Para grandes males, grandes remédios, e perante a crise despoletada pela demissão da Direcção de José Salazar Carreira, no dia 23 de Fevereiro de 1926 foi nomeada uma super Comissão Administrativa liderada pelo Presidente da Assembleia Geral, Pedro Sanches Navarro, e da qual faziam parte quase todos os "pesos pesados" do dirigismo leonino daquela época, nomeadamente três antigos Presidentes e outros tantos ex-vice-presidentes:
Nessa Assembleia Geral considerou-se que perante a importância de problemas como o das instalações e a necessidade de manter o nível das actividades desportivas do Clube, seria fundamental uma pacificação interna pelo que se resolveu nomear por tempo indeterminado a atrás referida Comissão Administrativa, sendo que Carlos Basílio de Oliveira desempenhou um papel fundamental na junção das duas facções desavindas.
Esta Comissão Administrativa seria reconduzida em 24 de Julho de 1926. Nessa altura Júlio de Araújo pôs o dedo na ferida, afirmando que o Sporting estava doente, uma doença que segundo ele fora provocada por um crescimento que tinha arrastado os outros clubes e contribuído para o desenvolvimento das principais modalidades desportivas praticadas, mas os encargos daí resultantes e a necessidade de conservar as instalações do Clube, cada vez mais degradadas, tornara impossível o suporte de uma tão intensa, diversa e cara actividade desportiva.
E de facto no final do exercício 1925/26 o saldo negativo já ultrapassava os 4 contos, e em Fevereiro de 1927 chegava aos 25.233$, sendo que só o futebol tinha dado cerca de 10 contos de prejuízo, o que levou ao despedimento do treinador Augusto Sabbo, que custava 12 contos por ano.
Mas na verdade esta Comissão Administrativa ficou marcada acima de tudo pelo regresso de Júlio de Araújo às lides directivas e com ele o projecto das novas instalações passava a ser não apenas a grande prioridade, mas podia-se mesmo dizer, um supremo objectivo.
Araújo defendia que estava na hora de passar à acção e tentou contagiar todos os sportinguistas com o seu entusiasmo e dedicação à causa. Com o projecto arquitetónico pronto e as negociações com a Câmara e os proprietários dos terrenos bem encaminhas, só faltava o dinheiro.
O projecto para as novas instalações do Sporting
A solução preconizada passava por um empréstimo interno, que tinha como meta os 600 contos, ou seja uma média de 200 escudos por sócio. A ideia era que os sócios contribuíssem com títulos nominativos no valor de 100$, 500$ ou 1000$ cada um, dos quais seriam reembolsados logo que o Clube tivesse disponibilidade para o fazer, mas sem o vencimento de juros.
A subscrição iniciou-se no dia 7 de Junho de 1926, arrancando com 82.695$ do Fundo de Investimentos, aos quais se somaram rapidamente mais 41 contos, cerca de metade dos quais saíram dos bolsos dos membros da Comissão administrativa. Em Agosto já tinham sido ultrapassados os 170 contos, mas por essa altura Júlio de Araújo adoeceu e, sem o seu grande motor o comboio começou a perder embalagem.
Em termos desportivos o Sporting durante esta gerência foi Campeão de Portugal e de Lisboa em Polo Aquático e Campeão Regional em Patinagem, enquanto o Atletismo realizou mais uma época brilhante e na Natação os nadadores leoninos conquistaram 3 títulos nacionais. Para além disso praticava-se no Clube Hóquei em Patins, Hóquei em Campo, Ténis e Ciclismo que fora retomado nesta altura, tendo sido também autorizado o arranque do Basquetebol, por iniciativa de Acácio Campos.
Em crise estava o Futebol onde a novidade foi o lançamento de uma equipa de Infantis, no âmbito da comissão de aproveitamento de menores, criada para incentivar a prática desportiva junto dos sócios mais jovens, havendo ainda a assinalar a atribuição por parte da Câmara Municipal do nome de António Stromp, à rua onde o Sporting Clube de Portugal se encontrava instalado, no Campo Grande.
Apesar das tentativas de pacificação, a verdade é que com o processo das novas instalações a marcar passo e os resultados do Futebol a ajudarem, a oposição continuava viva e depois da demissão do Conselho Fiscal, a Comissão Administrativa demitiu-se no dia 13 de Janeiro de 1927, o que permitiu o avanço de uma nova Direcção, que viria a ser eleita em Assembleia Geral extraordinária que se realizou em 3 de Março.
To-mane 15h04min de 21 de Outubro de 2011 (WEST)