A estreia da Taça dos Campeões Europeus
A nova temporada começou com uma grande notícia: Travassos foi convocado para a Seleção da Europa que defrontou a Inglaterra num jogo integrado nas comemorações do centenário da introdução oficial do futebol nas Ilhas Britânicas, algo inédito na história do Futebol português, pelo que a partir daí o interior esquerdo do Sporting passou a ser conhecido como o "Zé da Europa", ao mesmo tempo que era considerado o melhor jogador português de sempre, numa altura em que detinha o recorde de internacionalizações pela Seleção Nacional A.
Outra novidade desta época foi o arranque da Taça dos Campeões Europeus, uma competição que tinha sido idealizada pelo jornal francês L'Équipe, que em Março de 1955 convidou para nela participarem os melhores clubes de 16 países da Europa, pelo que naturalmente que o representante de Portugal foi o Sporting, isto apesar do vencedor do campeonato português de 1954/55 ter sido o Benfica.
Calhou em sorte ao Sporting defrontar o Partizan de Belgrado, uma das equipas mais fortes do centro da Europa. Para a história ficou o primeiro golo da competição, marcado por João Martins, naquele que foi o jogo inaugural desta histórica prova, disputado no Estádio Nacional, e que terminou com um empate a três bolas. Os Leões apresentaram-se com menos de um mês de treinos, quando apenas tinham disputado um jogo de preparação, pelo que não tiveram pedalada para os jugoslavos e no encontro da 2ª mão foram goleados em Belgrado.
Apesar de ter perdido para o Benfica o Campeonato e a Taça de Portugal da temporada anterior, Alejandro Scopelli tinha conseguido melhorar o rendimento da equipa e assim continuou no comando do Sporting, agora tendo como adjunto Anselmo Pisa, que também ficou com a missão de orientar as equipas dos escalões inferiores.
A renovação do quadro de jogadores era inevitável. Albano foi mais um dos Cinco Violinos a chegar ao fim da linha e Caldeira também jogou pouco nesta época, sendo substituído por Joaquim Pacheco no lado direito da defesa, enquanto João Galaz voltava ao lado esquerdo. Quim um jovem extremo esquerdo descoberto no SL Olivais e Rocha um macaense muito habilidoso que chegara do decorrer da temporada anterior, foram ganhando o seu espaço na linha da frente, tal como Valter que viera do Sp. Espinho referenciado como um avançado centro muito promissor, posição que inicialmente ocupou, obrigando João Martins a descair para a esquerda, mas com a chegada de Miltinho, o possante jovem espinhense recuou para o lugar de médio direito onde acabou por se fixar numa posição que ficara em aberto depois de Janos Hrotko ter sido dispensado ao Sporting Clube da Covilhã e da suspensão de Armando Barros por questões disciplinares. Menos sorte teve Joaquim José um avançado contratado ao Montijo, o mesmo se podendo dizer em relação ao guarda redes espanhol Juan Santos e ao médio argentino Vallone, jogadores recomendados por Alejandro Scopelli, mas que jogaram pouco.
Em Dezembro chegou o brasileiro Miltinho. Era mais um na já longa lista de candidatos à missão impossível de fazer esquecer Peyroteo, sucedendo a Mokuna que caíra em descrédito depois da Final da Taça de 1955. Foi titular até ao fim da época, marcando 11 golos em 16 jogos, no entanto a verdade é que nenhum dos reforços desta temporada se viria a impor definitivamente no Sporting.
O campeonato correu ainda pior do que o anterior. O Sporting entrou muito mal e quando na 6ª jornada perdeu por 3-1 com o Benfica, caiu para o 7º lugar a 4 pontos do seu rival. Alejandro Scopelli foi introduzindo algumas alterações e a equipa melhorou, mas o ano começou com outra derrota, desta vez no Porto, e assim o Sporting ficou em 5º lugar a 6 pontos dos portistas que na altura lideravam a tabela classificativa.
Quando o Sporting se deslocou ao Estádio da Luz para o "derby" da 2ª volta estava a 5 pontos do seu velho rival e a 6 do FC Porto, pelo que essa derrota por 3-0 foi a estocada final nas já ténues aspirações leoninas a recuperar o título.
Perante estes resultados o Presidente Góis Mota prometeu tomar medidas e exigiu mais brio e garra aos jogadores, mas quem pagou a fatura foi o treinador Alejandro Scopelli que se demitiu em Abril, sendo substituído interinamente por Anselmo Pisa, o seu adjunto e treinador dos Juniores, que orientou a equipa nos últimos jogos do Campeonato, e até conseguiu derrotar por 1-0 os futuros Campeões, o FC Porto, sendo que no final desse encontro os jogadores dedicaram a vitória ao seu anterior treinador. No entanto na última jornada o Sporting perdeu por 2-1 com o Belenenses, e foi assim parar ao 4º lugar, naquela que era até então a pior classificação de sempre do clube no Campeonato Nacional.
