Diferenças entre edições de "Atletismo 1970"

Edição atual desde as 11h48min de 4 de maio de 2022

O 12º título consecutivo das senhoras no ano da despedida de Lídia Faria

A época começou com a 5ª vitória consecutiva do Sporting no Grande Prémio de Natal, onde o vencedor foi Carlos Lopes. Seguiram-se as tradicionais corridas de São Silvestre, com Carlos Lopes a ficar no 2º lugar em Luanda, onde foi batido por um atleta sul-africano, enquanto Morujo Júlio foi o representante de Portugal na Corrida de São Silvestre em São Paulo, terminando num decepcionante 28º lugar. No final queixou-se de ter levado uma coronhada de um guarda, no momento da partida, o que o deixou para trás, obrigando-o a ultrapassar uma multidão de milhares de concorrentes, que de repente tinham ficado à sua frente. Já em Janeiro Armando Aldegalega ganhou o Grande Prémio dos Reis em Faro.

No Crosse iniciou-se o reinado de Carlos Lopes, que já se começava a assumir como a nova grande figura do Atletismo português, tendo nesta época ganho o Corta Mato dos Dez e conquistado os títulos de Campeão Regional e Nacional da especialidade, havendo ainda a registar as vitórias de Américo Barros no Corta Mato de Abertura e de José Diogo no Torneio Aberto, para além dos títulos de Campeões Regionais conquistados por António Ribeiro nos Iniciados e Hélia Morgado nos Juvenis.

Colectivamente o Sporting Clube de Portugal para além de ter ganho o Campeonato Regional, foi Campeão Nacional pela 6ª vez consecutiva, um feito inédito até aí, que foi consumado de uma forma esmagadora, com uma equipa que colocou os seus cinco melhores atletas nos sete primeiros lugares, o que resultou numa soma final de 19 pontos, contra 91 do Benfica.

Para além disso o Sporting conseguiu mais uma vitória no Campeonato Nacional de Juniores, enquanto no sector feminino a equipa e Céu Lopes ficaram no 2º lugar.

Na pista coberta apesar das condições não serem as melhores, os recordes continuaram a cair, com destaque para Raposo Borges que no Salto com Vara ultrapassou por duas vezes os 4 metros.

Na Estafeta Cascais-Lisboa o Sporting voltou a ganhar, com uma equipa constituída por Eduardo Simões, José Lourenço, Carlos Lopes, Armando Aldegalega e Morujo Júlio.

Na Pista a época começou com os Regionais de Iniciados onde os atletas leoninos conquistaram 4 títulos por intermédio de José Morais nos 150m, António Ribeiro nos 600m, João Espírito Santo no Lançamento do Peso e da equipa da estafeta dos 4x60m. Nos Nacionais apenas o lançador e a estafeta foram Campeões.

Nos Regionais Juvenis apenas José Aguiar no Salto em Altura foi Campeão, enquanto no sector feminino Clara Tristão nos 600m, Maria Fernanda Gonçalves no Lançamento do Peso e Leonor Santinho no Lançamento do Dardo foram Campeãs de Lisboa. Nos Nacionais apenas Maria Fernanda Gonçalves confirmou o título regional.

Nos Juniores o Sporting ganhou os Regionais femininos com as suas atletas a conquistarem 4 títulos por intermédio de Dominique Daupias nos 200m e nos 80m barreiras, Maria Fernanda Gonçalves no Lançamento do Peso e Leonor Santinho no Lançamento do Dardo, enquanto no sector masculino foram 8 as vitórias dos atletas leoninos que tiveram como protagonistas Fernando Mamede nos 800m, Carlos Cabral nos 1500m e no Triplo Salto, Vítor Silva nos 110m barreiras, Ricardo Mota nos Lançamentos do Peso e do Disco e as equipas das estafetas dos 4x100m e dos 4x400m.

Ainda nos Juniores, mas nos Nacionais Maria Fernanda Gonçalves e Leonor Santinho confirmaram os títulos conquistados nos Regionais e Elisabete Simões também foi Campeã vencendo a corrida dos 400m, enquanto no sector masculino verificaram-se as vitórias de Carlos Cabral nos 1500m, António Pais no Lançamento do Martelo e das equipas das estafetas dos 4x100m e dos 4x400m, havendo ainda a registar o triunfo de Vítor Silva no Pentatlo.

Nos seniores verificaram-se uma serie de Recordes Nacionais, com destaque para o dos 800m, obtido pelo Júnior Fernando Mamede, que o colocava como um dos favoritos nos Campeonatos da Europa daquele escalão, onde no entanto não passou das eliminatórias, sendo inclusivamente ultrapassado pelo seu companheiro Carlos Cabral. Um episódio que se repetiria várias vezes ao longo da sua carreira, onde sempre foi enorme contra o cronómetro, mas muito frágil nas grandes competições.

Nos Regionais individuais Fernando Mamede nos 800m, Morujo Júlio nos 1500m, Carlos Lopes nos 5000m e 10000m, Alberto Matos nos 110m barreiras e nos 200m barreiras, Mário Cordeiro nos 3000m obstáculos, Tavares Alves no Salto em Altura, Rui Oliveira no Salto em Comprimento, Joaquim Serra no Salto com Vara e no Decatlo, José Pedroso no Lançamento do Martelo, Vítor Silva no Pentatlo e as equipas das estafetas dos 4x400m, 4x800m e 4x1500m, sagraram-se Campeões de Lisboa, enquanto na 2ª categoria Manuel Dias nos 200m, Francisco Pereira nos 400m, Augusto Martins nos 200m barreiras e nos 400m barreiras, Ernesto Carvalho no Lançamento do Martelo e as equipas das estafetas dos 4x200m e 4x400m, também saíram como vencedores das suas provas.

