A chorar com o Belenenses
O Sporting chegara de África no dia 19 de Agosto e o Campeonato Nacional começou a 12 de Setembro, portanto quase não houve tempo para férias, e a equipa não disputou nenhum jogo preparação para a nova época, entrando diretamente na competição oficial com um empate em Braga.
A temporada começou ainda sob o comando da dupla de sucesso constituída por Tavares da Silva e Joseph Szabo e não se verificaram alterações significativas no plantel, havendo apenas a registar a dispensa de alguns jogadores menos utilizados.
Depois de um ano de menor utilização em virtude das lesões sofridas, Joaquim Pacheco e Albano recuperaram os seus lugares na equipa em detrimento de João Galaz e Mendonça e inicialmente Galileu pareceu roubar a posição de extremo direito a Hugo, mas o irrequieto jogador vindo de Vendas Novas acabou por reaver o lugar que tinha ganho na época anterior.
Em Outubro chegou a Lisboa Mokuna, um jovem avançado congolês descoberto na digressão a África, que era conhecido como o "fura redes" devido à potência do seu remate. Tinha apenas 19 anos de idade e vinha rodeado de uma enorme expectativa, numa altura em que o Clube ainda vivia na saudade do seu grande goleador Peyroteo, esperanças que cresceram logo que Joseph Szabo afirmou que Mokuna era melhor do que o maior marcador da história do Sporting, quando este 18 anos antes tinha chegado ás suas mãos. No entanto por questões burocráticas o avançado africano só pôde começar a jogar no início de 1955.
A época começara mal e a equipa revelou uma inesperada irregularidade, principalmente nos jogos em casa que passaram a disputar-se no Estádio Nacional, onde o Sporting sentindo a falta do aconchego do velhinho Estádio do Lumiar que estava à beira de ser demolido, sofreu três derrotas, duas delas frente aos seus dois grandes rivais de Lisboa.
No final do ano o treinador Joseph Szabo foi suspenso depois da derrota com o Belenenses e de ter dado uma entrevista polémica, sendo rendido interinamente por Iosif Fabian. Nessa altura o Sporting estava a 3 pontos do Benfica, mas ainda havia meio campeonato para jogar.
No inicio de 1955 Tavares da Silva foi convidado a assumir as funções de Selecionador Nacional, levantando-se a questão sobre a compatibilidade desse cargo com o de Orientador Técnico do Sporting, uma situação apimentada pelos maus resultados da equipa, pelo que em Fevereiro Tavares da Silva demitiu-se depois de um empate em Coimbra, isto apesar de Góis Mota o ter defendido até à última.
Foi então decidido contratar um treinador com plenos poderes, abandonando-se o modelo de responsabilidades bipartidas entre um orientador técnico e um treinador de campo. Stanley Matthews, Enrique Fernandez, Flávio Costa e Mário Fortunato, foram nomes sonantes que estiveram em cima da mesa, mas o eleito seria o argentino Alejandro Scopelli que assumiu o comando da equipa no dia 17 de Fevereiro, numa época que seria dramática para o Belenenses, curiosamente o clube português com que o agora treinador do Sporting tinha maiores afinidades.
Faltavam 8 jornadas para o fim do Campeonato e o Sporting estava em 3º lugar a 4 pontos do Benfica e a 2 do Belenenses, pelo que era uma missão muito difícil aquela que se colocava a Alejandro Scopelli, que começou por afirmar que não havia tempo para promover grandes mudanças na equipa, daí que as alterações introduzidas tenham resultado de duas lesões, primeiro de Joaquim Pacheco e depois de Vasques, que foram substituídos por João Galaz e Mokuna, jogadores que agarraram a oportunidade, um recuperando o lugar de defesa esquerdo e o outro impondo-se como avançado centro, derivando assim João Martins para a posição de interior.
