Diferenças entre edições de "Basquetebol 1977/78"

Edição atual desde as 12h14min de 21 de outubro de 2024

A segunda dobradinha

A secção de Basquetebol do Sporting era independente há muito tempo, não recebendo apoio financeiro do Clube desde pelo menos 1964, ano em que outras modalidades, como o Râguebi, Voleibol, e Badminton foram extintas, com o basquete a sobreviver por aceitar decididamente o amadorismo, em que as compensações dos atletas eram muitas vezes empregos ou ajuda com os estudos. Com os norte-americanos Kit Jones e o seu irmão Jim, e ainda com Gregg Morris, já havia compensações financeiras, mas a primeira dobradinha tinha sido obtida no ano anterior sem jogadores norte-americanos, caso praticamente único no país. Nesta época, a Direcção do Sporting optou decididamente pelo profissionalismo, apoiando financeiramente a secção, que assim contratou um técnico norte-americano, Arthur Duran, e também diversos jogadores americanos. Isto era uma tendência a nível europeu, em que as melhores equipas não podiam passar sem os jogadores do novo continente; os custos de uma equipa de basquetebol competitiva começaram a crescer, e eventualmente em 1982 iriam tornar-se incomportáveis para o Sporting.

A equipa base do ano anterior manteve-se, com uma adição de peso: Augusto Baganha, internacional vindo da Académica de Coimbra, que se juntou à equipa depois do primeiro jogo do Campeonato de Lisboa. Pouco depois veio o primeiro americano, Gary Schiller, com 2,02 m de altura, que no entanto chegou em baixo de forma. O Sporting, com Quim Neves ainda ausente e António Encarnação definitivamente afastado, ressentiu-se da falta de “tabeleiros”, ou seja postes que fizessem a diferença. Assim, depois de ganhar todos os jogos da fase inicial e os primeiros cinco da fase final, no jogo decisivo contra o Benfica perdeu, previsivelmente. Quando bastava perder por menos de 12 pontos de diferença, a derrota foi por 44 pontos.

O Campeonato Nacional voltou a mudar de figurino. 12 equipas disputaram a fase inicial, as primeiras 6 discutiram depois os primeiros lugares, enquanto que as restantes seis lutaram pela fuga à despromoção. Como Gary Schiller não tinha convencido e tinha ido embora, e o Sporting ainda precisava de postes, chegaram dois novos norte-americanos, Mike Faulkner e Greg Howard. O segundo depressa se foi embora, mas Mike tornou-se um jogador muito influente.Enquanto que no Campeonato de Lisboa Arthur Duran tinha rodado muitos jogadores fazendo substituições continuamente, para os melhor conhecer e terem mais rodagem, no Campeonato Nacional estabeleceu-se um cinco base constituído por Augusto Baganha, Carlos Lisboa, Mário Albuquerque, Mike Faulkner, e Nelson Serra. O Sporting chegou ao fim da longa fase inicial em primeiro, com 18 vitórias e 4 derrotas.

O Sporting partiu para a fase final como favorito, juntamente com o Sangalhos e o campeão em título Ginásio Figueirense. Começou bem, com três vitórias contra as equipas mais fracas. Em casa, frente ao Figueirense, o Sporting perdeu por apenas um ponto de diferença, num jogo em que a defesa à zona foi permeável ao ataque adversário, e em que a meia distância leonina não funcionou. No entanto, o Sporting conseguiu recuperar vencendo os jogos seguintes, e encontrou-se de novo, na penúltima jornada, com o Figueirense desta vez na Figueira da Foz. Com o adversário já com duas derrotas, a vitória assegurava o título. A equipa encontrou um pavilhão praticamente despido de apoio devido a um jogo de futebol (Sporting-Guimarães) transmitido pela TV, e repleto de apoiantes do Ginásio que faziam um barulho ensurdecedor com bombos, gaitas de foles, panelas, gaitas, mas estava moralizada por um jantar oferecido pelo presidente João Rocha dois dias antes em sua casa e por um telegrama do companheiro Tomané Alves, e ainda, no meio do público, o próprio presidente João Rocha, que foi chamado para se sentar junto à equipa. O Sporting ganhou por um ponto de diferença, num jogo extremamente disputado em que o Sporting chegou a estar a perder por 77-67. Com fé irredutível, estoicismo e espírito de luta, os Leões recuperaram, e foi no minuto final que conseguiram a vitória, numa explosão de alegria no banco, e silêncio no pavilhão. O Sporting tinha conseguido desapossar o campeão em título na sua própria casa, escrevendo mais uma página gloriosa do historial leonino.

A Taça de Portugal teve um começo fulgurante, com o Sporting a chegar à final com quatro vitórias em que marcou mais de 100 pontos e vencendo sempre por mais de 20 de diferença. A final foi contra o poderoso Sangalhos, que estava praticamente em casa num jogo disputado na Marinha Grande. O Sporting começou a perder, chegando ao intervalo 41-48. Tal como na Figueira da Foz, o Sporting reentrou determinado, com mais garra na defesa e mais rápido no ataque,recuperando. A 2 minutos do fim perdia por dois pontos, mas, num final de jogo mal disputado, com dois jogadores e o treinador do Sangalhos expulsos, o Sporting manteve a cabeça fria e alcançou a segunda dobradinha da sua história.

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Ver também

• O Campeonato Nacional de Basquetebol de 1977/78
• A Taça de Portugal de Basquetebol de 1977/78