No dia 7 de Setembro de 1973 realizou-se uma Assembleia-Geral extraordinária, onde João Rocha e José Roquete foram eleitos respetivamente Presidente e Vice-Presidente de uma nova Direção do Sporting Clube de Portugal:

Cargo Nome Observações
Presidente João António dos Anjos Rocha
Vice Presidente para as Relações Externas José Alfredo Parreira Holtreman Roquete
Vice Presidente para as Actividades Administrativas José Nunes dos Santos Entre Abril e Agosto de 1974
Vice Presidente para as Actividades Administrativas Joaquim Lourenço Bernardo Desde Agosto de1974
Vice Presidente para Gestão Financeira João Amado de Freitas
Vice Presidente para as Relações com Entidades Desportivas João Araújo Até Agosto de 1974
Vice Presidente para as Relações com Entidades Desportivas José Nunes dos Santos Desde Agosto de 1974
Vice Presidente para as Relações com Associados e Expansão Francisco Gorjão Lencastre de Freitas
Vice Presidente para o Secretariado Geral João Carlos Freire Osório Pinto
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Profissionais Jaime Gomes Duarte Até 18-01-1974
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Profissionais Alberto Neto Simões Dias Desde Janeiro de 1974
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Amadoras João Gomes Nunes Até Agosto de 1974
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Amadoras João Xara Brasil Desde Agosto de 1974
Vice Presidente para o Jornal Vasco Resende Até 01-08-1974
Vice Presidente para o Jornal José Manuel Salema Desde Agosto 1974
Director Adjunto do Vice Presidente para as Actividades Desportivas Profissionais José António Arsénio Até Agosto de 1974
Director Adjunto do Vice Presidente para as Actividades Desportivas Profissionais Ferreira Canais Desde Agosto 1974
Director Adjunto do Vice Presidente para as Actividades Desportivas Amadoras João Xara Brasil
Director Adjunto do Vice Presidente para as Actividades Desportivas Semi-profissionais Orlando Coelho Naia
Director Adjunto do Vice Presidente para o Secretariado Geral Artur Varatojo Entre Janeiro e Agosto de 1974
Director Adjunto do Futebol Profissional Costa Campos Até 18-01-1974
Director Adjunto do Futebol Amador Orlando Coelho Naia
Director Adjunto do Futebol Amador Alberto Neto Simões Dias Até 01-08-1974
Director do Ciclismo Aristides Martins Até 18-01-1974
Director do Ciclismo Mário de Carvalho Desde Janeiro de 1974
Director para as Actividades Desportivas Amadoras Avelar Costa
Director para as Actividades Desportivas Amadoras Ernesto Silva
Director para as Actividades Desportivas Amadoras Jorge Fagundes
Director para as Actividades Desportivas Amadoras José Fidalgo
Director para as Actividades Desportivas Amadoras Luís Gonzaga
Director das Instalações Desportivas Adriano Oliveira Até Agosto de 1974
Director de Obras e Melhoramentos Manuel Lopes
Director de Obras e Melhoramentos José Matias
Director Adjunto da Actividade Administrativa Alberto Henrique Lourenço Desde Janeiro de 1974
Director da Contabilidade Joaquim Martins Grilo
Director da Tesouraria Eurico Ramos de Deus
José Roquete, João Rocha e Jaime Duarte no dia da eleição
O ante projeto da Cidade Desportiva elaborado em 1973
Aspeto da Assembleia Geral de Novembro de 1973
João Rocha discursa na Assembleia Geral de Março de 1974
João Rocha recebe Marcelo Caetano em Alvalade
Palma Carlos assina as escrituras da SCP
João Rocha festeja o título com Mário Lino
Os dirigentes do Sporting a caminho do Palácio de Belém
Os Campeões de 1974
Benfica e Sporting reatam relações no Jamor apadrinhados pelo General Spínola
João Rocha com Agostinho e Yazalde
Yazalde recebe a Bota de Ouro
Entrega das taças ganhas pelas modalidades em 1974
João Rocha com Raphaël Géminiani

Na sua tomada de posse que decorreu no próprio dia da Assembleia Geral em que foi eleito, João Rocha referiu que quem o escolhera tinha consciência de que o Sporting precisava de mudar de vida, alertando para o facto do Clube manter atividades altamente profissionalizadas à custa de uma gestão de carácter amador e de receitas praticamente simbólicas, o que o obrigava a recorrer sistematicamente à generosidade dos seus dirigentes e à tolerância das entidades credoras. No entanto, não deixou de garantir aos Sportinguistas que não pretendia transformar o Clube numa sociedade mercantil, mas apenas encontrar receitas que permitissem ao Sporting ser melhor naquilo que era o seu fim, dando primazia à atividade desportiva.

