Diferenças entre edições de "Atletismo 1964"

Revisão das 21h22min de 12 de abril de 2012

Manuel de Oliveira brilha em Tóquio

O domínio esmagador do Sporting no Atletismo nacional, fora construído na base de um trabalho profundo liderado por técnicos como Moniz Pereira, Raimundo Mendes, António Calado e Armando Chaves, e por dirigentes como Rui Pignatelli e Sá Viana, traduzindo-se na conquista consecutiva de 6 Campeonatos Regionais e 5 Nacionais no Corta Mato, 8 Campeonatos Regionais e outros tantos Nacionais em Masculinos e 5 de cada em Femininos, na Pista, e 6 Estafetas Cascais-Lisboa, na Estrada, ou seja o Sporting ganhava praticamente tudo há anos a fio, o que levou um clube rival ao desespero, e assim o Benfica atacou quase todos os atletas do Sporting, oferecendo-lhes ordenados e prémios de assinatura, isto numa altura em que a IAAF proibia a remuneração dos atletas, na defesa do puro amadorismo e do ideal olímpico.

Apesar deste ataque, o Sporting apenas tremeu no Corta-Mato, onde as saídas de Manuel Marques e Dias Santos enfraqueceram a equipa, o que não impediu Manuel de Oliveira de voltar a ganhar o Campeonato Nacional de Crosse.

De resto esta foi uma época brilhante para o melhor atleta português, que começou com um 3º lugar na Corrida de São Silvestre de São Paulo, atrás de Manuel Marques que ficou em 2º, o que ainda deu esperanças este atleta de manter os títulos que tinha conquistado na época anterior, uma ideia que Manuel de Oliveira tratou logo de arrumar no Corta Mato, para depois arrancar para uma época brilhante na Pista, tornando-se num dos melhores atletas do mundo nos 3000m obstáculos, uma especialidade em que bateu o Recorde Nacional por 4 vezes, as últimas duas durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, onde ganhou a sua eliminatória e ficou à beira de uma Medalha, ao terminar a Final no 4º lugar, a melhor classificação de sempre do Atletismo português nas Olimpíadas.

Para além disso Manuel de Oliveira ainda teve tempo de ganhar os Campeonatos de Portugal dos 1500 e 5000m e de bater o Recorde Nacional desta última distância, ficando muito perto de baixar dos 14 minutos.

José Rocha foi outra das grandes figuras desta época, colocando-se ao nível dos melhores velocistas da Europa, chegando mesmo a bater o inglês Peter Redford, que era o Campeão Europeu dos 200m, e sagrando-se novamente Campeão de Portugal nos 100 e 200m, batendo os Recordes Nacionais destas distâncias, com destaque para os 10,5s que fez nos 100m, que lhe permitiram superar um Recorde que já tinha 32 anos. Apenas a sua actuação nos Jogos Olímpicos de Tóquio foi decepcionante, não conseguindo passar das eliminatórias.

O terceiro representante do Sporting e do Atletismo português nas Olimpíadas do Japão, foi Armando Aldegalega, que nesta altura começou a especializar-se na Maratona, conseguindo os mínimos para os Jogos ao ganhar a Maratona Nacional, e confirmando as suas apetências para a mais dura prova do Atletismo, ao obter um 3º lugar na Maratona de Bruxelas. Mas a sua prestação em Tóquio também foi decepcionante, terminando no 44º lugar.

Pelo meio, Aldegalega foi Campeão de Portugal dos 3000m obstáculos e dos 10000m, e conseguiu a proeza de bater 3 Recordes Nacionais na mesma prova (o da hora, o dos 15000m e o dos 20000m).

Voltando atrás, depois do Corta Mato o favoritismo para a Estafeta Cascais-Lisboa, era inteiramente atribuído ao Benfica, mas a equipa do Sporting fez uma prova brilhante, liderando a corrida nos primeiros três percursos, feitos por Miguel Jesus, Joaquim Ferreira e Armando Aldegalega. No 4º troço, Fernando Cândido que até começou bem, acabou por desfalecer e perder o avanço conquistado, no entanto no último percurso, Manuel de Oliveira fez a diferença, e garantiu a 7ª vitória consecutiva do Sporting Clube de Portugal, na mais popular corrida de estrada do nosso País, perante o entusiasmo do muito público que acompanhou a competição.

Na pista o domínio do Sporting manteve-se, com novas vitórias nos Campeonatos Regionais e Nacionais, neste caso com 14 triunfos nas 20 provas em disputa, sendo que para além dos já referidos José Rocha, Manuel de Oliveira e Armando Aldegalega que conquistaram cada um dois títulos, há a destacar que Júlio Fernandes no Salto em Altura e Pedro de Almeida no Salto em Comprimento, conseguiam o seu 5º titulo consecutivo, enquanto o Valentim Baptista completou um tri-Campeonato nos 400m.

Outro resultado notável da temporada, foi para Manuel Goulão, um atleta que o Sporting tinha conseguido pescar no Benfica, em resposta aos ataques sofridos, e que conseguiu logo no seu ano de estreia como Leão, tornar-se no primeiro português a ultrapassar os 50 metros, no Lançamento do Disco.

No sector feminino o domínio do Sporting continuou a ser total, com as atletas leoninas a conseguirem ganhar todas as provas em disputa, excepto os 80m barreiras nos Regionais e o Salto em Altura nos Nacionais, apesar desta última competição ter sido abrilhantada pela presença de uma equipa moçambicana, composta por algumas atletas que deram luta às Leoas, mas Lídia Faria, Francelina Anacleto, Ana Maria Gomes e Eulália Mendes eram de longe as melhores atletas portuguesas da altura, e neste ano beneficiaram da realização de algumas competições extra, para conseguirem uma serie impressionante de Recordes Nacionais, que mostraram uma grande evolução do Atletismo feminino.

Entre todas Lídia Faria assumiu o maior protagonismo, conseguindo a notável proeza de ser Recordista Nacional simultaneamente dos lançamentos do Peso e do Disco, dos 80m barreiras, dos 200m, dos 4x100m e do Pentatlo.

O Portugal-Espanha realizado na pista de Alvalade nos dias 12 e 13 de Setembro, que pela primeira vez foi alargado ao sector feminino, foi outro grande momento para o Atletismo português, com natural destaque para os atletas leoninos, que à sua conta conseguiram 10 Recordes Nacionais (4 para os homens e 6 para as senhoras).

To-mane 22h22min de 12 de Abril de 2012 (WEST)

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