|
Dados de Joseph Szabo |
|
Nome |
Joseph Szabo
|
Nascimento |
11 de Maio de 1896
|
Naturalidade |
Gonyo - Hungria -
|
Posição |
Treinador
|
Escalão
|
Época
|
Clube
|
Obs.
|
Jogos
|
V
|
E
|
D
|
Titulos
|
AFP |
1930/31 |
FC Porto |
|
|
|
|
|
Campeonato do Porto
|
AFP |
1931/32 |
FC Porto |
|
|
|
|
|
Campeonato do Porto Campeonato de Portugal
|
AFP |
1932/33 |
FC Porto |
|
|
|
|
|
Campeonato do Porto
|
AFP |
1933/34 |
FC Porto |
|
|
|
|
|
Campeonato do Porto
|
1ª Liga |
1934/35 |
FC Porto |
|
|
|
|
|
Campeonato do Porto Campeonato da Liga
|
1ª Liga |
1935/36 |
FC Porto |
|
|
|
|
|
Campeonato do Porto
|
|
1935/36 |
Sp. Braga |
|
|
|
|
|
|
|
1936/37 |
Sp. Braga |
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1936/37 |
SPORTING |
|
7 |
5 |
0 |
2 |
|
1ª Divisão |
1937/38 |
SPORTING |
|
31 |
25 |
3 |
3 |
Campeonato de Lisboa Campeonato de Portugal
|
1ª Divisão |
1938/39 |
SPORTING |
|
30 |
21 |
4 |
5 |
Campeonato de Lisboa
|
1ª Divisão |
1939/40 |
SPORTING |
|
32 |
26 |
3 |
3 |
|
1ª Divisão |
1940/41 |
SPORTING |
|
31 |
26 |
1 |
4 |
Campeonato de Lisboa Campeonato Nacional Taça de Portugal
|
1ª Divisão |
1941/42 |
SPORTING |
|
35 |
26 |
1 |
8 |
Campeonato de Lisboa
|
1ª Divisão |
1942/43 |
SPORTING |
|
31 |
24 |
2 |
5 |
Campeonato de Lisboa
|
1ª Divisão |
1943/44 |
SPORTING |
|
30 |
19 |
6 |
5 |
Campeonato Nacional Taça Império
|
1ª Divisão |
1944/45 |
SPORTING |
|
28 |
20 |
3 |
5 |
Campeonato de Lisboa
|
2ª Divisão |
1944/45 |
Sp. Braga |
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1945/46 |
FC Porto |
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1946/47 |
FC Porto |
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1947/48 |
Olhanense |
|
|
|
|
|
|
2ª Divisão |
1948/49 |
Portimonense |
|
|
|
|
|
|
2ª Divisão |
1949/50 |
Oriental |
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1950/51 |
Sp. Braga |
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1951/52 |
Sp. Braga |
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1952/53 |
Atlético |
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1953/54 |
SPORTING |
Treinador de campo |
34 |
25 |
4 |
5 |
Campeonato Nacional Taça de Portugal
|
|
1954/55 |
|
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1955/56 |
Caldas |
|
|
|
|
|
|
2ª Divisão |
1956/57 |
Sp. Braga |
|
|
|
|
|
|
2ª Divisão |
1957/58 |
Leixões |
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1958/59 |
Torrense |
|
|
|
|
|
|
2ª Divisão |
1959/60 |
Caldas |
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1960/61 |
Sp. Braga |
|
|
|
|
|
|
2ª Divisão |
1961/62 |
Portimonense |
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1962/63 |
Barreirense |
|
|
|
|
|
|
1ª Divisão |
1963/64 |
Barreirense |
|
|
|
|
|
|
2ª Divisão |
1964/65 |
Vila Real |
|
|
|
|
|
|
Selecção |
1964/65 |
Angola |
|
|
|
|
|
|
Total = |
|
288 |
216 |
27 |
45 |
|
Joseph Szabo foi uma das maiores figuras de sempre do futebol português, sendo o treinador com mais jogos disputados e títulos conquistados ao serviço do Sporting. Detentor de uma longa e produtiva carreira no futebol nacional, deixou a sua marca de homem muito exigente, disciplinador, dedicado, extremamente rigoroso e com métodos revolucionários para a época, algo que nem sempre agradava aos jogadores que ele vigiava e a quem impunha restrições no consumo de tabaco, álcool e até no sexo, para além das famosas multas de "dez per cente" a quem chegava atrasado aos treinos. Tudo em defesa da sua grande máxima:
No futebol o sucesso faz-se com 10 por cento de génio e 90 por cento de transpiração
Joseph nasceu numa aldeia de pescadores situada à beira do Danúbio e tinha 4 anos quando a sua família se mudou para a cidade industrial de Gyor, onde se tornou torneiro mecânico e, simultaneamente, jogador de futebol na equipa local.
Com 20 anos, rumou a Budapeste onde, a troco de um emprego como operário numa fábrica de munições, passou a jogar na equipa do Ferencvaros. Era então um médio centro de grande qualidade e chegou rapidamente à Selecção do seu País, onde contabilizou 12 internacionalizações.
