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Dados de Paulo Ferreira |
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Nome |
Paulo José dos Santos Ferreira
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Nascimento |
11 de Maio de 1962
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Naturalidade |
Vialonga, Portugal -
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Posição |
Ciclista
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Paulo Ferreira desde cedo que se apaixonou pela bicicleta. Teve a primeira, "uma pasteleira com guiador de ciclismo", quando passou no exame da quarta classe e a partir daí nunca mais a largou. Iniciou a sua carreira em 1976, nos Dragões de Povos, de Vila Franca de Xira, como amador, tendo posteriormente passado pelo Labrugeira, Bombarralense e Lousa.
Chegou à secção de Ciclismo do Sporting Clube de Portugal em 1984 e nesse mesmo ano, a 4 de Julho, Paulo Ferreira, após uma fuga de 200 quilómetros, venceu a Etapa Béthune e Cergy-Pontoise da Volta à França, dedicando a vitória ao malogrado Joaquim Agostinho, falecido dois meses antes e que considerava ser "o pai da equipa". Em entrevista, Paulo Ferreira contou como tudo se passou:
Tinham passado apenas cinco quilómetros desde o início da 5ª etapa, que decorria entre Béthune, no Norte de França, e Cergy-Pontoise, perto de Paris. O pelotão ia em andamento moderado quando Paulo Ferreira decide atacar. 'Alguns começaram a assobiar. Mas havia uma contagem de montanha de quarta categoria à frente e eu pensei que, se a passasse em primeiro, pelo menos um ciclista português ganhava uma contagem.' Da parte da equipa técnica há alguma pressão para o conjunto português ganhar alguma coisa. Paulo Ferreira passa a contagem de montanha em primeiro, sozinho e já com algum avanço. 'Foi então que disse, ‘bom, o que é que eu vou fazer agora?!’ Ainda faltavam uns 200 quilómetros... Fui andando!'
Em breve o sportinguista iria ter a companhia de dois franceses também fugidos do pelotão: Vicent Barteau e Maurice Guilloux. 'Eles passaram por mim a uma velocidade tal que nem me ligaram nenhuma. Preparei-me e lancei-me no encalço deles.' Entretanto, surgem as metas volantes e 'na primeira eles sprintaram e ganharam algum avanço. Não me fiz a nada, não mostrei que era mais ou menos rápido, fechei-me em copas e só lhes disse que não precisavam de sprintar porque o meu objectivo era chegar ao fim e o terceiro lugar para um português já era muito bom.' Mas na cabeça de Paulo Ferreira o primeiro lugar já se afigura como um objectivo cada vez mais concretizável. 'Uma vez integrado na fuga, a ideia era chegar ao fim e se possível ganhar', conta o ex-ciclista.
Fugidos e chegando a ter vários minutos de avanço do pelotão, os dois franceses vão pressionando o português para ir para a frente puxar. ‘Allez, allez!’ diziam-me eles. Colaborei mas não dava aquilo que eles queriam!'. Do carro de apoio, o director desportivo, Artur Lopes, grita-lhe por vezes: 'Tens que ganhar, tens que ganhar!'
O fim da etapa é apenas à segunda passagem pela meta. E foi só depois de Paulo Ferreira passar a primeira vez a meta, faltando cerca de 5 quilómetros para o final, que os franceses começam a combinar táctica entre si. 'Eles mandaram-me para a frente para falar. Eu percebia um pouco de francês mas aí já não percebia nada do que falavam', relembra. Mas a sua intuição diz-lhe que Barteau, que era sprinter, quer ganhar a corrida.
Faltava um quilómetro para a meta quando Guillloux ataca e se posiciona na frente. O português segura-se e não se faz ao lance. Há que manter o plano até ao fim. Barteau ataca também e posiciona-se atrás do compatriota. E quando faltam cerca de 50 metros para a meta Paulo Ferreira, que seguia em terceiro, explode numa arrancada imparável e passa os dois franceses. 'A margem com que eu ganhei foi suficiente para ele [o segundo] baixar os braços antes de cortar a meta. Não teve hipótese!'
Correio da Manhã
Foi Campeão Regional de Pista por várias vezes, tendo ainda sido Campeão Nacional de Aspirantes, Juniores e Seniores B. Ganhou várias etapas em prémios diversos, tendo sido vencedor do Grande Prémio Jornal de Notícias, do Comércio do Porto e ainda da Volta ao Alentejo. Na Volta a Portugal ganhou 2 etapas, tendo obtido o 1º lugar na Classificação por Pontos e nas Metas Volantes no ano de 1984. Classificou-se em 2º lugar na Volta à África do Sul, em 1986.
A sua carreira de ciclista terminou prematuramente no Louletano, em 1986, já depois do acidente que foi vítima quando seguia de bicicleta na berma do IC16. Esteve muito tempo sem montar, tendo abraçado a carreira de mecânico de automóveis, mas agora sempre que o faz, afirma que "em cima do selim" sente-se "novamente com 20 anos!"