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Em 1975, após a independência de Moçambique, tornou-se Sporting Clube de Maputo, para em 1977 assumir a designação actual - Clube de Desportos da Maxaquene. Entre Dezembro de 1981 e Fevereiro e 1982, o clube chamou-se Asas de Moçambique, voltando a ser Maxaquene após 3 meses como Asas. O Sporting Clube de Lourenço Marques tornou-se a filial nº 6 do [[Sporting Clube de Portugal]], e assim se manteve até 1975. <ref>Ver a Tábua Biográfica da Fotobiografia do Sporting Clube de Portugal, Rui Guedes, Publicações Dom Quixote - Intercultura, 1988.</ref> O Maxaquene adoptou como cores o azul e vermelho, mantendo actividade desportiva em futebol e andebol.
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O Sporting Clube de Lourenço Marques tornou-se a [[Filiais do Sporting|Filial]] nº 6 do [[Sporting Clube de Portugal]], e assim se manteve até 1975. <ref>Ver a Tábua Biográfica da Fotobiografia do Sporting Clube de Portugal, Rui Guedes, Publicações Dom Quixote - Intercultura, 1988.</ref> Em 1975, após a independência de Moçambique, tornou-se Sporting Clube de Maputo, para em 1977 assumir a designação actual - Clube de Desportos da Maxaquene. Entre Dezembro de 1981 e Fevereiro e 1982, o clube chamou-se Asas de Moçambique, voltando a ser Maxaquene após 3 meses como Asas. O Maxaquene adoptou como cores o azul e vermelho, mantendo actividade desportiva em futebol e andebol.
  
 
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[[Imagem:CampeoesDistritais1970SCLM.jpg|thumb|right|Campeões Distritais de 1970]]

Revisão das 10h20min de 12 de janeiro de 2014

Bandeira do Sporting de Lourenço Marques

História

As origens do Sporting Clube de Lourenço-Marques encontram-se em 1915, quando um grupo de estudantes do Liceu 5 de Outubro formaram uma equipa de futebol, a que decidiram chamar Sporting, por a maioria ser adepto do Sporting Clube de Portugal. Esse grupo incluía Jorge Belo, Júlio Belo, José Agent, António Amorim, Manuel Dias, João Amorim, Abel Cardoso, Luís Cardoso, Luís Maria da Silva, João Carvalho, José Roque de Aguiar, e A. Gonçalves. [1]

Este foi o núcleo que, 5 anos depois, sendo o Sporting Clube de Lourenço Marques já um clube importante na região, decidiu legalizar o clube. No dia 3 de Maio, considerado nos estatutos como a data oficial de fundação [2], 20 sócios fundadores realizaram uma assembleia geral onde foram aprovados os estatutos, cuja aprovação foi requerida ao Governador-Geral a 15 desse mês, concedida em 21 de Julho de 1920. Esses fundadores foram Jorge Belo, Joaquim Duarte Saúde, José Roque de Aguiar, Peter Mangos, António José de Sousa Amorim, Alberto Gonçalves Túbio, Júlio Belo, José Nicolau Argent, Edmundo Dantes Couto, Manuel Sousa Martins, José Miguens Jorge, José Mendes Felizardo Martins, Alfredo Carlos Sequeira, João Carvalho, Manuel Dias, José Lopes, António Pimenta Freire, Augusto Gendre Ferreira, António Maria Veiga Peres, Abílio Carmo, João de Freitas e Fernando de Figueiredo Magalhães.[3] Note-se que a maioria dos fundadores era menor de idade, e o requerimento de legalização foi subscrito por pessoas que não participaram na reunião de 3 de Maio. Rapidamente o Sporting de Lourenço Marques se tornou num dos mais importantes clubes desportivos de Moçambique, não se limitando ao futebol.

Sporting de Lourenço Marques
Satar, jogador do SCLM

O Sporting Clube de Lourenço Marques tornou-se a Filial nº 6 do Sporting Clube de Portugal, e assim se manteve até 1975. [4] Em 1975, após a independência de Moçambique, tornou-se Sporting Clube de Maputo, para em 1977 assumir a designação actual - Clube de Desportos da Maxaquene. Entre Dezembro de 1981 e Fevereiro e 1982, o clube chamou-se Asas de Moçambique, voltando a ser Maxaquene após 3 meses como Asas. O Maxaquene adoptou como cores o azul e vermelho, mantendo actividade desportiva em futebol e andebol.

