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| |nome =Lídia da Conceição Faria Pereira Granja | | |nome =Lídia da Conceição Faria Pereira Granja |
| |data_nascimento =15 de Agosto de 1942 | | |data_nascimento =15 de Agosto de 1942 |
− | |naturalidade =Folgorosa, Torres Vedras | + | |naturalidade =Folgorosa, Torres Vedras - Portugal |
− | |posicao =Atleta | + | |posicao =Atleta (lançamentos, velocidade, velocidade prolongada, barreiras e combinados) |
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| + | Lídia Faria nasceu nos arredores de Torres Vedras, onde viveu até aos 13 anos, altura em que veio para Lisboa, e segundo a própria confessou, era uma «maria- rapaz» que gostava muito de correr e de outras brincadeiras, na altura consideradas pouco próprias para as meninas. |
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− | Lídia Faria foi uma atleta que dividiu o seu talento por várias especialidades do Atletismo em toda a década de 60 do século passado.
| + | Sonhou ser toureira e já em Lisboa estudou música, sendo que foi por influência do seu professor de acordeão, que se inscreveu num torneio de captação do Atletismo do Benfica, clube de que era simpatizante. |
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− | Conquistou 30 títulos nacionais: 80 metros barreiras, 100 metros, 200 metros, 400 metros, 4x100 metros, peso, disco e pentatlo.
| + | No entanto ao chegar ao Campo Grande, verificou que tinha sido aceite por engano, com o nome de Lídio Faria, pois no Benfica não havia Atletismo feminino, e assim não pôde participar. |
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− | Aos 17 anos, inscreveu-se no Benfica, mas não foi aceite porque aquele clube, na altura, não tinha Secção Feminina. Não se perturbou e dirigiu-se de imediato ao [[Sporting Clube de Portugal]] onde, desde 1959, ficou até ao seu abandono prematuro com 28 anos.
| + | Não desistiu e resolveu tentar a sua sorte um pouco mais ao lado, e foi assim que em 1959 chegou ao [[Sporting Clube de Portugal]], para se tornar numa das maiores figuras de sempre do [[Atletismo]] leonino e português. |
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− | Embrenhou-se, pela prática, no ideal Sportinguista e o Clube dificilmente voltará a ter uma mulher que, com a sua camisola, tenha o mesmo carisma e popularidade que Lídia Faria granjeou na sua época.
| + | [[Imagem:Lidia_Faria2.jpg|thumb|rigth|Lídia Faria numa das suas especialidades]] |
| + | Logo na [[Atletismo 1959|época de 1959]] ganhou o seu primeiro título, ao vencer o concurso do Lançamento do Disco, nos Campeonatos Regionais, e até ao ano da sua despedida em 1970, nunca mais parou de ganhar, contribuindo decisivamente para os 12 Campeonatos Regionais e outros tantos Nacionais, conquistados consecutivamente pelo [[Sporting Clube de Portugal]] nessa altura, um feito até aí inédito. Ou seja, Lídia foi sempre Campeã nos seus 12 anos de actividade. |
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− | [[Imagem:Lidia_Faria2.jpg|thumb|left|Lídia Faria numa das suas especialidades]]
| + | Numa altura em que ainda não havia uma grande especialização da parte das atletas, Lídia Faria dividiu-se por várias disciplinas, conquistando 25 títulos nacionais em 7 especialidades diferentes: 80m barreiras (4), 100m (1), 200m (2), 400m (1), Lançamento do Peso (5), Lançamento do Disco (8) e Pentatlo (4), sem esquecer as suas 5 participações vitoriosas na estafeta dos 4x100m, e os 27 títulos regionais que totalizou. |
− | Ficou célebre a sua participação no I Portugal-Espanha realizado em Alvalade (1964). Aí bateu 4 recordes ibéricos (80 m barreiras, 4x100, peso e disco) e ganhou os 100 m.
