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Historial

Em 1918, na Figueira da Foz, existiam apenas dois clubes, ambos com sede na zona sul da cidade: a Associação Naval 1º de Maio e o Ginásio Clube Figueirense, com actividade quase nula devido à crise provocada pela Primeira Guerra Mundial. [1].

Emblema do SC Figueirense

Em Julho de 1918 a Gazeta da Figueira e a Voz da Justiça publicam as primeiras noticias sobre alguns jogos no campo da Murraceira entre dois novos clubes, precisamente o Sporting Figueirense e o Sport Grupo Operário. Terminado o Verão de 1918 surge convictamente a ideia de fundar um Clube. Em data não determinada com exactidão mas fazendo fé na Imprensa da época, terá sido em princípio de Novembro que se terá realizado uma primeira reunião em casa de Arménio Rodrigues, com o objectivo de fundar um clube para a prática de futebol, agora com a designação aumentada para Sporting Clube Figueirense, como consta de uma nota da Gazeta da Figueira datada de Novembro de 1918, sendo a data oficial da fundação 1 de dezembro de 1918. A primeira direcção eleita foi constituída por: presidente Joaquim Nogueira; tesoureiro, António Sousa; 1º secretário Arménio Rodrigues e 2º secretário Álvaro Assunção. O SC Figueirense tornou-se depois a Filial nº 12 do Sporting Clube de Portugal.

A primeira crise directiva surge passado pouco mais de um ano, em Fevereiro de 1920. É eleita uma nova direcção liderada por Joaquim Fialho, que encarrega o primeiro secretário de elaborar os estatutos, que posteriormente foram aprovados em Assembleia Geral e que consignava mais três elementos. O número de sócios chega à centena.

O futebol era nesta altura a única modalidade, e assim eram frequentes os jogos com a Naval, o Ginásio, o Sport Progresso, o Operário Conimbricense e o União de Coimbra, entre outros. Em Março de 1921 é criada a Associação de Futebol da Figueira da Foz, na qual o Sporting Figueirense era representado por Mário Penicheiro e Adelino Santos.

A 10 de Junho de 1921 o SCF dá mais um passo importante na sua ainda curta existência. Com sede na Rua da Fonte, é obrigado a sair porque as instalações só são cedidas apenas durante o Inverno, mudando-se então para o edifício do mercado Engenheiro Silva, onde havia bilhar, mobília, salas amplas e gabinetes, e até existia uma sala própria para reuniões, um luxo na época.

Aviva-se o entusiasmo clubístico, passando rapidamente para cerca de trezentos sócios, e a vida do clube ganha outras perspectivas. Sucessivas camadas de entusiastas engrossam as fileiras sportinguistas e os próprios quadros dirigentes valorizam-se com individualidades de destaque da sociedade figueirense.

Se foi claramente no 1º andar da casa do mercado que o Figueirense se robusteceu, a mudança em Abril de 1923 para a rua dos Combatentes foi um passo decisivo na vida do clube. Segundo relatos da imprensa da época, as obras de adaptação numa casa que não era propriedade do clube elevaram-se a uma soma excessiva, que durante anos pesou no orçamento do clube e suscitou algumas assembleias gerais agitadas. Tudo isto fez quebrar o entusiasmo causado pela mudança para uma casa que era a melhor dos clubes locais, tendo o Figueirense atravessando um periodo difícil. A crise de crescimento fez-se notar mas, graças à acção de novas camadas de dirigentes, conseguiu forças para se manter, numa época em que todos outros recentes grupos figueirenses que se uniram não o conseguiram. Esses dirigentes foram Henrique Cardoso, António Mendes do Amaral, Emanuel Cruz, Armando e Henrique de Morais, Jaime Neto Pereira, major-aviador Humberto da Cruz e Alberto Machado, entre outros. Com gente nova dotada de grande ambição, imaginação e espírito de iniciativa, apareceram novas modalidades. O clube inicia e impulsiona na Figueira a prática do ténis de mesa e do basquetebol, intensifica a natação e o atletismo (a imprensa da época classifica os torneios nacionais e organizados pelo SCF como memoráveis), é criada uma biblioteca (a melhor e mais movimentada da cidade), surge também o tiro de guerra e de sala e um grupo de teatro dramático dá os primeiros passos.

Sede actual do SC Figueirense

Em Junho de 1952 foi inaugurada, na Serra da Boa Viagem, Figueira da Foz, a Casa-Abrigo do Sporting Clube Figueirense, que durante largos anos serviu o campismo, uma das modalidades a que o clube dedicava especial carinho.

