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| Na mesma edição e na mesma página, vinham publicadas as seguintes afirmações de [[Tomané Alves]]: “Não haverá basquete este ano, porque a Direcção voltou atrás com a proposta que nos tinha feito e que já tínhamos aceite. Tratava-se de uma verba de 6000 contos, a obter da seguinte forma: 3000 contos atribuídos pelo Clube, 1500 contos dum futuro patrocinador, que o Departamento de Publicidade contrataria, e os restantes 1500 contos das receitas dos jogos, comprometendo-se o Clube, através da Direcção, a cobrir a verba não realizada, no caso das receitas serem inferiores aos tais 1500 contos.” E continuava: “Com os 6000 contos, ou sairia o americano ou Lisboa. Com essa baixa - além da de Rui Pinheiro que já se havia concretizado - não teríamos hipóteses de discutir o título. No máximo procuraríamos manter-nos entre os oito primeiros da 1ª divisão. Nestas condições, a Direcção entendeu que a participação da equipa não dignificaria o Clube e resolveu não avançar.” Esclareceu ainda; “O nosso orçamento era sensivelmente julgo saber, metade do do F.C. Porto e um terço do do Benfica. O ano passado gastámos, no total, 5900 contos. Como vê, não subimos muito este ano.” | | Na mesma edição e na mesma página, vinham publicadas as seguintes afirmações de [[Tomané Alves]]: “Não haverá basquete este ano, porque a Direcção voltou atrás com a proposta que nos tinha feito e que já tínhamos aceite. Tratava-se de uma verba de 6000 contos, a obter da seguinte forma: 3000 contos atribuídos pelo Clube, 1500 contos dum futuro patrocinador, que o Departamento de Publicidade contrataria, e os restantes 1500 contos das receitas dos jogos, comprometendo-se o Clube, através da Direcção, a cobrir a verba não realizada, no caso das receitas serem inferiores aos tais 1500 contos.” E continuava: “Com os 6000 contos, ou sairia o americano ou Lisboa. Com essa baixa - além da de Rui Pinheiro que já se havia concretizado - não teríamos hipóteses de discutir o título. No máximo procuraríamos manter-nos entre os oito primeiros da 1ª divisão. Nestas condições, a Direcção entendeu que a participação da equipa não dignificaria o Clube e resolveu não avançar.” Esclareceu ainda; “O nosso orçamento era sensivelmente julgo saber, metade do do F.C. Porto e um terço do do Benfica. O ano passado gastámos, no total, 5900 contos. Como vê, não subimos muito este ano.” |
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− | Algumas fontes dizem que a Direcção do Sporting teria recusado o patrocínio da Joframa, que estaria assegurado, substituindo-o com um patrocínio a ser obtido pelo Clube, convencendo assim a Secção que a modalidade iria continuar; e que, numa segunda fase, retirou o tapete, visto não haver patrocínio alternativo. Ou seja, depois de um ano em que a Secção tomou conta de si própria financeiramente, nem isso foi permitido que continuasse. Deve-se referir que, num contexto de crise económica profunda em Portugal, com a intervenção do FMI em 1983, a questão financeira era real, e o Basquetebol era a modalidade mais cara. O que é certo é que a secção de [[Basquetebol]] fechou, com a actividade a ser retomada em [[Basquetebol 1984/85|1984/85]]. | + | Algumas fontes dizem que a Direcção do Sporting teria recusado o patrocínio da Joframa, que estaria assegurado, substituindo-o com um patrocínio a ser obtido pelo Clube, convencendo assim a Secção que a modalidade iria continuar; e que, numa segunda fase, retirou o tapete, visto não haver patrocínio alternativo. Ou seja, depois de um ano em que a Secção tomou conta de si própria financeiramente, nem isso foi permitido que continuasse. Deve-se referir que, num contexto de crise económica profunda em Portugal, com a intervenção do FMI em 1983, a questão financeira era real, e o Basquetebol era a modalidade mais cara. O que é certo é que a secção de [[Basquetebol]] sénior fechou, mantendo-se apenas alguns escalões de formação, com a actividade a ser retomada em [[Basquetebol 1984/85|1984/85]]. |
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Revisão das 10h17min de 5 de fevereiro de 2023
A solução encontrada no início da época de 1981/82 para permitir manter a actividade do Basquetebol foi também a raiz da extinção da secção no fim da época. Com efeito, o patrocinador que a Secção tinha encontrado para financiar a sua actividade, cada vez mais dispendiosa, foi a empresa têxtil Joframa, que pertencia ao empresário Emídio Pinheiro. No fim do Campeonato Nacional, Emídio Pinheiro prontificou-se publicamente a continuar a patrocinar a secção na época seguinte.
Esse conhecido empresário tinha-se perfilado dois anos antes como o possível sucessor de João Rocha na crise de 1979-80. Esse facto não foi esquecido, e de acordo com algumas fontes foi uma das razões pela qual a Direcção não permitiu a continuidade da actividade da secção de basquete.
Em Setembro de 1982, o Jornal Sporting relatava que os bicampeões não estavam parados, mas que também não treinavam, aguardando definições concretas. Ao mesmo tempo, convocavam-se jovens para treinos de captação, mas, tal como no ano anterior, o basquete do Sporting não participou na Taça dos Campeões Europeus, onde tinha lugar por direito desportivo. As outras modalidades colectivas de alta competição do Sporting, quando conquistavam esse direito, tinham a participação garantida, sem excepção. Em meados de Outubro, uma carta publicada sob anonimato no Jornal Sporting questionava toda esta situação.
