Diferenças entre edições de "Basquetebol 1971/72"

Revisão das 20h22min de 7 de abril de 2016

Um Campeonato Metropolitano perdido para a turbe

O Basquetebol do Sporting viu-se órfão do seu treinador, Hermínio Barreto, que regressou a Moçambique. Era o terceiro grande treinador da secção, depois de Mário Lemos nos anos 1950 e Guilherme Bernardes na primeira metade dos anos 1960. O substituto encontrado foi o treinador-jogador norte-americano Kit Jones, vindo do Ginásio Figueirense. O seu irmão Jim Jones também se juntou ao Sporting. Ernesto Ferreira da Silva também actuou como treinador em diversos jogos.

A guerra colonial continuou a causar a partida de jogadores para o serviço militar, neste caso Fernando Monteiro e Manuel Sobreiro. Saíram por motivos diversos vários outros jogadores, ficando o Sporting, mais uma vez, com uma equipa quase nova. Eram já muitas épocas sem estabilidade. Com todas estas mudanças e com a preponderância dos jogadores americanos, mais profissionalizados, e com alguns dos jogadores mais antigos do Sporting a jogarem poucos minutos, geraram-se algumas tensões internas, com problemas de comunicação e o surgimento de algum individualismo.

O Campeonato Regional de Lisboa continuou a ser considerado como uma competição com pouco interesse, visto haver poucas equipas realmente competitivas, sendo muitos os jogos extremamente desequilibrados. O Sporting começou bem, vindo a perder à 4ª jornada contra o Benfica devido a excesso de confiança, vinda do progresso que vinham tendo e do valor extra dado pelos dois jogadores norte-americanos. Com efeito, o Sporting esteve a perder por 30 pontos quando finalmente a equipa acordou, acabando o jogo com apenas 3 pontos de diferença. Isso não voltou a acontecer, e na segunda volta o Sporting marcou mais de 100 pontos contra o rival (o que já tinha acontecido em 1958/59), voltando assim ao comando do Regional. Como essas tinham sido as únicas derrotas dos dois clubes, e a diferença de pontos não era critério, foi jogada uma finalíssima, que o Sporting venceu, conquistando assim o seu 11º Campeonato de Lisboa. O jogo foi num Pavilhão dos Desportos esgotado, com as bancadas praticamente cobertas de verde.

O Campeonato Metropolitano tinha sido conquistado contra tudo e contra todos na época anterior, com agressões em campos adversários, para além de irregularidades diversas em que o Sporting saía sempre prejudicado e outros clubes beneficiados. Nesta época, já não foi possível vencer o Metropolitano. No jogo fora contra o Porto, o incrível aconteceu. O Sporting entrou fulgurante, chegando aos 10-0. Mais tarde, com o jogo parado por falta a favor do Sporting, o Porto marca um cesto, o árbitro valida, continuando o jogo com a marcação do lance livre para o Sporting. Com o Sporting ainda a ganhar, os dois árbitros, apavorados pelo ambiente hostil, marcaram falta sobre falta a jogadores do Sporting, desclassificando alguns e intimidando os restantes. O jogo acabou com invasão de campo pelos energúmenos espectadores de azul e branco, o que levou a que o protesto do Sporting, que regulamentarmente tinha que ser feito no fim do jogo, tenha sido entregue na mesa e assinado pelos árbitros minutos depois. O protesto do Sporting acabou aceite pelo Conselho Técnico da Federação Portuguesa de Basquetebol, mas o Conselho Jurisdicional da Federação decidiu depois, em apenas um dia, reverter a decisão validando o resultado, que deu o título ao Porto. O pretexto terá sido que o protesto inicial do Sporting teria sido feito depois dos boletins do jogo terem sido encerrados, ou seja, fora de prazo... por minutos. Confirmava-se assim que no basquetebol a turbe não só ficava impune como ganhava campeonatos.

A equipa de basquetebol feminino do Sporting de 1971/72

Por impossibilidade do Sporting Clube de Lourenço Marques, foi o Sporting a representar Portugal na Taça dos Campeões Europeus, defrontando na 1ª eliminatória o campeão francês, Villeurbanne de Lyon.

A equipa feminina conseguiu, pela primeira vez, chegar à Fase Final do Campeonato Metropolitano respectivo. Chegou ainda às meias-finais da Taça de Portugal. Da equipa inicial, formada praticamente cinco anos antes, jogavam ainda Catarina Saramago, Dulce Maria, e Maria de Conceição.

O Basquetebol do Sporting teve pela primeira vez um patrocinador, com o nome nas camisolas. Foi a Lacoste, cujo representante em Portugal Alberto Coronel também deu emprego a vários basquetebolistas do Sporting, o que constituiu durante anos um apoio importantíssimo à secção.

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