Para além disso João Rocha afirmou acreditar que a sua Direção seria capaz de levar até ao fim um programa que ninguém até aí sonhara realizar e que era vasto mas inadiável, contemplando a concretização do sonho da construção da cidade desportiva e o fecho do anel do estádio, contando para isso com a ajuda governamental, mas sem esquecer que para encargos daquela dimensão havia que encontrar soluções dentro do Clube, pelo que ninguém se poderia colocar de palanque à espera de milagres.

Na altura João Rocha afirmou:

"Fascina-me a ideia de erguer uma grande obra, apoiada por milhares ou milhões de pessoas e que possa representar uma viragem histórica na vida dos clubes desportivos"

Referia-se a um ambicioso plano que representava o primeiro projeto de Clube-Empresa idealizado em Portugal, e assim no dia 29 de Novembro de 1973 foram aprovadas em Assembleia Geral realizada no Pavilhão dos Desportos, com uma afluência recorde de cerca de 10 mil sócios, uma alteração aos Estatutos de forma autorizar o Clube a fundar e participar em sociedades, visando a obtenção de meios financeiros para a sua sustentabilidade e a constituição da Sociedade de Construções e Planeamento (S. C. P. as iniciais do Sporting Clube de Portugal), que previa a emissão de 2,5 milhões de ações de valor nominal de 100 escudos cada, ficando o Sporting na posse de um numero superior a metade dessas ações, uma operação que seria autorizada pelo Governo em Março de 1974, mas a Revolução de Abril deitaria por terra este projeto, que assentava na construção e exploração, numa vasta zona urbana situada entre o Campo Grande, o Lumiar, Alvalade e o futuro Bairro de Telheiras, de um terminal de camionagem, armazéns, área residencial, áreas de escritórios, um centro comercial, restaurantes e cinemas.

Este ambicioso projeto, que até o presidente do Benfica, Borges Coutinho, elogiou, dando a entender que aquele clube poderia seguir as pisadas do seu rival e o facto da equipa de Futebol do Sporting estar lançada para a conquista do Campeonato Nacional e a fazer uma excelente campanha europeia, desencadeou uma onda de entusiasmo como já não se via há muito tempo no Clube e embora os relatórios contas da altura sejam omissos nessa matéria, consta que só nos primeiros meses desta gerência foram mais de 5 mil os sócios que regularizaram a sua situação, ou se inscreveram pela primeira vez no Sporting, pelo que a Direção aproveitou a Assembleia Geral ordinária de apresentação do orçamento que se realizou no dia 22 de Março de 1974, para propor um significativo aumento de cotas, que na maior parte das categorias ultrapassava os 30%. Foi tudo aprovado por unanimidade e aclamação em menos de uma hora.

No dia 4 de Abril de 1974 realizou-se nas instalações do Estádio José Alvalade a cerimónia da escritura da Sociedade de Construções e Planeamento S.A.R.L. com a presença dos seguinte sócios fundadores: Adelino Palma Carlos, José Silveira Machado, Venâncio Deslandes, João Rocha, José Alfredo Parreira Holtreman Roquete, Miguel Galvão Teles, Manuel Carvalho Brito das Vinhas, Jorge da Silva José de Melo, José Manuel Martins, António Pinto de Sousa, Guilherme Brás Medeiros, José Matias, Manuel Lopes, José Nunes dos Santos, Mário Themudo Barata, João Simões de Almeida, Guilherme Palma Carlos, Francisco Cazal Ribeiro, José Manuel Salema Garção, Francisco Marques Pereira, Augusto Amado de Aguilar, Luís António Santos Ferro, Reymão Nogueira e Luís Holstein Beck.

O Sporting e os sócios fundadores ficaram na posse de 150 mil ações, ficando as restantes 100 mil para subscrição dos sócios, sujeita a rateio de acordo com contingentes estabelecidos em função da antiguidade dos mesmos, que na altura andavam à volta dos 49 mil, tendo então sido decidido estabelecer 50 mil como o numero limite de sócios do Sporting, pelo que as inscrições seriam fechadas logo que se atingisse essa marca.