No século XXI, o SC Figueirense é um clube activo e de grande importância para a actividade desportiva na Figueira da Foz, sobretudo entre as camadas mais jovens, contando com cerca de 600 sócios. Em 26 de Março de 2009 foi eleita nova direcção constituída por Presidente: José Eduardo Marques Patrão Mato Alves; Vice-Presidente: Graça Maria França Rodrigues Nelas Oliveira; Secretario: Jorge Manuel Nelas Oliveira; Tesoureiro: Ana Carina Oliveira Moreira: Vogais: Ana Paula Lemos Pires, Maria de Fátima Augusta Teixeira Marques, Isabel Maria S. Oliveira, Esmeralda Fátima Oliveira Melo e Paulo Bernardes Gil; 1º suplente António Manuel da Silva Martins Rodrigues; 2ºSuplente Graça Maria de Jesus Luciano Martelo Lourenço.

Em 2011, o Sporting Figueirense mantinha actividade desportiva no basquetebol feminino, e era seu Presidente da Direcção a Sra. D. Oriana Cação.

Modalidades

Entre 1921 e 1952 muita coisa acontece, com o Figueirense a desempenhar um papel preponderante na cultura e no desporto da Figueira da Foz:


Futebol
O futebol foi, como já se disse, a modalidade que originou a fundação do SCF. Nesse tempo a modalidade era encarada, acima de tudo, como um modo de fazer exercício físico, que a juventude procurava com paixão, e a sua prática tinha lugar no Campo da Murraceira.

Na época 1921/1922 o clube dispunha de uma das melhores equipas do Distrito empatando mesmo com a Naval 2-2 num jogo cuja receita foi destinada à obra da Figueira. A grande referência da equipa é António Cardoso que durante 13 anos consecutivos serve, abnegado, o seu clube do coração, com muitas chamadas a selecções regionais e distritais conforme reza a imprensa da época.

A 26 de Novembro de 1922 é inaugurado o Campo da Mata. A 1 de Dezembro de 1923, com uma das maiores enchentes que a Mata alguma vez registou, o Casa Pia, um grande clube daquele tempo, participou nas comemorações do 5º aniversário tendo vencido o Figueirense por 0-6. A receita reverteu, mais uma vez, para uma instituição de beneficência, a favor da construção de um sanatório para empregados telégrafos-postais. Em Abril de 1924 o SCF ganha à Naval por 3-0 e vence o 1º campeonato da Figueira. A imprensa relata o jogo como sendo o mais sensacional de todos os jogos de futebol realizados até então na Figueira.

As vitórias sucediam-se e a qualidade das equipas do SCF era bem reconhecida, como o demonstra a participação em alguns jogos com equipas de Badajoz.

Em 1937 a Associação de Futebol de Coimbra tomou uma decisão com péssimas consequências para o futebol figueirense, ao dissolver a Delegação local da Associação. Pelo facto de o SCF ter reclamado de forma enérgica tal decisão, foi eliminado nessa época das provas oficiais. A partir dessa data a modalidade do clube passou por altos e baixos sem o fulgor de outros tempos. Foi sem surpresa que na época 1949/1950 o Figueirense deixou de se inscrever nos jogos oficiais.

Interessante e sintomática esta frase transcrita de um Boletim da época e que pode perfeitamente adaptar-se nos nossos dias a muitos clubes: "Aguardamos agora que o futebol português encontre uma fórmula consentânea com a existência de um amadorismo progressivo e entusiasta".


Natação
Em Junho de 1923 inicia-se a prática de natação e em 1927, com a receita de um sarau dramático-desportivo, o clube aluga uma casa numa das avenidas onde instala uma escola de natação. A modalidade tem muitos adeptos e praticantes e não admira que, em 1934, um clube de Badajoz se desloque à Figueira da Foz para participar num festival com os clubes locais.

O SCF forma, entretanto, uma numerosa e competitiva equipa de infantis e principiantes que, em 1936, participa em Coimbra num festival integrado nas comemorações do IV Centenário da Rainha Santa e vence a Taça Associação Comercial de Coimbra. Estes êxitos incentivam os dirigentes da necessidade de construir uma piscina de madeira a exemplo das que já existiam em algumas cidades de Portugal e Espanha, que foi inaugurada em 1937 na Murraceira.

Alguns anos depois, com o desaparecimento da piscina, o interesse pela natação diminuiu, e as competições, a pouco e pouco, deixam de se realizar. Felizmente que um dedicado e prestigiado dirigente do SCF, de seu nome Augusto Silva, surpreendeu tudo e todos ao dotar a cidade de uma piscina moderna para a época, e dá um enorme impulso à modalidade que, desta forma, se mantém por mais alguns anos.


