A X Volta a Portugal, realizada em 1941, começou e acabou no Porto, decorrendo durante 17 dias, nos quais se disputaram 24 etapas, contando com a participação de 36 corredores e 5 equipas completas, que percorreram um total de 2313 Km.
À partida o favorito era José Albuquerque que tinha a possibilidade de se tornar no primeiro ciclista a vencer pela terceira vez a competição, o que também se poderia verificar em relação ao veterano Alfredo Trindade, que liderava a equipa do Belenenses. O Benfica apostava em José Martins, um ciclista que representara o Sporting na época anterior, enquanto o FC Porto que se estreava na competição, tinha em Aniceto Bruno o seu chefe de fila, sem esquecer Joaquim Fernandes, que reforçara a equipa portista depois de ter iniciado a temporada como individual. Finalmente o Campo de Ourique, tinha em Aristides Martins o seu ciclista mais credenciado.
Em relação à época anterior o Sporting perdera José Martins e Tulio Pereira para o Benfica e também já não contava com o concurso do marroquino Luiz Longo, enquanto Joaquim de Sousa adoecera, sendo substituído à última da hora por Nunes de Almeida. Mesmo assim para além do Faísca, o Sporting contava com Francisco Inácio que tinha ganho o Campeonato Nacional de Fundo e o Porto-Lisboa, mostrando estar a atravessar um grande momento de forma, sem esquecer João Lourenço, que era um ciclista que garantia muitas vitórias em etapas e que andava sempre nos primeiros lugares. Sendo assim a equipa continuava a ter legitimas aspirações a ganhar esta Volta.
Os primeiros dias da prova foram tranquilos, com Eduardo Lopes do Benfica a ganhar as duas primeiras tiradas, envergando a Camisola Amarela até à 4ª etapa, altura em que se atrasou, ficando então um grupo de seis ciclistas empatados na liderança da corrida, três dos quais eram do Sporting, com João Lourenço a vestir a Amarela até ao contra relógio de 55Km, que se disputou entre Santiago do Cacém e Ferreira do Alentejo.
Foi aí que Francisco Inácio começou a confirmar a sua candidatura à vitória final, vencendo esse contra relógio com uma impressionante média de 43,298Km/h, um andamento que já podia ser considerado de nível internacional, que lhe valeu a Camisola Amarela, ficando com 41 segundos de vantagem sobre João Lourenço, 51 segundos sobre António Bartolomeu do Belenenses e 1,43 minutos em relação a José Albuquerque.
Com a chegada das primeiras montanhas vieram os ataques do Faísca, que no entanto apenas conseguiu ganhar alguns segundos, até ao contra relógio que se realizou entre Estremoz e Vila Viçosa, um percurso de apenas 18Km, que também não permitia grandes recuperações, pelo que no final dessa 11ª etapa, Francisco Inácio tinha 31s de vantagem sobre João Lourenço, e 1,11m em relação a José Albuquerque. O benfiquista José Martins que ganhou o referido contra relógio, subira ao 4º lugar e estava a 2,07m do líder.
A estratégia de José Albuquerque passava por repetir os passos que o tinham levado à vitória na Volta de 1940, ou seja atacar nas etapas de alta montanha, e de facto assim aconteceu, só que desta vez teve pela frente um Francisco Inácio muito forte e moralizado, que conseguiu manter a vantagem, até que na 18ª etapa ganhou quase 5 minutos ao azarado Faísca, vitima de dois furos na parte final dessa tirada que terminou em Mirandela.
Seguiu-se o terceiro contra relógio da prova, visto como um verdadeiro teste a Francisco Inácio, que ganhou essa etapa com mais de 2 minutos de avanço sobre José Martins, que já subira ao 2º lugar da geral, ficando assim com 4,15m de vantagem sobre o ciclista do Benfica, e 7,53m sobre Aniceto Bruno do FC Porto que ocupava o 3º lugar, uma margem que segurou sem grandes dificuldades, até à consagração no Estádio do Lima no Porto.
Entretanto José Albuquerque caiu para o 4º lugar e o Sporting voltou a ganhar colectivamente, com João Lourenço a fechar a equipa na 5ª posição, vencendo 10 das 18 etapas ganhas pelos ciclistas do Sporting, num total de 24 tiradas, o que atesta bem a superioridade dos Leões nesta Volta, onde também há a referir a boa prestação de Francisco Duarte, que ganhou duas etapas e terminou no 10º lugar da classificação geral.
To-mane 00h13min de 11 de Outubro de 2015 (WEST)
Classificação Geral Individual
Classificação | Ciclista | Tempo | Observações |
1º | Francisco Inácio | 74,24,51h | 17 etapas de Amarelo |
4º | José Albuquerque | 74,33,23h | |
5º | João Lourenço | 74,42,32h | 3 etapas de Amarelo |
10º | Francisco Duarte | 74,51,31h | |
23º | Nunes de Almeida | 76,41,18h | |
João Viegas | Desistiu na 10ª etapa |
Classificação por equipas
Posição | Clube | Tempo |
1º | SPORTING | 221,40,46h |
2º | Campo de Ourique | 224,23,44h |
3º | Belenenses | 224,55,05h |
Vitórias em etapas
Ciclista | Etapa | Distância | Tempo |
João Lourenço | 3ª Espinho-Sangalhos | 82Km | 2,24,25h |
João Lourenço | 4ª Sangalhos-Marinha Grande | 116Km | 3,45,06h |
João Lourenço | 5ª Marinha Grande-Lisboa | 176Km | 3,37,08h |
Francisco Duarte | 6ª Lisboa- Santiago do Cacém | 148Km | 3,22,15h |
Francisco Inácio | 7ª Santiago do Cacém-Ferreira do Alentejo (C/R) | 55Km | 1,17,37h |
João Lourenço | 8ª Ferreira do Alentejo-Loulé | 147Km | 4,40,23h |
José Albuquerque | 9ª Loulé-Beja | 176Km | 5,47,42h |
João Lourenço | 12ª Vila Viçosa-Portalegre | 109Km | 3,55,34h |
João Lourenço | 13ª Portalegre-Castelo Branco | 94Km | 3,24,32h |
Francisco Inácio | 15ª Covilhã-Guarda | 48Km | 1,23,04h |
João Lourenço | 16ª Guarda-Mangualde | 2,11,32h | |
José Albuquerque | 17ª Mangualde-Vila Real | 4,53,02h | |
Francisco Inácio | 19ª Mirandela-Chaves (C/R) | 30Km | 1,46,15h |
Francisco Duarte | 20ª Chaves-Guimarães | 156Km | 5,44,08 |
José Albuquerque | 21ª Guimarães-Póvoa do Varzim | 1,59,50h | |
João Lourenço | 22ª Póvoa do Varzim-Póvoa do Varzim | 1,22,40h | |
João Lourenço | 23ª Póvoa do Varzim-Viana do Castelo | 124Km | 4,54,32h |
João Lourenço | 24ª Viana do Castelo-Porto | 75Km | 2,21,31h |