Antes do início
As primeiras notícias de Boxe no Sporting Clube de Portugal datam de 1923, altura em que esta não era uma modalidade praticada habitualmente no Clube, que mesmo assim estava inscrito na Federação Portuguesa de Box, como a modalidade era então denominada.
Apesar disso, nessa altura dois sócios, Rafael Barradas e Albano Martins, mostraram interesse em representar o Sporting nos Campeonatos Regionais do Sul para amadores. O primeiro desistiu do intento, mas Martins conseguiu três vitórias nos três combates que fez nessa competição que decorreu em Abril, sagrando-se campeão na categoria de meios-médios, e ficando assim apurado para representar a região do Sul no Campeonato Nacional de Amadores, tendo então o Sporting resolvido contratar um treinador para preparar o seu atleta para essa prova, que no entanto não se viria a realizar, tornando infrutíferos os esforços da Direção leonina.
Entretanto Albano Martins resolveu tornar-se profissional. Interrompia-se assim a curta história do Boxe no Sporting.
O verdadeiro começo
A história seria retomada quase 40 anos mais tarde, quando no fim de 1961 apareceu uma oportunidade: o Vitória Clube de Lisboa extinguiu a sua secção de Boxe, uma das melhores da cidade, treinada por Ricardo Ferraz. Este contactou o associado António Soares Casquilho, o qual montou no Sporting a melhor e mais bem apetrechada sala de Pugilismo de Portugal. Perfecto Lourenço Campos a ser o primeiro capitão da secção, fundada a 2 de janeiro de 1962.
Inicialmente a equipa foi constituída por pugilistas do Vitória Clube de Lisboa, mas a a capacidade e dinamismo rapidamente demonstrados pela Secção levaram à captação de novos talentos. A Secção de Pugilismo do Sporting foi apresentada ao público no dia 29 de maio de 1962, no pavilhão dos desportos no decorrer de um festival de boxe que atraiu numerosa assistência.
Assegurando a continuidade da secção, Perfecto Campos, Mário Ribeirinho e Américo Sousa dirigiram os seus destinos. No entanto, o principal impulsionador do Pugilismo sportinguista foi o Mestre Ricardo Ferraz, treinador que criou a mais importante escola de formação em Portugal.
Anos 1960: os primeiros sucessos
Nos primeiros anos de existência da secção, não houve competições oficiais devido a dificuldades da Associação de Boxe de Lisboa e da Federação Portuguesa de Boxe. Assim, os primeiros títulos oficiais ocorreram em 1964, com algumas vitórias individuais no Campeonato Regional. Nos anos seguintes voltaram a não haver competições oficiais.
No entanto, os pugilistas leoninos não ficaram parados, continuando a vencer torneios e encontros de demonstração da modalidade. Finalmente, no fim de 1967 voltou a ser organizado o Campeonato Nacional, que há 17 anos que não se realizava. O Sporting conseguiu três vitórias, através de Aníbal Silva, Manuel Antunes e António Augusto.
No ano seguinte, 1968, o Sporting conquistou o seu primeiro título coletivo, o Campeonato Regional, e por pouco falhou o título nacional, ficando em segundo. No entanto, nos dos anos seguintes voltaram a não ser organizadas provas oficiais.
15 anos de supremacia
Nos anos 1970 e até meados da década de 1980, o Sporting tornou-se numa referência do Boxe em Portugal, conquistando vários campeonatos nacionais por equipas e com os seus pugilistas a ganharem inúmeros títulos individuais. Entre 1976 e 1978 o Sporting foi tricampeão nacional, e foi octacampeão de Lisboa entre 1971 e 1978. Destacaram-se entre outros João Miguel "Paquito", João Gato, Vítor Pereira e João Magalhães.
Sempre com Ricardo Ferraz no comando real, numa secção em que os diretores iam rodando, o Boxe leonino mostrou-se capaz de resistir a pequenas crises, como a de 1979 quando o abandono de três pugilistas campeões nacionais, a que se juntou a faltando de equipamentos de treino e de seccionistas levou à perda do título nacional. Este foi rapidamente recuperado, e nos sete anos seguintes, até 1986, o Sporting foi campeão cinco vezes. Víctor Carvalho juntou-se à secção em 1981, destacando-se ainda Carlos Pereira e Alfredo Miranda
O adeus ao mestre
Em 1988 Ricardo Ferraz deixou o lugar de treinador, devido a problemas de saúde – estava proibido por ordens médicas de fazer esforços físicos. Por outro lado, em 1987 o Estrela da Amadora decidiu apostar na modalidade, reforçando-se com atletas e técnicos vindos de vários clubes, oferecendo condições impensáveis até então. Outros clubes como o Lisboa Clube Rio de Janeiro fizeram depois o mesmo, apostando num sucesso efémero e sem sustentação. Clubes formadores como o Sporting viam os seus melhores atletas saírem, isto num contexto em que a Federação Portuguesa de Boxe não tinha regulamento de transferências.
