Diferenças entre edições de "Atletismo 1980"

Revisão das 17h54min de 25 de novembro de 2020

Mamede entre os melhores do mundo

A crise directiva que o Sporting atravessou entre 1979 e 1980, afectou gravemente a secção de Atletismo do Clube, que foi alvo de um verdadeiro saque da parte do Benfica, que aproveitando a situação, conseguiu desviar vários atletas do Sporting, com natural destaque para José Carvalho, o nome mais sonante da lista dos que não resistiram ao apelo do dinheiro e atravessaram a 2ª circular em direcção ao Estádio da Luz.

Mesmo assim no Corta Mato o Sporting continuou a dominar de uma forma esmagadora, e no final do ano de 1979, Fernando Mamede venceu o Cross Internacional du Journal Telégramme, em Brest, e Carlos Lopes ganhou o Crosse de Vincennes e o Crosse Internacional de Ano Novo disputado em Madrid.

Fernando Mamede a grande figura da temporada de 1980

Já em 1980 Lopes ganhou o Cross de Nancy, onde Mamede foi 2º classificado, mas este aparente regresso do grande Campeão à sua melhor forma, foi novamente interrompido pela já crónica lesão no tendão de Aquiles, que o afastou outra vez das competições durante algum tempo.

Assim Fernando Mamede apesar de não se sentir muito à vontade no Corta Mato, assumiu a liderança da equipa, ganhando o Crosse das Amendoeiras e sagrando-se bi-Campeão Regional, numa competição que o Sporting venceu de forma categórica, colocando os seus 6 atletas nos primeiros seis lugares da classificação.

Carlos Lopes regressou para tentar ajudar a equipa na Taça dos Campeões Europeus de Corta Mato, mas ainda não estava em condições e teve de desistir, pelo que o Sporting não conseguiu renovar o título de Campeão Europeu de Crosse, quedando-se no 2º lugar com mais 3 pontos do que os belgas do Liège, liderados por Leon Schots que foi o vencedor da corrida, à frente de Fernando Mamede que ficou na 2ª posição. Teria bastado que Lopes tivesse terminado num dos primeiros 8 lugares, para que o Sporting fosse novamente Campeão Europeu.

Seguiu-se o Campeonato Nacional de Corta Mato, onde o Sporting voltou a ganhar com facilidade, com Fernando Mamede a vencer pela 2ª vez esta competição, enquanto Carlos Lopes ficou no 5º lugar, mas desta vez a sua participação nem teria sido necessária.

Para finalizar esta primeira fase da época, Portugal ficou no 9º lugar no Campeonato Mundial de Corta Mato, com Fernando Mamede a ser o nosso melhor atleta, terminando na 16ª posição, mas continuava a afirmar que não era um homem do Corta Mato, enquanto Carlos Lopes que ficou no 26º lugar, explicava que tinha feito o melhor que podia, pois ainda sentia algumas dores quando dobrava a perna.

Na Estrada o Sporting voltou a ganhar a Estafeta Cascais-Lisboa, com uma equipa formada por Augusto Martins (atletismo), Hélder de Jesus, Fernando Mamede, Aniceto Simões e Carlos Lopes, enquanto Armando Aldegalega aos 42 anos de idade, conseguia a proeza de ganhar pela 10ª vez a Maratona Nacional.

Mas era inevitável que a sangria se fizesse sentir, e isso aconteceu essencialmente nas competições de Pista no sector masculino, onde a equipa ficara mais fraca e não conseguiu ganhar nenhuma das principais competições em disputa.

Mesmo assim a participação na Taça dos Campeões Europeus disputada em Madrid foi aceitável, com o Sporting a terminar no 7º lugar e Fernando Mamede a ganhar a corrida dos 10000m, resultados que ficaram dentro das expectativas de Moniz Pereira, que reconheceu que mesmo com os ausentes Carlos Lopes, Alberto Matos e António Caldas, teria sido difícil fazer melhor.

Nos Campeonatos Regionais os atletas leoninos venceram 8 das provas em disputa, o que não foi suficiente para ganhar a competição, o mesmo acontecendo nos Nacionais, onde o Sporting também terminou no 2º lugar, ficando a 7 pontos do Benfica, com os seu atletas a ganharem apenas 6 das 20 provas em disputa.

