Emblemas
Desde a sua fundação o Sporting já contou com cinco emblemas, para além dos dois comemorativos dos 50 e 100 anos de existência, mantendo sempre presentes a cor verde e o leão rampante que o caracterizam.
1907 - O primeiro emblema
O primeiro emblema do Sporting teve origem nas conversas entre José Holtreman Roquette (José Alvalade), os seus primos José Roquette, António Rebelo de Andrade e D. Fernando de Castelo Branco (Pombeiro).
A inspiração para o emblema veio-lhes do Anel com Brasão de Família de D. Fernando de Castelo Branco (Brasão de Pombeiro): Um leão rampante em campo azul, uma descrição heráldica do inglês "lion rampant" - um leão de perfil, erecto, repousado na sua garra esquerda.
A pedido de D. Fernando Pombeiro, o fundo azul não foi adoptado, pelo que os quatro acordaram que a melhor solução seria adoptar a cor verde e o leão rampante como símbolo.
1913 - A inspiração germânica
Em 1910, Hugo Morais Sarmento regressou da Alemanha para ingressar no Sporting. Aquando a sua chegada, trazia vestido um casaco azul onde se alinhavam quatro emblemas germânicos na lapela.
Daí surgiu a ideia de se mandar confeccionar naquele país os emblemas do clube, sendo o próprio Morais Sarmento o responsável pelo desenho e pela encomenda.
Os novos emblemas chegaram ao Sporting a 1 de Abril de 1913: tecnicamente perfeitos e de óptimo esmalte, compunham-se de um leão rampante branco num escudo de fundo verde, envolvidos por uma cercadura circular preta e nesta o nome do clube a branco.
1930 - A génese dos anos seguintes
Em 1923, a direcção do Sporting mandou confeccionar na Alemanha, uma nova remessa de emblemas. Contudo, a assembleia geral realizada em Janeiro desse mesmo ano, nomeou uma comissão que viria a rejeitar os quatros modelos apresentados, um dos quais da autoria de Júlio de Araújo.
Em 1930, o novo emblema foi oficialmente adoptado, estando na génese dos emblemas posteriores: um leão rampante de pé, a branco, com as iniciais do clube por baixo também a branco, em fundo verde.
1945 - A sigla do Clube em coroa
Em 1945, surge um novo emblema, destacando a sigla do clube a coroar o símbolo.
O emblema mantinha o fundo verde, com o leão rampante e a sigla a branco, porém, adoptou uma forma recortada.
1956 - Comemoração do cinquentenário
Em 1956, para assinalar a comemoração do cinquentenário do clube, a direcção criou um emblema constituído por um laurel dourado com cercadura em esmalte verde onde se lia a legenda dourada "50 anos ao serviço do desporto e da pátria". Na circunferência central, em esmalte branco, impunha-se o emblema oficial do clube.
2001 - Um Sporting para o século XXI
Em 2001 foi apresentada uma nova imagem gráfica, mais estilizada, moderna e adequada ao perfil dos milhões de sócios e adeptos sportinguistas no século XXI.
Neste novo emblema, o enquadramento foi simplificado mantendo, no entanto, a cor verde e o escudo; foram introduzidas três listas brancas horizontais que remetem para o simbolismo da camisola do clube; as palavras 'Sporting' e 'Portugal', agora escritas por extenso para enfatizar a dimensão nacional do clube. O leão surge mais estilizado e com um impacto reforçado que lhe é conferido pela cor dourada. Como uma coroa, a sigla SCP continua a perpetuar um nome com mais de um século de história.
2006 - Comemoração do centenário
Foi criado um emblema comemorativo do primeiro centenário do Sporting Clube de Portugal, que seria apresentado em 21 de Abril de 2005 quando foi divulgado o programa da comemorações da efeméride que se aproximava.
Neste emblema com uma forma redonda à semelhança do primeiro emblema do clube, e um fundo bipartido de verde e branco, estão presentes o escudo com o leão, os anos da fundação e do centenário e uma assinatura "Sporting 100", como imagem mais comercial.
Camisolas
O Sporting teve três modelos de camisola ao longo da sua história, para além dos equipamentos alternativos. As mais emblemáticas são, sem dúvida, a camisola bipartida ‘Stromp’, e a camisola listada.
A primeira camisola
A primeira camisola era mais propriamente uma camisa, de cor branca com detalhes a verde. Tinha já sido branca no Sport Club de Belas e Campo Grande Football Club, os precursores do Sporting Clube de Portugal. Os calções também eram brancos.
A camisola bipartida
Foi durante a época de 1907/08 que apareceram pela primeira vez os equipamentos bipartidos, verdes do lado esquerdo e brancos do lado direito, que tinham vindo de Inglaterra por iniciativa de Eduardo Francisco Quintela de Mendonça. Tinham as iniciais do Clube bordadas a prata e o Leão sobre o bolso preto. Estas eram na altura consideradas as camisolas mais bonitas que havia em Portugal. Os calções eram brancos, passando em 1915 a ser pretos.