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− | Foi a primeira mulher a vencer o prémio do Diário Popular, que nesse tempo era atribuído exclusivamente a homens.
| + | Ficou célebre a sua participação no I Portugal-Espanha, realizado em Setembro de 1964, no [[Estádio José Alvalade]], onde bateu 4 recordes ibéricos (80 m barreiras, 4x100m, Lançamento do Peso e Lançamento do Disco) e ganhou os 100m, o que no final do ano lhe valeu o [[Prémio Stromp]] na categoria Atleta Amador, a par de [[Manuel de Oliveira]], que nesse ano tinha ficado à beira de conquistar uma Medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio. |
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− | A sua festa de despedida, a 10 de Outubro de 1970, foi organizada com um carinho que hoje seria impossível, porque "fora de moda". Com a Bancada Central repleta e debaixo de um ambiente inesquecível, várias modalidades do Clube deram o seu contributo. [[Joaquim Agostinho]] veio de propósito de Paris para participar e correr.
| + | Embora sendo uma atleta completa, como o demonstra o facto de ter conseguido excelentes resultados no Pentatlo, disciplina em que foi Recordista Nacional, os Lançamentos eram talvez o seu ponto mais forte. |
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− | Em 1964 foi distinguida com o [[Prémio Stromp]] na categoria Atleta Amador, e fez parte, com toda a justiça, da Comissão de Honra do Centenário.
| + | Assim no dia 23 de Maio de 1962, bateu o Recorde Nacional do Lançamento do Disco, que era pertença de [[Ester Ramos]] há quase 20 anos, e até 1967, melhorou 6 vezes esse Recorde, até o fixar em 43,10m, o que significava uma evolução de 9,45m em relação ao anterior máximo, sendo que este último Recorde, só seria batido 5 anos depois por [[Adília Silvério]]. |
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− | De uma entrevista dada ao Jornal do Sporting, no ano do ‘Centenário’ :
| + | [[Imagem:LIFAlp.JPG|100px|left|Lídia Faria numa das suas especialidades]] |
− | {{Quote|''- O que sentiu com a demolição do [[Estádio José Alvalade]]?''<br> | + | Foi ainda em 1962, que se tornou na primeira mulher portuguesa a ultrapassar os 10 metros no Lançamento do Peso, um Recorde Nacional que até 1967 melhorou 10 vezes, até o fixar em 11,45m. |
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| + | Melhorou também várias vezes o Recorde Nacional dos 80m barreiras, até em 1968 o fixar em 12s, no decorrer do Pentatlo Nacional, em que também fixou um novo máximo nacional com 3807 pontos. |
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| + | Chegou também a ser Recordista Nacional dos 200m, quando em 1964 percorreu a distância em 26,3s, e integrou 5 equipas do Sporting, que entre 1960 e 1962, melhoraram o Recorde Nacional da estafeta dos 4x100m, até o fixarem em 51,2s, uma marca que seria superada em 1964, durante o tal célebre Portugal-Espanha, quando a Selecção Nacional da qual fazia parte Lídia Faria, se tornou na primeira equipa portuguesa a percorrer a distância abaixo dos 50 segundos, fixando o Recorde em 49,7s, uma marca que perdurou 6 anos. |
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| + | A nível internacional participou nos Jogos Ibero-Americanos realizados em Madrid, em 1962, e fez parte das primeiras Selecções Nacionais de Atletismo, numa altura em que o sector feminino da modalidade dava os seus primeiros passos nos contactos com o exterior. Também chegou a fazer uma marca nos 80m barreiras em Pista Coberta, que lhe dava possibilidade de estar presente no Campeonato da Europa, mas nessa altura as mulheres portuguesas não podiam participar nesses eventos. |
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| + | Lídia Faria foi a primeira mulher a vencer o prémio do Diário Popular, que nesse tempo era atribuído exclusivamente a homens, e também a primeira a ter uma festa de despedida, que se realizou a 10 de Outubro de 1970, e foi organizada com um carinho ímpar. |
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| + | Nesse dia a bancada central do [[Estádio José Alvalade]] esteve repleta e com um ambiente inesquecível, numa festa que contou com a participação de várias modalidades do Clube e de [[Joaquim Agostinho]], que veio de propósito de Paris para prestar a merecida homenagem a Lídia Faria, no reconhecimento de que o Clube dificilmente voltaria a ter uma mulher que, com a sua camisola, tenha o mesmo carisma e popularidade que Lídia Faria granjeou na sua época. |