Campeões Distritais de 1970

Segundo os testemunhos de antigos jogadores de futebol do Sporting de Lourenço Marques, Naldo Quana, Joaquim Aloi, Miguel Vaz e Leovelgildo Ferreira, que transitaram para o Maxaquene, antes da independência o clube “era um clube selectivo. Para os negros jogarem no Sporting ou tinham que ser jogadores com a qualidade de Eusébio da Silva Ferreira ou, então, tinham que ter alguém que os apadrinhasse”. Os seus dirigentes e atletas proviriam principalmente da Polícia e do Serviço Municipalizado de Água e Electricidade. [5] No entanto, isto era decorrente, não de uma decisão do Sporting de Lourenço Marques, mas sim de uma “proibição da utilização de negros sem alvará de assimilação” no futebol. Efectivamente, José Craveirinha, um dos maiores poetas de Moçambique e figura maior da literatura de língua portuguesa, galardoado em 1991 com o Prémio Camões, enalteceu “o rasgo de puro e desassombrado desportivismo” que representara, na época de 1951/52, o “caso absolutamente ímpar” da “apresentação nas pistas de atletismo de alguns atletas negros puros envergando a tão susceptível, até aí, camisola do Sporting local.” [6] Mais ainda, os sino-moçambicanos de Lourenço Marques praticavam desporto no Sporting. [7]

Equipa de Agosto de 1971
Eusébio nos juniores do SCLM

Futebol

Eusébio no SCLM

O Sporting de Lourenço Marques foi um dos mais importantes clubes de futebol de Moçambique, tendo conquistado múltiplos troféus. Chegou a participar na Taça de Portugal: de acordo com Nuno Martins, jogador/treinador, “cabia na maior parte das vezes a Moçambique decidir com Angola a oportunidade de jogar os oitavos-de-final da Taça de Portugal aqui no Continente. Ganhei duas vezes, por duas vezes vim com o Sporting de Lourenço Marques à Taça de Portugal. A primeira, da qual fez parte o Eusébio, tenho até a placa de quando cá viemos. Na primeira vez jogámos com o Belenenses nos quartos-de-final, na segunda jogámos com o Sporting Clube de Portugal e fizemos de Alvalade ‘a nossa casa', embora tivéssemos ficado alojados no Vila Parque e no Parque Eduardo VII, ficámos alojados nessa unidade hoteleira, mas servimo-nos de Alvalade como nossa casa para tudo o que fosse preciso, cuidados primários de assistência e até dos próprios treinos. Recordo-me ainda com mais saudade dessa eliminatória frente ao Sporting para a Taça de Portugal, porque perdemos a primeira mão em Alvalade num sábado por 3-1, e recebi um telegrama vindo da rapaziada de um café da Baixa de Lourenço Marques, ao meu cuidado, a pedir que prescindíssemos da 2ª mão porque a derrota por 3-1 era suficiente e todos já estavam galvanizados, entusiasmados. Mas não, fizemos a 2ª mão, como era obrigatório, e perdemos por 3-2, e por duas vezes tivemos o 3-3 nos pés”. [8]

Moçambique era nessa altura um viveiro de talentos futebolísticos. Jogadores que depois vieram jogar pelo Sporting Clube de Portugal foram, por exemplo, Juca, que começou no Sporting de Lourenço Marques como guarda-redes, mas que, tendo como concorrente o Costa Pereira que depois representou o Benfica e a Selecção Nacional, passou para médio, lugar onde fez uma brilhante carreira. Hilário, que se tinha estreado como júnior no Atlético, transferiu-se para o Sporting de Lourenço Marques a troco de um emprego na Companhia das Águas, e da Filial nº 6 foi para a casa-mãe. Outros jogadores do que fizeram o mesmo caminho foram por exemplo Morais Alves e Armando Manhiça.

Eusébio

Eusébio campeão pelo SCLM
Com a faixa de campeão

No entanto, o mais famoso jogador do Sporting Clube de Lourenço Marques foi, para além de Hilário, o Eusébio que se notabilizou ao serviço do Benfica e da Selecção Nacional.

Eusébio chegou ao Sporting de Lourenço Marques em 1958, depois de ter sido rejeitado pelo vizinho Grupo Desportivo de Lourenço Marques, actual Grupo Desportivo de Maputo. No Sporting, Eusébio jogou durante somente duas temporadas no escalão de juniores, quando tinha 16/17 ou 17/18 anos de idade. Foi aí que Eusébio aprimorou, sozinho, o seu potente remate com o pé direito, pegando em três bolas e ensaiando remates de meio-campo para uma baliza sem guarda-redes. [5] A história da sua transferência do Sporting de Lourenço Marques para o Benfica é pouco clara, mas diz-se que teria sido “raptado” por elementos do clube encarnado para embarcar no avião horas antes do check-in dos passageiros com destino a metrópole. Isto é negado pelo próprio, que disse, com clara falta de memória pelas cores que primeiro envergou, “dizem que fui roubado pelo Benfica, mas foi ao contrário. O Sporting é que queria raptar-me, mas não conseguiu porque não gosto nada do Sporting.” [9] Certo é que o Sporting de Lourenço Marques utilizou o dinheiro que recebeu por esta transferência para construir o seu Pavilhão dos Desportos.

