A União Portuguesa de Futebol
Os primeiros torneios de Futebol oficialmente organizados em Portugal remontam ao inicio do século XX, tendo-se realizado em Lisboa, mas a modalidade rapidamente se expandiu e foram surgindo associações regionais por todo o País, que iam organizando os seus campeonatos.
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) teve origem na União Portuguesa de Futebol (UPF), que foi fundada em 1914, tendo inicialmente como grande objectivo criar oficialmente a Seleção Nacional, mas não demorou muito tempo até surgir a ideia de organizar uma competição de âmbito nacional.
Os Campeonatos de Portugal
Em 1922 realizou-se o primeiro campeonato de futebol organizado pela UPF. Os vencedores desta competição que ficou conhecida como os Campeonatos de Portugal, eram considerados os campeões da modalidade no nosso País, conforme é referido no site oficial da FPF[1].
A primeira edição da prova cingiu-se ao confronto entre os Campeões do Porto e de Lisboa e o Sporting esteve presente nesse momento histórico do futebol português, mas foi derrotado pelo FC Porto. Daí para a frente a participação abriu-se aos Campeões dos outros Distritos do País disputando-se no sistema de eliminatórias, e a partir da temporada 1926/27 as Associações principais passaram a ter mais do que um representante.
Os Campeonatos de Portugal disputaram-se até à época 1937/38 e ao fim das 17 edições o Sporting liderava o ranking da competição com 14 presenças, 10 finais, 4 títulos, 73 jogos, 49 vitórias, 7 empates, 17 derrotas, 249 golos marcados e 105 sofridos, números reveladores de que o Clube nessa altura já tinha consolidado definitivamente um lugar entre os melhores de Portugal.
Os Campeonatos das Ligas
Em 1934 iniciaram-se os Campeonatos das Ligas, uma prova disputada no sistema de todos contra todos a duas voltas, à semelhança do que já acontecia há vários anos na Inglaterra e mais recentemente em França e na Espanha. Estes campeonatos realizaram-se a título experimental durante quatro temporadas, mantendo-se os Campeonatos de Portugal como a competição principal que encerrava a época nos moldes do costume.
Nessa altura pensava-se que esta novidade seria importante para melhorar a competitividade do futebol português, principalmente depois de alguns maus resultados da Selecção Nacional, mas receava-se que a iniciativa não fosse financeiramente viável, o que iria depender da adesão do público e do empenho dos clubes e, para além disso temia-se pela capacidade fisica dos jogadores para enfrentarem épocas mais longas e desgastantes, pois não eram profissionais.
Os Campeonatos das Ligas compreendiam duas divisões fechadas, tendo a principal oito Clubes, que eram apurados nos Campeonatos Regionais de Lisboa (4), Porto (2), Coimbra e Setúbal (1 cada). Os campeões dos restantes distritos juntavam-se a outros clubes das Associações principais, formando a 2ª Liga que se dividia geograficamente em 4 zonas.
A época terminava com a competição mais importante: os Campeonatos de Portugal, onde participavam os 8 clubes da 1ª Liga e os 6 primeiros da 2ª Liga. O representante da Madeira entrava nos quartos de final.
Os Campeonatos Nacionais e a Taça de Portugal
No geral a iniciativa foi um sucesso pelo que em 1938 a FPF procedeu a uma reforma nos seus estatutos e regulamentos, instituindo a partir da época de 1938/39 os Campeonatos Nacionais e mantendo uma competição no sistema de eliminatórias, agora denominada Taça de Portugal, enquanto os Campeonatos de Portugal passavam ao baú das memórias e o Campeonato Nacional assumia a condição de principal prova do calendário do Futebol português.
Em 1944 por altura da inauguração do Estádio Nacional, a FPF instituiu a Taça Império que foi disputada entre os vencedores do Campeonato Nacional e da Taça de Portugal dessa época. A ideia era que essa passasse a ser uma competição que encerrasse a temporada, mas o projecto não vingou, principalmente devido ao problema da falta de datas, que chegou a motivar a não realização da Taça de Portugal.
A Supertaça e a Taça da Liga
35 anos mais tarde a FPF retomou a ideia e criou a Supertaça Cândido de Oliveira, uma competição com o mesmo espírito, mas que passou a disputar-se geralmente no inicio das épocas, pondo em confronto os vencedores das duas principais competições da temporada anterior.