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| + | Com toda a justiça, Lídia Faria fez parte da Comissão de Honra do Centenário, e nessa altura deu uma entrevista ao Jornal do Sporting, onde afirmou: |
| + | {{Quote|''- O que sentiu com a demolição do Estádio José Alvalade?''<br> |
| - Guardo gratas recordações da pista de cinza de Alvalade. Não tenho dúvidas de que se tivesse oportunidade de correr no tartan, teria conseguido outros resultados. Sinto uma grande tristeza pela demolição da pista e do Estádio. Quando cheguei ao Sporting, ainda existia o [[Ciclismo]] e lembro-me do que significava o Estádio para essas modalidades. | | - Guardo gratas recordações da pista de cinza de Alvalade. Não tenho dúvidas de que se tivesse oportunidade de correr no tartan, teria conseguido outros resultados. Sinto uma grande tristeza pela demolição da pista e do Estádio. Quando cheguei ao Sporting, ainda existia o [[Ciclismo]] e lembro-me do que significava o Estádio para essas modalidades. |
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| '''Para todos os que de algum modo com ela conviveram, foi um privilégio tê-la como referência'''. | | '''Para todos os que de algum modo com ela conviveram, foi um privilégio tê-la como referência'''. |
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− | | + | [[Utilizador:To-mane|To-mane]] 12h53min de 5 de Maio de 2012 (WEST) |
− | [[Usuário:Santarém|Santarém]] 21 Dezembro 2008 | + | |
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| [[Categoria:Atletas]] | | [[Categoria:Atletas]] |
| [[Categoria:Personalidades]] | | [[Categoria:Personalidades]] |
Revisão das 11h53min de 5 de maio de 2012
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Dados de Lídia Faria |
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Nome |
Lídia da Conceição Faria Pereira Granja
|
Nascimento |
15 de Agosto de 1942
|
Naturalidade |
Folgorosa, Torres Vedras - Portugal -
|
Posição |
Atleta (lançamentos, velocidade, velocidade prolongada, barreiras e combinados)
|
Lídia Faria nasceu nos arredores de Torres Vedras, onde viveu até aos 13 anos, altura em que veio para Lisboa, e segundo a própria confessou, era uma «maria- rapaz» que gostava muito de correr e de outras brincadeiras, na altura consideradas pouco próprias para as meninas.
Sonhou ser toureira e já em Lisboa estudou música, sendo que foi por influência do seu professor de acordeão, que se inscreveu num torneio de captação do Atletismo do Benfica, clube de que era simpatizante.
No entanto ao chegar ao Campo Grande, verificou que tinha sido aceite por engano, com o nome de Lídio Faria, pois no Benfica não havia Atletismo feminino, e assim não pôde participar.
Não desistiu e resolveu tentar a sua sorte um pouco mais ao lado, e foi assim que em 1959 chegou ao Sporting Clube de Portugal, para se tornar numa das maiores figuras de sempre do Atletismo leonino e português.
Lídia Faria numa das suas especialidades
Logo na época de 1959 ganhou o seu primeiro título, ao vencer o concurso do Lançamento do Disco, nos Campeonatos Regionais, e até ao ano da sua despedida em 1970, nunca mais parou de ganhar, contribuindo decisivamente para os 12 Campeonatos Regionais e outros tantos Nacionais, conquistados consecutivamente pelo Sporting Clube de Portugal nessa altura, um feito até aí inédito. Ou seja, Lídia foi sempre Campeã nos seus 12 anos de actividade.
Numa altura em que ainda não havia uma grande especialização da parte das atletas, Lídia Faria dividiu-se por várias disciplinas, conquistando 25 títulos nacionais em 7 especialidades diferentes: 80m barreiras (4), 100m (1), 200m (2), 400m (1), Lançamento do Peso (5), Lançamento do Disco (8) e Pentatlo (4), sem esquecer as suas 5 participações vitoriosas na estafeta dos 4x100m, e os 27 títulos regionais que totalizou.
Ficou célebre a sua participação no I Portugal-Espanha, realizado em Setembro de 1964, no Estádio José Alvalade, onde bateu 4 recordes ibéricos (80 m barreiras, 4x100m, Lançamento do Peso e Lançamento do Disco) e ganhou os 100m, o que no final do ano lhe valeu o Prémio Stromp na categoria Atleta Amador, a par de Manuel de Oliveira, que nesse ano tinha ficado à beira de conquistar uma Medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Embora sendo uma atleta completa, como o demonstra o facto de ter conseguido excelentes resultados no Pentatlo, disciplina em que foi Recordista Nacional, os Lançamentos eram talvez o seu ponto mais forte.
