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Sporting de Lourenço Marques
Satar, jogador do SCLM
Eusébio nos júniores do SCLM
Eusébio no SCLM
Eusébio campeão pelo SCLM
Mário Albuquerque
Equipa de basquete do SCLM
Secção de natação
Atletas do SCLM
Francisco Velasco e outros jogadores de hóquei

História

O Sporting Clube de Lourenço Marques foi fundado no dia 20 de Maio de 1920, conforme alvará do Governo-Geral da Província de Moçambique, com a mesma data. [1] Rapidamente se tornou num dos mais importantes clubes desportivos de Moçambique, não se limitando ao futebol.

Em 1975, após a independência de Moçambique, tornou-se Sporting Clube de Maputo, para em 1977 assumir a designação actual - Clube de Desportos da Maxaquene. Entre Dezembro de 1981 e Fevereiro e 1982, o clube chamou-se Asas de Moçambique, voltando a ser Maxaquene após 3 meses como Asas. O Sporting Clube de Lourenço Marques tornou-se a filial nº 6 do Sporting Clube de Portugal, e assim se manteve até 1975. [2] O Maxaquene adoptou como cores o azul e vermelho, mantendo actividade desportiva em futebol e andebol.

Segundo os testemunhos de antigos jogadores de futebol do Sporting de Lourenço Marques, Naldo Quana, Joaquim Aloi, Miguel Vaz e Leovelgildo Ferreira, que transitaram para o Maxaquene, antes da independência o clube “era um clube selectivo. Para os negros jogarem no Sporting ou tinham que ser jogadores com a qualidade de Eusébio da Silva Ferreira ou, então, tinham que ter alguém que os apadrinhasse”. Os seus dirigentes e atletas proviriam principalmente da Polícia e do Serviço Municipalizado de Água e Electricidade. [3] No entanto, isto era decorrente, não de uma decisão do Sporting de Lourenço Marques, mas sim de uma “proibição da utilização de negros sem alvará de assimilação” no futebol. Efectivamente, José Craveirinha, um dos maiores poetas de Moçambique e figura maior da literatura de língua portuguesa, galardoado em 1991 com o Prémio Camões, enalteceu “o rasgo de puro e desassombrado desportivismo” que representara, na época de 1951/52, o “caso absolutamente ímpar” da “apresentação nas pistas de atletismo de alguns atletas negros puros envergando a tão susceptível, até aí, camisola do Sporting local.” [4] Mais ainda, os sino-moçambicanos de Lourenço Marques praticavam desporto no Sporting. [5]

Futebol

O Sporting de Lourenço Marques foi um dos mais importantes clubes de futebol de Moçambique, tendo conquistado múltiplos troféus. Chegou a participar na Taça de Portugal: de acordo com Nuno Martins, jogador/treinador, “cabia na maior parte das vezes a Moçambique decidir com Angola a oportunidade de jogar os oitavos-de-final da Taça de Portugal aqui no Continente. Ganhei duas vezes, por duas vezes vim com o Sporting de Lourenço Marques à Taça de Portugal. A primeira, da qual fez parte o Eusébio, tenho até a placa de quando cá viemos, o campeão de Moçambique não completou a época.

Na primeira vez jogámos com o Belenenses nos quartos-de-final, na segunda jogámos com o Sporting Clube de Portugal e fizemos de Alvalade ‘ a nossa casa', embora tivéssemos ficado alojados no Vila Parque e no Parque Eduardo VII, ficámos alojados nessa unidade hoteleira, mas servimo-nos de Alvalade como nossa casa para tudo o que fosse preciso, cuidados primários de assistência e até dos próprios treinos. Recordo-me ainda com mais saudade dessa eliminatória frente ao Sporting para a Taça de Portugal, porque perdemos a primeira mão em Alvalade num sábado por 3-1, e recebi um telegrama vindo da rapaziada de um café da Baixa de Lourenço Marques, ao meu cuidado, a pedir que prescindíssemos da 2ª mão porque a derrota por 3-1 era suficiente e todos já estavam galvanizados, entusiasmados. Mas não, fizemos a 2ª mão, como era obrigatório, e perdemos por 3-2, e por duas vezes tivemos o 3-3 nos pés”. [6]

Moçambique era nessa altura um viveiro de talentos futebolísticos. Jogadores que depois vieram jogar pelo Sporting Clube de Portugal foram, por exemplo, Juca, que começou no Sporting de Lourenço Marques como guarda-redes, mas que, tendo como concorrente o Costa Pereira que depois representou o Benfica e a Selecção Nacional, passou para médio, lugar onde fez uma brilhante carreira. Hilário, que se tinha estreado como júnior no Atlético, transferiu-se para o Sporting de Lourenço Marques a troco de um emprego na Companhia das Águas, e da Filial nº 6 foi para a casa-mãe. Outros jogadores do que fizeram o mesmo caminho foram por exemplo Morais Alves e Armando Manhiça.

