O projecto
Desde a remodelação do Stadium de Lisboa em 1947 que existia um primeiro projecto de construção de um novo e moderno estádio, que permitisse acolher condignamente um número crescente de sócios, elaborado por Raul Tojal e Ângelo Ramalheira. Francisco Barreira de Campos retomou o tema e obteve aprovação da Câmara Municipal de Lisboa, assistido pelo Eng. Travassos Valdez. O projecto final de construção do Estádio José Alvalade, da autoria dos arquitectos António Augusto Sá da Costa e Anselmo Fernandez que refizeram o projecto primitivo, foi aprovado a 18 de Dezembro de 1954.
Perspectiva do projecto como foi inicialmente concebido
O projecto foi desenvolvido de raiz sem inspiração noutros estádios modernos localizados no estrangeiro, devido a condicionamentos vários. Em primeiro lugar, a área disponível para construção estava limitada pela estrutura anteriormente existente, prevendo-se o aproveitamento do campo relvado, bem como da pista de atletismo e de ciclismo após remodelação. Em segundo lugar, e respeitando o ecletismo do Clube, o estádio destinava-se a várias modalidades tendo cariz de Estádio Olímpico, o que implicou a elaboração de estudos aprofundados sobre a visibilidade a partir de cada posição nas bancadas não apenas do relvado, mas também de outras áreas utilizadas por outros desportos. Assim, a bancada oval contínua envolvendo as pistas e o rectângulo de jogos, foi a consequência natural destes condicionamentos e dos estudos realizados para melhor os superar.
O sistema de iluminação do estádio, o primeiro em Portugal, permitia a realização de espectáculos nocturnos, fazendo do novo estádio o único na Península Ibérica com características de Estádio Olímpico. Os sistemas eléctricos e de som instalados estavam também entre os melhores disponíveis na época.
O sistema de som foi projectado por Mário Benitez, e incluía uma distribuição de som a todos os sectores das bancadas e do peão, bem como a todas as galerias de acesso sob a bancada, permitia distribuir avisos para o parque de estacionamento e ao público na avenida que circunda o estádio, e fazer a chamada de atletas, para o campo de jogos e para as cabinas. Tinha quatro canais independentes, alimentados por amplificadores separados.
Este primeiro projecto aprovado previa não apenas que as bancadas do estádio fossem totalmente cobertas, mas também que o estádio fosse perfeitamente simétrico, com a bancada central poente a encontrar uma réplica exacta a nascente, formando assim duas bancadas centrais e um estádio fechado. No entanto, os custos de construção e limitações de ordem financeira levaram a que a bancada central nascente fosse substituída por um peão, e que apenas a bancada central poente fosse coberta. A cobertura, conhecida como pala, foi construída com peças de betão pré-esforçado armado de grande envergadura.
Em 1983 o Peão foi substituído pela Bancada Nova, que não respeitava completamente o projecto inicial. Mais tarde, na pré-época de 1992, um parecer do Laboratório Nacional de Engenharia Civil apontava para riscos imediatos de queda da cobertura, seguindo-se de imediato se a interdição da zona da bancada por Despacho do Secretário de Estado da Cultura Dr. Pedro Santana Lopes, tendo o Sporting realizado o primeiro jogo da época com a bancada central encerrada. A situação foi então desbloqueada, e a pala foi reforçada, após o Eng. Edgar Cardoso ter garantido que a pala "é mais segura do que o Viaduto Duarte Pacheco".
A construção
O Sporting pôs as obras de construção a concurso no dia 11 de Dezembro de 1954, sete dias antes da aprovação do projecto. A demolição do estádio antigo começou a 1 de Janeiro de 1955, e a 12 de Março do mesmo ano a empreitada de execução das obras foram adjudicadas à empresa Alves Ribeiro (a mesma que executou a empreitada principal do Complexo Alvalade XXI).
A construção propriamente dita começou no dia 27 de Março de 1955. Mário Themudo Barata foi delegado técnico da Direcção do Sporting Clube de Portugal, fiscalizando os trabalhos. O Eng. João Cristiano de Korth projectou, dirigiu e acompanhou os trabalhos relativos à iluminação do campo e pistas. As maiores dificuldades encontradas prenderam-se com a existência de um extenso lençol de água na maioria das fundações. No entanto, Artur Fernandes Alves Ribeiro, responsável da Alves Ribeiro, e o construtor civil Joaquim Ribeiro Bouça, empenharam-se na construção da obra, que foi finalizada e inaugurada na data prevista, embora com as alterações descritas acima.
Alguns dados
Estes dados são relativos ao estádio inicialmente construído.
- Edifício
- Altura máxima (a partir do piso da avenida circundante): 27 m
- Comprimento do eixo maior: 262 m
- Comprimento do eixo menor: 202 m
- Perímetro no plano periférico: 705 m
- Pórticos: 112
- Pavimentos: 4
- Portas de entrada e saída (5 m de largura): 22
- Acessos às bancadas (3,5 m de largura): 28
- Escoamento do público: 7,30 minutos
- Ascensores de acesso às tribunas e camarotes (12 lugares cada): 2
- Camarotes: 130
- Bancadas
- Norte - 7 sectores, 39 degraus
- Sul - 7 sectores, 39 degraus
- Central Poente - 7 sectores, 44 degraus
- Central Nascente - 7 sectores, 48 degraus
- Cobertura
- 23 m sobre as bancadas
- 7,95 m sobre a avenida
- Outras instalações
- Bares com copa: 11
- Bar-restaurante: 1
- Ginásio com 40x20 m
- Tanque com 20x8 m
- Galeria interna com 700 m a toda a volta do Estádio, elevada sobre a avenida com 20 m de altura
- Instalações para atletas
- Posto médico, salas de massagens e tratamentos vários
- Camaratas
- Arrecadações
- Garagens
- Oficinas
- Habitações para guardas
- Outros diversos