No seguimento dessa carta, o Jornal Sporting relatou que a Direcção teria “resolvido assumir o sacrifício de reforçar a dotação orçamental do Basquetebol viabilizando, assim, a continuidade da equipa em termos de poder discutir dignamente a conquista do título nacional e da Taça de Portugal”. Continuava anunciando a contratação de um norte-americano de nome Craig Wates de 2,13 m de altura, que já teria chegado a Portugal, e dizendo que Carlos Lima, Helder Silva, Vanisson Gerstner, João Cardoso, Nuno Carvalho, Augusto Baganha, Carlos Lisboa, e Paulo Brito continuariam no Sporting, que se veria ainda reforçado por Rui Costa do Barreirense e José Alberto Couto do Algés, formando assim uma equipa orientada por Tomané Alves. Mas este cenário não se confirmou e entretanto muitos desses jogadores arranjaram outro clube.
A 1 de Novembro de 1982, numa reunião não publicitada com Tomané Alves e jogadores que o acompanharam, o presidente João Rocha, com toda a Direcção do Sporting Clube de Portugal presente, declarou, por fim, e de forma irrevogável, a suspensão da Secção de Basquetebol, acabando com toda a actividade da equipa Sénior. Ainda em Novembro, já o Jornal Sporting falava de “tréguas do basquetebol sénior” até ao “regresso a casa em beleza”, que serviriam para alertar consciências e chamar a razão à mesa de outros clubes, criticando-os por pensarem demasiado nas conquistas dos títulos e dos troféus, esquecendo os custos crescentes das modalidades de alta competição. A 17 de Novembro de 1982, foi publicado o seguinte Comunicado da Direcção:
- 1. Como já é do domínio público, a Direcção do Sporting Clube de Portugal viu-se constrangida a suspender a actividade da secção de Basquetebol (ao nível da equipa principal) por razões estritamente orçamentais.
- 2. Deve, porém, uma explicação a toda a massa associativa, aos adeptos da popular modalidade e aos órgãos da Comunicação Social.
- 3. Aquando da aprovação do orçamento do Clube, foi fixada a importância de 1500 contos para aquela Secção.
- 4. Confrontada com a modéstia da verba orçamentada, a Secção informou a Direcção do Clube da absoluta impossibilidade de manter uma equipa de elevada categoria técnica que pudesse competir na 1ª divisão nacional e defender condignamente o prestígio desportivo do Sporting.
- 5. Não obstante as grandes limitações económicas e financeiras, a Direcção resolveu elevar o orçamento para 3000 contos, compromotendo-se ainda a garantir uma receita mínima e a negociar o patrocínio por parte de uma empresa.
- 6. Mesmo assim não foi possível satisfazer os encargos da Secção de Basquetebol, cujos gastos excederiam largamente as importâncias apontadas.
- 7. Decidiu, pois, a Direcção do S.C.P. suspender temporariamente a Secção de Basquetebol, já que os encargos do Clube têm vindo a subir em espiral de ano para ano e era necessário ter a coragem de praticar uma gestão realista, dando prioridade à construção de infra-estruturas desportivas.
Na mesma edição e na mesma página, vinham publicadas as seguintes afirmações de Tomané Alves: “Não haverá basquete este ano, porque a Direcção voltou atrás com a proposta que nos tinha feito e que já tínhamos aceite. Tratava-se de uma verba de 6000 contos, a obter da seguinte forma: 3000 contos atribuídos pelo Clube, 1500 contos dum futuro patrocinador, que o Departamento de Publicidade contrataria, e os restantes 1500 contos das receitas dos jogos, comprometendo-se o Clube, através da Direcção, a cobrir a verba não realizada, no caso das receitas serem inferiores aos tais 1500 contos.” E continuava: “Com os 6000 contos, ou sairia o americano ou Lisboa. Com essa baixa - além da de Rui Pinheiro que já se havia concretizado - não teríamos hipóteses de discutir o título. No máximo procuraríamos manter-nos entre os oito primeiros da 1ª divisão. Nestas condições, a Direcção entendeu que a participação da equipa não dignificaria o Clube e resolveu não avançar.” Esclareceu ainda; “O nosso orçamento era sensivelmente julgo saber, metade do do F.C. Porto e um terço do do Benfica. O ano passado gastámos, no total, 5900 contos. Como vê, não subimos muito este ano.”
Algumas fontes dizem que a Direcção do Sporting teria recusado o patrocínio da Joframa, que estaria assegurado, substituindo-o com um patrocínio a ser obtido pelo Clube, convencendo assim a Secção que a modalidade iria continuar; e que, numa segunda fase, retirou o tapete, visto não haver patrocínio alternativo. Ou seja, depois de um ano em que a Secção tomou conta de si própria financeiramente, nem isso foi permitido que continuasse. Deve-se referir que, num contexto de crise económica profunda em Portugal, com a intervenção do FMI em 1983, a questão financeira era real, e o Basquetebol era a modalidade mais cara. O que é certo é que a secção de Basquetebol sénior fechou, mantendo-se apenas alguns escalões de formação, com a actividade a ser retomada em 1984/85.