O Ténis de Mesa do Sporting, mais do que a atravessar uma fase boa, estava a viver um período de glória. Em 1984/85 e 1985/86 não tinha perdido um único jogo contra equipas portuguesas, e aliás eram raras as partidas e os sets que perdia. O "Trio Maravilha", constituído por Pedro Miguel, João Portela e Nuno Dias, não dava hipóteses a ninguém. Muito competitivo, encarava todos os jogos com seriedade e empenho, mesmo quando a vitória por 5-0 era esperada de antemão.
Isso revelou-se ser muito importante em 1986/87, porque a equipa masculina Sénior do Sporting foi integrada na Zona Centro do Campeonato Nacional. Isso era arbitrário, visto que o Sporting sempre tinha competido na Zona Sul, e o Estrela da Amadora, que no ano anterior estava na Zona Centro, passou para a Sul. O problema era que a maioria dos melhores clubes estava em Lisboa e competia na Zona Sul, como o Grupo Dramático Ramiro José, o Clube Philips, e mesmo o Benfica, apesar de os seus jogadores, os quais tinha ido buscar ao Sporting oferecendo compensações exorbitantes para a altura, estarem na fase descendente da carreira. Os três leões, pelo contrário, eram muito novos e estavam no auge. Em qualquer dos casos, isso levava a uma fase inicial muito fácil, em que praticamente não havia nenhuma equipa capaz de dar luta ao Sporting. Com efeito, o Sporting ganhou a Zona Centro com 14 vitórias em 14 jogos, concedendo apenas 4 partidas no total.
A época tinha começado com o treinador Humberto Gaspar a sair para o Benfica: era quase um acto desesperado de tentar revitalizar a modalidade no rival. O Sporting solucionou o problema indo buscar os históricos João Campos como director técnico e também Óscar Lameira, que assim iniciava carreira como treinador. Em Fevereiro, ou seja quando a fase inicial já tinha começado e antes de começar a fase final, Campos foi convidado para ser seleccionador nacional e saiu, e Lameira assumiu o comando técnico da equipa masculina, a título gracioso.
O maior problema da fase final foi que os três jogadores do Sporting formavam a equipa base da selecção nacional, e estiveram envolvidos em múltiplas competições: Jogos Ibero-Americanos, Campeonato Mundial, e na 3ª Liga Europeia, em que conseguiram a subida de divisão para a 2ª Liga. Em particular, ao regressar do Mundial, realizado em Nova Deli na Índia, estavam doentes com problemas intestinais, e em particular Pedro Miguel foi muito afectado, chegando a estar paralisado 24 horas. Um jogador espanhol que sofreu do mesmo mal acabou mesmo por ficar paralítico. Felizmente, Pedro Miguel foi logo visto pelo médico e o mal debelado, mas ressentiu-se, acabando por perder o título de Campeão Nacional Absoluto.
O clube à partida mais difícil de bater era precisamente o Estrela da Amadora, e a vitória por 5-0 logo na primeira jornada, se não traduziu a dificuldade real do jogo, permitiu alguma confiança para o jogo da segunda volta. O Sporting voltou a ganhar, desta feita por 5-4, e acabou por se sagrar campeão a duas jornadas do fim. Ao todo concedeu na fase final 6 partidas, o que, somando as duas fases, dava um score de 120-10 a favor do "Trio Maravilha", e ainda do Júnior Ricardo Sedas, que tinha jogado por vezes na fase inicial. O Sporting tinha ganho assim o seu 15º Campeonato Nacional no escalão Sénior masculino.
E ainda faltava disputar a Taça de Portugal...
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