A equipa da segunda dobradinha
Em 1956/57, a Taça de Portugal de Ténis de Mesa, como de costume organizada pela Federação Portuguesa de Ténis de Mesa com a participação dos melhores clubes do país, realizou-se em datas intercaladas com o Campeonato Regional de Lisboa. Na 4ª jornada do regional, realizada a 17 de Janeiro de 1957, a equipa do Sporting tinha perdido em casa contra o Benfica, embora pela margem mínima. Quatro dias depois, as duas equipas voltaram a defrontar-se, mas desta feita para o primeiro jogo da Taça de Portugal, os 1/16 de Final. Foi nas instalações excelentes do clube Rio de Janeiro, e era quase uma final antecipada, visto se estar em presença das duas melhores equipas nacionais, que normalmente dividiam entre si os títulos mais importantes.
O Sporting apresentou uma equipa reduzida, constituída apenas por António Horta Osório e Sebastião de Carvalho, enquanto que o Benfica levou os seus melhores jogadores: Oliveira Ramos, Francisco Campas, e Manuel de Carvalho. O jogo, disputado aos três melhores de cinco, começou mal, com o Benfica a ganhar as primeiras duas partidas, com Manuel de Carvalho a bater Osório, e Oliveira Ramos a vencer Sebastião de Carvalho. Bastava mais uma vitória encarnada e o Sporting ficava pelo caminho. Mas o jogo na realidade estava mais equilibrado do que parecia: cada partida também era aos três melhores de cinco sets, e em ambos os casos os "leões" tinham-se batido até ao limite, sendo necessários os cinco sets nas duas derrotas. Veio o jogo de pares, e os dois "leões" bateram Ramos e Campas em quatro sets, mas por diferenças pontuais muito pequenas. O despique estava emotivo e espectacular, com a numerosa assistência a aplaudir entusiasticamente. Na quarta partida Osório venceu Oliveira Ramos também por 3-1, empatando o jogo em dois sets para cada lado. O jogo decisivo colocou Sebastião de Carvalho frente a Manuel de Carvalho, que estava em excelente forma (e viria a sagrar-se campeão individual de Lisboa meses depois). Foram de novo necessários cinco sets, mas Sebastião triunfou sobre Manuel, completando a brilhante recuperação leonina, e alcançando um brilhante triunfo.
Nas semanas seguintes, o Sporting bateu sem dificuldades, sempre por 3-0, as equipas do Instituto Superior Técnico, Caldas Sport Clube, e do Vitória de Setúbal, com Eduardo Horta Osório a alinhar por vezes com a equipa. A final estava marcada para o Porto desde o início, e foi precisamente contra o Futebol Clube do Porto, no ginásio do Estádio das Antas, que o Sporting foi disputar o jogo decisivo a 17 de Fevereiro de 1957. A equipa leonina apresentou-se na máxima força, com os três jogadores presentes. António Horta Osório precisou de cinco sets para vencer Ricardo Figueiredo numa primeira partida fantástica, plena de desportivismo e beleza técnico-táctica, com o público a aplaudir frequentemente os melhores lances. Seguiu-se Sebastião de Carvalho, que derrotou Fernando Figueiredo com facilidade por 3-0 e diferenças pontuais grandes, numa partida que, pelo contrário, não teve emoção nem beleza, em que um jogador jogava e o outro parecia que estava ainda a aprender. A equipa leonina estava a exibir-se de acordo com o seu valor, com todos os elementos a corresponderem, enquanto que alguns jogadores do Porto jogavam muito abaixo das suas possibilidades, apesar de estarem na sua própria casa. A terceira partida foi opôs os irmãos Osório a Ricardo Figueiredo e Vilela, e foi de novo quase fácil demais. Eduardo Horta Osório cortava, e Vilela atirava à rede ou para fora, e três sets bastaram para o Sporting ganhar a terceira partida e com ela conquistar a sua segunda Taça de Portugal de Ténis de Mesa.
O Campeonato Nacional realizou-se no fim de semana de 13 e 14 de Julho de 1957, no Pavilhão dos Desportos de Lisboa. No campeonato de equipas masculinas participaram quatro clubes, divididos em três séries. O Sporting, com uma equipa constituída por António Horta Osório, Eduardo Horta Osório, Sebastião de Carvalho, e Salvador Trem Torres, defrontou na 2ª série o Caldas Sport Clube, Palhavã, e o Estrela e Vigorosa, ganhando todos os jogos, disputado aos cinco melhores de nove, por margens confortáveis. A final foi contra os campeões regionais de Lisboa, o Benfica, contra quem o Sporting tinha perdido duas vezes e ganho uma em jogos oficiais nesta época. No entanto, o despique não correspondeu à expectativa, dado o desnível evidenciado pelas duas equipas. Apenas a partida entre António Horta Osório e Oliveira Ramos teve o nível esperado, com ambos os jogadores a demonstrarem um jogo excelente, fortemente aplaudido pela assistência. As restantes partidas, inesperadamente, pouco interesse despertaram, devido a diferenças pontuais grandes, e por os jogadores do Benfica não serem capazes de acompanhar a classe dos jogadores leoninos. Assim, a vitória por 5-1 foi quase natural, e o Sporting sagrou-se tricampeão nacional.
E com este tricampeonato nacional, o Sporting conquistou a sua segunda dobradinha do Ténis de Mesa leonino, logo na época seguinte à primeira!