No dia 21 de Abril de 1956 o Presidente Góis Mota anunciou Abel Picabêa como o novo treinador do Sporting. O técnico argentino chegou a Portugal na semana seguinte começando a trabalhar no dia 30 de Abril. Vinha com contrato a termo com o objetivo de preparar a equipa para o jogo de inauguração do Estádio José Alvalade, ficando nas mãos da Direção a decisão de prolongar o vínculo para a temporada seguinte.
Mas ainda havia a Taça de Portugal para disputar e foi já sob o comando do novo técnico, que o Sporting depois de eliminar a CUF com muitas dificuldades, foi afastado pelo Torreense, encerrando assim da pior maneira uma temporada para esquecer, que era a segunda consecutiva sem ganhar nada. Era a confirmação de que a equipa que dominara o Futebol português na última década se encontrava em fim de ciclo e de que a renovação do quadro de jogadores não estava a correr muito bem.
A 10 de Junho de 1956 o Sporting inaugurou o Estádio José Alvalade com pompa e circunstância, mas com mais uma derrota, desta feita por 2-3, frente aos brasileiros do Vasco da Gama. Três dias depois realizou-se pela primeira vez em Portugal um jogo com iluminação artificial, em que o Sporting perdeu por 3-0 com uma Seleção de Budapeste.
Nas Reservas o Sporting obteve mais um triunfo, desta vez na Taça Ricardo Ornelas, numa altura em que continuavam a não se disputar os Campeonatos Regionais desta categoria.
Nesta época a Seleção Nacional disputou 7 jogos. Manuel Passos esteve presente em 6 deles. Vasques, Travassos e Juca participaram em 4 desses jogos, sendo que o primeiro marcou 2 golos. Carlos Gomes e João Martins somaram 3 presenças.
To-mane 21h22min de 21 de Agosto de 2008 (UTC)
Figuras
Secção do Futebol
Plantel
- Legenda
- Competição: CN=Campeonato Nacional, TP=Taça de Portugal, TCE Taça dos Campeões Europeus
Jogos
Campeonato Nacional
Classificação
Class.
|
Clube
|
Jogos
|
Vitórias
|
Empates
|
Derrotas
|
Golos
|
Pontos
|
1º |
FC Porto |
26 |
18 |
7 |
1 |
77 - 20 |
43
|
2º |
SL Benfica |
26 |
19 |
5 |
2 |
76 - 31 |
43
|
3º |
Belenenses |
26 |
16 |
5 |
5 |
67 - 25 |
37
|
4º |
SPORTING |
26 |
15 |
6 |
5 |
54 - 27 |
36
|
5º |
Sp. Covilhã |
26 |
11 |
7 |
8 |
52 - 44 |
29
|
6º |
Barreirense |
26 |
8 |
7 |
11 |
40 - 60 |
23
|
7º |
Torreense |
26 |
7 |
8 |
11 |
32 - 42 |
22
|
8º |
Lusitano de Évora |
26 |
6 |
9 |
11 |
38 - 55 |
21
|
9º |
V. Setúbal |
26 |
7 |
6 |
13 |
57 - 64 |
20
|
10º |
CUF |
26 |
6 |
8 |
12 |
33 - 58 |
20
|
11º |
Caldas SC |
26 |
6 |
7 |
13 |
29 - 50 |
19
|
12º |
Atlético |
26 |
6 |
7 |
13 |
47 - 62 |
19
|
13º |
Académica |
26 |
8 |
3 |
15 |
36 - 52 |
19
|
14º |
SC Braga |
26 |
5 |
3 |
18 |
36 - 84 |
13
|
Pontuação: 2 pontos por vitória, 1 por empate, 0 por derrota
Taça de Portugal
Data
|
Jornada
|
Jogo
|
Resultado
|
Ficha de jogo
|
02-05-1956 |
1ª Eliminatória |
SPORTING – C.U.F. |
4 – 3 |
Ficha
|
06-05-1956 |
1/8 Final |
Torreense – SPORTING |
1 – 0 |
Ficha
|
Taça dos Campeões Europeus
Data
|
Jornada
|
Jogo
|
Resultado
|
Ficha de jogo
|
04-09-1955 |
1ª Eliminatória |
SPORTING – Partizan Belgrado (Jugoslávia) |
3 – 3 |
Ficha
|
12-10-1955 |
1ª Eliminatória |
Partizan Belgrado (Jugoslávia) – SPORTING |
5 – 2 |
Ficha
|
Outros Jogos
Ver também
Outros links de interesse