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A Assembleia Geral é o órgão máximo do Sporting Clube de Portugal sendo composta por todos os sócios efectivos no pleno gozo dos seus direitos e admitidos há pelo menos doze meses, e é nela que devem ser discutidas e decididas todas as grandes directrizes da vida do Clube.

As Assembleias-Gerais reúnem-se ordinariamente nos períodos estabelecidos pelos Estatutos, para se aprovarem os orçamentos e relatórios de contas, ou para a realização de eleições para os Órgãos Sociais do Clube, ou extraordinariamente sempre que se cumpram os pressupostos previstos nos Estatutos para tal efeito, sendo que em ambos os casos podem ser comuns ou eleitorais.

Conheça todas as directivas pelas quais a Assembleia Geral se rege: Os Estatutos de 2011.

Os primeiros anos

No dia 8 de Maio de 1906 reuniu-se a primeira Assembleia Geral do Clube, onde foi eleita a Direcção presidida pelo Visconde de Alvalade, e foram instituídas as primeiras normas clubísticas, atribuídos privilégios aos dez sócios fundadores principais, e formulado o histórico voto "Queremos um Clube tão grande como os maiores da Europa".

Inicialmente o Clube era para se chamar Campo Grande Sporting Clube, mas na Assembleia Geral de 1 de Julho de 1906, por sugestão de António Félix da Costa Júnior, tomou o nome de Sporting Clube de Portugal.

Os primeiros Estatutos do Sporting Clube de Portugal, foram aprovados pelo Governo Civil de Lisboa no dia 22 de Agosto de 1907, e no seu Capitulo X, entre outras disposições estabelecia-se a composição da Mesa, e já se previam as Assembleias Gerais ordinárias e extraordinárias, sendo que as primeiras deveriam realizar-se anualmente, servindo para a Direcção apresentar o relatório e as contas da sua gerência e para se elegerem os Órgãos Sociais do Clube para o ano seguinte.

No entanto apenas no dia 4 de Janeiro de 1910, data em que foi empossada a nova Direcção, foi também eleita a primeira Mesa da Assembleia Geral, simultaneamente com o primeiro Conselho Fiscal e o primeiro Conselho Técnico do Clube.

Assim o Visconde de Alvalade que já tinha sido o primeiro Presidente do Sporting Clube de Portugal, tornou-se também no primeiro Presidente da Mesa da Assembleia Geral, que era composta ainda pelo vice-presidente: Dr. Pedro de Lacerda e pelos 1º secretário: António Dinis e 2.° secretário: Eduardo Quintela de Mendonça.

O poder dos Conselhos

Durante cerca de 40 anos a Assembleia-Geral do Sporting Clube de Portugal funcionou sem grandes alterações em relação ao inicialmente instituído, mas crescimento do Clube com o significativo aumento do numero de sócios, as alterações politicas e sociais entretanto ocorridas no País e na Europa, e as tradições marcadamente elitistas do Sporting, influenciaram decisivamente os novos Estatutos aprovados em 29 de Outubro de 1947, com destaque para a introdução do Conselho Geral, que passava a ter a competência de indicar os Presidentes da Assembleia Geral, da Direcção e do Conselho de Fiscalização, Contencioso e Sindicância, que escolhiam os restantes membros da sua equipa, que posteriormente eram ratificados pelos sócios, em reunião magna convocada para o efeito.

Em 1964 foram aprovados novos estatutos, que limitaram a eleição por parte da Assembleia Geral, aos Presidentes e vice presidentes dos Órgãos Sociais do Clube, passando os restantes membros a serem posteriormente ratificados pelo Conselho Geral.

Os Estatutos de 1968 introduziram importantes alterações, extinguindo o Conselho Geral e Conselho dos Presidentes, que fora criado em 1964, surgindo então o Conselho Leonino, que herdou a competência de indicar os Presidentes e Vice Presidentes, da Assembleia Geral, da Direcção e do Conselho Fiscal.

Nestes estatutos foi também criado um regime de diferenciação entre os sócios, em função da sua antiguidade e do tipo de quota que pagavam, atribuindo-se a cada um mais 2 votos por cada 10 anos de associativismo, ao mesmo tempo que se admitia a licitude de sócios efectivos e maiores de 21 anos, no gozo dos seus direitos e dispondo de um mínimo de 500 votos, organizarem listas candidatas aos Órgãos Sociais do Clube, que passaram a ter mandatos com a duração de dois anos.

Antiguidade N.º Votos
Até 1 ano 0
1 a 9 anos 1
10 a 19 anos 3
20 a 29 anos 5
30 a 39 anos 7
40 a 49 anos 9
50 a 59 anos 11
60 a 69 anos 13

Depois do 25 de Abril

Apesar da Revolução de 25 de Abril de 1974 que trouxe a Democracia a Portugal, o Sporting atravessou esse atribulado período da história do nosso País, de uma forma relativamente tranquila, beneficiando do "estado de graça" de um Presidente carismático como foi João Rocha, que tinha sido eleito em 1973, e que seria reeleito várias vezes, prolongando a sua gerência até 1986. Assim foi necessário que passasse mais de uma década para que o Conselho Leonino perdesse o seu papel determinante na escolha dos Órgãos Sociais do Clube.

A revisão estatutária de 1981

No dia 11 de Setembro de 1981, foi aprovada uma alteração estatutária que implicava que para além dos candidatos à Presidência dos Órgãos Sociais do Clube, indigitados pelo Conselho Leonino, todos os outros membros propostos para integrarem esses Órgãos, fossem sujeitos individualmente à aprovação dos sócios, na Assembleia Geral ordinária que acontecia bienualmente para esse efeito, sendo que as referidas atribuições do Conselho Leonino continuavam a não ser impeditivas de que sócios efectivos e agora maiores de 18 anos, no gozo dos seus direitos e dispondo de um mínimo de 1000 votos, organizassem listas diferentes para submeter à Assembleia-Geral, sendo que passaram a ser atribuídos a cada sócio mais 3 votos por cada 10 anos de associativismo.

Antiguidade N.º Votos
Até 1 ano 0
1 a 9 anos 1
10 a 19 anos 4
20 a 29 anos 7
30 a 39 anos 10
40 a 49 anos 13
50 a 59 anos 16
60 a 69 anos 19
70 a 79 anos 22

A redução dos poderes do Conselho Leonino

A vitória de Jorge Gonçalves nas eleições de 1988, foi um momento determinante para uma viragem no modo de funcionamento das Assembleias Gerais eleitorais do Sporting Clube de Portugal, pois uma das grandes bandeiras da campanha do novo Presidente, era precisamente a redução dos poderes do Conselho Leonino.

