|
|
Linha 98: |
Linha 98: |
| Em estudo estava a criação de um regulamento para o [[Conselho Geral]], órgão que em Novembro de 1956 viu eleita [[o quarto Conselho Geral|a sua quarta versão]], que tinha como primeira missão escolher os Presidentes dos Órgãos Sociais do [[Sporting Clube de Portugal]] para o novo ciclo que se avizinhava, depois de um período de ouro na vida da instituição, que ficara marcado pela ação brilhante de homens como [[Ribeiro Ferreira]], [[Góis Mota]], [[Palma Carlos]] e [[Carlos Farinha]]. | | Em estudo estava a criação de um regulamento para o [[Conselho Geral]], órgão que em Novembro de 1956 viu eleita [[o quarto Conselho Geral|a sua quarta versão]], que tinha como primeira missão escolher os Presidentes dos Órgãos Sociais do [[Sporting Clube de Portugal]] para o novo ciclo que se avizinhava, depois de um período de ouro na vida da instituição, que ficara marcado pela ação brilhante de homens como [[Ribeiro Ferreira]], [[Góis Mota]], [[Palma Carlos]] e [[Carlos Farinha]]. |
| | | |
− | No final desta Gerência que terminou em 31 de Janeiro de 1957, a [[Comissão Central do Estádio]] apresentou contas, verificando-se que a obra tinha tido um custo 27.539,708$38, a maior parte dos quais, quase 20 mil contos, eram referentes à empreitada da 2ª fase da obra, havendo a registar que o Fundo do Estádio tinha conseguido angariar mais de 11 mil contos, sendo que as maiores fatias resultaram dos festivais da inauguração (cerca de 3.294 contos) e da venda de lugares cativos (2.595 contos). | + | No final desta Gerência que terminou em 28 de Fevereiro de 1957, a [[Comissão Central do Estádio]] apresentou contas, verificando-se que a obra tinha tido um custo 27.539,708$38, a maior parte dos quais, quase 20 mil contos, eram referentes à empreitada da 2ª fase da obra, havendo a registar que o Fundo do Estádio tinha conseguido angariar mais de 11 mil contos, sendo que as maiores fatias resultaram dos festivais da inauguração (cerca de 3.294 contos) e da venda de lugares cativos (2.595 contos). |
| + | |
| + | A Assembleia Geral de apresentação do Relatório Contas desta Gerência foi quente, com [[Góis Mota]] a explicar os desentendimentos com o Benfica, principalmente por causa das instalações que aquele clube ainda ocupava no Campo Grande, mas também relativas às disputas nas contratações de atletas, no entanto o mau momento do [[Futebol]] continuava a ser o pomo de discórdia, embora a questão das contas do Estádio também tenha gerado alguma polémica, devido a Manuel Arnaud ter sido acusado de falta de careza na apresentação das mesmas. |
| | | |
| [[Utilizador:To-mane|To-mane]] 13h04min de 28 de Outubro de 2011 (WEST) | | [[Utilizador:To-mane|To-mane]] 13h04min de 28 de Outubro de 2011 (WEST) |
| | | |
| [[Categoria:Direcções|1956]] | | [[Categoria:Direcções|1956]] |
Revisão das 10h55min de 31 de março de 2018
No dia 4 de Fevereiro de 1956 a Direcção de Góis Mota foi reeleita, com pequenas alterações na sua configuração:
O emblema comemorativo do cinquentenário
O livro 50 anos ao serviço do Desporto e da Pátria
Américo Tomás condecora o estandarte do Sporting
O Estádio quase pronto em Maio
O grande Sarau Internacional
A atribuição da Medalha de Mérito Desportivo
O primeiro jogo com iluminação artificial disputado em Portugal
Manuel Faria triunfa em São Paulo
Esta Gerência ficou marcada por dois acontecimentos históricos: as comemorações das Bodas de Ouro do Sporting Clube de Portugal e a inauguração do Estádio José Alvalade, recinto com capacidade para cerca de 60 mil espetadores, onde no dia 13 de Junho de 1956 se realizou o primeiro jogo com iluminação artificial disputado em Portugal.
