Diferenças entre edições de "A Gerência 2018-2022"

Revisão das 21h58min de 12 de julho de 2023

No dia 8 de Setembro de 2018 a Direção de Frederico Varandas foi eleita, tomando posse no dia 9 com a seguinte constituição:

A tomada de posse

A Direção

Os Sócios a caminho da AG de expulsão de Bruno de Carvalho

Campeões Europeus de Hóquei em Patins

A apresentação de Rúben Amorim

O Futsal entrega as Taças ao Museu

As remodelações no exterior do Estádio

A festa do título

Os heróis olímpicos

A entrega da Medalha de Mérito Desportivo

Um Estádio todo verde

O vice-presidente Salgado Zenha anuncia a recompra dos VMOC's

Frederico Varandas foi eleito com apenas 42,3% dos votos, mas menos de mil votantes do que João Benedito e embora o lema da sua candidatura fosse "Unir o Sporting", cedo se percebeu que esse desígnio seria impossível para o novo Presidente do Sporting Clube de Portugal, pois de um lado contava com a feroz e ruidosa oposição dos apoiantes de Bruno de Carvalho, que nunca lhe perdoariam aquilo que consideravam ter sido uma traição oportunista do antigo Diretor Clínico, ao demitir-se para anunciar a sua candidatura mesmo antes de terem sido marcadas eleições, enquanto do outro estava José Maria Ricciardi com quem tinha tido uma disputa mais acesa durante a campanha eleitoral e que nunca engolira a pesada derrota sofrida nas urnas.

Como se tudo isto não bastasse, uma das primeiras medidas da nova Direção foi retirar alguns privilégios às Claques, coisa que especialmente a Juve Leo nunca aceitou, o que valeu a Frederico Varandas mais uma franja de oposição barulhenta e organizada, pelo que este mandato não foi, nem poderia ter sido, uma caminhada tranquila e nem sequer teve direito ao chamado período de "estado de graça".

O primeiro ano desta Gerência até nem correu mal em termos desportivos, com a equipa de Futebol a ganhar a Taça da Liga e a Taça de Portugal, isto apesar das dificuldades resultantes da SAD ainda estar na ressaca do ataque a Alcochete e da época ter sido preparada por Sousa Cintra.

Nesta fase inicial o treinador José Peseiro foi substituído por Marcel Keizer e o plantel foi retocado, visando corrigir os seus desequilíbrios e o emagrecimento de uma folha salarial muito inflacionada.

A estrutura do Futebol foi completamente remodelada, com a entrada de Hugo Viana para Diretor Desportivo, Beto para Team Manager, Raul José para Diretor do Scouting e Miguel Quaresma para Diretor Técnico da Academia Sporting que foi alvo de grandes investimentos com a substituição de relvados e diversas obras de remodelação e conservação.

Para além disso foi criada a Unidade de Performance do Sporting, que visava colocar a ciência ao serviço do futebol leonino e que era liderada pelo Dr. João Pedro Araújo, com a colaboração do iraniano Alireza Rabbani um cientista do desporto que trabalhara no Paris St. Germain.

Nas restantes modalidades, apesar do Sporting não ter conseguido renovar quatro dos títulos conquistados na época anterior, o Clube sagrou-se Campeão da Europa em Corta-Mato feminino, Judo, Futsal e Hóquei em Patins, sem esquecer o Goalball em masculinos e femininos.

Eleita na sequência da crise de 2018 esta Direção encontrou o Clube/SAD em grandes dificuldades financeiras, não se coibindo de responsabilizar a Gerência anterior pela situação, acusando-a de ter feito uma gestão irresponsável, deixando o Clube e a SAD com gastos incomportáveis e em incumprimento com vários compromissos eminentes que obrigaram a nova Direção a pagamentos na ordem dos 50 milhões de Euros nos primeiros meses da sua gerência e a negociar outras dívidas que estavam por liquidar.

Em Novembro de 2018 foi concretizado o empréstimo obrigacionista que estava programado para Maio anterior, não se tendo no entanto conseguido atingir os 30 milhões de Euros programados.

Em Abril de 2019 o Sporting Clube de Portugal organizou o Sporting Summit - Cimeira das Modalidades, um evento pioneiro naquela que foi uma cimeira de formação e troca de experiências no âmbito do treino desportivo, numa conferência direcionada, principalmente, para os treinadores de diversas modalidades, onde foram abordados os mais diversos temas relacionados com o desporto e com o percurso e vida de um atleta.

