O Percurso até à Final
Primeiro obstáculo o Montreux
O último obstáculo o Villaneuva
No aeroporto à espera dos Campeões
Na década de 1970 o Sporting desenvolveu de uma forma consistente e consolidada a sua Secção de Hóquei Patins e acabou por juntar na mesma equipa os melhores jogadores portugueses de então. Essa ficaria para a história como sendo a "Equipa Maravilha do Hóquei em Patins" e até aos dias de hoje não mais em parte alguma do mundo tão bons jogadores se juntaram numa mesma equipa de Hóquei.
O desenvolvimento da secção começou por dar muitos e bons frutos a nível interno, ganhando o Sporting tudo o que havia para ganhar, mas, e há sempre um mas, contra tão vasto palmarés nacional, contrastava um palmarés internacional absolutamente inexistente, não só do Sporting mas também de Portugal, pois nunca uma equipa de um clube português tinha vencido uma competição europeia de Hóquei.
A Taça dos Campeões Europeus de Hóquei Patins teve a sua primeira edição na época de 1965/66 e nas onze primeiras edições apenas equipas espanholas tinham vencido.
Competia pois ao Sporting afrontar os grandes dominadores da modalidade na Europa, que eram as equipas do Réus, do Barcelona e do Voltregá.
Em 1977 o Sporting e a sua “Equipa Maravilha” cumpriram na plenitude esse desígnio, que mais que um desígnio do Clube, era um desígnio Nacional.
Na primeira eliminatória (1/4 Final) coube em sorte ao Sporting a equipa suíça do Montreux, terra de fortes tradições no hóquei. Porém o Montreux pouco pode fazer contra o gigante que lhe foi posto à frente e o Sporting venceu claramente por 18-1 na primeira mão e por 11-3 na segunda.
Na segunda eliminatória (1/2 Final) foi o Sporting que foi posto perante um gigante, o Voltregá, que era "apenas" o primeiro clube a ter vencido a competição e os Bi-Campeões Europeus em título.
As coisas iriam pois aquecer, ou arrefecer, pois a primeira mão foi disputada em Espanha num recinto descoberto e debaixo de chuva intensa, não estando os nossos jogadores habituados a tais condições acabou por ser natural que o Voltregá tivesse ganho por 5-2.
Parecia que ainda não seria desta vez que o desígnio iria ser cumprido, mas na segunda mão tudo mudou e os espanhóis aprenderam duas coisas.
A primeira foi em que tipo de recintos se deve jogar Hóquei ao mais alto nível e a segunda foi uma lição, que ficou na memória de todos, de como se joga Hóquei, aliás o filme desse jogo poderia servir perfeitamente para se ensinar a modalidade em qualquer parte do mundo, numa palavra foi um recital! O Sporting ganhou por 8-3 e acedeu à final com um resultado total de 10-8.
A Final
A final, tal qual as eliminatórias, também seria disputada a duas mãos e por adversários o Sporting teria outra equipa espanhola, o Villanueva.
As coisas ficaram aparentemente decididas, na primeira mão, pois a vitória do Sporting foi esmagadora e o lendário guardião do Villanueva e da Selecção de Espanha, Carlos Trullols, teve de ir seis vezes buscar a bola ao fundo da sua baliza, resultado final 6-0.
Ficou célebre uma afirmação deste grande guarda-redes:
"Sofri seis golos e fiz uma das melhores exibições da minha vida!"
Mas, e há sempre um mas, cabia agora ao Sporting ir a Espanha, e na memória de todos ainda estava bem fresca a derrota com o Voltregá.
No entanto, a 18 de Junho de 1977, no recinto do Villanueva o Sporting voltou a vencer e a convencer ao ganhar por 6-3.
O desígnio estava finalmente cumprido e o Sporting era Campeão Europeu de Hóquei Patins!
O Sporting tornava-se deste modo na primeira equipa portuguesa a vencer uma competição europeia de hóquei, abrindo assim caminho às outras equipas portuguesas num feudo que até então tinha sido do país vizinho!
Como não podia deixar de ser, os campeões foram recebidos em festa à chegada a Lisboa e conduzidos num ambiente de perfeita euforia e paixão em cortejo triunfal para o Estádio José Alvalade.