Pedro Gonçalves chuta para o golo
Os adeptos do Arsenal de boca aberta
A festa no Emirates Stadium
A época 2022/23 não estava a correr muito bem para o Sporting, que ocupava o 4º lugar no Campeonato, tinha sido eliminado da Taça de Portugal pelo Varzim da Liga 3, perdera a Final da Taça da Liga frente ao FC Porto e na Liga dos Campeões, num grupo acessível, fora relegado para a Liga Europa, onde passara por um susto para afastar os modestos dinamarqueses do Midtjylland, pelo que quando o sorteio dos oitavos finais ditou um confronto com o Arsenal, que na altura liderava a Premier League, toda a gente pensou que a campanha europeia dos Leões estava destinada a acabar em Londres.
O jogo da 1ª mão disputou-se no dia 9 de Março em Alvalade, onde tal como se esperava Mikel Arteta poupou alguns titulares, porque a prioridade para o Arsenal era o Campeonato, competição que já não ganhavam há quase 20 anos, isto para além de olharem para o Sporting e para o futebol português com alguma sobranceria.
Já Rúben Amorim revelou ter aprendido as lições de jogos como os em que o Sporting tinha sido goleado pelo Ajax e pelo Manchester City e pelo menos defensivamente a equipa esteve muito bem, apresentando-se com dois defesas laterais, em vez de dois alas, e com os dois avançados interiores a ajudarem no meio campo, naquilo que foi mais um 5x4x1, do que o habitual 3x4x3, num jogo em que a ausência do castigado Manuel Ugarte obrigou ao recuo Pedro Gonçalves para o meio campo.
O Arsenal marcou cedo com um golo na sequência de um canto, mas poucos minutos depois Gonçalo Inácio respondeu na mesma moeda e o intervalo chegou com um empate a uma bola. Na 2ª parte o Sporting entrou melhor e Paulinho fez o 2-1 e até poderia ter feito o terceiro, quando isolado à frente do guarda redes Turner atirou por cima da barra. Depois, os ingleses empataram com um golo fortuito em que a bola bateu em Hidemasa Morita e espetou-se na baliza de António Adán.
Daí para a frente o Arsenal não fez muito mais para ganhar o jogo, enquanto ao Sporting pareceu faltar força e confiança para lutar pela vitória, pelo que o empate acabou por ser um resultado justo, embora os Leões se possam queixar de uma arbitragem tendenciosa, que em caso de dúvida decidiu sempre para o mesmo lado e que graças a uma evidente dualidade de critérios disciplinares, conseguiu afastar Hidemasa Morita e Sebastián Coates do jogo de Londres.
A 2ª mão disputou-se uma semana depois no Emirates Stadium e o treinador do Arsenal voltou a poupar alguns titulares, enquanto Rúben Amorim apostou no jovem Ousmane Diomande no lugar do capitão Sebastián Coates e no regressado Manuel Ugarte para render o japonês Hidemasa Morita no meio campo, onde Pedro Gonçalves teve de se manter.
O Sporting entrou bem no jogo, mas aos 19 minutos Granit Xhaka inaugurou o marcador na recarga de um remate que o desamparado António Adán tinha defendido com dificuldades, naquela que foi a primeira oportunidade dos "Gunners", e a equipa leonina sentiu a injustiça desse golo, só conseguindo reagir nos últimos minutos da 1º parte, pelo que pairou no ar a sensação de que a eliminatória estaria praticamente resolvida.
O intervalo fez bem aos Leões que entraram muito melhor na 2ª parte, assumindo as despesas do jogo até que aos 62 minutos surgiu o grande momento da eliminatória, quando Paulinho ganhou uma bola dividida que sobrou para Pedro Gonçalves, que apercebendo-se do adiantamento do guardião Ramsdale, fez-lhe um espantoso e perfeito "chapelão" a mais de 40 metros da baliza, deixando literalmente o Emirates Stadium de boca aberta.
Embalados pelo golo e com um Arsenal visivelmente perturbado, os Leões foram para cima do seu adversário, mas tal como tinha acontecido em Alvalade, faltou dar a estocada final, que esteve à beira de acontecer, principalmente quando Marcus Edwards completamente isolado acertou na cara de Ramsdale, em vez de meter a bola na baliza.
Com este empate o jogo foi para prolongamento, onde vieram ao de cima as diferenças entre os dois planteis, pois enquanto Arteta ia lançando jogadores que eram habitualmente titulares, Rúben Amorim tinha de recorrer a Juniores, com o Sporting a terminar o jogo com quatro jovens com menos de 20 anos de idade e a sofrer bastante na 2ª parte deste prolongamento, valendo um grande António Adán para levar a decisão da eliminatória para os penáltis, onde mais uma vez foi o guarda-redes espanhol a fazer a diferença, ao defender o 4º remate dos ingleses, deixando a responsabilidade de resolver a questão nos pés de Nuno Santos, que de uma forma muito tranquila e com toda a confiança, concretizou o 5º e último penálti do Sporting, que levou à loucura os cerca de 4 mil valentes Sportinguistas que ocupavam um cantinho das bancadas do Emirates Stadium.
O Sporting estava assim apurado para os quartos de final da Liga Europa e confirmava a sua vocação para eliminar grandes clubes de Inglaterra, como já tinha acontecido várias vezes, com destaque para os 5-0 ao Manchester United em 1964, os 4-2 em Inglaterra frente ao Southampton de Kevin Keegan em 1981 e para a célebre eliminatória do calcanhar de Xandão, em 2012 frente aos milionários do Manchester City.
Ficha do Jogo
To-mane (discussão) 17h51min de 17 de março de 2023 (WET)