O Relatório Contas da SAD na época 2018/19 apresentou um resultado liquido negativo de 7877 milhares de Euros, resultantes de 104910 milhares de Euros em gastos operacionais, apenas uma ligeira redução de cerca de 5,5 milhares de Euros em relação à época anterior, praticamente toda referente a gastos com pessoal, 30901 milhares de Euros em amortizações e 11758 milhares de Euros em contratações, enquanto os rendimentos se fixaram em 151630 milhares de Euros, metade dos quais referentes a rendimentos operacionais e outro tanto resultante de transferências de jogadores, que não foram no entanto suficientes para anular o saldo deficitário, o que a Direção justificou com as imparidades calculadas em 8,6 milhões de Euros, resultantes da rescisão de contratos com vários jogadores que foram dispensados. Para além disso o facto da equipa não se ter qualificado para a Liga dos Campeões, resultou numa descida de cerca de 16 milhões de Euros nos rendimentos operacionais.

Neste período verificou-se também um aumento do passivo em cerca de 42256 milhares de euros, relacionado com a redução de dívida bancária e com operação de titularização de créditos, operação esta que permitiu o encaixe financeiro de 65 milhões de euros.

Foi também durante o início desta gerência que o Conselho Fiscal liderado por Baltazar Pinto, seguindo as recomendações da Comissão de Fiscalização cessante, determinou a expulsão de sócio do ex Presidente Bruno de Carvalho, de Elsa Judas e Trindade Barros e aplicou várias penas de suspensão a elementos da anterior Direção, considerando terem sido praticadas múltiplas e gravíssimas infrações disciplinares, entre as quais a tentativa de bloqueio de contas e de usurpação de funções.

Bruno de Carvalho recorreu dessa decisão para uma Assembleia Geral que se realizou no dia 6 de Julho de 2019, onde marcaram presença 5190 sócios que confirmaram a decisão do Conselho Fiscal e Disciplinar com 69,30% dos votos favoráveis à sua expulsão.

Em Outubro de 2019 o Sporting anunciou a concretização do acordo de reestruturação financeira desenhado pela anterior Direção, informando a formalização das alterações aos contratos de financiamento entre o Grupo Sporting e os bancos Millennium BCP e Novo Banco, garantindo assim a opção de compra dos Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC) pelo preço unitário de 0,30 €, com uma significativa melhoria das condições de reembolso obrigatório e reforço das contas reserva. No âmbito deste acordo, o Grupo Sporting procedeu à regularização de todas as obrigações pecuniárias vencidas, passando a estar assim em cumprimento perante os Bancos.

Em Julho de 2020 realizou-se uma renumeração de sócios que concluiu que na altura o Sporting tinha 106625 associados, cerca de 70% dos quais com quotas em dia.

A segunda época desportiva desta Gerência foi francamente má, particularmente no Futebol, com o Sporting a realizar uma das piores temporadas da sua história, marcada por uma política de contratações mal conseguida e pelo facto da equipa ter tido quatro treinadores, começando com Marcel Keizer e acabando numa aposta de risco em Rúben Amorim, um treinador contratado ao Sp. Braga mediante o pagamento da sua clausula de rescisão fixada no valor de 10 milhões de Euros, que no fim ascenderam a mais de 12 milhões, em virtude do incumprimento dos prazos de pagamento inicialmente acordados. Esta no entanto viria a tornar-se numa jogada determinante para a inversão do rumo desta gerência, com o novo treinador de futebol do Sporting a construir uma equipa que na temporada seguinte foi ganhadora, lançando alguns jovens da formação e implementando uma política de contratações bem sucedida.

As restantes modalidades e o Futebol não profissional viram esta época terminar abruptamente devido à pandemia Covid-19 pelo que na maior parte dos casos os títulos não foram atribuídos. Assim há a registar apenas algumas das habituais vitorias do Atletismo e a conquista de uma Supertaça no Futsal e da Taça Continental no Hóquei em Patins.

Em termos financeiros o Relatório Contas da SAD na época 2019/20 apresentou lucros de 12,52 milhões de Euros, com o volume de negócios a crescer para 175 milhões de Euros, suportado pelo aumento das receitas decorrentes da transação de direitos desportivos de jogadores, especialmente a de Bruno Fernandes, que foi a maior venda de sempre da SAD, o que compensou a redução das receitas correntes em 7,31 milhões de Euros, uma consequência do impacto negativo da pandemia Covid-19.

Por outro lado há a registar a diminuição do passivo em 26,2 milhões de Euros, sendo que 23,3 milhões correspondiam a amortizações da dívida bancária.

