Diferenças entre edições de "Basquetebol 1975/76"

Revisão das 16h42min de 14 de setembro de 2014

Ganhar tudo, e o Campeonato Nacional por três vezes

As relações com a Direcção do Clube normalizaram-se depois de um ano sem director para o basquetebol, e membros da Direcção começaram a assistir a jogos. Com a saída de Hermínio Barreto, a secção de Basquetebol do Sporting decidiu apostar em Mário Albuquerque como jogador-treinador. Para além de ser um dos jogadores mais evoluídos técnica e tacticamente, introduziu a filosofia de fazer jogar em praticamente todos os jogos os dez jogadores que estão no banco, proporcionando a todos os jogadores a oportunidade de demonstrarem o seu valor, e reforçando a camaradagem entre a equipa. Isto era pouco usual na altura.

Os treinos eram realizados no Pavilhão da Ajuda ou no Ginásio do Triângulo Vermelho.

Com a chegada dos moçambicanos na época anterior, o histórico poste da equipa António Encarnação tinha perdido espaço, e no início da época já não se juntou à equipa. Por seu lado, José Carlos regressou à equipa depois de um ano em Angola, e Nelson Serra, outro antigo jogador do Sporting Clube de Lourenço Marques, juntou-se à equipa antes de começar o Campeonato Nacional. Durante a época ainda vieram mais jogadores, e a equipa era constituída maioritariamente pelos retornados das ex-colónias, principalmente Moçambique.

Vitória por 110-65 contra o Benfica na Luz

A equipa do Sporting fez um Campeonato de Lisboa perfeito, com sete vitórias em sete jogos, conquistando um título que fugia há já quatro anos, e batendo de forma concludente e natural todos os candidatos ao título. O mesmo aconteceu na Zona Sul do Campeonato Nacional, com 14 vitórias em 14 jogos, o que inclui uma vitória por 45 pontos de diferença (65-110) no pavilhão da Luz. Na realidade, em todo esse período, o Sporting apenas perdeu dois jogos particulares, ambos com arbitragens caseiras, contra a Académica em que a mesa subtraiu pontos ao Sporting mesmo quando o treinador adversário reiterava a verdade, e contra o Sangalhos, que venceu a Zona Norte com apenas uma derrota. O Sporting inclusivamente foi a França disputar e ganhar um jogo particular contra uma equipa profissional da 1ª divisão francesa.

O Sporting chegou assim à fase final, disputada entre quatro equipas, como um dos grandes favoritos. Ganhou facilmente os primeiros dois jogos, contra o Porto e o Barreirense, mas na visita ao Sangalhos teve a sua primeira real derrota da época, sofrendo mais de 100 pontos. Voltou a perder contra o Porto, ficando todas as equipas com duas vitórias e duas derrotas à 4ª jornada. O Sporting ganhou as duas jornadas seguintes, incluindo o último e decisivo jogo na Ajuda contra o Sangalhos, numa partida cujo desfecho esteve em disputa quase até ao final. Com quatro vitórias e duas derrotas, e com o Porto e o Sangalhos com três vitórias e três derrotas, o Sporting tinha ganho o Campeonato Nacional.

A segunda Finalíssima

Tinha, mas não ganhou. O Sangalhos protestou o jogo que tinha perdido contra o Barreirense, e este não contestou o protesto, e o Sangalhos venceu na repetição. Com este estratagema a que a Federação Portuguesa de Basquetebol anuiu após um jantar entre os seus dirigentes e os do Sangalhos e ainda os responsáveis pela nomeação dos árbitros, foi necessário jogar uma finalíssima. Esta marcada para a Marinha Grande, convenientemente para o Sangalhos visto ser na sua região, facilitando a presença dos seus apoiantes. E voltou o escândalo. Quando o Sporting ganhava por 61-45 a 12 minutos e 52 segundos do final e o Sangalhos tinha perdido o ânimo, num contra-ataque do Sporting o americano sangalhense Bill agarrou a bola e atirou-a com força contra a sua própria tabela, partindo-a, e acenando depois aos seus adeptos com satisfação. Era de memória recente um jogo em Moçambique em que outro norte-americano tinha propositadamente usado esse estratagema para anular um jogo já perdido. Mandaram-se vir novas tabelas de Leiria, e durante uma hora e quarenta e quatro minutos ninguém arredou pé, com o pavilhão cheio. Acontece que as novas tabelas eram de madeira, os dirigentes do Sangalhos protestaram, e os árbitros anuíram, anulando o jogo. Acontece que o regulamento da competição nada dizia sobre tabelas de madeira. O sporting era assim espoliado da sua segunda conquista do título nacional no espaço de um mês.

Final da Taça

Foi marcada uma segunda finalíssima, novamente para a Marinha Grande. Desta vez, no entanto, os adeptos sportinguistas compareceram em massa, ultrapassando os locais em muito. Entre as duas finalíssimas o Sporting enfrentou o Sangalhos uma outra vez, para a Taça de Portugal. Os leões jogaram de raiva, e venceram por números incríveis, 103-49, evidenciando a injustiça do que se estava a passar no Campeonato. E na 2ª finalíssima voltaram a vencer, com um jogo soberbo, por 92-82. Era, pela terceira vez, a conquista do título máximo nacional, que escapava há sete anos. E foi de aspecto contrariado que o presidente da FPB entregou a taça ao Sporting.

Faltava um jogo, a final da Taça de Portugal contra o Porto, disputada em Coimbra. O Sporting partiu como favorito, e cedo confirmou esse estatuto, com um jogo deslumbrante onde os magníficos foram tão gigantes na qualidade de jogo como no tamanho, vencendo por 40 pontos de diferença. Foi assim conquistada a primeira dobradinha do basquetebol do Sporting.

E mesmo assim, como vingança final, o presidente da FPB, cujo nome não merece estar aqui escrito, decidiu, contrariamente a todas as outras federações, que a austeridade nacional impunha evitar saída de moeda estrangeira, e como tal não inscreveu Portugal, ou seja o Sporting, na Taça dos Campeões Europeus e na Taça das Taças de basquetebol. O que fica para a história, para lá da mesquinhez, é que o Sporting ganhou todas as competições.

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