A inauguração ocorrida três dias antes, onde esteve presente o Presidente da Republica General Craveiro Lopes que na altura atribuiu ao Sporting Clube de Portugal a Medalha de Mérito Desportivo, foi assinalada com uma grandiosa festa que envolveu um desfile de 1500 atletas do Sporting, contando com a presença de representantes de 31 Federações e Associações Desportivas, 200 Clubes e 71 Filiais e terminando com um jogo de futebol abrilhantado pela grande equipa brasileira do Vasco da Gama. O sonho tornara-se realidade.
Refira-se ainda que foi constituída uma Comissão de Honra para a inauguração do Estádio, presidida pelo Ministro da Presidência Marcelo Caetano e da qual também faziam parte os Ministros da Obras Públicas, Arantes e Oliveira, da Defesa Nacional, Santos Costa, do Interior, Trigo de Negreiros, o Presidente e o Vice Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Salvação Barreto e Pastor de Macedo e o Diretor Geral dos Desportos, Sacramento Monteiro.
Ainda no âmbito da construção do novo Estádio, nesta altura foi aprovada a venda e permuta com a Câmara Municipal de Lisboa de alguns terrenos, nomeadamente das Quintas da Glória e das Raposeiras e da faixa Talone, para que se construissem os arruamentos de acesso ao parque desportivo do Sporting, que em contrapartida passaria a ser proprietário dos terrenos onde estava a ser construído o Estádio José Alvalade, ao mesmo tempo que se chegou a um entendimento com o Benfica para que nos jogos de maior afluência de público, fossem utilizadas como passagem as instalações do Campo Grande que ainda eram usadas por aquele clube.
Apesar do jubilo dos sportinguistas pela concretização daquele que era conforme prometido um verdadeiro monumento à grandeza e à glória do Sporting Clube de Portugal, não deixou de se levantar a questão do porquê de não se ter fechado a bancada na zona do peão, ao que o Presidente da Comissão Central do Estádio, Manuel Carvalho Brito das Vinhas, respondeu que a concretização desse projeto dependia apenas sócios e da sua comparticipação no financiamento da obra.
De resto a Cidade Desportiva do Sporting continuava a ser um sonho, pelo que estavam projetadas novas obras, nomeadamente a construção de uma Sede monumental junto ao Estádio, um pavilhão coberto, campos de ténis, campos para o Basquetebol e o Voleibol, o ringue de patinagem, uma piscina, a carreira de tiro, campos de treino para o Futebol que deveriam ocupar as instalações ainda utilizadas pelo Benfica no Campo Grande, um parque infantil e dois parques de estacionamento.
Para assinalar as comemorações do 50ª aniversário do Sporting Clube de Portugal, foi criado um novo emblema, constituído por um laurel dourado com cercadura de esmalte verde e a legenda "50 anos ao serviço do Desporto e da Pátria", foi aprovado o Hino do Sporting, com letra de Ramiro Guedes Campos e música do Maestro Flaviano Rodrigues e foi publicado o livro "50 anos ao serviço do Desporto e da Pátria". Com o mesmo nome realizou-se um documentário cinematográfico da responsabilidade de Eduardo Oliveira Martins que foi exibido no Cinema Monumental.
As atividades comemorativas do cinquentenário prolongaram-se durante alguns meses e foram assinaladas por diversas iniciativas, como o Primeiro Passo Nacional que alargou essa já tradicional organização da secção de Atletismo a diversas cidades do País, com um programa que se estendeu durante várias semanas.
No dia 11 de Abril verificou-se um dos momentos altos do programa das festas com um festival ginástico-desportivo realizado no Pavilhão dos Desportos, onde o Ministro da Marinha, o Almirante Américo Tomás, condecorou o estandarte do Sporting. Neste sarau que já era uma tradição leonina, as classes de Ginástica do Sporting mostraram a grande qualidade do trabalho feito nesta secção com atuações de alto nível, intercaladas com uma exibição da grande equipa de Basquetebol do Sporting, uma demonstração de Badminton uma nova modalidade que se estava a impor com excelentes resultados e a inevitável exibição da patinadora Maria Antónia de Vasconcelos.