Assim no dia 18 de Fevereiro de 1989 os sócios do Sporting Clube de Portugal aprovaram em Assembleia-Geral convocada para o efeito, uma importante alteração aos Estatutos do Clube, que previa a diminuição do numero de membros do Conselho Leonino para 30, e a redução de poderes deste órgão, que passava a ser meramente consultivo, deixando de ter o privilegio de indigitar listas candidatas às eleições para os Órgãos Sociais do Clube, abrindo-se assim o caminho para uma maior democratização da vida do Sporting.

O Projecto Roquete

A nova era começou com uma Assembleia Geral eleitoral à qual pela primeira vez se apresentaram quatro listas, dando-se então inicio ao ciclo de Sousa Cintra, que não trouxe novidades em termos estatutários, e antecedeu o período que ficou conhecido como o Projecto Roquete, durante o qual foram elaborados novos Estatutos, onde se devolveram alguns poderes ao Conselho Leonino que passou a ser eleito de acordo com o método D'Hondt, embora sem alterações relevantes no que diz respeito às Assembleias-Gerais, destacando-se apenas o facto dos mandatos dos Órgãos Sociais do Clube, serem alargados para 4 anos, e da tradicional cerimónia de tomada de posse, ser substituída pela proclamação dos vencedores, no momento do anuncio dos resultados das Assembleias-Gerais eleitorais, que eram empossados na ocasião.

A revisão estatutária de 2011

As polémicas eleições de 26 de Março de 2011, às quais pela primeira vez se apresentaram cinco listas, e que levaram ao poder uma Direcção minoritária, "obrigaram" à elaboração de novos Estatutos que introduziram importantes alterações, com destaque para a descentralização do voto, a introdução do voto electrónico e por correspondência, a criação de novas categorias de sócios, o alargamento do direito de voto a mais sócios e a alteração do número de votos atribuídos a cada sócio consoante a sua antiguidade, que passou a ser para:

  • Sócios efectivos integrados no escalão base:
Antiguidade N.º Votos
Até 1 ano 0
1 a 4 anos 2
5 a 9 anos 3
10 a 14 anos 4
15 a 19 anos 5
20 a 24 anos 6
25 a 29 anos 7
30 a 34 anos 8
35 a 39 anos 9
40 a 44 anos 10
45 a 49 anos 11
50 a 54 anos 12
55 a 59 anos 13
60 a 64 anos 14
65 a 69 anos 15
70 a 74 anos 16
75 a 79 anos 17
80 a 84 anos 18
85 a 89 anos 19
90 a 94 anos 20
  • Sócios efectivos integrados num escalão inferior:
Antiguidade N.º Votos
Até 1 ano 0
1 a 9 anos 1
10 a 19 anos 2
20 a 29 anos 3
30 a 39 anos 4
40 a 49 anos 5
50 a 59 anos 6
60 a 69 anos 7
70 a 79 anos 8
80 a 89 anos 9
90 a 99 anos 10

Ficou ainda estabelecido que os mandatos passariam a ser de 4 anos e a elaboração de um Regulamento Eleitoral.

Galeria dos Presidentes

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Visconde de Alvalade
De 04-01-1910 a 28-07-1917
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Sanches Navarro
De 28-07-1917 a 27-07-1918
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Queirós dos Santos
De 27-07-1918 a 06-11-1920
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Sanches Navarro
De 06-11-1920 a 21-07-1923
Carlos Basílio de Oliveira
De 21-07-1923 a 29-07-1924
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Sanches Navarro
29-07-1924 a 23-02-1926
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Queirós dos Santos
De 23-02-1926 a 24-07-1926
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Sanches Navarro
De 24-07-1926 a 03-03-1927
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Queirós dos Santos
De 03-03-1927 a 21-07-1927
Ernesto Navarro
De 21-07-1927 a 12-03-1929
Rebelo da Silva
De 12-03-1929 a 27-07-1933
Ernesto Navarro
De 27-07-1933 a 19-06-1938
Nunes Frade
De 19-06-1938 a 05-08-1939
Campos Figueira
De 05-08-1939 a 02-09-1942
Diogo Alves Furtado.jpg
Diogo Alves Furtado
De 02-09-1942 a 17-11-1943
10º Torres de Sousa
De 17-11-1943 a 16-09-1944
11º
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Maia de Loureiro
De 16-09-1944 a 19-01-1946
12º
Palmacarlos.jpg
Palma Carlos
De 19-01-1946 a 31-01-1957
13º
Titoarantes.jpg
Tito Arantes
De 31-01-1957 a 07-01-1959
Diogo Alves Furtado.jpg
Diogo Alves Furtado
De 07-01-1959 a 10-05-1961
12º
Palmacarlos.jpg
Palma Carlos
De 10-05-1961 a 19-03-1962
14º
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Salazar Leite
De 19-03-1962 a 10-05-1963
15º
Goismota.jpg
Góis Mota
De 10-05-1963 a 25-05-1965
16º
Andrenavarro.jpg
André Navarro
De 25-05-1965 a 28-07-1965
17º
Amadoaguilar.jpg
Amado de Aguilar
De 28-07-1965 a 04-04-1973
18º
Silveira Machado.JPG
Silveira Machado
De 04-04-1973 a ??-??-19??
19º
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Santos Ferro
De ??-??-19?? a 31-07-1980
20º
Epinheiro.jpg
Emídio Pinheiro
De 31-07-1980 a 03-08-1987
21º
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Calixto Pires
De 03-08-1987 a 25-06-1988
22º
Sam88.JPG
Sérgio Abrantes Mendes
De 25-06-1988 a 23-06-1989
23º
Nunesdasilva.JPG
Nunes da Silva
De 23-06-1989 a 27-06-1991
24º Raposo de Magalhães
De 27-06-1991 a ??-??-199?
25º Santos Monteiro
De ??-??-199? a 02-06-1995
26º
Mgteles.jpg
Miguel Galvão Teles
De 02-06-1995 a 29-04-2006
27º
Rogerio alves.jpg
Rogério Alves
De 29-04-2006 a 05-06-2009
28º
Dias ferreira.jpg
Dias Ferreira
De 06-06-2009 a 14-02-2011
29º
Linodecastro2.jpg
Lino de Castro
De 14-02-2011 a 27-03-2011
30º
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Eduardo Barroso
Desde 27-03-2011

Assembleias Gerais e Momentos Históricos

A crise de 1973

Depois de 8 anos de Presidência, Brás Medeiros já era alvo de uma certa contestação da parte dos sócios, principalmente devido ao desgaste provocado por alguns resultados menos conseguidos da equipa de futebol.