Numa entrevista ao Expresso dia 12 de Novembro de 2011, Eusébio declarou que o Sporting de Lourenço Marques "era o clube da Polícia e dos racistas" [10]. Estas afirmações foram prontamente desmentidas por antigos jogadores do clube que com ele lá jogaram. Entre eles contam-se Hilário, que disse "o Eusébio não sofreu na pele essa situação", e segundo as suas próprias palavras "fui o primeiro preto a jogar no Sporting de Lourenço Marques e sempre fui muito bem tratado. (...) Depois de mim, foram muitos pretos, brancos e mulatos que ingressaram no Sporting de Lourenço Marques." [11]. Também Braga Borges, antigo jogador do Sporting de Lourenço Marques, declarou "Se éramos um clube elitista e racista, ele que explique então porque saíram do "seu" Desportivo, para jogar no Sporting, o Satar e o Merali, que eram indianos, e o Sérgio Albasini, que era mestiço. Eu avivo-lhe a memória: a dupla de centrais era composta por Satar (indiano) e Rangel (misto/chinês); o avançado centro, Maurício, era preto (para não falar do próprio Eusébio); havia ainda Morais Alves, Roberto da Mata, Madala, etc. etc. etc., todos de raças diferentes. (...) Então e quando o Sporting era convidado a participar em torneios na África do Sul (na época do apartheid) e uma das exigências para a participação era a equipa não incluir atletas pretos, o que é que os dirigentes do Sporting faziam? Não ia ninguém, declinava os convites!" [12]

Mário Albuquerque
Equipa de basquete do SCLM
Secção de natação
Atletas do SCLM
Francisco Velasco e outros jogadores de hóquei

Modalidades

O Sporting Clube de Lourenço Marques desenvolvia não apenas o futebol, mas diversas outras modalidades. Foi um clube emblemático do basquetebol português dos anos 1960 e 1970, começando em 1962, ao vencer a Taça de Portugal. A partir da época de 1965/66 foi criada, pela Federação Portuguesa de Basquetebol, a Fase Final do Campeonato Nacional que englobava o Campeão da Metrópole, o de Angola e o de Moçambique e que se realizaria pela primeira vez em Lisboa. A grande maioria dos títulos foram divididos pelo Sport Lisboa e Benfica e pelo Sporting Clube de Lourenço Marques. [13] Pontificavam entre outros Mário Albuquerque, um dos melhores basquetebolistas portugueses de todos os tempos, Nélson Serra, eleito atleta de Moçambique do Ano em 1972, [14] Rui Pinheiro e Tomané Alves. Todos estes jogadores transitaram para a equipa de basketebol do Sporting Clube de Portugal que ganho o Campeonato Nacional em 1976. [15]. Ao responder à pergunta “Qual foi a melhor equipa da qual fez parte?”, Rui Pinheiro respondeu “A do Sporting Clube de Lourenço Marques, sem dúvida. Esperando não me esquecer de ninguém, a equipa era composta por, além de mim: Mário Albuquerque, Nélson Serra, Tomané Alves, Victor Morgado, Terry Jonshon, João Romão, Luis Almeida, Belmiro Simango, Morais e Periquito.” [16]

O Sporting Clube de Lourenço Marques teve ainda secções de hóquei em patins, onde Francisco Velasco, várias vezes Campeão Latino, Europeu e Mundial, foi treinador-jogador a partir de 1964 [17]; de atletismo; de natação, que treinava na piscina dos Velhos Colonos, depois rebaptizada de Piscina da Assicação de Natação de Maputo [18], e de judo.

Palmarés de Futebol

  • Campeão Distrital de Lourenço Marques em 1922, 1930, 1933, 1938, 1940, 1943, 1948, 1953, e 1960
  • Campeão de Moçambique em 1960 e 1962

Referências

  1. Jornal Sporting de 24 de Dezembro de 1971
  2. O futebol português em Moçambique como memória social, Nuno Domingos, Cadernos de Estudos Africanos, 9/10 (2006) 113-127
  3. Livro de ouro do Mundo Português - Moçambique, p. 57
  4. Ver a Tábua Biográfica da Fotobiografia do Sporting Clube de Portugal, Rui Guedes, Publicações Dom Quixote - Intercultura, 1988.
  5. 5,0 5,1 No site do Maxaquene.
  6. Ver Triplo V
  7. Gazeta da comunidade chinesa de Moçambique, Nº 2, Verão 2003.
  8. Ver entrevista.
  9. Correio da Manhã de 4 de Dezembro de 2008
  10. Expresso, Revista Única de 12 de Novembro de 2011
  11. Jornal Sporting de 22 de Novembro de 2011
  12. Expresso on-line 30 de novembro de 2011
  13. Planeta Basket
  14. Revista Tempo nº 83 de 9 Abril de 1972.
  15. Ver o Armazém Leonino e o blogue Delagoa Bay
  16. Ver entrevista no Planeta Basket
  17. Ver a sua biografia
  18. Ver o blogue Delagoa Bay