Diferenças entre edições de "1947/48"

Edição atual desde as 10h43min de 10 de outubro de 2024

A 2ª dobradinha

Depois da brilhante temporada anterior, estava definitivamente lançado o período áureo do futebol do Sporting, sob o comando de Robert Kelly. No entanto durante a época a Direcção leonina considerou que apesar dos bons resultados e da perfeita orientação técnica do treinador inglês, faltava à equipa, calor, espírito de camaradagem e solidariedade, pelo que voltou a recorrer aos serviços de Cândido de Oliveira, entregando-lhe o cargo de Orientador Técnico, continuando Kelly como treinador de campo.

O Campeonato de Lisboa deixara de ser a competição que dava acesso ao Campeonato Nacional, no entanto nesta temporada a prova ainda se disputou nos moldes habituais, mas com o nome de Taça de Honra da AFL, pois por determinação do Governo as competições de âmbito regional não podiam chamar-se campeonatos.

A 1ª volta não correu bem aos Leões que dobraram o campeonato com 2 pontos de atraso em relação ao Benfica, mas os encarnados tiveram alguns percalços no inicio da 2ª volta e na 7ª jornada o Sporting isolou-se no comando, pelo que a vitória sobre o Benfica na ronda seguinte, definiu praticamente o desfecho da prova, que mais uma vez teve o Sporting como o grande vencedor.

O Campeonato Nacional foi disputado palmo a palmo com o Benfica, e ficaria para a história como "O Campeonato do Pirulito" por ter sido decidido por um golo.

O Sporting começou a prova da melhor forma, somando 7 vitórias consecutivas, mas depois sofreu duas derrotas perante os seus grandes rivais de Lisboa e a classificação ficou muito embrulhada, com os cinco primeiros classificados separados por apenas 3 pontos.

Ao virar para a 2ª volta o Sporting acertou o passo e conseguiu uma serie de 5 vitórias seguidas, que o colocaram na frente da classificação a par do Belenenses e com mais 1 ponto do que o Benfica. Seguiram-se duas grandes surpresas, primeiro com a derrota do Sporting no Bessa, num jogo marcado por uma arbitragem muito polémica, com Travassos a ser expulso depois de ter respondido a uma agressão de um jogador boavisteiro, e logo a seguir com o Belenenses a perder em Vila Real de Santo António, resultados que o Benfica aproveitou para passar para a liderança da competição.

Depois do jogo do Bessa, João Azevedo e Travassos foram suspensos com castigos que o Sporting considerou excessivos, o que motivou o pedido de demissão da parte da Direcção leonina, que se confessou impotente para lutar contra a má vontade da Comissão Administrativa da FPF, acusada de protelar propositadamente os recursos apresentados pelo Sporting, para evitar que estes produzissem os efeitos desejados, numa altura em que se aproximavam jogos muito importantes para o desfecho do Campeonato.

Na fase decisiva da competição, o Belenenses perdeu um ponto com o Atlético e logo a seguir foi ao Lumiar empatar com o Sporting, atrasando-se definitivamente e deixando o Benfica com 2 pontos de vantagem sobre os Leões, em vésperas do confronto entre ambos, que agora o Sporting precisava de ganhar por 3 golos de diferença, para passar para a frente da classificação, pois na 1ª volta tinha perdido por 3-1.

Nesse confronto histórico o Sporting ganhou por 4-1, com Peyroteo a marcar todos os golos do Sporting, num jogo que ficou assinalado por uma polémica entre Cândido de Oliveira e um dirigente leonino, que pôs em causa a táctica escolhida para esse jogo, desconfiando do facto do técnico ser benfiquista de origem.

No fim tudo acabou bem e o Sporting ganhou o Campeonato Nacional pela 4ª vez, terminando a prova com 41 pontos, os mesmos do que o Benfica. Mas pelo caminho ainda houve um susto, quando o Sporting perdeu em Setúbal , no entanto o Benfica não aproveitou essa escorregadela, perdendo surpreendentemente nesse mesmo dia em casa com o O Elvas, e assim tudo ficou na mesma até ao final da competição, pois Sporting e Benfica ganharam os dois jogos que faltavam para terminar o Campeonato.

No final da competição o Sporting ficou na posse da Taça Monumental O Século, um troféu que tinha sido instituído por aquele jornal em 1938, com um regulamento que determinava que o Clube que ganhasse 3 campeonatos consecutivos ou 5 intercalados, ficaria com aquela valiosa Taça, que em caso de nenhum clube atingir esses objectivos ao fim de 10 épocas, seria entregue definitivamente ao Campeão da última das temporadas em que o mesmo tinha estado em disputa. Nessa altura o Sporting somava 4 títulos, contra 3 do Benfica, 2 do FC Porto e 1 do Belenenses, pelo que até moralmente o troféu estava bem entregue, mas estranhamente o Benfica contestou a atribuição da Taça aos Leões, tentando adiar a entrega do troféu para o final da época seguinte, o que de resto a verificar-se de nada lhe serviria, pois o Sporting não só voltou a ser Campeão em 1948/49, como nessa época completou o tri-campeonato e conquistou o título de Campeão Nacional pela 5ª vez, ou seja, passou a reunir todas e mais algumas das premissas necessárias para deter aquele troféu.

Depois de um ano de interregno, a Taça de Portugal voltou a realizar-se nesta época, agora com eliminatórias de um só jogo a disputar no campo de um dos competidores. O Sporting teve novamente um percurso imaculado. Foram 5 vitórias em 5 jogos, com 23 golos marcados e 5 sofridos, goleando Guimarães, Estoril e Portimonense, para nas meias-finais afastar o Benfica com um claro 3-0, e na Final defrontar o Belenenses num jogo em que João Azevedo se lesionou e teve de jogar mais de uma hora a pé coxinho, mas mesmo assim só sofreu um golo e o Sporting ganhou por 3-1, conquistando aí a sua 4ª Taça e a 2ª "dobradinha". Foi também a despedida de Álvaro Cardoso que entregou a braçadeira de Capitão a João Azevedo.

Com este título o Sporting somava a sua sexta vitória nas últimas seis competições oficiais que disputara em Portugal, mas a qualidade da equipa verde branca já era reconhecida no estrangeiro e nos jogos internacionais o Sporting aplicou uma goleada histórica de 8-2 ao Lille, que tinha acabado de ganhar a Taça de França, depois de no inicio da temporada ter empatado a 4 bolas com o Atlético de Bilbau, no jogo da inauguração das obras de remodelação do Estádio do Lumiar.

Nesta época Portugal disputou três jogos particulares, perdendo com a Espanha por 2-0 e com a França por 4-2 e derrotando a Irlanda por 2-0. Jesus Correia e Travassos foram os únicos totalistas, enquanto os outros três Violinos disputaram dois jogos, com Peyroteo a marcar dois golos e Albano um. João Azevedo e Octávio Barrosa participaram no jogo com a França, enquanto Carlos Canário se estreou pela Selecção Nacional contra a Espanha.

To-mane (discussão) 11h14min de 4 de março de 2016 (GMT)

Figuras

Secção do Futebol

Plantel

Jogos

Campeonato Nacional

Classificação

Pontuação: 2 pontos por vitória, 1 por empate, 0 por derrota

Taça de Portugal

Campeonato de Lisboa/Taça de Honra

Classificação

Outros Jogos

Ver também

• O Campeonato do Pirulito
• O poker de Peyroteo
• Bi-Campeões no Algarve
• Uma Taça ao pé-coxinho

Outros links de interesse

• Portal Sporting Memória: Fotos de Equipas// Fotos de Jogos