Em Maio realizaram-se o Festival Luso-Francês com a participação de equipas do Bordéus em modalidades como Basquetebol e Voleibol feminino e Basquetebol masculino e o Grande Sarau Internacional do Sporting com a presença de vários ginastas estrangeiros de grande classe.
No dia 21 de Junho foi inaugurada a pista de ciclismo do Estádio José Alvalade, com um festival noturno onde marcaram presença vários corredores de estrangeiros de grande nível internacional.
O dia do cinquentenário do Sporting Clube de Portugal encerrou o programa das comemorações da bodas de ouro com uma grandiosa festa no Pavilhão dos Desportos, onde foram homenageados vários associados e atletas que que se destacaram pela sua dedicação à causa sportinguista, sendo atribuídos os primeiros emblemas de 50 anos de filiação no Clube ao sócio nº 1 Francisco Gavazzo e a Humberto Borges de Castro e nomeados Sócios Beneméritos António da Silva Schiappa Monteiro, José Gonçalves Nunes da Costa, César Ferreira Faustino, Gentil Daniel Ribeiro Martins, António Carvalho Oliveira, José Adriano Trabulo e Graziela Marques Pereira.
Em Julho voltou a estar em cima da mesa a substituição dos órgãos sociais que apenas se tinham comprometido a ficar até à inauguração do Estádio e ao fim das comemorações do centenário, tendo então os três Presidentes desses órgãos sido alvo de uma homenagem, na mesma altura em que no Estádio José Alvalade foram descerradas lápides em homenagem ao saudoso ex Presidente Ribeiro Ferreira e aos trabalhadores anónimos que tinham contribuído para a edificação daquele monumento à glória e à grandeza do Sporting Clube de Portugal, três deles tragicamente falecidos durante a obra.
Em termos de organização do Clube foram introduzidas algumas alterações com a nomeação de dois secretários permanentes, um para o pelouro das atividades administrativas e outro para as relações externas e de um assistente técnico que ficaria responsável por toda a área das atividades desportivas do Clube, uma função que foi confiada ao Prof. Moniz Pereira. Foram também criados os cargos de adjuntos à presidência, um dos quais foi atribuído a D. Maria Fernanda Peixoto Vasconcelos Tavares, que assim se tornou na primeira mulher portuguesa dirigente de um Clube desportivo.
Os maus resultados da equipa principal de Futebol foram justificados com o facto da mesma andar de casa às costas, um problema que ficaria resolvido com o novo Estádio José Alvalade, mas em Abril o treinador Alejandro Scopelli demitiu-se, tendo então sido contratado Abel Picabêa, outro argentino que também não teve o sucesso desejado. Nessa altura foi também criado um fundo de recrutamento de novos jogadores, com o objetivo de proceder a renovação do plantel de forma a que se pudessem formar duas equipas de qualidade idêntica, sem esquecer a aposta na formação, numa época em que a equipa de Juniores ganhou o Campeonato Nacional com um lote de jogadores muito prometedores.
Mas se o Futebol teve um ano repleto de instabilidade com alguns casos disciplinares, nas restantes modalidades o Sporting regressou às vitórias com brilhantismo, ao conquistar os Campeonatos Nacionais de Atletismo, Andebol de 7, Basquetebol, Voleibol e Ténis de Mesa, enquanto Manuel Faria venceu a clássica Corrida de São Silvestre em São Paulo no Brasil, naquele que na altura foi um dos maiores feitos internacionais da história do desporto português.
O Andebol de 11 continuou a dominar a nível regional, embora tenha voltado a falhar o objetivo de ganhar o Campeonato Nacional, num ano onde foram reativadas modalidades como o Hóquei em Patins e a Esgrima e confirmadas outras como o Badminton e a Pesca Desportiva, ao mesmo tempo que se recuperava o Campismo como atividade lúdica.
Ciclismo, Bilhar e Tiro foram outras modalidades que somaram alguns títulos, numa altura em que a Ginástica continuava a crescer atingindo neste ano os 663 alunos, enquanto a Natação se debatia com o eterno problema da falta de uma piscina, mas nem por isso se deixou de apostar num trabalho em profundidade com a contratação do credenciado treinador Mário Simas.
No total neste ano o Sporting e os seus atletas, entre provas regionais e nacionais, ganharam 117 campeonatos, com o Atletismo à cabeça ao conquistar 64 títulos.