No dia 31 de Março de 1974 o Presidente do Conselho Marcelo Caetano terá sido o único Sportinguista a sair satisfeito de Alvalade, depois de ter sido calorosamente aplaudido por um Estádio completamente cheio, naquele que muitos consideram ter sido um teste feito pelo regime à popularidade do chefe do Governo, numa altura em que a contestação e o sentimento de revolta em relação à situação política e à guerra colonial estavam a crescer no nosso País. O resultado foi duplamente enganador, pois menos de um mês depois estourou a revolução e nesse dia o Benfica ganhou por 5-3, isto depois de muita polémica com o Sporting a pedir controle anti doping e que o jogo fosse arbitrado por um espanhol, mas no final foi o Sporting que foi Campeão.

Devido à revolução de Abril 1974, o Sporting teve de renegociar os apoios que lhe tinham sido prometidos pelo regime derrubado e assim, no inicio de Maio os principais dirigentes leoninos deslocaram-se ao Palácio de Belém, onde foram recebidos pela Junta de Salvação Nacional. Era o início de um longa e infrutífera maratona de contactos com os novos poderes.

Nessa altura João Rocha soube aproveitar a conjuntura favorável resultante do facto da equipa de futebol ter ganho o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal da época de 1973/74, mas enquanto o chefe do Departamento do Futebol, José António Arsénio, garantia que Mário Lino só não ficaria no Sporting se não quisesse, o Presidente não só nunca avançou com uma proposta de renovação do contrato, como foi buscar o brasileiro Dé sem consultar o técnico açoriano, marcou o jogo da festa do título para a semana da Final da Taça de Portugal e agendou uma digressão aos Estados Unidos, apesar da opinião desfavorável do seu jovem treinador.

Sendo assim, Mário Lino depois do tal jogo da festa do título, tomou a iniciativa de informar a Direção que não desejava renovar o seu contrato que terminava a 31 de Julho, mas no sábado dia 8 de Junho, precisamente na véspera da Final da Taça de Portugal e em pleno estágio da equipa, foi afastado e informado de que Osvaldo Silva, o seu adjunto e treinador dos Juniores, iria assumir o cargo de treinador principal imediatamente. Na altura já constava que João Rocha desejava contratar um treinador estrangeiro de grande nomeada, e na verdade Alfredo Di Stefano foi o eleito para a temporada seguinte, uma aposta completamente falhada, que durou apenas algumas semanas até que a rotura se consumasse, depois da derrota do Sporting frente ao Olhanense, na 1ª jornada do Campeonato de 1974/75, numa altura em que João Rocha acusou o treinador argentino de ser arrogante e mal educado e em que era visível o mau ambiente entre Di Stefano e os jogadores.

Osvaldo Silva regressou então ao comando da equipa, mas no início de Novembro, depois de mais um empate, João Rocha recorreu à solução do costume, promovendo Armando Ferreira ao cargo de Orientador Técnico com Osvaldo Silva a ficar apenas como treinador de campo, isto numa altura em que já decorriam negociações com Fernando Riera, que no entanto estava a pedir valores considerados incomportáveis para o Sporting. Em Dezembro, depois de outro empate, o Sporting chegou finalmente a acordo com o chileno Fernando Riera, ao mesmo tempo que Juca regressava a casa para assumir com carácter profissional o cargo de Secretário Técnico, que antes tinha sido ocupado por Armando Ferreira, mas a título obsequioso.

Num período em que o País atravessou grandes convulsões, a primeira Direção de João Rocha sofreu profundas e constantes alterações. No início de 1974 Jaime Duarte desentendeu-se com João Rocha e apresentou a sua demissão em conjunto com o restante Departamento de Futebol, face a divergências relacionadas com casos como a digressão ao extremo oriente, a contratação do brasileiro Ramon e as lesões de Fraguito e Laranjeira, que tiveram de ser operados em Londres, onde Yazalde também se deslocou para tratar uma maleita, com autorização do Presidente, mas sem o conhecimento do departamento médico do Clube, que se viria a demitir em bloco em Maio de 1974. Nessa mesma altura o Diretor do Ciclismo Aristides Martins, também se demitiu depois de ter entrado em conflito aberto com Joaquim Agostinho, que se recusara a treinar com os seus companheiros de equipa, alegando que necessitava outro tipo de preparação para as grandes competições internacionais em que iria participar. Perante tantas mexidas e alguns impedimentos derivados de situações particulares, em Agosto foi anunciada uma nova composição da Direção.

