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Dados de José Luzia 270x160px
Nome José Alfredo Buco Luzia
Nascimento 18 de Agosto de 1963
Naturalidade Lisboa - 
Posição Lateral - Central

José Alfredo Buco Luzia nasceu a 18 de Agosto de 1963, tendo iniciado a sua carreira como andebolista em 1976, na Académica da Amadora, sendo unanimemente considerado um dos mais brilhantes jogadores portugueses de todos os tempos.


Assegurava na perfeição várias posições, desde central, a pivô e lateral-esquerdo, tendo sido o único jogador a conseguir representar os cinco grandes clubes da modalidade (Sporting, FC Porto, ABC, SL Benfica e Belenenses), tendo ainda representado o Almada.


Ingressou no Sporting ainda jovem e sagrou-se campeão nacional de juvenis na época de 1979/1980. A estreia a nível sénior estava reservada para a 1982/83 culminada com a conquista de uma Taça de Portugal e na época seguinte contribui para a vitória no campeonato nacional.


Em 1984/85, um conjunto de lesões impedem a sua utilização regular mas não esmorecem o interesse por parte dos clubes rivais. Ainda antes do final da época, correm rumores que já tem compromisso assinado com o FC Porto e que se confirmam com a concretização da transferência. Porém, a estadia nas Antas dura apenas uma época já que após o quinto lugar em 1985/1986, ruma ao ABC de Braga.

António Cunha, antigo treinador de FC Porto e SL Benfica e mentor do projecto do ABC, confia na criatividade e genialidade de José Luzia para conduzir a manobra atacante de uma equipa com forte poder de jogo com os experientes Jorge Rodrigues, Fernando Areias e Kamen Tzanev. No final da temporada, o ABC conquista o seu primeiro ceptro nacional e José Luzia é votado por jogadores, técnicos e dirigentes como Atleta do Ano (Revista Setemetros).


Inicia a temporada seguinte no ABC mas regressa novamente a Lisboa, desta vez para representar o eterno rival do Sporting, o SL Benfica. Aos 24 anos, José Luzia ingressava assim no seu quarto grande clube na carreira.


Voltaria a cruzar-se com António Cunha que depois de conquistar o bicampeonato ao serviço do ABC, regressa ao FC Porto e contrata José Luzia para "cérebro" do novo FC Porto. Porém, as fortes equipas do Porto não conseguem contraria o SL Benfica de Eugene Troffin e após duas épocas de azul-e-branco, José Luzia abraça um novo desafio, desta vez na Académica de Coimbra.


A Académica de Coimbra aposta forte no início da década de 1990 e com investimentos elevados contrata alguns dos principais atletas do campeonato nacional como João Santa Bárbara, Rui Manuel Ferreira e José Luzia além de atletas estrangeiros de grande valia como Kostantin Dolgov. Na sua segunda época com a camisola dos estudantes (1991/1992), sob o comando de Luís Hernâni, José Luzia ajuda a Académica a alcançar o 3º lugar do campeonato nacional, um pouco aquém das expectativas face aos investimentos verificados.


Em 1992/93, dá-se o regresso a Alvalade e realiza uma boa fase regular, contribuindo para o regresso do Sporting ao Grupo "A" da Fase Final. Contudo, um lesão no decorrer da parte final do campeonato impede-o de ajudar o Sporting a alcançar melhor posição no campeonato. Na temporada seguinte, participa com maior regularidade e contribui com 60 golos mas o Sporting não vai além do quinto posto no campeonato nacional.

Despede-se do Sporting no final de 1994/95 com um quinto lugar no campeonato e ruma ao Belenenses onde permanece durante uma época para depois representar o Almada.


Voltaria a Alvalade em duas ocasiões: Primeiro em Andebol 1999/2000 para coadjuvar Manuel Brito, mas acabaria por se demitir em solidariedade face às críticas públicas feitas ao técnico principal. Mais tarde, José Tomaz reconhece-lhe mais-valias técnico-tácticas que podem ajudar na melhoria do colectivo e convida-o a integrar a sua equipa técnica em Andebol 2002/2003. Permaneceria no cargo mesmo com a chegada de Fran Teixeira como técnico-principal.

Pela selecção nacional, participou no Mundial "C" de 1988 disputado em Guimarães e cumpriu na totalidade acima de 100 internacionalizações, apontando cerca de 169 golos.


A 6 de Junho de 2004, o site oficial do Sporting emite um comunicado dando conta do falecimento do ainda treinador-adjunto, vítima de doença prolongada.




''Atletas brilhantes e de diferentes gerações como, por exemplo, João Gonçalves e Ricardo Andorinho, expressaram publicamente o seu apreço por Luzia e o facto de terem sido fortemente marcados por ele, tanto ao nível humano como desportivo. Poucos dias após a sua morte, João Gonçalves publicou um texto no jornal “Correio da Manhã” referindo-se ao amigo perdido. Vale a pena recordá-lo: “Extrovertido, sempre com um sorriso, o Zé era amigo do seu amigo e dispunha bem quem o rodeava. Como ele costumava dizer, estava sempre pronto para algo que desse cor à vida. Ao mesmo tempo, era implacável para quem não gostava. Para mim, mais velho quase uma década e que lhe dera o ‘baptismo’ na selecção, o Zé Luzia era um daqueles amigos, poucos, que o andebol me trouxe e que ficaram para a vida. Não me perguntem porquê. Coisas superiores do espírito raramente têm explicação terrena. Só sei dizer que havia uma química que funcionava com perfeição nos dois sentidos, numa cumplicidade de quem se fala ou se encontra para mutuamente se animar e viver melhor. Foi por isso que, nunca o esquecerei, um dia, de repente, percebi que qualquer coisa não estava bem. A saudação telefónica foi diferente do habitual e, rapidamente, me confessou que lhe tinham diagnosticado um linfoma. Palavra maldita… Passado o choque, veio a luta. E, quem não assistiu, não imagina a dignidade com que esta foi travada. Raramente existia um queixume público e, na sua boca, até para os mais próximos, havia sempre registo de melhoras, mesmo que os nossos olhos percebessem que não era assim. Apenas por uma vez, com lágrimas nos olhos, me confessou que sentia pena de se ir embora tão novo, por não poder, junto da Paula, a sua companheira de todas as horas, desfrutar e conduzir a vida do seu filho, o pequeno André, com somente 5 anos de idade. Os últimos tempos foram penosos, desgraçados, numa crueldade que a doença traz e que nos é difícil encarar. Na minha confessa e triste cobardia, perante os aspectos terríveis do mal físico que afectou o Zé Luzia nos últimos meses, quero esforçadamente guardar para sempre a imagem do atleta de eleição que passeava a sua classe natural e aquele sorriso de olhos grandes a saudar com ternura os amigos. É isso que ele merece. A preservação do seu estatuto humano. O Zé Luzia partiu, mas ficam a vida e a memória de um homem de quem o seu filho e a sua família se poderão para sempre orgulhar”.

Retirado do site SportingCanal.com