A equipa melhorou mas no momento decisivo não conseguiu ir além de um empate no primeiro "derby" da história do Estádio da Luz, pelo que a quatro rondas do termo do Campeonato o atraso em relação ao velho rival estava nos 3 pontos. No fim de semana seguinte o Benfica perdeu no Porto e o Belenense passou a liderar e foi assim que se chegou à última jornada com o Sporting a precisar não só de uma vitória nas Salésias, como que o Atlético fosse ganhar à Luz. Um cenário muito improvável que não se concretizou.
Assim o campeonato foi discutido até ao último minuto, mas desta vez entre os azuis e os encarnados, pois o Benfica ultrapassou sem dificuldades o Atlético, enquanto o Sporting nunca esteve perto de derrotar o Belenenses, que a quatro minutos do fim ganhava por 2-1. Foi então, quando nas Salésias já estoiravam os foguetes, que João Martins empatou um jogo que foi dramático, oferecendo o título ao Benfica e acabando a chorar com os homens de Belém.
A Taça de Portugal voltou a disputar-se com eliminatórias de apenas um jogo e, o Sporting para chegar ao Jamor, afastou sucessivamente o D. Beja, o Leixões, o Lusitano de Évora e o Farense, para na Final perder por 2-1 com o Benfica, que assim foi o grande vencedor da temporada, em parte graças ao treinador brasileiro Otto Glória, que mudou a história do futebol português introduzindo relevantes alterações táticas com a sua linha avançada em diagonal, abrindo o caminho para o 4x2x4 que se generalizaria nas temporadas seguintes.
Continuaram a disputar-se torneios de Reservas e desta vez o Sporting ganhou a Taça Adeodato de Carvalho.
A Seleção Nacional realizou quatro jogos nesta temporada. Manuel Passos e Travassos foram totalistas e o Zé marcou um golo. Caldeira e Juca estrearam-se pela equipa das quinas, com o defesa direito a totalizar três jogos tal como Carlos Gomes e João Martins, enquanto o médio fez apenas um jogo, à semelhança de Vasques e Albano que se despediu da Seleção.
To-mane 11h28min de 21 de Agosto de 2008 (UTC)
Figuras
Secção do Futebol
Plantel
- Legenda
- Competição: CN=Campeonato Nacional, TP=Taça de Portugal
Jogos
Campeonato Nacional
Classificação
Class.
|
Clube
|
Jogos
|
Vitórias
|
Empates
|
Derrotas
|
Golos
|
Pontos
|
1º |
SL Benfica |
26 |
18 |
3 |
5 |
61 - 20 |
39
|
2º |
Belenenses |
26 |
17 |
5 |
4 |
63 - 28 |
39
|
3º |
SPORTING |
26 |
15 |
7 |
4 |
73 - 27 |
37
|
4º |
FC Porto |
26 |
12 |
6 |
8 |
51 - 34 |
30
|
5º |
SC Braga |
26 |
12 |
5 |
9 |
52 - 42 |
29
|
6º |
Académica |
26 |
10 |
5 |
11 |
53 - 52 |
25
|
7º |
CUF |
26 |
10 |
5 |
11 |
45 - 52 |
25
|
8º |
V. Setúbal |
26 |
8 |
6 |
12 |
37-52 |
22
|
9º |
Atlético CP |
26 |
9 |
4 |
13 |
42 - 52 |
22
|
10º |
Lusitano de Évora |
26 |
9 |
3 |
14 |
40 - 70 |
21
|
11º |
Barreirense |
26 |
7 |
6 |
13 |
25 - 38 |
20
|
12º |
SC Covilhã |
26 |
8 |
4 |
14 |
32 - 53 |
20
|
13º |
Boavista |
26 |
7 |
4 |
15 |
33 - 71 |
18
|
14º |
V. Guimarães |
26 |
5 |
7 |
14 |
33 - 49 |
17
|
Pontuação: 2 pontos por vitória, 1 por empate, 0 por derrota
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