Em 1926, outro clube húngaro, o Szombathely, pediu ao Ferencvaros que lhes emprestasse Szabo temporariamente para reforçar a sua equipa durante uma digressão a Portugal, e foi nessa altura que os dirigentes do Nacional, impressionados com a qualidade do médio húngaro, o convidaram a ficar na Madeira. Szabo aceitou exigindo apenas duas passagens da Hungria para Portugal, de forma a ir buscar a sua futura esposa, a quem já tinha prometido casamento.
Na Madeira, onde também jogou no Marítimo, ficou até 1930, altura em que foi contratado pelo FC Porto como treinador-jogador, levando consigo Pinga, que se tornaria num dos melhores jogadores portugueses da época e numa figura histórica dos portistas.
Ao serviço do FC Porto ganhou vários campeonatos regionais, um Campeonato de Portugal e o primeiro Campeonato da 1ª Liga, disputado na temporada de 1934/35, impressionando pela sua dedicação total ao trabalho e evidenciando os primeiros sinais de uma obcecação pela disciplina, que foi crescendo ao longo dos anos e que contribuiu para que se tornasse num treinador muito respeitado, mas também às vezes contestado.
Em Setembro de 1935 Szabo foi estagiar a Inglaterra no Arsenal de Londres, de onde trouxe uma metodologia de treino ainda mais exigente, mas que não agradou muito aos jogadores, pouco habituados ao trabalho na vertente física. Em Fevereiro de 1936 o treinador húngaro demitiu-se, queixando-se de falta de apoio da Direcção e, conta-se, até terá agredido um director por este o ter chamado maluco.
Rumou então ao Sp. Braga onde, segundo reza a lenda, foi ele que convenceu os bracarenses a adoptar equipamento igual ao do Arsenal, em substituição do verde e branco bipartido até aí utilizado.
Um ano depois já se preparava uma Assembleia Geral para autorizar o regresso de Szabo ao Porto, onde tinha deixado saudades, quando Joaquim Oliveira Duarte se antecipou e ofereceu-lhe um contrato excepcional, que foi anunciado no dia 27 de Fevereiro de1937, com a novidade de prever prémios de jogo. E em boa-hora o trouxe para o Sporting.
Na sua cadeirinha talismã
Iniciava-se assim o mais longo e vitorioso consulado de um treinador no Sporting: em 8 anos Joseph Szabo ganhou seis Campeonatos de Lisboa, dois Campeonatos Nacionais, um Campeonato de Portugal, uma Taça de Portugal e A Taça Império.
Nessa altura Szabo construiu a grande equipa que antecedeu aquela que ficou conhecida como a dos Cinco Violinos, lançando as primeiras sementes e contribuindo para a ascensão de grandes jogadores, com destaque especial para Peyroteo que lapidou, tornando-o no melhor jogador português, e Jesus Correia, que descobriu em Paço de Arcos.
No Sporting Joseph Szabo treinava todas as equipas, desde os principiantes até à primeira categoria. Ministrava a preparação física, orientava os treinos de conjunto, dava longas lições de táctica utilizando os seus famosos "mónecos" e até era massagista, passando assim o dia inteiro nas instalações do Clube onde, apesar do seu feitio autoritário, era muito querido e respeitado por todos, mesmo que por vezes brincassem com ele, principalmente por causa das suas reacções num português carregado de sotaque e misturado com alguns palavrões, que maldosamente lhe tinham ensinado.
Mestre Szabo, como já era conhecido na altura, deixou o Sporting no dia 1 de Abril de 1945 depois da equipa ter terminado o campeonato em 2º lugar. O treinador húngaro também tinha alguns "inimigos" no Sporting e já havia sido contestado na época de 1939/40. Na altura valeram-lhe os fortes apoios de Joaquim Oliveira Duarte e Peyroteo que já era a grande figura da equipa, mas agora já não tinha a protecção do "seu" Presidente e foi mesmo substituído por Joaquim Ferreira, que levou o Sporting à conquista da Taça de Portugal que encerrava a época.
Szabo então faz o percurso inverso ao que o tinha trazido ao Sporting, regressando ao FC Porto com passagem por Braga, mas já sem o sucesso dos anos anteriores.
Começa a partir daí a fase descendente da sua carreira, com passagens por vários clubes do nosso País, interrompida por um regresso ao Sporting na temporada de 1953/54, agora como treinador de campo ao lado de Tavares da Silva, ganhando mais uma Taça de Portugal e o Campeonato Nacional que fechou o primeiro tetra da história do nosso futebol.
A carreira de Szabo terminaria em 1966 como Seleccionador de Angola. Curiosamente, ele que se naturalizara português, passando a ser o José Sezabo, perderia um filho na Guerra Colonial, isto depois de ver o seu outro filho, que chegou a ser guarda-redes das reservas do Sporting, condenado a uma cadeira de rodas depois de um acidente de viação.
Consta que ainda terá trabalhado nas camadas jovens do Sporting, o Clube que mais amava, tendo terminado os seus dias, como era seu desejo, no Lar do Clube onde faleceu com 76 anos, a 17 de Março de 1973.
To-mane 19h45min de 27 de Março de 2009 (WET)