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Dados de Manuel Faria |
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Nome |
Manuel Faria
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Nascimento |
12 de Dezembro de 1930
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Naturalidade |
Abrantes - Portugal -
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Posição |
Atleta
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Desde muito novo que Manuel Faria se interessou pelas corridas, começando a ter sucesso nas provas de resistência, o que o levou a vir para Lisboa, com o intuito de representar o Sporting, que era o seu Clube do coração.
Em 1950 foi Campeão Nacional de Juniores nos 5000m, feito que repetiu no ano seguinte, em que também ganhou a prova dos 1500m, em ambos os casos estabelecendo novos Recordes Nacionais da categoria, para além de nesse mesmo ano ter sido Campeão Nacional de Corta Mato em Juniores, contribuindo decisivamente para mais um titulo do Sporting, na competição por equipas.
Nessa altura, entre 1950 e 1952, integrou as equipas do Sporting que fecharam uma serie de 7 vitórias consecutivas na Estafeta Cascais-Lisboa, feito que repetiria entre 1958 e 1960, totalizando assim 6 participações vitoriosas, nesta popular corrida de estrada.
Depois de um inicio de carreira tão prometedor, Manuel Faria viria a confirmar-se como um atleta de elite, tornando-se no primeiro grande meio-fundista nacional, em grande parte graças ao trabalho feito em conjunto com o seu treinador Luís Aguiar, que estabeleceu contactos com os treinadores alemães que lançaram o treino intervalado, trazendo assim para Portugal novos métodos de trabalho, que pela primeira vez incluíam mais de um treino diário.
A consagração na famosa corrida de São Silvestre
Em 1954 teve a sua primeira experiência na famosa corrida de São Silvestre de São Paulo, no Brasil, terminando no 40º lugar, mas depois contou que tinha sido aconselhado pelo médico da Portuguesa dos Desportos a não participar, e só não tinha desistido por vergonha e à custa de muito sofrimento, devido a umas estranhas dores que sentia nas pernas. Mas valeu pela experiência e prometeu voltar.
De facto voltou, mas para ganhar, o que aconteceu pela primeira vez em 31 de Dezembro de 1956, quando percorreu a distância em 28,58,9m, um tempo recorde, naquele que foi considerado o maior feito até então realizado por um atleta português no estrangeiro, isto depois de ter abdicado de estar presente nos Jogos Olímpicos de Melbourne, por considerar que não tinha condições para se bater com os melhores atletas do mundo, talvez influenciado pela experiência negativa que tinha tido nos Campeonatos da Europa de Pista de 1954, quando ficou em 8º lugar numa das eliminatórias da corrida dos 5000m.
Um ano depois repetiu a proeza em São Paulo, desta vez derrotando o então campeão olímpico e Recordista Mundial dos 5000 e 10000m, o russo Vladimir Kutz, e foi elevado à condição de grande herói da comunidade portuguesa no Brasil, a quem dedicou estas vitórias, e junto à qual ultrapassou em popularidade os melhores futebolistas portugueses da altura, sendo então recebido pelo Governador de São Paulo.
De regresso a Portugal, na bagagem trazia mais de 80kg de taças, medalhas e inúmeras ofertas que lhe tinham feito, sendo recebido de forma apoteótica em Lisboa, numa altura em que se chegou a falar na hipótese de se abrir uma subscrição para lhe comprar uma casa, o que não se concretizaria, e Manuel Faria lá continuou a trabalhar num escritório e a treinar nas horas vagas, depois de ter conseguido aquelas que ao longo de vários anos, foram consideradas como as maiores proezas de sempre do desporto português.
Nesta altura já era a maior figura do Atletismo português, tendo sido entre 1955 e 1959, penta-Campeão Nacional de Corta Mato, uma especialidade na qual representou Portugal no Cross das Nações em quatro ocasiões, tendo obtido um 12º lugar como a sua melhor classificação, conseguida em 1957, quando Portugal ficou num meritório 4º lugar por equipas.
Na pista, entre 1955 e 1958, foi Campeão de Portugal quatro vezes nos 5000m, três nos 10000 e uma nos 1500m, chegando a ser o recordista nacional de todas as distâncias, entre os 1500m os 10000m, incluindo os 3000m obstáculos.
A sua carreira também ficou marcada, pelo facto histórico de ter sido o primeiro português a baixar dos 15 minutos nos 5000m, quando em 1954 percorreu a distância em 14.54,6, uma marca que viria a melhorar 4 vezes, até a fixar em 14,18,4m, em 1957.
Na época de 1956 bateu o Recorde Nacional dos 1500m, o mesmo acontecendo nos 5000 e 10000m, nestes casos por duas vezes, e no ano seguinte melhorou todos os seus Recordes, fixando o dos 1500m em 3,56,1m, e o dos 10000m em 30,44,4m, depois de ter estabelecido um novo Recorde Nacional nos 3000m obstáculos, com a marca de 9,20,2.
Numa entrevista ao "O Mundo da Corrida", revelou a sua enorme paixão pelo Sporting e os sacrifícios que daí decorreram:
- Numa bela tarde de Atletismo esse casamento [com o treinador Luís Aguiar] desfez-se...Voltava a fazer a mesma coisa hoje? Ou seja, correr na mesma tarde 5000 metros e 3000 metros obstáculos por exigência do Sporting, contra a vontade do treinador?
- Não voltava!!! Fui quase obrigado!!! Na altura era um jovem...O Sporting exigiu a minha participação nas duas provas, porque precisava dos pontos para a equipa!
- Mas, ganhou as duas!
- Ganhei, tanto eu como o Sporting sabíamos que ia ganhar.
- Foi importante para o Sporting! Recebeu alguma compensação financeira por o fazer?
- Não recebi nada! E fiquei sem treinador. Gostava muito de correr em pista e não podia recusar.
Entrevista a "O Mundo da Corrida"
Em 1995 foi distinguido com o Prémio Stromp na categoria Saudade.
Faleceu a 7 de Agosto de 2004, com 73 anos, vítima de doença prolongada.
To-mane 15:34, 12 Julho 2008 (WEST)