Independentemente de toda a agitação em que decorreu esta primeira gerência de João Rocha a sua Direção fez obra, e assim, em Janeiro de 1974 foram inaugurados os melhoramentos efetuados no Centro de Estágio do Estádio José Alvalade, que comportava 12 quartos com 2 camas e 2 amplos salões para repouso, convívio e atividades recreativas e no dia 6 de Março o Estádio José Alvalade estreou as suas novas torres de iluminação, um melhoramento significativo que o colocava ao nível dos melhores da Europa nesse capítulo.

Para além disso, neste período João Rocha conseguiu resolver o caso Fernando Peres que foi para o Brasil representar o Vasco da Gama, reatou relações com o Belenenses, com o Benfica e com a Académica, acertou a renovação por duas épocas do contrato com Hector Yazalde depois de longas negociações e normalizou as relações com Joaquim Agostinho que se tinha recusado a participar na Volta a Portugal desse ano e a quem prometeu construir uma equipa para participar nas grandes competições internacionais, iniciando contactos com Raphaël Géminiani para desempenhar o cargo de Diretor Técnico e com vários ciclistas franceses e espanhóis.

Desportivamente, para além da extraordinária época do Futebol que neste período ganhou o Campeonato e a Taça de Portugal na categoria principal, dois Campeonatos Regionais de Reservas, os Campeonatos Regional e Nacional de Juniores e o Campeonato Regional de Iniciados, o Sporting continuou a dominar no Tiro e no Atletismo, principalmente na vertente do Corta Mato com Carlos Lopes a mostrar que poderia tornar-se num atleta de nível internacional, mas perdeu a hegemonia no Andebol e no Ciclismo, enquanto nas Lutas Amadoras ganhou o Campeonato Nacional pela primeira vez e no Hóquei em Patins se continuou a apostar na construção de uma grande equipa, isto numa altura em que o Clube movimentava cerca de 3 mil atletas em 20 modalidades, entre as quais o Taekwondo, uma arte marcial introduzida no Sporting em Maio de 1974.

Em termos financeiros o primeiro ano desta gerência foi fortemente abalado pela Revolução do 25 de Abril, que resultou numa inflação galopante, ao mesmo tempo que o projeto de sustentabilidade desta Direção caiu num impasse, pois dependia dos apoios que tinham sido acertados com o Governo de Marcelo Caetano e com a Câmara Municipal de Lisboa, que ficaram em banho maria dada a instabilidade política que se vivia.

O passivo exigível do Sporting subiu para os 56 mil contos, em virtude da necessidade de se recorrer ao crédito para financiar a aquisição de terrenos e as obras necessárias para concretizar os projetos desta Direção, que como atrás se referiu entretanto caíram num impasse que não foi possível ultrapassar.

Assim em 1974 a Direção apresentou um Relatório Contas com um saldo negativo quase 7480 contos, com as receitas a subirem para perto dos 43120 contos, graças a um expressivo aumento no produto da cotização para cerca de 14875 contos (+4233 contos) e nos proveitos do Futebol, que ultrapassaram os 23820 contos (+5626 contos), havendo no entanto a registar quebras em várias rubricas, como foi o caso das modalidades amadoras, que renderam quase menos 500 contos.

Em contrapartida as despesas continuaram a crescer, o que se traduziu num agravamento de quase 11 mil contos em relação ao ano anterior, chegando-se a um valor muito próximo dos 50600 contos, que resultava essencialmente dos encargos com o Futebol que atingiram os 29686 contos, mais cerca de 3 mil contos com o Ciclismo e perto de 5324 contos com as atividades amadoras.

Também as despesas gerais dispararam para cerca de 4848 contos, um crescimento superior a 50% em relação ao ano anterior. As despesas com as instalações desportivas chegaram aos 3747 contos. As secções recreativas deram um lucro de cerca de 10 contos, enquanto o Jornal Sporting teve um prejuízo de cerca de 312 contos e o Posto Médico custou mais 1056 contos ao Sporting.

Já no final do ano de 1974, foi de uma forma pacifica que o Conselho Leonino propôs a recondução dos Órgãos Sociais deste período para a gerência do biénio 1975-1976.

To-mane 15h14min de 6 de Novembro de 2011 (WET)