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(Canção "Cantinho do Morais")
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gritou a multidão em ovação
 
gritou a multidão em ovação
 
que teve a raça pra ganhar a grande taça
 
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pois então
  
 
Onze leões com um querer de um só leão
 
Onze leões com um querer de um só leão
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que até contra o azar lutou com fé
 
que até contra o azar lutou com fé
 
e à portuguesa pôs na luta mais grandeza
 
e à portuguesa pôs na luta mais grandeza
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Assim falou de Portugal às multidões
 
Assim falou de Portugal às multidões
assim ganhou essa final de campeões.</poem>
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assim ganhou essa final de campeões."
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Quando o jogo acabou
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Na hora que Deus quis
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Todo o País chorou
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Orgulhoso e Feliz
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Quando o jogo acabou
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o Mundo até parou.</poem>
 
|Música e letra: Mário João Pereira Simões. Interpretação: Margarida Amaral}}
 
|Música e letra: Mário João Pereira Simões. Interpretação: Margarida Amaral}}
  

Revisão das 18h28min de 2 de abril de 2016

Resumo do jogo
Cantinho do Morais contado pelo próprio
Cantinho do Morais com relato de Artur Agostinho

A participação vitoriosa do Sporting na Taça das Taças da época 1963/64 ficaria marcada pela necessidade de jogos de desempate em três das cinco eliminatórias disputadas. Somente nos oitavos de final, contra o Apoel Nicósia (16-1 e 2-0, com os dois jogos a serem disputados em Alvalade), e nos quartos de final, contra o Manchester United (1-4 fora e 5-0 em casa) é que não foi precisa uma partida de desempate. De resto, tinham sido necessários três encontros quer contra a Atalanta, na 1.ª eliminatória (0-2 fora, 3-1 em casa e 3-1 no Estádio de Sarriá, do Espanhol de Barcelona), quer contra o Olympique de Lyon (0-0 fora, 1-1 em casa e 1-0 no Estádio Metropolitano, do Atlético de Madrid).

Assim, quando a final, disputada contra o MTK de Budapeste em 13 de Maio de 1964 no Estádio do Heysel, em Bruxelas, também resultou num empate, a três golos (marcaram pelo Sporting Mascarenhas aos 40 minutos e Figueiredo aos 45 e aos 80 minutos), a necessidade de uma finalíssima não terá surpreendido a comitiva sportinguista.

A finalíssima disputou-se no Estádio Duerne, em Antuérpia, em 15 de Maio de 1964, apenas dois dias após a final. O jogo foi arbitrado pelo belga Gérard Versyp e o Sporting alinhou com Carvalho, Pedro Gomes, Alexandre Baptista, Fernando Mendes e José Carlos; Pérides e Géo; Osvaldo Silva, Mascarenhas, Figueiredo e Morais, sendo orientado pelo Arquitecto Anselmo Fernandez, que desenhara o Estádio de Alvalade. O grande ausente era Hilário, que fracturara a tíbia e o perónio num jogo para a Taça de Portugal contra o Vitória de Setúbal, disputado em 10 de Maio. Por sua vez, o MTK de Budapeste alinhou com Kovalik, Keszei, Danski, Kovacs e Jenei, Nagy e Vasas, Sandor, Bodor, Kuti e Hakapi, sendo treinado por Béla Volentik.

Um dia antes do jogo, o treinador do Sporting informara Morais que ele iria jogar a extremo e não na defesa, como sucedera na final, uma vez que se lesionara nesse jogo e não poderia alinhar pelo Sporting na finalíssima. Em consequência, Fernando Mendes recuaria para a defesa (jogara no meio campo na final) e Pérides entraria na equipa, fazendo dupla com Géo no meio campo. Géo e José Carlos tinham sofrido entorses com alguma gravidade, mas graças à perícia do massagista Manuel Marques puderam disputar a finalíssima. Segundo algumas fontes, Morais fez então um pedido ao treinador Anselmo Fernandez: que, se houvesse um pontapé de canto, fosse ele a batê-lo, pois queria tentar marcar um canto directo. A princípio o treinador não queria aceitar, mas acabou por dar a sua autorização. Em boa hora.