Assim em 1973 foi decidido que se deveria avançar para um novo ciclo, e o Conselho Leonino escolheu Valadão Chagas para liderar essa nova fase. No dia 29 de Março realizou-se uma concorrida Assembleia-Geral eleitoral, onde os sócios do Sporting Clube de Portugal elegeram os Presidentes e Vice-Presidentes dos novos Órgãos Sociais do Clube, com os seguintes resultados:

CONSELHO DIRECTIVO:

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:

No entanto no dia seguinte Valadão Chagas foi convidado por Marcelo Caetano para fazer parte do Governo do País, como Secretário de Estado da Juventude e Desportos, pelo que a 4 de Abril de 1973 tomou formalmente posse, mas renunciou logo de seguida à Presidência do Clube, sendo substituído pelo seu Vice-Presidente Manuel Nazareth, que assumiu interinamente a Presidência do Sporting, até que fosse encontrada uma solução para o vazio, pois afirmou não desejar ser Presidente do Clube, por lhe faltar capacidade e tempo para o desempenho do cargo.

Durante alguns meses o Conselho Leonino encetou diligências no sentido de se encontrar um novo Presidente, acabando por designar João Rocha, que seria eleito pelos sócios leoninos numa Assembleia-Geral eleitoral realizada no dia 7 de Setembro de 1973, que tinha como ponto único da ordem de trabalhos, o preenchimento por eleição dos cargos vagos, o que seria concretizado com os seguintes resultados:

CONSELHO DIRECTIVO:

A crise de 1980

Em 1980 João Rocha despoletou uma crise directiva, queixando-se de falta de apoio para a resolução dos problemas financeiros do Clube e de alguns obstáculos colocados pelos órgãos governativos, que punham em causa a execução da obra que ele tinha planeado para o Sporting, e desafiou a oposição a apresentar listas para as eleições previstas para o mês de Julho.

Chegaram-se a falar de alguns nomes para uma hipotética sucessão, mas ninguém avançou e assim foi convocada uma Assembleia-Geral para o dia 19 de Julho, visando debater a situação e encontrar uma solução para a crise.

Nessa reunião marcada por uma forte onda de apoio à continuidade de João Rocha na liderança do Clube, foi aprovada por unanimidade uma proposta de Nunes dos Santos, no sentido de que fosse agendada uma Assembleia-Geral eleitoral, e de que as listas concorrentes apresentassem o seu programa de acção no Jornal Sporting.

João Rocha que nessa altura defendia estarem criadas as condições para que deixasse de ser o Conselho Leonino a indicar os Órgão Sociais, foi o único a apresentar listas e um programa, onde se propunha a revisão dos Estatutos, o aumento do numero de sócios, o inicio da construção da Cidade Desportiva, de um Pavilhão para as modalidades e de um campo relvado, o fecho do Estádio e a valorização do património imobiliário.

Assim no dia 31 de Julho de 1980 numa Assembleia-Geral eleitoral onde marcaram presença 3680 sócios, foram eleitos Presidente e vice Presidente da Direcção: João Rocha e António Esteves, da Mesa da Assembleia-Geral: Emídio Pinheiro e Roque Lino e do Conselho Fiscal: Nunes dos Santos e Luís Coimbra.

As eleições de 1982

No dia 26 de Fevereiro de 1982 mais de 800 sócios do Sporting Clube de Portugal elegeram pela primeira vez os Órgãos Sociais do Clube, de acordo com a revisão estatutária aprovada no ano anterior. Os Presidentes da Assembleia-Geral: Emídio Pinheiro, da Direcção: João Rocha e do Conselho Fiscal: Nunes dos Santos, foram reeleitos, assim como todos os restantes membros propostos pelo Conselho Leonino, mantendo-se a tradição da ausência de candidaturas alternativas, numa altura em que o Clube navegava em águas tranquilas a reboque dos bons resultados da equipa de futebol.

As eleições de 1984

No dia 5 de Junho de 1984 a Mesa da Assembleia-Geral anunciou em comunicado, que pela primeira vez fora apresentada uma candidatura para todos os corpos gerentes, diversa das listas que no exercício das funções estatutariamente consagradas, iriam ser submetidas a sufrágio pelo Conselho Leonino.

Assim a 29 de Junho de 1984 pela primeira vez há mais do que uma lista a concorrer às eleições para os órgãos sociais do Sporting Clube de Portugal, e o Presidente João Rocha é reeleito, derrotando de forma clara o candidato da oposição Marcelino Brito.

As eleições de 1986

Cansado de 13 anos de lutas, com muitas conquistas e alguns insucessos, João Rocha alegando motivos de saúde resolveu retirar-se, pondo fim à mais longa presidência da história do Sporting Clube de Portugal, deixando como legado uma grande obra, mas também uma situação financeira que não era famosa.

Apesar da retirada do grande líder, desta vez não surgiram listas alternativas, retomando-se a tradição da lista única proposta pelo Conselho Leonino, com Amado de Freitas, o anterior vice-presidente de João Rocha para a área financeira, a ser o escolhido para subir à cadeira presidencial.

Assim mais de 2 mil sócios do Sporting Clube de Portugal compareceram, numa Assembleia-Geral eleitoral realizada no dia 26 de Setembro de 1986, que ficou essencialmente marcada pelas manifestações de reconhecimento para com o Presidente cessante, e na qual foram eleitos Presidentes da Direcção, da Mesa da AG e do Conselho Fiscal: Amado de Freitas com 8754 votos, Emídio Pinheiro com 8941 votos e Borges de Castro com 8997 votos, bem como todos os restantes membros dos Órgãos Sociais do Clube, que continuavam a ser votados individualmente.

As eleições de 1988

Órfãos de um líder carismático como tinha sido João Rocha e descontentes com o rumo que o Clube tinha tomado, os sócios do Sporting Clube de Portugal mobilizaram-se de uma forma nunca antes vista, para disputa eleitoral de 1988, onde para além do candidato proposto pelo Conselho Leonino, o Coronel António Figueiredo, concorreram António Simões, um gestor da firma Brás&Brás, que prometia um milhão de contos para investir no futebol, e Jorge Gonçalves, o popular "bigodes", que poucos meses antes tinha trazido Frank Rijkaard para o Sporting, e que agora garantia ter mais "unhas" para o Leão, prometendo reforçar fortemente a equipa de futebol do Sporting, para além de se propor a transformar o Conselho Leonino num mero órgão consultivo, reduzindo-lhe o numero de membros e retirando-lhe o poder de indigitar listas candidatas às eleições para os Órgãos Sociais do Clube.

Os resultados destas eleições foram reveladores da ânsia de mudança dos sócios leoninos, que deram a vitória a Jorge Gonçalves com 63,4% dos votos, contra 21,6% de António Simões e apenas 14,9% para António Figueiredo, numa Assembleia-Geral eleitoral realizada no dia 24 de Junho de 1988, na qual votaram 17093 sócios.