Só o futebol utilizava estes equipamentos. As modalidades tinham equipamentos próprios muito diversos, mas sempre usando o verde e branco.
Nos anos 1990, as camisolas bipartidas passaram a ser conhecidas por equipamento ‘Stromp’ em homenagem a Francisco Stromp.
A camisola listada
As camisolas bipartidas eram pesadas e cansativas com a chuva. Em finais de 1926, ao assistir a uma partida de râguebi em que intervinha o Racing de Paris, Salazar Carreira ficou impressionado com as camisolas usadas por esta equipa, trazendo uma para Lisboa e adaptando-a às cores do Clube. Essas camisolas foram estreadas em 19 de Dezembro desse ano, num jogo de râguebi contra o Benfica.
A estreia no futebol ocorreu num jogo amigável contra o Casa Pia, a 6 de Novembro de 1927, mas a mudança só foi aceite pelos sócios depois de serem usadas na digressão ao Brasil, mais precisamente na tarde de 15 de Julho de 1928, contra o Fluminense. No regresso, a equipa do Sporting voltou a utilizar as tradicionais camisolas bipartidas, mas a 5 de Outubro de 1928, num jogo frente ao Benfica disputado sob temporal, os jogadores mudaram de equipamento ao intervalo e regressaram para a segunda parte com as camisolas listadas. O Sporting ganhou o jogo por 3 - 1, e ganhou também um novo equipamento principal, que se estendeu a todas as modalidades do Clube.
Os calções são pretos ou brancos, embora por diversas vezes se tenham utilizado calções verdes.
As camisolas alternativas
Durante muitas décadas camisolas alternativas só eram utilizadas em caso de necessidade. Até 1928 eram verdes ou brancas, com as camisolas bipartidas a serem também utilizadas como equipamento alternativo depois disso.
A partir de 1998/99 o equipamento alternativo passou a ser mudado todos os anos por imperativos comerciais, surgindo então frequentemente o amarelo e o preto misturados com vários tons de verde, bem como cores inovadoras, sempre com "o equipamento Stromp" como terceira alternativa.
A minha camisola verde-branca bipartida
Não a conservo e tenho pena. De ti, só me resta a recordação.
Recordações!... tantas tenho da mocidade sadia que tu me deste!
Vivemos delas. Quem as não tem e só vive o momento presente sem nada lhe ter ficado do passado, não viveu e não pode avaliar a felicidade que se sente em recordar, embora a melancolia e a saudade a nós se prendam.
É tão agradável ao nosso espírito lembrar aquilo que fomos, é tão grande e suave o conforto que isso nos dá, que até nos sentimos resignados com os cabelos brancos, sem invejarmos os que ainda não mudaram de cor.
E é sem azedume, até mesmo com simpatia, que vemos, agora a alegria da juventude - que já tivemos - consolando-nos em pensar que tudo que lhe vemos fazer já nós fizemos também.
Aproveita bem o teu tempo, Mocidade, a Primavera é breve e após o Verão , o frio Inverno é certo! Faz o teu “pé de meia” de recordações - que serão a lenha que te virá aquecer mais tarde.
É com a minha provisão de achas que hoje aqueço; e vamos com Deus que o calor, que me dão, tem-me tornado a vida aceitável e evitado os chinelos de ourelo e as botijas quentes. Devo-o, em parte, à prática saludar do desporto, precioso antídoto de todas as asneiras que fazemos - lembra-te disto, Mocidade!
A minha camisola, tão distante, ainda hoje me agasalha.
Sinto-me dentro dela, revejo com orgulho o pouco que fiz com ela e, ainda mais, o muito que lhe vi fazer. E isto, é viver.
Quantos te envergaram, minha velha camisola! Quantas alegrias nos deste, quantos desgostos nos causaste! És para mim um bálsamo e uma das razões da minha existência.
São tantas as recordações!... Ah! Se eu tivesse “engenho e arte” para as contar!... Os meus velhos companheiros!... Lembras-te?... Simbolizo em ti, veneranda camisola, aquele exemplo de fé “leonina” sem par, de dedicação, bravura, aprumo e lealdade incomparáveis, que foi Francisco Stromp.
Descobre-te, Mocidade, e curva a cabeça quando a vires passar, porque passa qualquer coisa que merece o teu respeito e o teu reconhecimento – são três gerações de abnegação, de sacrifícios, de perseverança e preocupações, visando somente o teu benefício.
Quando a envergares, lembra-te do que ela significa e da responsabilidade que pesa sobre ti.
Não é só defendendo-a de dentes cerrados e lágrimas nos olhos – como nós fazíamos – que cumpres o teu dever. Incumbe-te mais: honrá-la com o teu porte, o teu brio e a tua dignidade. Se o não souberes fazer, despe-a, porque não foi feita para ti.
Jorge Leitão, in Jornal Sporting, edição Natal 1958