No dia 26 de Setembro de 2020, o relatório contas da época 2019/20 e o orçamento para a temporada seguinte, foram chumbados pelos sócios do Sporting Clube de Portugal em Assembleia Geral que se realizou no Estádio José Alvalade, onde marcaram presença 3115 sócios, naquilo que para muitos foi um cartão amarelo mostrado à Direção presidida por Frederico Varandas, pois foram cerca de 75% dos associados que acorreram à chamada a dizerem não, que correspondiam a quase 70% do número de votos apurados contra, mesmo sabendo-se que os dois braços organizados da oposição compareceram em massa, isto numa altura em que foram entregues ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral cinco requerimentos que visavam sobretudo a destituição do presidente Frederico Varandas e dos órgãos sociais do Sporting Clube de Portugal, tendo os mesmos sido rejeitados por unanimidade pela Mesa da Assembleia-Geral.

Em Março de 2021 o Sporting anunciou o arranque de um projeto de Arte Total que teria o Desporto como epicentro e seria denominado Cidade Sporting, uma obra feita em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa, nomeadamente através do Gabinete de Arte Urbana, e com a Junta de Freguesia do Lumiar, que numa primeira fase previa a construção de um campo de basquetebol e de um parque de skate junto ao Estádio e de uma artéria verde, que simularia uma pista de tartan ligando assim os dois edifícios sede da atividade desportiva do Clube, numa envolvente que pela arte e envolvimento programados, pretendia ser uma espécie de "Cidade-Museu", com o Sporting no seu epicentro, reunindo as vertentes desportiva, cultural e empresarial do Clube.

Em termos desportivos a temporada 2020/21 poderá ser considerada a melhor de sempre na história do Sporting Clube de Portugal até então, com o Futebol a ganhar o Campeonato Nacional que lhe escapava há 19 anos e a Taça da Liga, enquanto nas modalidades de pavilhão o Futsal teve uma época de ouro vencendo todas as competições em disputa inclusivamente a Liga dos Campeões, o Hóquei em Patins também ganhou a Liga Europeia e o Campeonato Nacional e o Basquetebol somou mais uma Taça de Portugal à conquista do título nacional 39 anos depois da última vitória nesta competição, havendo ainda a registar uma Taça de Portugal no Voleibol, o domínio absoluto no Atletismo feminino e as vitórias no Corta Mato, na Pista Coberta e na Estrada em masculinos, isto num ano em que o Sporting colocou 23 atletas em 5 modalidades nos Jogos Olímpicos de Tóquio, onde Patrícia Mamona conquistou a Medalha de Prata no Triplo Salto e o judoca Jorge Fonseca foi Medalha de Bronze na categoria de -100kg, havendo ainda a registar o 4º lugar de Auriol Dongmo no Lançamento do Peso e o 5º lugar de João Vieira nos 50Km Marcha.

No dia do seu 115º aniversário, o Sporting Clube de Portugal foi distinguido pelo Governo português com a Medalha de Honra ao Mérito Desportivo, a mais alta distinção desportiva nacional dada às instituições, que se destina a galardoar individualidades e coletividades nacionais, ou estrangeiras, pelos serviços prestados em prol do desporto nacional.

No dia 1 de Setembro de 2021 foi inaugurada a nova Loja Verde no Complexo Alvalade XXI, ao mesmo tempo que ficaram concluídas as obras de remodelação do Multidesportivo.

Poucos dias depois o Sporting ganhou o prémio da Associação Europeia de Clubes (ECA) na categoria de futebol de formação, devido ao projeto do Modelo Centrado no Jogador, implementado nos escalões de formação e comandado por Tomás Morais na qualidade de Director Técnico da Academia Sporting, cargo que ocupava desde 2019.

O Relatório Contas da SAD na época 2020/21 apresentou um resultado líquido negativo de 32,9 milhões de Euros, justificado pela quebra das receitas de transação de jogadores, apesar das vendas de Wendel e Marcos Acuña e pela ausência de público nos estádios. Por outro lado verificou-se um aumento do passivo em cerca de 8 milhões de Euros.

No dia 30 de Setembro de 2021 a Direção do Sporting Clube de Portugal apresentou para aprovação em Assembleia Geral, o orçamento para a época de 2021/22, e os Relatórios Contas referentes às épocas 2019/20 , que já tinha sido anteriormente chumbado e 2020/21 que apresentava um resultado líquido positivo de 135 mil Euros, resultante de uma "ótima performance dos resultados operacionais" e de um "recorde de quotização do lado das receitas e uma diminuição dos custos estruturais" conforme era referido no documento. Os três pontos em discussão foram chumbados por perto de 60% dos votos dos cerca de 750 sócios presentes.