Eusébio

No entanto, o mais famoso jogador do Sporting Clube de Lourenço Marques foi, para além de Hilário, o Eusébio que se notabilizou ao serviço do Benfica e da Selecção Nacional.

Eusébio chegou ao Sporting de Lourenço Marques em 1958, depois de ter sido rejeitado pelo vizinho Grupo Desportivo de Lourenço Marques, actual Grupo Desportivo de Maputo. No Sporting, Eusébio jogou durante somente duas temporadas no escalão de juniores, quando tinha 16/17 ou 17/18 anos de idade. Foi aí que Eusébio aprimorou, sozinho, o seu potente remate com o pé direito, pegando em três bolas e ensaiando remates de meio-campo para uma baliza sem guarda-redes. [3] A história da sua trasferência do Sporting de Lourenço Marques para o Benfica é pouco clara, mas diz-se que teria sido “raptado” por elementos do clube encarnado para embarcar no avião horas antes do check-in dos passageiros com destino a metrópole. Isto é negado pelo próprio, que disse, com clara falta de memória pelas cores que primeiro envergou, “dizem que fui roubado pelo Benfica, mas foi ao contrário. O Sporting é que queria raptar-me, mas não conseguiu porque não gosto nada do Sporting.” [7] Certo é que o Sporting de Lourenço Marques utilizou o dinheiro que recebeu por esta transferência para construir o seu Pavilhão dos Desportos.

Modalidades

O Sporting Clube de Lourenço Marques desenvolvia não apenas o futebol, mas diversas outras modalidades. Foi um clube emblemático do basquetebol português dos anos 1960 e 1970, começando em 1962, ao vencer a Taça de Portugal. A partir da época de 1965/66 foi criada, pela Federação Portuguesa de Basquetebol, a Fase Final do Campeonato Nacional que englobava o Campeão da Metrópole, o de Angola e o de Moçambique e que se realizaria pela primeira vez em Lisboa. A grande maioria dos títulos foram divididos pelo Sport Lisboa e Benfica e pelo Sporting Clube de Lourenço Marques. [8] Pontificavam entre outros Mário Albuquerque, um dos melhores basquetebolistas portugueses de todos os tempos, Nelson Serra, eleito atleta de Moçambique do Ano em 1972, [9] Rui Pinheiro, Tomané Alves, Nelson Serra. Todos estes jogadores transitaram para a equipa de basketebol do Sporting Clube de Portugal que ganho o Campeonato Nacional em 1976. [10]. Ao responder à pergunta “Qual foi a melhor equipa da qual fez parte?”, Rui Pinheiro respondeu “A do Sporting Clube de Lourenço Marques, sem dúvida. Esperando não me esquecer de ninguém, a equipa era composta por, além de mim: Mário Albuquerque, Nélson Serra, Tomané Alves, Victor Morgado, Terry Jonshon, João Romão, Luis Almeida, Belmiro Simango, Morais e Periquito.” [11]

O Sporting Clube de Lourenço Marques teve ainda secções de hóquei em patins, onde Francisco Velasco, várias vezes Campeão Latino, Europeu e Mundial, foi treinador-jogador a partir de 1964 [12]; de atletismo; de natação, que treinava na piscina dos Velhos Colonos, depois rebaptizada de Piscina da Assicação de Natação de Maputo [13], e de judo.

Palmarés de Futebol

  • Campeão Distrital de Lourenço Marques em 1922, 1930, 1933, 1938, 1940, 1943, 1948, 1953, e 1960
  • Campeão de Moçambique em 1960 e 1962

Referências

  1. Ver o site do Maxaquene, actual nome do SC de Lourenço Marques.
  2. Ver a Tábua Biográfica da Fotobiografia do Sporting Clube de Portugal, Rui Guedes, Publicações Dom Quixote - Intercultura, 1988.
  3. 3,0 3,1 No site do Maxaquene.
  4. Ver Triplo V
  5. Gazeta da comunidade chinesa de Moçambique, Nº 2, Verão 2003.
  6. Ver entrevista.
  7. Correio da Manhã de 4 de Dezembro de 2008
  8. Planeta Basket
  9. Revista Tempo nº 83 de 9 Abril de 1972.
  10. Ver o Armazém Leonino e o blogue Delagoa Bay
  11. Ver entrevista no Planeta Basket
  12. Ver a sua biografia
  13. Ver o blogue Delagoa Bay