A secção de Ténis de Mesa do Sporting tinha sido fundada em 1932/33. Catorze anos depois, em 1946, O Sporting tinha ganho um Campeonato de Lisboa por equipas masculino e um feminino. Apesar de praticamente todos os anos vencer numa das categorias inferiores (visto que o campeonato era disputado em quatro categorias), a verdade é que o Benfica era hegemónico no Ténis de Mesa: tinha acabado de se sagrar pentacampeão de Lisboa, somando já sete dos 14 campeonatos disputados até então, e em 1944/45 tinha vencido o primeiro Campeonato de Portugal, organizado pela recém fundada Federação Portuguesa de Ténis de Mesa. Para mais, a equipa principal do Sporting não ganhava um jogo oficial à do Benfica desde Janeiro de 1943.
Na realidade, o Sporting nem era para disputar o segundo Campeonato de Portugal. Os regulamentos previam apenas a participação dos campeões das Associações de Ténis de Mesa de Lisboa, Porto, e Leiria, ou seja Benfica, Académico, e Caldas Sport Clube. No entanto, a FPTM alterou os regulamentos, de modo a que participassem dois clubes de Lisboa, uma vez que na altura o Ténis de Mesa lisboeta dominava o panorama nacional. Com isso, o Sporting ficou apurado.
O campeonato disputou-se num sistema de poule numa única volta, ou seja, todos contra todos. O primeiro jogo foi precisamente entre as duas equipas mais fortes, o Sporting e o Benfica, a 20 de Junho de 1946. A Federação diligenciou efectuar o encontro num recinto que reunisse as condições necessárias para acolher o público esperado, e a escolha recaiu no ginásio do Benfica.
A equipa do Sporting era constituída por Carlos Feio, Mário Fernandes dos Santos, e Afonso Gago da Silva, que defrontaram Oliveira Ramos, que era então considerado o melhor jogador nacional de todos os tempos, Francisco Campas e Correia de Lacerda.
O encontro começou com Afonso Gago da Silva a derrotar Lacerda com alguma dificuldade por 2-1. Aí o Benfica confirmou o favoritismo, e ganhou quatro partidas sem resposta, colocando o resultado em 1-4. Uma vitória mais, e o Benfica sagrava-se bicampeão nacional. Oliveira Ramos venceu Mário Fernandes dos Santos e Afonso Gago da Silva, e Campas bateu Mário Fernandes dos Santos e Carlos Feio. Esta última derrota leonina poderia ter acabado com as esperanças verde e brancas, visto que Campas, apesar de muito forte, era um jogador contra o qual Feio por vezes ganhava.
No entanto, Correia de Lacerda, o jogador encarnado mais fraco, ainda tinha duas partidas para jogar, e Oliveira Ramos ainda tinha que enfrentar Carlos Feio. Este fez o 2-4 contra Lacerda, e Afonso Gago da Silva conseguiu superiorizar-se a Campas numa partida extremamente equilibrada (58-55 no somatório dos três sets). Com a vitória mais fácil de Mário Fernandes dos Santos contra Lacerda, o jogo ficava empatado a 4-4, e a decisão ficava para o encontro entre Carlos Feio e Oliveira Ramos.
Em todos os encontros anteriores entre estes dois jogadores, Carlos Feio, também um jogador excepcional, tinha estado como que intimidado, não conseguindo fazer o seu jogo habitual. Desta feita, com o moral fortalecido com a recuperação extraordinária que o Sporting vinha fazendo, demonstrou todo o poderio do seu jogo de ataque, considerado o melhor em Portugal, e dominou com inesperada facilidade o adversário, vencendo claramente por 2-0.
Com esta vitória inesperada, o Sporting tornava-se o favorito a vencer a segunda edição do Campeonato de Portugal, visto que os outros dois opositores eram mais fracos. O jogo seguinte deveria ter sido contra o Académico, campeão do Porto, mas a Direcção Geral dos Desportos considerou a inscrição desse clube ilegal, afastando-o da competição. O segundo e último jogo foi então contra o Caldas Sport Clube a 6 de Julho de 1946, e o Sporting venceu sem dificuldade por 5-0, sagrando-se pela primeira vez Campeão de Portugal.