Diferenças entre edições de "Basquetebol 1970/71"

Revisão das 08h35min de 28 de maio de 2016

Campeões Metropolitanos contra tudo e todos

Esta época do Basquetebol do Sporting começou praticamente sem equipa. Zé Mário e José Valente tinham saído, e outros quatro jogadores foram para a tropa. Por outro lado, apenas um júnior tinha já idade de sénior. O Sporting recorreu assim a uma série de jogadores vindos de outros clubes, praticamente todos muito novos. Rui Pinheiro chegou de Moçambique, mas juntou-se à equipa de juniores, onde marcou uma média de 29 pontos por jogo no Campeonato de Lisboa.

O Campeonato Regional de Lisboa foi ganho pelo Benfica, invicto, mas de forma irregular. Como vinha acontecendo em diversas modalidades, esse clube tinha direito a regras diferentes das escritas. No jogo decisivo contra o Sporting, à 9ª jornada, os leões começaram naturalmente a ganhar, chegando aos 19-12. Naturalmente porque o mais importante jogador adversário, também o seu treinador, estava castigado disciplinarmente e impedido de jogar pela Associação de Basquetebol de Lisboa. Vendo-se a perder, entrou, apesar de os presentes, incluindo um dos árbitros, protestarem e o avisarem da irregularidade. Isto com o representante do Director-Geral dos Desportos a assistir. Mesmo assim, e apesar dos protestos do Sporting, três meses depois a ABL homologou o campeonato.

Até ao fim de Novembro, a equipa sénior apenas tinha tido um treino da basquetebol semanal, sendo os outros dias dedicados a corrida e musculação. A partir de Dezembro, e com a preparação física completa, começaram a realizar-se quatro treinos de basquetebol por semana. A equipa chegou então ao Campeonato Metropolitano preparada de uma forma que não estava para o Campeonato Regional.

O Metropolitano começou mal, com uma derrota frente ao Porto, em parte por cinco jogadores do Sporting se terem atrasado e chegaram ao recinto a minutos do começo do jogo. As vitórias vieram depois, e o jogo crucial foi na 3ª jornada contra a Académica. O Sporting perdia por 8 pontos de diferença a 58 segundos do fim. O adversário não respeitou um Sporting que considerava já derrotado, mas a equipa leonina não desanimou, recuperou, e ganhou o jogo. A Académica protestou o jogo, que foi repetido, novamente com vitória do Sporting; por usa vez, o protesto do Sporting acabou atendido à posteriori e foi o resultado inicial que contou. Os ânimos entre os dois clubes estavam muito exaltados devido ao trágico "caso Nené" do futebol. No jogo em Coimbra, foram arremessados contra o Sporting objectos como chifres de ferro, navalhas abertas, e quando o Sporting se encontrava a ganhar 21-16, o campo foi invadido pelos energúmenos “estudantis” que agrediram os sportinguistas presentes no banco. Os árbitros, apavorados, suspenderam o encontro por 20 minutos e pediram reforço policial. No reatamento, com polícia de choque, foi a massa de adeptos de negro que, da bancada, dirigiram a arbitragem, com os árbitros a cumprirem as ordens. A comitiva do Sporting acabou por abandonar o recinto sob protecção policial.

O Sporting acabou por se sagrar campeão ainda com um jogo por jogar. O jogo final, de consagração, foi contra o Algés e realizou-se em Lisboa, de forma particularmente agradável porque foi logo depois do jogo que faltava à já derrotada Académica, que assim teve que assistir na bancada ao triunfo leonino, com milhares de adeptos sportinguistas que mais uma vez demonstraram a sua superioridade, não agredindo ninguém, e não sendo necessário reforço policial.

No fim do Campeonato Metropolitano, e referindo-se aos jogadores que nesta época trinham chegado à equipa sénior, o treinador Hermínio Barreto, que no fim da época abandonou o Sporting retornando à sua terra natal, disse profeticamente: "Se se souber conduzir os rapazes nestes quatro, cinco anos mais próximos, quando eles tiverem todos à volta de 26, 27 anos, poderão constituir uma equipa formidável.".

Entre o fim do Metropolitano e o início do Campeonato Nacional, realizado em Moçambique, o Sporting foi afectado por diversos problemas, com vários jogadores impossibilitados de treinar devido às suas obrigações militares, e vários outros, ainda estudantes, em pleno período de preparação de exames. O campeão foi o Sporting Clube de Lourenço Marques, onde pontificavam Mário Albuquerque e Nelson Serra. O Sporting, único representante da Metrópole, ficou em 3º lugar, ganhando apenas um jogo nos seis disputados. Rui Pinheiro alinhou no segundo jogo em substituição de António Encarnação, que estava doente. Foi essa a sua estreia com a equipa sénior, a que apenas voltaria em Basquetebol 1974/75.

Mais uma vez, o Sporting não disputou a Taça de Portugal, considerando que a maioria dos encontros se realizava em recintos impróprios para a prática da modalidade, por vezes com perigo para a integridade física das equipas visitantes, sendo conhecidos casos de apedrejamentos por parte do público. Isto na competição masculina, visto que a equipa feminina participou na Taça de Portugal respectiva.

Tanto a equipa júnior como a juvenil se sagraram Campeãs Regionais de Lisboa. Os juniores foram também Campeões Nacionais. Pela primeira vez o Sporting competiu com uma equipa de iniciados, treinada por Edgar Vital, e que foi campeã de série na fase inicial do Torneio Regional.

O orçamento da modalidade para toda a época foi 360 contos de reis. Como comparação, o do Benfica foi 660 contos.

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