Resultados finais oficiais:

DIRECÇÃO:

  • LISTA A – António Simões - 21,6 % – 3111 sócios/15160 votos
  • LISTA B – Jorge Gonçalves - 63,4 % – 12442 sócios/44437 votos
  • LISTA C – António Figueiredo - 14,9 % – 1640 sócios/10472 votos
  • Brancos 23 Nulos 25

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:

  • LISTA A – 21,4 % – 3058 sócios/14957 votos
  • LISTA B – 63,3 % – 12273 sócios/44055 votos
  • LISTA C – 15,2 % – 1706 sócios /10571 votos
  • Brancos 86 Nulos 28

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:

  • LISTA A – 21,9 % – 3184 sócios/15277 votos
  • LISTA B – 62,7 % – 12244 sócios/43768 votos
  • LISTA C – 15,4 % – 1730 sócios/10760 votos
  • Brancos 83 Nulos 28

A crise de 1989

A Presidência de Jorge Gonçalves foi curta e muito tumultuosa, pois a sua vitória nas eleições de Junho de 1988, significou uma rotura total com o passado, assentando essencialmente num grande apoio popular, resultante de uma natural vontade de mudar, numa altura em que o futebol do Sporting se começava a atrasar em relação aos seus dois maiores rivais, que viviam momentos de grande pujança.

Jorge Gonçalves ao hostilizar as elites que sempre tinham dirigido o Sporting, provocou uma irremediável cisão no Clube, e quando a sua aposta na construção de uma grande equipa de futebol, falhou, principalmente devido à falta de sustentabilidade financeira do seu projecto, verificou que estava praticamente sozinho, sem ninguém para amparar uma queda inevitável.

A 17 de Outubro de 1988 realizou-se uma dramática Assembleia-geral, que foi interrompida depois da intervenção da Policia para pôr termo aos insultos e agressões entre sócios leoninos, com a facção de João Rocha a ser particularmente visada pelos apoiantes da Direcção. Esta reunião magna seria retomada no dia 18 de Fevereiro de 1989, altura em que finalmente foram aprovadas as alterações estatutárias, que reduziram substancialmente os poderes do Conselho Leonino, mas que mais uma vez não chegou ao fim.

Entretanto os problemas avolumavam-se e as demissões sucediam-se, numa altura em que já não havia dinheiro para nada, até que no dia 17 de Abril, o Conselho Fiscal e Disciplinar, apresentou a sua demissão colectiva, acusando a Direcção de "actos de gestão considerados pouco claros, anómalos, ou mesmo danosos para os interesses do Clube".

Nessa mesma altura o Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Sérgio Abrantes Mendes, convidou Jorge Gonçalves e a sua Direcção a demitirem-se, por não terem condições para o cumprimento do seu mandato, considerando "um falhanço total" o projecto de mudança iniciado em Junho de 1988, ao mesmo tempo que dava por encerrada a Assembleia Geral já duas vezes anteriormente interrompida, e aceitava o pedido de demissão do Conselho Fiscal, prometendo iniciar contactos no sentido de se encontrar uma solução transitória, até à realização de novas eleições.

Jorge Gonçalves que nessa altura estava na Holanda à procura de financiamento, respondeu que se encontrava naquele país a tentar abrir as portas que se tinham fechado em Portugal, queixando-se de ter sido abandonado por todos, mas manifestando ainda acreditar na sua capacidade de dar a volta por cima.

No dia 16 de Maio aconteceu o inevitável, a Direcção e a Mesa da Assembleia-Geral apresentaram os seus pedidos de demissão colectiva, ficando determinado que todos se mantinham em funções para efeitos de meros actos de gestão da vida corrente do Clube, até à realização de novas eleições que foram marcadas para o dia 23 de Junho.

As eleições de 1989

No meio de uma crise financeira nunca antes vista, e perante a demissão em bloco da Direcção liderada por Jorge Gonçalves, o Presidente da Mesa da Assembleia-Geral Sérgio Abrantes Mendes, convocou para o dia 23 de Junho de 1989, uma Assembleia-Geral eleitoral extraordinária, que mais uma vez foi extremamente concorrida, contando com a presença de 15299 sócios.

Pedro Santana Lopes surge como o candidato de um consenso que não seria possível encontrar, e assim avançam quatro concorrentes, entre os quais o Presidente e um vice-presidente da Direcção cessante, que foram fortemente penalizados pelos sócios leoninos, com Jorge Gonçalves a obter apenas 10,2 % dos votos, mas mesmo assim conseguindo ficar à frente de Miguel Catela, que só teve 109 votos, que correspondiam a 0,17%, depois de ter sido alvo de graves acusações num manifesto dirigido aos sportinguistas.

António Simões, foi outro repetente da eleições do ano anterior, mas mais uma vez ficou no 2º lugar, apesar de ter melhorado ligeiramente o seu resultado, ficando-se pelos 25,2% dos votos.

A escolha dos sócios leoninos recaiu em Sousa Cintra, um empresário de sucesso mas até aí desconhecido, que apesar de ter entrado na corrida muito tarde, conseguiu recolher 64,3% dos votos, muito por força de ter acenado com a sua fortuna pessoal, como garantia para resolver no imediato os graves problemas financeiros de um Clube atolado em dívidas e com um passivo na altura estimado em 2,5 milhões de contos.

Cintra sem oposição

A popularidade de Sousa Cintra permitiu-lhe ser reeleito por duas vezes sem oposição, em Assembleias-Gerais eleitorais realizadas em 1991 e 1993, nas quais marcaram presença respectivamente 5975 e 3088 sócios, com uma redução para quase metade dos votantes de uma para a outra, que já reflectia algum desencanto da parte dos sócios, em relação ao rumo que o Clube levava.

De acordo com a revisão estatutária de Fevereiro de 1989, os mandatos dos Órgãos Sociais do Clube deveriam passar a coincidir com os anos civis, pelo que de acordo com a leitura de Nunes da Silva, o Presidente da Mesa da Assembleia-Geral, as eleições teriam de se realizar no mês de Dezembro.

No entanto surgiram algumas vozes discordantes desta leitura, e em Junho de 1991 Sousa Cintra numa jogada de antecipação, demitiu-se em conjunto com a sua Direcção, alegando que o seu mandato era de 2 anos, pelo que já estava concluído, obrigando assim à realização de eleições antecipadas.

Amílcar Roque, Dias Ferreira e Sérgio Abrantes Mendes, surgiram na altura como os possíveis candidatos da oposição, chegando mesmo a haver um entendimento entre os três, para avançarem numa lista única, liderada pelo terceiro, que também contava com o apoio de José Roquete e Carlos Monjardino, mas que acabou por não avançar, por se considerar que as eleições só se poderiam realizar depois da Direcção apresentar as contas referentes ao ano de 1990, para que então os sócios pudessem avaliar o trabalho realizado por Sousa Cintra.

Indiferente a esta polémica, Nunes da Silva marcou a Assembleia-Geral eleitoral extraordinária para o dia 27 de Junho de 1991, à qual acorreram 5975 sócios leoninos, 96,9% dos quais deram um voto de confiança à lista única proposta por Sousa Cintra.