Isto levou a que o nível do Boxe nacional decaísse. Longe iam os tempos em que pugilistas nacionais conseguiam medalhas em competições internacionais. As arbitragens tinham um nível baixo, com muitos árbitros a desconhecerem regras básicas.
Assim, entre 1987 e 1994 o Sporting não ganhou nenhum título coletivo. Em 1991, o Sporting finalmente encontrou um novo treinador à altura dos pergaminhos de Mestre Ferraz: o ex-tetracampeão nacional Víctor Carvalho. O histórico João Miguel "Paquito" juntou-se-lhe três anos depois, em 1994. A partir de 1992 a direção da secção estabilizou com José Neves Polido como diretor.
A partir do início dos anos 1990, o Sporting apostou no Boxe de manutenção, o que possibilitava à secção sobreviver, num contexto em que o Clube passava por um período de dificuldades financeiras. Essa faceta permaneceu, mesmo quando modalidades como o Kickboxing, Judo ou Karate se tornaram muito populares.
O século XXI: duas décadas de glória
Sob a batuta de Carvalho e Paquito, os grandes êxitos voltaram de novo a partir de meados da década de 90. Em 1995 o Sporting voltou a conquistar o título máximo nacional, com o kickboxer Fernando Fernandes a contribuir para a vitória. Os títulos continuaram nos anos seguintes, com Edson Santos, Hughes Lukoki, Jorge Pina e Nuno Neves a destacarem-se.
Já no novo milénio, os triunfos continuaram a ocorrer, coletivos e individuais, tanto masculinos como femininos, quer em seniores quer nos escalões de formação.
- Nota: As épocas de Boxe decorrem normalmente de janeiro a dezembro, com interrupção no Verão, ocorrendo frequentemente renovação do plantel em setembro. No entanto, houve alturas em que decorriam de setembro a julho.
Palmarés
Nacional Série A (Consagrados)
- 16 Campeonatos Nacionais por Equipas
- 1971, 1972, 1976, 1977, 1978, 1979/80, 1980/81, 1983, 1984, 1986, 1995, 1997 (setembro), 1998 (início do ano), 1998 (dezembro), 2004 e 2008
- O Sporting não ganhou o Campeonato Nacional por equipas em 1969, 1970, 1974 e 1979. Em 1969 e 1970 o Campeonato Nacional não foi disputado. Em 1974 o Sporting não foi campeão (ver R&C de 1977 e JS de 1974). Em 1979 o campeão foi o Ginásio Universal. O Jornal Sporting de 26 de julho de 1978 efetivamente contabiliza corretamente cinco Campeonatos Nacionais nessa data. Posteriormente, o Jornal Sporting começou a incluir mais títulos, confundindo eventualmente vitórias regionais com nacionais.
- O Sporting ganhou um Campeonato Nacional em 1997, e dois em 1998, passando-se o mesmo com o Campeonato Regional. Isto deveu-se possivelmente a uma mudança no calendário, na definição do início e fim das épocas.
- 4 Taças de Portugal por Equipas
Regional Série A (Consagrados)
- Campeonatos Regionais por Equipas
- 1968, 1971, 1972, 1973, 1974, 1975, 1976, 1977, 1978, 1980/81, 1981/82, 1984, 1995, 1997 (setembro), 1998 (início do ano), 1998 (dezembro), 1999, 2000, 2001, 2002, 2006 (2006/07), 2007 (2007/08), 2010, 2011, 2014, 2015
- 1 Taça de Portugal - fase Regional
Nacional categorias inferiores (Série B e Iniciados)
- 5 Campeonatos Nacionais de Iniciados por Equipas
- 1971, 1972, 1988, 1989, 2016
Regional categorias inferiores (Série B e Iniciados)
- 3 Campeonatos Nacionais por Equipas série B
- 5 Campeonatos Regionais de Iniciados por Equipas
- 1971, 2001, 2002, 2014, 2016
- O palmarés coletivo está verificado até 1999.
- O palmarés individual está dado nas páginas de época, havendo algumas faltas e provavelmente falhas.
- As épocas de Boxe decorrem normalmente de janeiro a dezembro com interrupção em agosto, mas nalguns anos decorreram de setembro a julho.
Links