Assim no dia 23 de Maio de 1962, bateu o Recorde Nacional do Lançamento do Disco, que era pertença de Ester Ramos há quase 20 anos, e até 1967, melhorou 6 vezes esse Recorde, até o fixar em 43,10m, o que significava uma evolução de 9,45m em relação ao anterior máximo, sendo que este último Recorde, só seria batido 5 anos depois por Adília Silvério.
Foi ainda em 1962, que se tornou na primeira mulher portuguesa a ultrapassar os 10 metros no Lançamento do Peso, um Recorde Nacional que até 1967 melhorou 10 vezes, até o fixar em 11,45m.
Melhorou também várias vezes o Recorde Nacional dos 80m barreiras, até em 1968 o fixar em 12s, no decorrer do Pentatlo Nacional, em que também fixou um novo máximo nacional com 3807 pontos.
Chegou também a ser Recordista Nacional dos 200m, quando em 1964 percorreu a distância em 26,3s, e integrou 5 equipas do Sporting, que entre 1960 e 1962, melhoraram o Recorde Nacional da estafeta dos 4x100m, até o fixarem em 51,2s, uma marca que seria superada em 1964, durante o tal célebre Portugal-Espanha, quando a Selecção Nacional da qual fazia parte Lídia Faria, se tornou na primeira equipa portuguesa a percorrer a distância abaixo dos 50 segundos, fixando o Recorde em 49,7s, uma marca que perdurou 6 anos.
A nível internacional participou nos Jogos Ibero-Americanos realizados em Madrid, em 1962, e fez parte das primeiras Selecções Nacionais de Atletismo, numa altura em que o sector feminino da modalidade dava os seus primeiros passos nos contactos com o exterior. Também chegou a fazer uma marca nos 80m barreiras em Pista Coberta, que lhe dava possibilidade de estar presente no Campeonato da Europa, mas nessa altura as mulheres portuguesas não podiam participar nesses eventos.
Lídia Faria foi a primeira mulher a vencer o prémio do Diário Popular, que nesse tempo era atribuído exclusivamente a homens, e também a primeira a ter uma festa de despedida, que se realizou a 10 de Outubro de 1970, e foi organizada com um carinho ímpar.
Nesse dia a bancada central do Estádio José Alvalade esteve repleta e com um ambiente inesquecível, numa festa que contou com a participação de várias modalidades do Clube e de Joaquim Agostinho, que veio de propósito de Paris para prestar a merecida homenagem a Lídia Faria, no reconhecimento de que o Clube dificilmente voltaria a ter uma mulher que, com a sua camisola, tenha o mesmo carisma e popularidade que Lídia Faria granjeou na sua época.
Com toda a justiça, Lídia Faria fez parte da Comissão de Honra do Centenário, e nessa altura deu uma entrevista ao Jornal do Sporting, onde afirmou:
- O que sentiu com a demolição do Estádio José Alvalade?
- Guardo gratas recordações da pista de cinza de Alvalade. Não tenho dúvidas de que se tivesse oportunidade de correr no tartan, teria conseguido outros resultados. Sinto uma grande tristeza pela demolição da pista e do Estádio. Quando cheguei ao Sporting, ainda existia o Ciclismo e lembro-me do que significava o Estádio para essas modalidades.
- Um desejo para este ano de centenário ?
- Que a equipa de futebol possa ser campeã, porém sinto uma grande mágoa por perceber que cada vez mais, o Sporting é um clube de futebol. As outras modalidades, que foram as responsáveis por tornar o Sporting num clube grande, quase não existem. Mudaram de Estádio e dá-se muito ao futebol, em desfavor das outras modalidades. Não quero com isto dizer que não gosto de futebol, modalidade que também gostava muito de praticar.
Faleceu com 65 anos, no dia 29 de Setembro de 2007, vítima de doença prolongada.
Para todos os que de algum modo com ela conviveram, foi um privilégio tê-la como referência.
To-mane 12h53min de 5 de Maio de 2012 (WEST)