No dia 29 de Março 1973 foram eleitos o Presidente e o Vice-Presidente de uma nova a Direção que tomaria posse a 4 de Abril de 1973:
Valadão Chagas discursa no dia da sua eleição
Manuel Nazareth toma posse
João Havelange visita o Sporting
Na noite da sua eleição, Orlando Valadão Chagas afirmou que o primeiro objetivo da nova Direção seria o saneamento financeiro do Clube, referindo que não era possível continuar a recorrer a empréstimos bancários para tapar os prejuízos acumulados ano após ano e, que o Sporting não podia viver além das suas possibilidades, daí que considerasse fundamental alertar os sócios para as consequências da nova política na atividade desportiva do Clube, mesmo que admitisse que o Futebol, por ser a principal razão da existência do Sporting e também a sua grande fonte de receitas, pudesse vir ser alvo de algum investimento, sem no entanto ultrapassar os limites estabelecidos, nem abdicar da política de auto-abastecimento iniciada pela anterior Direção com algum sucesso.
Porém, no dia seguinte à sua eleição o recém-eleito Presidente leonino foi convidado por Marcelo Caetano para fazer parte do Governo do País, como Secretário de Estado da Juventude e Desportos, pelo que a sua tomada de posse ocorrida em 4 de Abril, foi para ele uma mera formalidade, pois abdicou logo de seguida.
Assim e de acordo com os Estatutos, a 5 de Abril de 1973 o Vice-Presidente Manuel Nazareth assumiu interinamente a Presidência do Sporting Clube de Portugal, até que fosse encontrada uma solução para a crise diretiva, pois afirmou não desejar ser Presidente do Clube, por lhe faltar capacidade e tempo para o desempenho do cargo, que exerceu até 7 de Setembro de 1973.
Logo á partida Manuel Nazareth afirmou que com todo o respeito pelos demais colegas, considerava que Amado de Freitas e Pereira Pinto seriam os verdadeiros representantes do Presidente do Sporting, enquanto não se encontrasse uma melhor solução, ao mesmo tempo que garantia que as diretrizes traçadas por Valadão Chagas seriam rigorosamente respeitadas, pelo que por agora o projeto da "Cidade Desportiva" teria de ficar na gaveta, da mesma forma que não se previam grandes investimentos na equipa de Futebol, mesmo que prometesse resolver o "caso" Peres. Por outro lado, Manuel Nazareth assumia não ser um defensor do ecletismo, mas apesar disso assegurava que o Sporting iria manter as suas modalidades, embora dentro dos limites orçamentais estabelecidos. Finalmente o Presidente interino do Sporting defendia uma pacificação nas relações com os clubes rivais e restantes entidades desportivas, garantindo que nesse sentido a política editorial do Jornal Sporting seria alterada.
No dia 18 de Maio de 1973, o Conselho Leonino reuniu-se para estudar a resolução dos grandes problemas do Sporting, uma reunião onde foi decidido criar uma comissão constituída por Silveira Machado, Brás Medeiros, Santos Ferro, Nunes dos Santos e Fernando Silva, à qual foram dados plenos poderes para encetar as diligências necessárias de forma a encontrar um novo Presidente para o Sporting Clube de Portugal.
Uma das primeiras medidas tomadas pela Direção interinamente liderada por Manuel Nazareth, foi o despedimento do treinador inglês Ronnie Allen, que foi substituído por Mário Lino, que levou a equipa de futebol do Sporting à conquista da Taça de Portugal referente à temporada de 1972/73, o que lhe garantiu a continuidade no comando da equipa na época seguinte, para a qual o Sporting apenas contratou Baltasar e os brasileiros Cabral e Fontoura, embora este último tenha acabado por ser cedido ao Barreirense.
Foi também nesta altura que o Sporting ganhou pela 5ª vez consecutiva o Campeonato Nacional de Andebol, enquanto continuava a dominar no Atletismo, sem esquecer o Ciclismo, com Joaquim Agostinho a brilhar, embora tenha perdido a Volta a Portugal devido a mais um polémico caso de doping.
No dia 26 de Maio de 1973, durante o sarau de Ginástica realizado no Pavilhão dos Desportos, o Sporting homenageou o Prof. Reis Pinto pelos seus 25 anos ao serviço do Clube.
João Rocha foi o nome escolhido pela comissão delegada do Conselho Leonino para ocupar a Presidência do Sporting. No entanto o empresário setubalense condicionou a sua aceitação a um estudo que se propôs realizar sobre a real situação económica do Clube e à anuência por parte das entidades oficiais competentes em relação às soluções que preconizava e que apresentou aos Sportinguistas, afirmando que os clubes não podiam continuar a sobreviver apenas graças ás dádivas de alguns sócios e à assunção de pesados compromissos, que no caso do Sporting se traduziam em 52 mil contos de dívidas e num deficit crónico de 10 mil contos por ano, uma situação insustentável que João Rocha planeava ultrapassar associando o Sporting a um empreendimento de interesse publico, que passava pela construção de um terminal de camionagem dotado com armazéns e outras instalações subsidiarias e recreativas, sendo que para tal propunha uma profunda reestruturação estatutária, contabilística e administrativa.
No final de Agosto de 1973, João Rocha considerou estarem finalmente reunidas as condições necessárias para assumir o enorme desafio com que se deparava, pelo que foi marcada uma Assembleia Geral extraordinária para o dia 7 de Setembro, que tinha como ponto único da ordem de trabalhos o preenchimento por eleição para o biénio 1973-1974, dos cargos vagos de Presidente e Vice presidente para as relações externas, da Direção.
O relatório contas referente a 1973, só seria apresentado e aprovado no final do ano de 1974, já pela Direção de João Rocha, embora esta só tenha tomado posse em Setembro de 1973, uma situação que se explica pelo período atribulado que o País atravessou nessa altura e que naturalmente também afetou o normal funcionamento do Clube.
Assim em termos financeiros esta gerência apresentou um Relatório Contas com um saldo negativo de perto de 4275 contos, com as receitas a subirem para perto dos 35500 contos, graças a um expressivo aumento no produto da cotização que ultrapassou os 10640 contos e nos proveitos do Futebol que se aproximaram do 18195 contos, o que no entanto não foi o suficiente para contrabalançar o crescimento galopante das despesas que se aproximaram dos 39770 contos, um acréscimo de quase 7260 contos em relação ao ano anterior, que resultou essencialmente dos encargos com o Futebol que atingiram os 24800 contos (+5667 contos) e com as atividades amadoras que chegaram aos 4365 contos (+902 contos).
Há ainda a referir que em 1973 as despesas gerais ultrapassaram os 3 mil contos. As despesas com as instalações desportivas chegaram aos 2900 contos. As secções recreativas deram um lucro de cerca de 11 contos, enquanto o Jornal Sporting teve um prejuízo de mais de 546 contos e o Posto Médico custou perto de 623 contos ao Sporting.
No final de 1973 o passivo exigível do Sporting ultrapassava os 34 mil contos.
To-mane 14h12min de 14 de Janeiro de 2012 (WET)