O momento histórico
Figueiredo e o Capitão Fernando Mendes com a Taça acabada de conquistar.
A Taça no centro de todas as atenções
A homenagem dia 2 de Maio de 2010 em Alvalade

Aos dezanove minutos de jogo, canto para o Sporting, do lado esquerdo. Morais encarrega-se de bater o canto e consegue marcar golo, fazendo a bola descrever um arco, batendo assim o surpreendido Kovalik. Após o golo, o MTK assumiu o comando do jogo, passando o Sporting a gerir a vantagem. A pressão dos húngaros foi-se intensificando, atingindo o auge nos últimos vinte minutos do encontro. No entanto, a equipa do Sporting manteve-se coesa e soube impedir o seu adversário de chegar ao empate. Segundo Morais, o Sporting demonstrou então ter "alma até Almeida. Uma força psicológica que nos permitia até vencer a dor".

Além disso, os jogadores leoninos souberam puxar uns pelos outros, impedindo erros e desânimo. Em certa jogada Pérides encolheu-se para não ser atingido por um remate de um adversário e a bola foi ao poste. Passado o perigo, vários companheiros de equipa foram junto dele para o repreender e espicaçar, ordenando que não voltasse a ter medo de disputar uma jogada. O guarda-redes Carvalho realizou exibição notável e mereceu a alguma sorte que teve quando, no último minuto e com praticamente todos os jogadores na área do Sporting, menos o guarda-redes do MTK, viu um remate adversário ser parado pela barra. Valera-lhe, quem sabe, Santa Filomena, cuja imagem colocara dentro da baliza.

Carvalho diria depois que, nos últimos minutos do jogo, olhara, sempre que pudera, para um relógio existente atrás da sua baliza, para controlar quanto tempo faltava para que se cumprissem os noventa minutos. Por seu turno, Alexandre Baptista diria depois que nos dez derradeiros minutos do encontro o Sporting preocupara-se sobretudo em afastar a bola da sua área, chutando "para qualquer lado".

O correspondente de "A Bola", Vítor Santos, prodigalizou-se em elogios à exibição sportinguista, realçando a feição épica do encontro, com o seguinte texto: "nunca mais! Nunca mais se apagarão da nossa memória as imagens de autêntico dramatismo que se desenrolaram sob os nossos olhos durante os últimos quinze ou vinte minutos deste memorável encontro".

Findo o jogo, o dramatismo dos últimos minutos foi rapidamente esquecido, dando lugar a eufóricos festejos em que participou toda a comitiva sportinguista. Ao aterrar no aeroporto de Lisboa, a equipa foi recebida por milhares de adeptos em delírio, desfilando depois até ao Estádio de Alvalade, mas sem se deter, pois o seu destino era a casa de Hilário, ainda acamado, cujos companheiros pretenderam homenagear antes de mais, entrando-lhe pela casa dentro e dando-lhe a taça a beijar. Este acto de fraternidade sportinguista encerraria o capítulo épico da participação na Taça das Taças de 1964.

Dia 2 de Maio de 2010, antes de começar o primeiro jogo do Sporting após o falecimento de Morais, este feito foi homenageado. Duas crianças das Escolas Academia Sporting da Póvoa de Santa Iria e de Loures colocaram uma coroa de flores no canto direito da baliza sul do Estádio José Alvalade (a baliza Vítor Damas), que assim se tornou O Cantinho do Morais em Alvalade.

Canção "Cantinho do Morais"

A terra estremeceu
e verde se tornou
o sonho aconteceu
um golo só bastou

Um golo do Morais
que não esquece mais.

Vivò Sporting!
gritou a multidão em ovação
que teve a raça pra ganhar a grande taça
pois então

Onze leões com um querer de um só leão
com mil razões para vencer do coração

Vivò Sporting!
que até contra o azar lutou com fé
e à portuguesa pôs na luta mais grandeza
mais ralé

Assim falou de Portugal às multidões
assim ganhou essa final de campeões."

Quando o jogo acabou
Na hora que Deus quis
Todo o País chorou
Orgulhoso e Feliz

Quando o jogo acabou
o Mundo até parou.

Música e letra: Mário João Pereira Simões. Interpretação: Margarida Amaral

--Pireza 19h19min de 8 de Outubro de 2008 (WEST)