Resultados finais oficiais:

DIRECÇÃO:

  • LISTA A – Sousa Cintra - 96,9 % – 5790 sócios/28404 votos
  • Brancos 112 Nulos 73

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:

  • LISTA A – Raposo Magalhães 96,9 % – 5776 sócios/28423 votos
  • Brancos 143 Nulos 42

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:

  • LISTA A – Menezes Rodrigues - 96,5 % – 5752 sócios/28288 votos
  • Brancos 152 Nulos 56

Dois anos e meio depois tudo se passou de uma forma mais tranquila e de acordo com os Estatutos. Assim no dia 28 de Dezembro de 1993 foram aprovados o Relatório e as Contas do ano de 1992, e no dia seguinte realizou-se a Assembleia-Geral eleitoral ordinária, onde marcaram presença 3088 sócios, que reelegeram os Órgãos Sociais propostos nas listas lideradas por Sousa Cintra, Raposo de Magalhães e Menezes Rodrigues, que concorreram mais uma vez sem oposição.

Resultados finais oficiais:

DIRECÇÃO:

  • LISTA A – Sousa Cintra - 95,6 % – 2977 sócios/16630 votos
  • Brancos e Nulos 111

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:

  • LISTA A – Raposo Magalhães 98,1 % – 3037 sócios/17074 votos
  • Brancos e Nulos 51

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:

  • LISTA A – Menezes Rodrigues - 98,3 % – 3032 sócios/17099 votos
  • Brancos e Nulos 56

O arranque do Projecto Roquete

Terminado o ciclo de Sousa Cintra, o chamado "Projecto Roquete" foi recebido com entusiasmo pelos sócios leoninos, que elegeram os novos Órgãos Sociais liderados por Miguel Galvão Teles, Pedro Santana Lopes e José Roquete, numa Assembleia-Geral eleitoral realizada no dia 2 de Junho de 1995, na qual marcaram presença 8856 sócios, um novo recorde para eleições com listas únicas.

A passagem de testemunho foi tranquila, com Sousa Cintra a cumprir o que tinha prometido dois anos antes, quando afirmara que aquele seria o seu último mandato, desde que aparecesse uma alternativa credível.

O Presidente cessante foi efusivamente saudado pelos milhares de sócios presentes no acto eleitoral, altura em que aproveitou para agradecer por lhe terem dado a oportunidade de dirigir o Sporting durante 6 anos, ao mesmo tempo que desejava felicidades e se colocava à disposição da nova Direcção.

O grande momento da noite estava guardado para a entrada em cena dos novos dirigentes leoninos, que foram entusiasticamente recebidos pelos cerca de 5 mil sportinguistas que se estimava estarem presentes na hora do anuncio dos resultados e consequente tomada de posse.

Resultados finais oficiais:

DIRECÇÃO:

  • LISTA A – Santana Lopes - 99,2 % – 8790 sócios/48666 votos
  • Brancos 32 Nulos 34

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:

  • LISTA A – Miguel Galvão Teles 99,3 % – 8803 sócios/48736 votos
  • Brancos 36 Nulos 17

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:

  • LISTA A – José Roquete - 99,3 % – 8805 sócios/48762 votos
  • Brancos 29 Nulos 22

Viveu-se então um período de relativa estabilidade e sem oposição visível, o que permitiu que José Roquete o mentor do "projecto", que tinha começado por presidir ao Conselho Fiscal, fosse cooptado para a Presidência da Direcção, após a demissão de Santana Lopes, e mais tarde, já depois da aprovação dos novos estatutos, foi formalmente eleito como Presidente da Direcção, para completar um mandato que pela primeira vez era alargado para quatro anos, numa Assembleia-Geral eleitoral extraordinária, realizada para o efeito no dia 25 de Outubro de 1996, na qual marcaram presença 4432 sócios

Resultados finais oficiais:

CONSELHO DIRECTIVO:

  • LISTA A – José Roquete - 99,2 % 4401 sócios/27258 votos
  • Brancos 5 Nulos 26

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:

  • LISTA A – Miguel Galvão Teles 99,2 % – 4403 sócios/27278 votos
  • Brancos 5 Nulos 24

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:

  • LISTA A – Faria de Oliveira - 99,2 % – 4403 sócios/27278 votos
  • Brancos 5 Nulos 24

CONSELHO LEONINO:

  • LISTA A - Salvador Marques Júnior - 98,9% - 4396 sócios/27193 votos
  • Brancos 7 Nulos 29

A equipa de José Roquete seria reeleita numa Assembleia-Geral eleitoral extraordinária, realizada no dia 12 de Fevereiro de 1999, que tinha como objectivo concretizar a reestruturação dos Órgãos Sociais do Clube, criando uma maior correspondência entre o Conselho Directivo e o sistema empresarial do Sporting, e na qual marcaram presença 2936 sócios.

Resultados finais oficiais:

CONSELHO DIRECTIVO:

  • LISTA A – José Roquete - 97,9 % 2874 sócios/19152 votos
  • Brancos 43 Nulos 19

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:

  • LISTA A – Miguel Galvão Teles 97,9 % – 2881 sócios/19163 votos
  • Brancos 44 Nulos 11

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:

  • LISTA A – Faria de Oliveira - 97,1 % – 2865 sócios/18993 votos
  • Brancos 56 Nulos 15

CONSELHO LEONINO:

  • LISTA A - Maria de Lurdes Castro - 96,9% - 2837 sócios/18953 votos
  • Brancos 75 Nulos 24

A crise de 1999

Três anos depois de ter sido eleito Presidente do Sporting Clube de Portugal, José Roquete ouvia as primeiras vozes de contestação, resultantes como de costume dos maus resultados do futebol, que continuava sem ganhar.

No dia 20 de Setembro de 1999 o Sporting empatou em Alvalade com o Estrela da Amadora, e no final do jogo alguns sócios e elementos da Juventude Leonina "apertaram" o Presidente nas instalações do Clube, uma situação que José Roquete considerou intolerável e incompatível com a tradição e valores históricos do Clube, indo ao ponto de afirmar que aquilo não era o verdadeiro Sporting.

Chegou a ser ponderada a realização de uma Assembleia-Geral extraordinária para tratar especificamente de questões relacionadas com a Juventude Leonina, o que acabou por ser considerado como insuficiente para mobilizar "o Sporting autêntico", pelo que se optou por dramatizar a situação, através da demissão colectiva dos Órgãos Sociais do Clube.

Assim foi convocada uma Assembleia-Geral eleitoral extraordinária, para o dia 5 de Novembro de 1999, mas apesar de José Roquete ter desafiado a oposição a aparecer, afirmando que ela existia mas estava escondida atrás da cortina, apenas foi apresentada uma lista alternativa para o Conselho Leonino, que era liderada por Subtil de Sousa e que conseguiu eleger cinco conselheiros.