Campismo

Construção da Casa-Abrigo do SC Figueirense

Outra modalidade de grande prestígio foi o Campismo, com muitos sportinguistas a iniciarem a sua prática em 1941. Mas só no ano seguinte é que o clube a considerou como "Secção", integrando-a no ecletismo desportivo do SC Figueirense cujos praticantes, segundo relatório, constituíam já um apreciável número. Em 1943 apareceram os primeiros dirigentes nomeados pela Direcção: Jaime Cardoso, Ângelo Gil e Jorge Cruz.

Os acampamentos sucediam-se não só na Serra da Boa Viagem como também em vários locais do País, com a modalidade a ser elogiada por muitos que visitavam a cidade. Inclusivamente, como reconhecimento ao mérito da modalidade no clube, um dos acampamentos é visitado pelo Director Geral dos Desportos, a 13 de Agosto de 1944, que colheu a melhor das impressões. Na sequência a Comissão Municipal de Turismo atribuiu um subsídio de 25 mil escudos.

Em Agosto de 1946 o Sporting Clube Figueirense adquire o terreno para a Casa Abrigo na Serra da Boa Viagem, e em 1950 têm inicio as obras da sua construção. O projecto é de António Pires Sangalho que o antigo desportista do clube Eng. Muñoz de Oliveira subscreve.

As obras seguem a bom ritmo. Para fazer face a despesas inadiáveis, a Comissão Municipal de Turismo concedeu um novo subsídio de 3 mil escudos, os dirigentes da Federação visitaram as obras e prometem o seu apetrechamento, e pouco depois Sua Excelência o Subsecretário da Educação Nacional concedeu também um subsídio de Expansão Desportiva de 10 mil escudos, com o qual o edifício foi concluído em 1951. A Casa Abrigo do Sporting Clube Figueirense é inaugurada a 8 de Junho de 1952[2].

No Boletim Comemorativo da sua inauguração pode-se ler: "Mercê de preciosos subsídios das entidades oficiais, dos donativos valiosos de bastantes figueirenses simpatizantes da modalidade e da dedicação intraduzível de tantos sportinguistas, o sonho da Casa Abrigo transformou-se numa consoladora realidade".


Basquetebol

Equipa feminina do SCFigueirense campeã nacional em 08/09

No basquetebol recorda-se o passado brilhante e que deve ser motivo de orgulho de todos os sportinguistas, não fosse ter sido o primeiro clube a praticar a modalidade. Foi em 1929 graças ao espírito empreendedor de Raul Martins e Henrique Cardoso, entre outros.

Em 1931 têm inicio as provas oficiais e o SCF vence o 1º campeonato da Figueira.

Atiradores do SC Figueirense em 1963

Desde essa data até ao nossos dias o basquetebol tem sido, muito provavelmente, a modalidade mais acarinhada por todos aqueles que vivem e sentem com paixão o clube. E o passado recente fala por si, com a conquista de muitos títulos nacionais e regionais e com dezenas de atletas nas mais diversas selecções, algumas delas nacionais. De alguns anos a esta parte o clube tem-se destacado mais incisivamente no basquetebol feminino, ocupando um espaço importante na modalidade junto das jovens figueirenses que gostam da modalidade. Efectivamente, o SCF é a única colectividade da Figueira da Foz que dinamiza a modalidade de basquetebol feminino, com mais de 100 atletas, divididas pelos escalões minis, juniores e seniores. Esta modalidade tornou-se então na mais importante do SC Figueirense.

Em 2008/09, a equipa feminina do SC Figueirense foi Campeã Nacional da 2ª Divisão de basquetebol sem ter uma única derrota, tendo ganho o direito a subir à 1ª divisão. No entanto, por falta de apoios financeiros, tal não foi possível, e em Setembro de 2009 a equipa sénior de basquetebol feminino do SCF foi extinta, mantendo-se apenas as camadas jovens em actividade competitiva [3].


Ecletismo

Contudo o ecletismo do SCF, ao longo de nove décadas, não se ficou somente por estas mais sonantes modalidades.

Também o ciclismo, o atletismo, pesca desportiva, teatro, xadrez, tiro de guerra, tiro de sala, voleibol e o ténis de mesa fizeram parte de um rol de actividades praticadas com maior ou menor regularidade na colectividade que, embora com menor expressão, não deixaram de ser importantes para o desenvolvimento fisico e psíquico de muitos milhares de jovens, prestando por isso o Sporting Clube Figueirense relevantes serviços à juventude da cidade da Figueira da Foz.

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Referências

  1. A maioria do texto foi retirado, com autorização do autor António Flórido, de O Jornal Online O Palhetas na Foz http://www.opalhetasnafoz.blogspot.com http://oarquivodopalhetas.blogspot.com/2008_04_04_archive.html#8034898811189515950
  2. Blogue Presente http://anibaljosedematos.blogspot.com/2008_08_01_archive.html
  3. Planeta Basket http://www.planetabasket.pt/dev/index.php?option=com_content&task=view&id=9881&Itemid=385