Nos Campeonatos de Portugal individuais, os atletas leoninos conquistaram 8 títulos, com destaque para Paulo Palma que ganhou os concursos do Triplo Salto e do Salto em Comprimento, numa época em que surpreendentemente também igualou o Recorde Nacional do Salto em Altura, poucos minutos depois do seu companheiro Vítor Mendes o ter fixado em 2,13m. Era uma nova geração de atletas do Sporting a despontar, havendo também que acrescentar o nome de Rui Fernandes, talvez a grande revelação da temporada.

Antes na primeira ronda dos Campeonatos Portugal em que se disputavam os 10000m e as estafetas, o Sporting apenas tinha ganho os 4x100m em femininos, mas na corrida mais longa do programa de pista Fernando Mamede não deu hipóteses, percorrendo a distância em 28,04,2m, a melhor marca de sempre feita em pistas portuguesas, ele que fez uma grande temporada, confirmando os mínimos olímpicos nos 1500, 5000 e 10000m, numa altura em que já estava ao nível dos melhores atletas do mundo.

De facto 1980 foi para Mamede um ano de grandes marcas, que teve os seus pontos mais altos no Torneio Internacional de Kassel-Lo em Lovaina, onde nos 5000m fez aquele que era até aí o melhor tempo mundial do ano, percorrendo a distância em 13,20,0m e, no Meeting de Paris onde bateu o Recorde Nacional dos 10000m, que pertencia a Carlos Lopes desde 1976, fixando-o em 27,37,88m, que era a 3ª melhor marca mundial do ano e a 1ª da Europa.

Só o boicote aos Jogos Olímpicos de Moscovo, ao qual os principais atletas portugueses aderiram, depois de serem pressionados pelas entidades oficiais, impediu Mamede de entrar na corrida pelas Medalhas, numa competição onde Hélder de Jesus e Aniceto Simões também poderiam ter estado presentes, e onde Bernardo Manuel acabou por ser o único representante do Atletismo leonino, integrado na Selecção de Angola.

Maria João Lopes um regresso ao Sporting em grande

No sector feminino o Sporting voltou a ser Campeão Regional e Nacional. No Campeonato de Lisboa a vantagem sobre o Benfica cifrou-se em 21 pontos, com destaque para Maria João Lopes que tinha regressado a Alvalade depois de um ano na Luz, e Conceição Alves, que vencerem duas provas cada uma, igualando os seus Recordes Nacionais, dos 100m a primeira e dos 100m barreiras a segunda.

Nos Nacionais os resultados individuais não foram tão brilhantes, mas a vitória do Clube foi igualmente indiscutível, com as atletas leoninas a ganharem 7 das 15 provas em disputa, outra vez com Maria João Lopes em grande destaque, ao garantir 3 vitórias, enquanto Conceição Alves e Adília Silvério somaram 2 cada uma.

Nos Campeonatos de Portugal individuais, 5 vitórias para as atletas leoninas, com natural destaque para a consagrada Adília Silvério, que continuava a dominar os lançamentos do Peso e do Disco, sendo que neste último, se tornou na primeira atleta portuguesa a ultrapassar os 50 metros, numa prova realizada em Luanda no final do ano de 1979, com um lançamento a 50,52m, um Recorde que perdurou mais de 8 anos, enquanto a jovem Maria João Lopes ganhou os 100m e o Salto em Comprimento, numa época em que estabeleceu novos Recordes Nacionais dos 100 e 200m.

Conceição Alves ganhou o Pentatlo Nacional, ela que já tinha batido o Recorde Nacional deste combinado, ultrapassando os 4000 pontos, numa prova onde também melhorou o máximo nacional do Salto em Altura, fixando-o em 1,74m.

Há ainda que referir que Péricles Pinto se sagrou tri-Campeão Europeu de Veteranos, no Salto em Comprimento, numa competição disputada em Helsínquia, e onde também ganhou a Medalha de Bronze no Triplo Salto.

To-mane 15h10min de 23 de Setembro de 2012 (WEST)

Vitórias do Clube

Taça dos Campeões Europeus de Corta Mato

Classificação por equipas

Classificação individual

Campeonato Nacional de Corta Mato - Masculinos

Classificação por equipas

Classificação individual

Taça dos Campeões Europeus de Atletismo

Classificação por equipas

Classificações individuais

Campeonato Nacional de Atletismo - Masculinos

Classificação por equipas

Classificações individuais

Campeonato Nacional de Atletismo - Femininos

Classificação por equipas

Classificações individuais

Atletas Campeões Nacionais

Recordes Nacionais

Atletas em competições internacionais