6436 sócios do Sporting Clube de Portugal, responderam aos apelos de José Roquete, que tinha pedido uma participação massiva, num acto eleitoral que servia essencialmente para confirmar que os sportinguistas continuavam a acreditar no "projecto" e assim reforçar a posição do seu líder.

Resultados finais oficiais:

CONSELHO DIRECTIVO:

  • LISTA A – José Roquete - 96,2 % 39195 votos
  • Brancos 989 Nulos 562

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:

  • LISTA A – Miguel Galvão Teles 96,9 % – 39447 votos
  • Brancos 868 Nulos 377

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:

  • LISTA A – Faria de Oliveira - 96,6 % – 39377 votos
  • Brancos 987 Nulos 395

CONSELHO LEONINO:

  • LISTA A - Maria de Lurdes Castro - 90,2% - 35639 votos
  • LISTA B - Subtil de Sousa - 9,8% - 3879 votos
  • Brancos 633 Nulos 638

Depois de apurados os resultados eleitorais, os novos Órgão Sociais foram empossados e José Roquete declarou a sua satisfação pela resposta dada pelos sócios, mostrando-se convicto de que os acontecimentos ocorridos depois do jogo com o Estrela da Amadora não se repetiriam, e manifestando esperança nas gerações mais jovens, sobre as quais assumiu ter o dever de exercer funções pedagógicas, no sentido de serem mantidas as tradições e postura cívica associadas à cultura do Clube.

Aproveitou ainda para dar as boas vindas aos membro do Conselho Leonino eleitos pela Lista B, e anunciar que as grandes obras da construção do novo estádio e do centro de estágio, estavam prestes a arrancar e que Luís Duque iria assumir a presidência da SAD.

A crise de 2000

18 anos depois o Sporting tinha sido finalmente Campeão, a popularidade de José Roquete voltava a estar em alta, mas o Presidente da SAD Luís Duque era também reconhecido por todos como uma peça fundamental para o sucesso do futebol leonino na época de 1999/00.

Quando tudo apontava para que o Clube tivesse finalmente encontrado o rumo certo, os dois homens mais fortes do universo leonino entraram em choque e José Roquete demitiu-se no dia 2 de Agosto de 2000, sendo substituído pelo seu vice-presidente Dias da Cunha.

As eleições de 2002

A 12 de Julho de 2002 António Dias da Cunha que tinha assumido a Presidência do Clube depois da demissão de José Roquete, foi reconduzido na Presidência do Clube, após uma Assembleia-Geral eleitoral em que não teve oposição, e na qual participaram apenas 2456 sócios, o que já reflectia algum desencanto dos associados, em relação a um projecto que ficara aquém das expectativas. Este mandato seria alargado para 4 anos para que Dias da Cunha pudesse ser o Presidente no ano do centenário, o que no entanto não viria a acontecer, porque ele se demitiu no dia 19 de Outubro de 2005, sendo substituído pelo seu vice-presidente Soares Franco.

As eleições de 2006

Quase 11 anos depois do arranque do Projecto Roquete, surgia finalmente uma oposição organizada à lista da continuidade, liderada por Filipe Soares Franco que foi reconduzido na Presidência do Sporting Clube de Portugal que já ocupava desde a demissão de Dias da Cunha, ao ganhar as eleições realizadas no dia 28 de Abril de 2006, nas quais participaram 8100 sócios, recolhendo 74,2% dos votos, contra 25,3% de Sérgio Abrantes Mendes e 0,6% de Guilherme Lemos, um antigo dirigente do Estrela da Amadora, completamente desconhecido dos sportinguistas, e que surpreendentemente se candidatou, apesar de se afirmar como um defensor do "Projecto Roquete", ao qual dizia querer dar seguimento.

Estas eleições ficaram essencialmente marcadas pela discussão à volta da reestruturação financeira defendida por Filipe Soares Franco, que previa a venda do património não desportivo do Clube (Edifício Visconde de Alvalade, Alvaláxia, Holmes Place e Clínica CUF), visando a redução do passivo para valores à volta dos 150 milhões €, ao qual se opunha de uma forma frontal o candidato Sérgio Abrantes Mendes, que tinha sido um dos primeiros sócios a manifestar-se contra o rumo do Clube na era do Projecto Roquete, defendendo a rotura total com esse passado recente do Sporting.

Resultados finais oficiais:

CONSELHO DIRECTIVO:

  • LISTA A – 74,2 % – 5949 sócios/ 39528 votos
  • LISTA B – 25,3 % – 2018 sócios/13469 votos
  • LISTA C – 0,6 % – 54 sócios/297 votos

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:

  • LISTA A – 74,7 % – 5933 sócios/ 39539 votos
  • LISTA B – 24,3 % – 1915 sócios/12835 votos
  • LISTA C – 1,0 % – 107 sócios /527 votos

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:

  • LISTA A – 74,3 % – 5902 sócios/ 39319 votos
  • LISTA B – 25,0 % – 1982 sócios/ 13232 votos
  • LISTA C – 0,6 % – 69 sócios/ 336 votos

A Assembleia-Geral extraordinária de 29 de Maio de 2008

Depois de ter conseguido concretizar a venda do património não desportivo do Clube, Filipe Soares Franco planeava dar seguimento à reestruturação financeira que tinha idealizado, e nesse sentido convocou uma Assembleia-Geral extraordinária, que se realizou no dia 29 de Maio de 2008, na qual foram em conjunto, sujeitas à aprovação dos sócios as seguintes medidas:

  • Autorizar a venda da Sociedade Comércio e Serviços (SCS) à SAD;
  • Autorizar o trespasse da Academia do Sporting em Alcochete para a SAD;
  • Mandatar a direcção para propor e votar favoravelmente estas duas medidas na assembleia de accionistas da SAD e a emissão de obrigações (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis - VMOC's), no valor de 60 milhões de euros, por esta sociedade.

De acordo com a interpretação da Direcção, apenas o primeiro ponto em discussão, carecia da aprovação de uma maioria qualificada de dois terços dos votos dos associados do Sporting Clube de Portugal, no entanto Filipe Soares Franco foi logo avisando que a não aprovação destas medidas na sua totalidade, inviabilizaria o seu projecto, pelo que nesse caso levaria o seu mandato até ao fim, mas não estaria disposto a recandidatar-se à Presidência do Clube.

Assim o Presidente do Sporting desdobrou-se em sessões de esclarecimento e declarações à comunicação social, no sentido de explicar as suas propostas que envolviam uma serie de complexas engenharias financeiras, que segundo Soares Franco permitiriam ao Sporting reduzir o seu passivo para aproximadamente 139 milhões €, em cinco anos, e assim aumentar a competitividade desportiva do Clube.