Nos Campeonatos Regionais masculinos o Sporting recuperou o titulo após aceso confronto com o Benfica, que terminou com uma vantagem de 7 pontos para os Leões que venceram 10 das 20 provas em disputa, contra as 8 ganhas pelos benfiquistas. Carlos Lopes (5000 e 10000m), Carlos Sustelo (Martelo e Disco) e Alberto Matos (110 e 400m barreiras), ganharam duas provas cada um, com o barreirista a igualar o seu Recorde Nacional dos 110m barreiras, uma marca a que viria a retirar 1 segundo, poucas semanas depois durante um Portugal-Marrocos. Ainda nesta temporada, Tavares Alves viria a melhorar por duas vezes o Recorde Nacional do Salto em Altura, fixando-o em 2,05m,

Nos Campeonatos Nacionais masculinos, o Sporting Clube de Portugal sagrou-se tri-Campeão, com 10 pontos de avanço sobre o Benfica, tendo os atletas leoninos vencido 13 das 20 provas em disputa, com Alberto Matos em grande evidência ao ganhar os 400m, para além das suas já habituais vitórias nas corridas de barreiras. Carlos Lopes nos 3000m obstáculos e 5000m e Péricles Pinto nos saltos em Comprimento e Altura, conseguiram duas vitórias cada um. Tudo isto apesar das ausências de atletas importantes como Manuel de Oliveira, Tavares Alves, Tadeu de Freitas e Domingos Capindiça, uma situação que por exemplo no Salto em Altura obrigou ao recurso a um atleta que ainda era Juvenil.

Esta supremacia vir-se-ia a confirmar nos Campeonatos de Portugal individuais, onde os atletas leoninos ganharam 9 das 17 provas em disputa, contra as 4 vitórias obtidas pelos benfiquistas, numa competição onde estiveram representados 11 clubes apesar da ausência dos atletas moçambicanos. Em destaque estiveram Carlos Sustelo, que voltou a ganhar os Lançamentos do Disco e do Martelo e Alberto Matos, que venceu os 200m e os 110m barreiras. Na 2ª categoria registaram-se os títulos de José Aguiar no Salto em Altura e António Pais no Lançamento do Martelo.

No início do mês de Agosto na segunda ronda desta competição, Carlos Lopes juntou o título dos 10000m às vitórias que já tinha obtido no Corta Mato e na Estrada e, Alberto Matos somou o seu terceiro título da época ao vencer os 200m barreiras, numa jornada quase 100% vitoriosa para o Sporting que ganhou 4 das 5 estafetas em disputa, enquanto no Decatlo Nacional o jovem Vítor Silva foi o vencedor surpresa, garantindo um lugar no Europeu de Juniores, onde não foi feliz e acabou por desistir.

No sector feminino, mais um feito inédito no Atletismo português para as atletas do Sporting Clube de Portugal, que se sagraram Campeãs Nacionais pela 12ª vez consecutiva, superando os 11 Campeonatos seguidos ganhos pelo Belenenses, entre 1948 e 1958, isto depois de também terem ganho sem grandes dificuldades o Campeonato Regional, com 140 pontos contra 115 do Benfica, numa competição onde Céu Lopes foi a grande figura vencendo as corridas dos 400 e 800m, para além de ter participado no triunfo da equipa da estafeta dos 4x400m. Adília Silvério também somou dois títulos ao ganhar os concursos dos Lançamentos do Peso e do Disco, havendo ainda a registar as vitórias de Eulália Mendes nos 200m, Ana Maria Gomes no Lançamento do Dardo e da equipa da estafeta dos 4x100m.

Nos Nacionais as atletas leoninas ganharam 6 das 13 provas em disputa, com destaque outra vez para Céu Lopes, que para além de integrar a equipa que venceu a estafeta dos 4x400m, ganhou as corridas dos 400 e 800m, e para Adília Silvério, que repetiu os dois títulos conquistados no ano anterior, numa época em que melhorou por 3 vezes o Recorde Nacional do Lançamento do Peso, tornando-se na primeira mulher portuguesa a ultrapassar os 13 metros.

A época terminou com a festa de despedida de Lídia Faria, que se realizou a 10 de Outubro de 1970, e foi organizada com um carinho ímpar. Nesse dia a bancada central do Estádio José Alvalade esteve repleta e com um ambiente inesquecível, numa festa que contou com a participação de várias modalidades do Clube e de Joaquim Agostinho, que veio de propósito de Paris para prestar a merecida homenagem àquela histórica atleta.

Outro acontecimento paralelo que marcou desportivamente o ano de 1970, foi o afastamento de Moniz Pereira do INEF, depois de 23 anos de intenso e frutuoso trabalho. Uma estranha decisão, anunciada através de um lacónico comunicado de quatro linhas, e que motivou uma enorme onda de solidariedade à volta do Professor, que na altura era também o Preparador Físico da equipa principal de Futebol do Sporting.

To-mane 17h17min de 3 de Maio de 2012 (WEST)

Secção do Atletismo

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