Em termos financeiros esta Gerência terminou com um saldo positivo de 13.574$37 aos quais acresceram 163.467$80 resultantes da venda de terrenos à CML, pelo que a receita apurada foi de 7834 contos, o que significava uma subida de 1714 contos em relação ao ano anterior, em parte devido ao crescimento da quotização que ultrapassou os 3660 contos, um acréscimo de cerca de 22%, numa altura em que o Clube tinha 24902 sócios, mais 2333 do que no final do ano de 1955. Há ainda a registar o aumento de 250 contos nas receitas do Jornal do Sporting, derivado de uma melhor exploração da publicidade, o que mesmo assim não evitou um prejuízo de 153 contos, num ano em que Aragão Pinto rendeu Arnaldo Adler na direção do mesmo.
Quanto às despesas, estas subiram cerca de 1816 contos, atingido os 7657 contos, um acréscimo resultante fundamentalmente do forte investimento nas atividades desportivas, cujos custos atingiram os 4941 contos, contra receitas de 2546 contos, o que significava um saldo negativo de 2395 contos, que em relação ao Futebol era de 1143 contos, referentes de uma despesa total de 3445 contos, para receitas de 2302 contos. Em termos de custos a seguir à modalidade principal, vinham o Atletismo com 391 contos, o Ciclismo com 324 contos, o Basquetebol com 216 contos, a Ginástica com 156 contos, grande parte dos quais resultantes dos custos dos festivais organizados para as comemorações do cinquentenário e o Hóquei em Patins com 113 contos.
Pode-se pois concluir que este foi um ano onde se verificou uma subida generalizada e significativa das despesas com a atividade desportiva, numa altura em que o Sporting comprou um autocarro para transportar os seus atletas e em que gastava com os seus técnicos 632 contos, 356 dos quais eram para o Futebol, onde o quadro de jogadores custava em subsídios e prémios cerca de 1525 contos.
As despesas gerais neste ano aproximaram-se dos 895 contos, dos quais a maior fatia ia para os custos com o pessoal que atingiam os 307 contos. As despesas com o Campo Atlético ultrapassaram os 655 contos, uma subida significativa em relação ao ano anterior, que resultou dos encargos com o novo Estádio que por outro lado também gerou uma receita de aproximadamente 444 contos. Há ainda a referir que a atividade recreativa deu um lucro de cerca de 72 contos e que o Posto Médico custou ao Clube perto de 170 contos, enquanto o Centro de Estágio teve um custo de 524 contos, gerando 137 contos de receitas.
Em estudo estava a criação de um regulamento para o Conselho Geral, órgão que em Novembro de 1956 viu eleita a sua quarta versão, que tinha como primeira missão escolher os Presidentes dos Órgãos Sociais do Sporting Clube de Portugal para o novo ciclo que se avizinhava, depois de um período de ouro na vida da instituição, que ficara marcado pela ação brilhante de homens como Ribeiro Ferreira, Góis Mota, Palma Carlos e Carlos Farinha.
No final desta Gerência que terminou em 28 de Fevereiro de 1957, a Comissão Central do Estádio apresentou contas, verificando-se que a obra tinha tido um custo 27.539,708$38, a maior parte dos quais, quase 20 mil contos, eram referentes à empreitada da 2ª fase da obra, havendo a registar que o Fundo do Estádio tinha conseguido angariar mais de 11 mil contos, sendo que as maiores fatias resultaram dos festivais da inauguração (cerca de 3.294 contos) e da venda de lugares cativos (2.595 contos).
A Assembleia Geral de apresentação do Relatório Contas desta Gerência foi quente, com Góis Mota a explicar os desentendimentos com o Benfica, principalmente por causa das instalações que aquele clube ainda ocupava no Campo Grande, mas também relativas às disputas nas contratações de atletas, no entanto o mau momento do Futebol continuava a ser o pomo de discórdia, embora a questão das contas do Estádio também tenha gerado alguma polémica, devido a Manuel Arnaud ter sido acusado de falta de careza na apresentação das mesmas.
To-mane 13h04min de 28 de Outubro de 2011 (WEST)