Para isso seria necessário o trespasse da Academia Sporting/Puma para a Sporting Sociedade Desportiva de Futebol, SAD, por uma verba de cerca de 22 milhões €, vender a totalidade do capital detido pelo Clube, da Sporting Comércio e Serviços, SA (SCS), também à SAD, o que seria compensado com a emissão de Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC's), até ao montante de 60 milhões de euros, que no prazo máximo de cinco anos seriam convertidos em acções da Sporting SAD, a um valor nominal de 2 euros cada.

Mas de acordo com a oposição, as vendas previstas subavaliavam e empobreciam o já reduzido património do Sporting Clube de Portugal, e conversão das VMOC’s em acções da Sporting SAD, envolviam grandes riscos de perda da a maioria do capital social da SAD, pela parte do Clube.

Depois de muitas discussões, a dita Assembleia Geral realizou-se no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, onde 63,7% dos cerca de 1200 sócios do Sporting Clube de Portugal que marcaram presença, votaram favoravelmente às propostas da Direcção, não se atingindo assim dois terços necessários para dar vencimento à totalidade do projecto de Filipe Soares Franco.

As eleições de 2009

Apesar de muito pressionado para continuar, Filipe Soares Franco cumpriu o que havia dito e não se recandidatou, mas de imediato se perfilaram inúmeros candidatos a candidatos. Rogério Alves, Ferreira da Silva, Meneses Rodrigues, Carlos Barbosa e Carlos Barbosa da Cruz, foram alguns dos nomes falados, que nunca se chegaram a assumir como candidatos, ao contrário de Pedro Pinto Souto e Dias Ferreira, que viriam a desistir, o primeiro quando José Eduardo Bettencourt resolveu avançar, e o segundo a troco do lugar de Presidente da Mesa da Assembleia-Geral, nas listas deste.

Do lado da oposição surgiu uma candidatura que teve a sua génese em movimentos nascidos na internet, que no entanto tiveram algumas dificuldades em organizar-se e principalmente para encontrarem um líder. O escolhido acabou por ser Paulo Pereira Cristóvão, um ex inspector da Policia Judiciaria.

Nasceu assim a candidatura "Ser Sporting" sob o lema "o regresso aos sócios" e com um vasto programa que que visava promover um novo estreitamento da relação entre o clube e os seus sócios e adeptos, com medidas que se repartiam pelos temas Clube e Sócios, Ecletismo e Modalidades, Futebol, Finanças, Comercial e Marketing e Património.

Bettencourt recusou fazer debates com o seu opositor, prometendo apenas dar seguimento ao trabalho de Soares Franco, quer na área desportiva, onde garantiu fidelidade a Paulo Bento, com o célebre slogan "Bento forever", quer na área financeira, onde se propunha a concluir a reestruturação iniciada pelo Presidente cessante, mas fugindo a grandes explicações, alegadamente por não querer maçar os sócios com as complexas engenharias financeiras que estavam programadas.

A campanha não chegou a aquecer muito, tal era a diferença de meios entre as partes. José Eduardo Bettencourt apareceu como o menino pródigo do "Projecto Roquete", cuja imagem de sócio apaixonado, contrastava com a frieza do seu antecessor, que só tinha duas horas por dia para dedicar ao Sporting, ao contrario dele que vinha para ser Presidente remunerado e a tempo inteiro, enquanto do lado contrário, a lista da oposição nunca conseguiu descolar da imagem de um grupo de bons rapazes, sem experiência nem meios para conduzir um Clube da dimensão do Sporting.

Assim no dia 5 de Junho de 2009 José Eduardo Bettencourt foi eleito Presidente do Sporting Clube de Portugal, recebendo a confiança de 89,4% dos 11360 sócios que marcaram presença na Assembleia-Geral eleitoral realizada nesse dia.

Resultados finais oficiais:

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:

  • LISTA A - Santos Ferro - 12,39 % 1398 sócios/ 8430 votos
  • LISTA C - Dias Ferreira - 87,61 % 9887 sócios/ 63377 votos

CONSELHO DIRECTIVO:

  • LISTA A - Paulo Pereira Cristóvão - 10,57 % 1199 sócios/ 6926 votos
  • LISTA C - José Eduardo Bettencourt - 89,43 % 10142 sócios/ 65540 votos

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:

  • LISTA A - Rodrigues Henriques - 11,46 % 1293 sócios/ 7497 votos
  • LISTA C - Agostinho Abade - 88,54 % 9990 sócios/ 64572 votos

CONSELHO LEONINO:

  • LISTA A - 7,8 % 913 sócios/ 5347 votos
  • LISTA B - 7,51 % 988 sócios/ 5146 votos
  • LISTA C - 84,69 % 9275 sócios/ 58064 votos

As eleições de 2011

Depois do falhanço de José Eduardo Bettencourt que se demitiu em 15 de Janeiro de 2011, pela primeira vez estava realmente em perigo a continuidade do "Projecto Roquete", ou do que dele restava, e assim a Assembleia Geral eleitoral extraordinária foi agendada com mais de dois meses de antecedência, para o dia 26 de Março de 2011, dando origem a um longo e muito concorrido e mediático processo eleitoral, marcado por inúmeros e pouco esclarecedores debates televisivos.

O primeiro candidato a candidato a aparecer foi o empresário Brás da Silva, que anunciou ter um fundo de 50 milhões € para investir no futebol, o que logo levantou suspeitas sobre a origem desse capital, que se dizia que viria de Angola, mas a verdade é que este candidato depressa desistiu, afirmando-se traído e alvo de ameaças.

Outro nome muito falado foi o de João Rocha Jr., que manteve o tabu da sua candidatura, ao ponto de nunca ter dito uma única palavra sobre ela, ou sobre qualquer outra coisa relacionada com estas eleições.

Do nada surgiu o jovem Bruno Carvalho, que acabaria por ser a grande figura destas eleições, também ele com um muito discutido fundo de 50 milhões €, este com origem na Rússia, aonde o candidato se deslocou para apresentar os seus investidores. Para além disso Carvalho apresentou como os seus principais trunfos, o mediático comentador Eduardo Barroso na posição de candidato à Presidência da Mesa da Assembleia Geral, Augusto Inácio como vice-presidente para a área do futebol e o holandês Van Basten, para treinador.

Dias Ferreira finalmente assumiu-se mesmo como candidato, apostando em nomes sonantes como Paulo Futre para Director Desportivo, o que causou algum mau estar entre os que não tinham esquecido as traições daquele que foi um dos melhores produtos da formação leonina, e o prestigiado treinador holandês Frank Rijkaard, que mais uma vez entrava na órbita do Sporting.

Mas o momento inesquecível desta campanha, foi a conferência de imprensa em que Futre anunciou uma longa lista de craques que prometia contratar, e que era encerrada com o melhor jogador chinês da actualidade, que segundo ele iria trazer a Portugal charters cheios de chineses, para assistirem aos jogos do Sporting.

