No dia 3 de Fevereiro de 1950 a Direcção de Ribeiro Ferreira foi reeleita, com pequenas alterações:
Os Corpos Gerentes para 1950
Banquete de homenagem a Ribeiro Ferreira
No final do ano de 1949 Ribeiro Ferreira anunciou a sua intenção de abandonar as lides diretivas do Clube, alegando algum desgaste, depois de 4 anos de obra feita. No entanto o Conselho Geral foi intransigente no apoio ao Presidente, tendo praticamente exigido a sua continuidade, pelo que Ribeiro Ferreira acabou por aceder em continuar mais um ano.
Os objetivos desta Direção passavam por concluir as obras na Sede e no Estádio e manter o Clube na senda dos êxitos desportivos, mas nesta altura também foram colocadas em cima da mesa questões como a profissionalização dos futebolistas, a liberalização das transferências e o fim da proibição da prática de desporto de competição a jovens com menos de 17 anos.
Nesse âmbito o Sporting elaborou o Regulamento da Secção de Futebol que incluía o Estatuto do Jogador. Nestes documentos inovadores, entre outras coisas distinguiam-se os jogadores em três categorias: os amadores que nada recebiam, os subsidiados que recebiam algumas compensações financeiras e os remunerados que tinham direito a ordenado e a prémios de acordo com o estabelecido nos respetivos contratos. Neles eram também criados regulamentos disciplinares e estabelecidos os direitos e deveres dos jogadores, treinadores e corpo médico, sendo também referidas as Escolas de Jogadores como fator fundamental para o desenvolvimento do Futebol português.
Na cerimónia de tomada de posse, o Presidente levantou a possibilidade do regresso de Peyroteo acontecer a qualquer momento, numa altura em que o Sporting estava em 2º lugar no Campeonato, no entanto esse desejo de Ribeiro Ferreira não se concretizou e o ciclo vitorioso do Futebol leonino foi temporariamente interrompido, até porque voltou a não haver Taça de Portugal, pelo que esta foi uma época em que na modalidade principal o Clube ficou em branco.
Mas em Agosto Ribeiro Ferreira teve mais uma aposta de sucesso, que se viria a tornar decisiva para o futuro imediato do Futebol leonino, ao contratar o treinador inglês Randolph Galloway, que recolocou o Sporting no caminho das vitórias, mesmo sem Peyroteo, que voltou a ser convidado a regressar, mas não aceitou.
Este foi um ano em que o Sporting se abalançou na organização de grandes eventos desportivos, sendo de destacar um festival que se realizou no Pavilhão dos Desportos nos dias 9, 10 e 11 de Maio, englobando as atuações dos espetaculares basquetebolistas americanos do Globetrotters e do Stars of América e um magnifico Sarau de Ginástica. No inicio de Junho o Sporting realizou um encontro internacional de Atletismo, com a presença da excelente equipa francesa do Tarbaise e do Benfica e em Agosto alguns atletas americanos voltaram a exibir-se nas pistas do Estádio José Alvalade.
Durante as comemorações do 44º aniversário do Sporting Clube de Portugal uma comissão formada por senhoras, organizou vários festejos populares, que se realizaram com grande sucesso na Sede. O mesmo resultado tiveram outras iniciativas do Clube, como o Rali das Vindimas e o Rali de Encerramento que se realizou no Estoril em simultâneo com uma prova de perícia, ou "A Primeira Pedalada" uma corrida popular que visava reproduzir no Ciclismo o êxito que já era "O Primeiro Passo" no Atletismo e que teve a presença de 12 clubes e 166 corredores, que formaram o pelotão mais numeroso que alguma vez se tinha visto em Portugal.
No dia 4 de Junho realizou-se em Silves o Congresso Leonino Algarvio, onde se reuniram os clubes algarvios associados ao Sporting, que se fez representar por uma delegação liderada pelo Dr. Góis Mota, que foi recebida com pompa e circunstância nos paços do concelho e pelas gentes da terra entusiasmadas pela presença do maior Clube português, cuja popularidade era enorme em todo o País, de tal forma que no final da 1ª volta do Campeonato Nacional de Futebol de 1950/51, entre as 10 maiores receitas estavam 6 de jogos do Sporting, que enchia os campos de Portugal inteiro, também com a ajuda do Grupo Turístico Os Leões, que continuava a promover excursões para acompanhar a equipa leonina nas suas deslocações à província.
Em termos desportivos esta Gerência foi positiva, especialmente no Atletismo que teve uma das melhores épocas da história da modalidade, com Álvaro Dias a atingir resultados de nível internacional. A secção de Motorismo foi outra a conseguir grandes êxitos, destacando-se na organização de ralis, com os pilotos sportinguistas a obterem excelentes resultados, nomeadamente na II Volta a Portugal em Automóvel, onde se destacou o Conde de Monte Negro.
O Andebol de 11 voltou a ganhar os Campeonatos de Lisboa nas duas categorias, enquanto o Ténis, o Voleibol, o Ténis de Mesa e o Ciclismo também conseguiram algumas vitórias, embora esta última secção tenha falhado outra vez na Volta a Portugal.
Foi promovida uma campanha de angariação de assinantes para o Boletim do Sporting, que atingiu uma tiragem de cerca de 9000 exemplares, 7000 dos quais eram assinantes, isto numa altura em que o Clube continuava a ser mal tratado por uma parte da imprensa, o que deu origem a um corte de relações com o jornal A Bola.
No final do ano foram finalmente retomadas as obras no Estádio, que pouco tempo depois seriam novamente suspensas devido ao um litígio entre a Câmara Municipal de Lisboa e o proprietário dos terrenos.
O segundo Conselho Geral foi eleito no dia 31 de Outubro de 1950, numa Assembleia Geral extraordinária convocada para o efeito. Nessa altura este órgão passou a ser constituído por 130 membros, que na sua primeira reunião decidiram propor a recondução de Palma Carlos, Ribeiro Ferreira e Carlos Farinha, na Presidência dos órgãos sociais do Clube.
Esta gerência terminou em 29 de Janeiro de 1951 com um saldo positivo de mais de 255 contos, numa altura em que o Sporting Clube de Portugal já tinha ultrapassado os 15 mil sócios.
To-mane 19h02min de 26 de Outubro de 2011 (WEST)