Depois da organização dos campeonatos profissionais ter sido entregue à Liga Portuguesa de Futebol (LPF), esta resolveu criar uma nova competição a que deu o nome de Taça da Liga, uma prova com um formato misto, cujo interesse foi sempre alvo de alguma discussão, pelo que a mesma acabou por ser relegada para um plano secundário.
As Taças O Século
No final da temporada de 1947/48, o Sporting ficou na posse da Taça Monumental O Século, um troféu particular que tinha sido instituído por aquele jornal em 1938, com um regulamento que determinava que o Clube que ganhasse 3 campeonatos consecutivos ou 5 intercalados, ficaria com aquela valiosa Taça, que em caso de nenhum clube atingir esses objectivos ao fim de 10 épocas, seria entregue definitivamente ao Campeão da última das temporadas em que o mesmo tinha estado em disputa, o que efectivamente se verificou.
Nessa altura o Sporting somava 4 títulos, contra 3 do Benfica, 2 do FC Porto e 1 do Belenenses, pelo que até moralmente o troféu estava bem entregue, mas estranhamente o Benfica contestou a atribuição da Taça aos Leões, tentando adiar a entrega do troféu para o final da época seguinte, o que de resto a verificar-se de nada lhe serviria, pois o Sporting não só voltou a ser Campeão em 1948/49, como nessa época completou o tri-campeonato e conquistou o título de Campeão Nacional pela 5ª vez, ou seja, passou a reunir todas e mais algumas das premissas necessárias para deter aquele troféu, que viria a conquistar novamente, quando em 1953 foi tri-Campeão Nacional de Futebol pela 2ª vez. Entretanto promotor da iniciativa não voltou a repeti-la, pelo que o Sporting ficou detentor de dois troféus que não sendo oficiais, são únicos, não só pelo seu valor, como pelo seu simbolismo.
A contabilidade criativa
Foi também nessa altura que a imprensa, com o jornal A Bola à cabeça, resolveu fazer uma contabilidade dos títulos nacionais de futebol, que fosse mais simpática para o Benfica, que tinha ganho 3 edições dos Campeonatos das Ligas, que tiveram o FC Porto como o seu primeiro vencedor, ao mesmo tempo que se misturavam os Campeonatos de Portugal com a Taça de Portugal.
Assim nessa contabilidade criativa, os Campeonatos das Ligas eram considerados como títulos nacionais em detrimento dos Campeonatos de Portugal, oficialmente reconhecidos pela FPF como a prova máxima do calendário nacional até 1938, com o argumento de que os primeiros tinham o mesmo formato dos Campeonatos Nacionais posteriormente instituídos. Ou seja, seguindo este singular critério, se mais tarde o formato do Campeonato fosse alterado, poder-se-ia riscar do mapa tudo o que acontecera até aí, para se adoptar como campeões os clubes que tivessem ganho eventuais competições anteriormente disputadas segundo o novo formato.
De uma forma ou de outra a mensagem foi passando e, com o decorrer do tempo a propaganda foi levando a água ao seu moinho, pelo que os Campeonatos de Portugal foram apagados da generalidade das listas de Campeões do Futebol português que se iam publicando, para que se pudessem inscrever os tais 3 títulos do Benfica, invertendo as contas numa altura em que elas davam alguma vantagem ao Sporting.
Como curiosidade há que referir que o jornal Os Sports de 6 de Janeiro de 1939, publicava um artigo sobre a competição que estava prestes a iniciar-se, com o sugestivo título de "Campeonato Nacional 1938/39 - o primeiro ou o décimo oitavo?" Ou seja, a hipótese de ser o quinto, como é óbvio nem era colocada.
A verdadeira contabilidade
70 anos depois já poucos se lembram dos Campeonatos de Portugal e os tais títulos das ligas entram geralmente nas contas como convém, mas os factos são indesmentíveis e uma falsidade mil vezes repetida jamais se tornará numa realidade.
O Sporting Clube de Portugal nunca quis ter mais títulos do que aqueles que realmente ganhou e assim pode proclamar sem que ninguém o possa contrariar, que em termos de competições oficiais de futebol de âmbito nacional e na categoria principal, é detentor de 4 Campeonatos de Portugal, 20 Campeonatos Nacionais, 17 Taças de Portugal, 9 Supertaças, 4 Taças da Liga e 1 Taça Império.
To-mane (discussão) 16h39min de 23 de março de 2016 (GMT)
Lista dos Vencedores
Legenda
(1) - Taça Império
Links
Referências
- ↑ http://www.fpf.pt/pt/Institucional/Sobre-a-FPF/Hist%C3%B3ria-FPF