Diferenças entre edições de "1928/29"

Revisão das 10h40min de 10 de junho de 2021

O fim de um ciclo

O Sporting tinha feito uma boa temporada, mas para além da crise financeira estar longe de ser resolvida, da grande equipa dos anos 20 já pouco restava. Jogadores importantes como Torres Pereira, Joaquim Ferreira, Jaime Gonçalves e Emílio Ramos já se tinham retirado ou rumado a outras paragens, enquanto outros como José Leandro, Henrique Portela, João Francisco e Filipe dos Santos, já estavam a dar as últimas.

Como se tudo isto não bastasse, José Manuel Martins, um dos poucos novos jogadores que se tinham imposto recentemente na equipa, casou-se e decidiu abandonar o futebol para se dedicar à família e aos negócios, enquanto Agostinho Cervantes resolveu partir para Espanha e Alfredo Sousa adoeceu.

Entretanto, constou que Jorge Vieira teria levantado a questão do profissionalismo, e o que é certo é que com 30 anos de idade e acabado de representar Portugal nos Jogos Olímpicos, o histórico Capitão da equipa do Sporting decidiu abandonar o Futebol, alegando que por motivos da sua vida particular já não se podia preparar convenientemente, seguindo-se uma polémica que ficou conhecida como a Questão Jorge Vieira, que esteve na origiem da demissão da Direcção de Joaquim Oliveira Duarte, ocorrida já em Fevereiro de 1929.

Perante tudo isto, o treinador Charles Bell foi obrigado a mexer muito na equipa, lançando vários jogadores de qualidade duvidosa e tentando encontrar soluções, ora recorrendo a alguns veteranos, ora apostando nos reservas, ao mesmo tempo que ia fazendo algumas adaptações, das quais as que melhor resultaram foram a transformação de um avançado centro vulgar como era João Jurado, num excelente defesa direito e a passagem de Abrantes Mendes para o centro do ataque e o recuo de Martinho de Oliveira para a defesa, onde ocupou o lugar de Jorge Vieira. Para além disso, Varela que tinha vindo do Império cotado como um bom avançado, transformou-se num não menos valoroso médio direito.

No final do ano Jorge Vieira e Agostinho Cervantes ainda regressaram, mas estavam sem ritmo de jogo e, no caso do Capitão a sua entrada acabou por mexer numa dupla de defesas que já começava a entender-se bem, levando o treinador a experimentar Martinho de Oliveira na posição de avançado centro, com resultados nada animadores, o que acabou por originar um novo afastamento do histórico defesa esquerdo leonino, na sequência da já referida Questão Jorge Vieira.

Se na defesa e no meio campo ainda se conseguiu algum equilíbrio, as soluções para a linha da frente nunca deram certo e os resultados não foram nada animadores, pelo que no final da 1ª volta do Campeonato de Lisboa o Sporting estava no 5º lugar da classificação, a 5 pontos dos dois da frente, o que fez com que a Direcção resolvesse dispensar os serviços do treinador escocês, que significavam um pesado encargo para o Clube.

Esta época também ficou marcada pela introdução de uma nova prova, que a AFL apelidou de Taça Associação, uma competição que gerou alguma polémica por ter sido encravada a meio do Campeonato de Lisboa, provocando uma interrupção de dois meses na prova principal do futebol lisboeta.

Festejos da conquista da Taça Caridade

Com o Benfica a abdicar da sua participação nesta Taça Associação e o Belenenses a ser eliminado logo na primeira ronda, o Sporting qualificou-se para a Final sem dificuldades, mas um protesto do Bom Sucesso, levou a Associação a anular os jogos, resolvendo recomeçar tudo de novo já com a adesão do Benfica, gerando-se então nova discussão, que naturalmente matou a prova que não chegou ao fim.

Em Fevereiro o Sporting ganhou a Taça Caridade, uma competição realizada para fins de beneficência, derrotando o Carcavelinhos por 4-2, quando a equipa já começava a estabilizar, embora a linha avançada continuasse em construção.

No arranque da 2ª volta do Campeonato de Lisboa, mais dois empates e uma derrota com o Belenenses, arrumaram em definitivo com as esperanças leoninas, mas curiosamente daí para a frente a equipa começou a estabilizar entrando na sua melhor fase já com o Campeonato de Portugal em andamento, numa altura em que Adolfo Mourão se afirmou como a revelação da temporada, na posição de extremo direito e Oliveira Martins agarrou o lugar de avançado centro, tornando-se no goleador da equipa.

Assim, num ano em que a fórmula de pontuação passou a ser vitória 3 pontos, empate 2, derrota 1 e falta de comparência 0, o Sporting terminou o Campeonato de Lisboa num modesto 5º lugar, com 28 pontos, a 9 do Belenenses que foi Campeão.

No Campeonato de Portugal o Sporting goleou os Coimbrões, para depois eliminar o FC Porto, com 3 golos de Oliveira Martins, naquele que terá sido o maior feito da equipa nesta temporada. Seguiu-se uma difícil deslocação ao Algarve para defrontar o Lusitano de Vila Real de Santo António, que vendeu cara a eliminatória, obrigando a um jogo de desempate.

Com a equipa a dar sinais de recuperação, nas meias-finais o Sporting era o favorito frente ao União de Lisboa, mas depois de uma 1ª parte desinspirada, os Leões foram para o intervalo a perder por 2-1 e apesar do intenso domínio exercido no 2º tempo, faltou uma pontinha de sorte para pelo menos levar o jogo a prolongamento.

Em termos internacionais, em Dezembro de 1928 o Ferencvaros da Hungria veio a Lisboa, onde goleou o Sporting por 6-0 e, a Selecção Nacional disputou apenas dois jogos, com Martinho de Oliveira a participar em ambos, enquanto Varela só defrontou a Espanha.

Nesta temporada houve uma alteração no nome atribuído à diversas categorias, que a partir desta altura passaram a ser denominadas como Honra, Reservas, 2ª e 3ª categorias. As equipas do Sporting tiveram uma época para esquecer em todos os escalões.

To-mane 12:29, 27 Julho 2008 (WEST)

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• Constituições incompletas: 3 (contra União Lisboa, Lusitano VRSA e Lusitano VRSA)

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