Outro candidato foi Pedro Baltazar, que até há bem pouco tempo tinha sido o maior investidor privado da SAD. Prometeu ser um Presidente à imagem de João Rocha e manter José Couceiro à frente do futebol, apostando no brasileiro Zico para o lugar de treinador, mas mostrou algumas dificuldades de comunicação e exagerou nos ataques ao candidato Bruno Carvalho.

Sérgio Abrantes Mendes e Zeferino Boal seriam os outros dois candidatos, sendo que o segundo desistiria a troco do primeiro lugar na lista de candidatos ao Conselho Leonino, do primeiro, que desta vez apareceu com um discurso tão ponderado e realista, como pouco entusiasmante. Também prometeu manter José Couceiro à frente do futebol, e apostou num treinador brasileiro, mas neste caso era Dunga o escolhido.

Do lado da situação, Rogério Alves foi o primeiro nome a ser falado, mas acabou por ser apenas candidato à Presidência da Mesa da Assembleia-Geral, aparecendo Godinho Lopes como cabeça de uma lista que tentou ser o mais abrangente possível, incluindo nomes como Nobre Guedes, Pereira Cristóvão ou Carlos Barbosa.

Godinho Lopes foi atacado por todos como sendo o candidato da continuidade, negando sempre esse rotulo, e apostando tudo no prestigio da dupla Luís Duque e Carlos Freitas, como os homens fortes do futebol, à medida que ia deixando sair alguns nomes de jogadores a contratar, para além de nunca ter negado que o seu treinador era Domingos Paciência.

O desenrolar da campanha levou a uma bipolarização, com Bruno Carvalho sempre a subir, e a ser entusiasticamente apoiado por uma camada de sócios mais jovens, enquanto do outro lado, Godinho Lopes se sustentava no apoio dos sócios mais antigos e conservadores. Assim as sondagens davam um empate técnico, com ligeira vantagem para Carvalho.

A noite eleitoral foi longa e agitada. Uma sondagem à boca das urnas, dava a vitória a Bruno Carvalho, e à medida que a contagem dos votos se ia arrastando pela noite dentro, os rumores da vitória do candidato da rotura iam aumentando, enquanto os seus apoiantes já faziam a festa. Mas por volta da 6 da manhã Godinho Lopes foi anunciado como vencedor, por uma margem de 360 votos, num universo de mais de 91 mil, que correspondiam a 14560 sócios votantes, o que acabou por gerar a revolta dos que cá fora já estavam convencidos de que o momento da mudança tinha chegado, e que impediram o tradicional discurso de vitória e a aclamação do Presidente eleito, cerimonia que se viria a realizar à porta fechada no Auditório do Estádio.

Para adensar a confusão e as dúvidas, Eduardo Barroso foi eleito Presidente da Mesa da Assembleia-Geral, não tendo comparecido na cerimonia de posse, enquanto lá fora Bruno Carvalho apelava à calma dos seus apoiantes e prometia não baixar os braços.

De facto, no dia seguinte o candidato derrotado declarou que iria interpor uma providencia cautelar, para declarar como nulos os resultados daquelas eleições, que pretendia impugnar, alegando diversas inconformidades, nomeadamente no que diz respeito às diferenças entre o numero de sócios registados e numero de sócios votantes em cada um dos órgãos sociais.

No entanto a referida providência cautelar seria indeferida pelo Tribunal e Bruno Carvalho abdicaria da impugnação, prometendo ficar vigilante e voltar a candidatar-se.

Resultados finais oficiais:

CONSELHO DIRECTIVO

Total de votos

  • LISTA A - Godinho Lopes - 33275 - 36,55%
  • LISTA B - Pedro Baltazar - 8013 - 8,80%
  • LISTA C - Bruno Carvalho - 32915 - 36,15%
  • LISTA D - Dias Ferreira - 15062 - 16,54%
  • LISTA E - Abrantes Mendes - 1777 - 1,95%

Total de sócios votantes

  • LISTA A - 4511 - 30,98%
  • LISTA B - 1191 - 8,18%
  • LISTA C - 6047 - 41,53%
  • LISTA D - 2552 - 17,53%
  • LISTA E - 259 - 1,78%

Votos brancos/nulos

  • Quantidade de votos: 440
  • Quantidade de sócios: 59

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL

Total de votos

  • LISTA A - Rogério Alves - 33396 - 36,88%
  • LISTA B - Santana Lopes - 8881 - 9,81%
  • LISTA C - Eduardo Barroso - 34417 - 38,01%
  • LISTA D - Melo Medeiros 11341 - 12,52%
  • LISTA E - Soares Machado 2524 - 2,79%

Total de sócios

  • LISTA A - 4533 - 31,35%
  • LISTA B - 1384 - 9,57%
  • LISTA C - 6247 - 43,21%
  • LISTA D - 1912 - 13,22%
  • LISTA E - 382 - 2,64%

Votos brancos/nulos

  • Quantidade de votos: 740
  • Quantidade de sócios: 125

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR

Total de votos

  • LISTA A - Mello Franco - 33899 - 37,64%
  • LISTA B - Valença Pinto - 7750 - 8,60%
  • LISTA C - Vieira Sampaio - 27778 - 30,84%
  • LISTA D - António Samagaio - 12530 - 13,91%
  • LISTA E - Alexandre Mestre - 2161 - 2,40%
  • LISTA F - Frederico Abreu - 5952 - 6,61%

Total de sócios

  • LISTA A - 4658 - 32,47%
  • LISTA B - 1141 - 7,95%
  • LISTA C - 5080 - 35,41%
  • LISTA D - 2075 - 14,46%
  • LISTA E - 343 - 2,39%
  • LISTA F - 1050 - 7,32%

Votos em branco/nulos

  • Quantidade de votos: 1380
  • Quantidade de sócios: 252

CONSELHO LEONINO

Total de votos

  • LISTA A - 27513 - 30,74%
  • LISTA B - 6165 - 6,89%
  • LISTA C - 17250 - 19,28%
  • LISTA D - 11456 - 12,80%
  • LISTA E - 1925 - 2,15%
  • LISTA G - 3865 - 4,32%
  • LISTA H - 12840 - 14,35%
  • LISTA I - 5496 - 6,14%
  • LISTA J - 2982 - 3,33%

Quantidade de sócios

  • LISTA A - 3726 - 25,93%
  • LISTA B - 927 - 6,45%
  • LISTA C - 3138 - 21,84%
  • LISTA D - 1883 - 13,10%
  • LISTA E - 290 - 2,02%
  • LISTA G - 634 - 4,41%
  • LISTA H - 2172 - 15,12%
  • LISTA I - 1140 - 7,93%
  • LISTA J - 459 - 3,19

Votos em branco/nulos

  • Quantidade de votos: 1091
  • Quantidade de sócios: 167