No final dessa Assembleia Geral, o Presidente Frederico Varandas afirmou que estava na altura dos sócios fazerem uma séria reflexão do que queriam para o Sporting, acusando uma minoria de bloquear a gestão do clube. Assim poucos dias depois a Direção solicitou a marcação de uma nova Assembleia Geral para os mesmos efeitos, mas a realizar no dia em que se disputava o jogo de Futebol Sporting-Moreirense a contar para o Campeonato, apelando à comparência em massa dos Sócios leoninos.

O Presidente da Mesa da Assembleia Geral Rogério Alves acedeu ao pedido da Direção, mas apenas em relação à aprovação dos Relatórios Contas, ficando o orçamento para 2021/22 de fora. Assim no dia 23 de Outubro de 2021 compareceram na referida Assembleia Geral cerca de 7000 sócios, que aprovaram os dois pontos em discussão com perto de 85% dos votos, que correspondiam a cerca de 80% dos sócios que responderam afirmativamente às pretensões da Direção de Frederico Varandas.

Em Dezembro de 2021 o Sporting concretizou com sucesso um empréstimo obrigacionista no valor global de 40 milhões de Euros, que teve uma procura de 53 milhões de Euros.

No final do mês de Fevereiro de 2022 a Sporting SAD apresentou o seu último Relatório Contas desta gerência, que se referia ao primeiro semestre da época 2021/22, com o melhor resultado operacional de sempre sem transações com jogadores e no qual os 36,2 milhões de Euros da Champions e os 8,2 milhões de Euros de recuperação de bilheteira, foram decisivos para um resultado liquido positivo de 9,5 milhões de Euros, destacando-se ainda um recorde de vendas no merchandising que se cifrou nos 5 milhões de Euros, tudo isto numa altura em que a equipa de Futebol continuava a somar títulos com a conquista de mais uma Supertaça e uma Taça da Liga.

Foi também por esta altura que ficou concluída a substituição das cadeiras do Estádio José Alvalade, que assim passou a estar completamente vestido de verde.

No último dia deste seu primeiro mandato Frederico Varandas anunciou a consumação do acordo de recompra dos VMOC's detidos pelo Millennium BCP, o que permitia garantir ao Clube a maioria do capital da sua SAD. O Sporting Clube de Portugal passou assim a deter 83 milhões, 563 mil e 849 VMOC's, que correspondiam a 61,9 % das referidas obrigações, que depois de convertidas em ações dariam ao Clube 83,9% dos direitos de voto na SAD, assegurando-lhe a maioria, independentemente do que viesse a acontecer com os restantes VMOC's que estavam na posse do Novo Banco. Ficava assim praticamente resolvido um dos problemas que mais atormentava os Sportinguistas, numa operação que teve um custo total de 14 milhões de Euros, o que significava um preço unitário de 16,8 cêntimos por cada VMOC.

Nesse mesmo dia a SAD do Sporting anunciou ter antecipado 38,5 milhões de Euros relativos aos direitos de televisivos contratualizados com a NOS, verba que pelo que se percebeu serviu como garantia não só para a aquisição dos VMOC's, como para a liquidação da restante dívida do Clube ao Millennium BCP. Por regularizar ficou a dívida ao Novo Banco que rondava os 118 milhões de Euros, dos quais cerca de 50 milhões diziam respeito aos VMOC's.

Em Junho de 2023 realizou-se uma Assembleia Geral do Sporting Clube de Portugal, onde foi aprovado o orçamento do Clube para 2022/23 e as contas consolidadas do Grupo Sporting, que abrange o Clube, a SAD, a Fundação e a Comunicação e Plataformas, referentes aos últimos cinco exercícios (de 2017/18 a 2021/22), cujos resultados apurados se podem ver na seguinte tabela:

Daqui se pode verificar que no primeiro ano desta gerência o passivo teve um aumento significativo derivado da extensão da maturidade da dívida, nomeadamente pela operação de titularização concluída em Março de 2019. Em contrapartida o ativo aumentou 30.883 milhares de euros, fruto da valorização do plantel e da venda de passes de jogadores. No ano seguinte verificaram-se alterações no sentido contrário, resultantes da redução nos financiamentos obtidos e dos valores a receber da transação de jogadores. No último exercício o ativo continuou a valorizar significativamente, mas a 30 de junho de 2022 o grupo apresentava um passivo total superior a 405 milhões de euros, quase mais 26 milhões do que um ano antes, o que se explica principalmente com a recompra dos VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis).

To-mane (discussão) 11h45min de 12 de março de 2022 (WET)