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Edição atual desde as 07h50min de 27 de fevereiro de 2016

Jogo contra o Desportivo na 1ª volta
A festa do título

O Sporting chegou a 1968/69 sem ganhar um título nacional no Basquetebol há quase uma década. Com efeito, desde o Campeonato Nacional de 1959/60 que apenas tinha ganho títulos regionais. Nas últimas quatro épocas tinha ficado por três vezes em 2º no Campeonato Metropolitano… mas um troféu nacional fugia a uma equipa com jogadores de eleição como António Encarnação, Carlos Sousa, José Augusto, José Valente, Manuel Sobreiro, Fernando Monteiro, ou Zé Mário.

A equipa leonina arrasou a competição no Campeonato de Lisboa, ganhando os 14 jogos, e marcando quase o dobro dos pontos que sofreu. Claramente, os adversários à altura não estavam na Associação de Basquetebol de Lisboa.

E em Portugal também não. O Sporting foi disputar o Campeonato Metropolitano, realizado entre as equipas de Portugal continental, e sagrou-se campeão ainda com três jornadas por jogar. Foi perder apenas a penúltima jornada, no Barreiro, um dos recintos onde era mais difícil jogar devido ao ambiente escaldante que os locais lá criavam. E efectivamente, a arbitragem permitiu todo o tipo de agressões e faltas consecutivas dos barreirenses passar sem punição, enquanto que a qualquer jogador verde branco que entrasse no garrafão adversário era desencantada uma suposta falta atacante. Em qualquer dos casos, não havia dúvida que a equipa orientada por Hermínio Barreto era a melhor de Portugal.

Pelo menos do Portugal europeu, visto que nas colónias também se jogava basquetebol, e bem. O Campeonato Nacional era jogado numa fase final entre quatro equipas, que nesta época eram o Sporting e a Académica, segundo classificado no Campeonato Metropolitano, e ainda os representantes de Moçambique e Angola, respectivamente o Desportivo de Lourenço Marques e o Sporting Clube de Luanda. Desta vez o Campeonato Nacional foi disputado no Pavilhão da Ajuda, ao longo de uma semana com apenas um dia de descanso: 11 a 17 de Abril de 1969.

A primeira volta correu muito bem, com o Sporting a ganhar os seus três jogos. Contra os clubes das Colónias as vitórias tinham sido claras, 80-52 contra o Desportivo e 74-33 contra a filial de Luanda, que por seu lado perdeu os três jogos e ficou definitivamente arredada do título. No entanto, o jogo contra a Académica tinha sido muito equilibrado, com o Sporting a ganhar apenas por dois pontos: 64-62. E aqui havia mais um detalhe: a Académica e o Sporting Marinhense tinham querido afastar o Sporting na secretaria, alegando que como o Sporting tinha desistido de participar na Taça de Portugal, também não podia participar no campeonato. O Futebol Clube do Porto e o Vasco da Gama, por seu lado, puseram-se ao lado do Sporting, e a Federação Portuguesa de Basquetebol rejeitou o protesto claramente imbuído de uma falta de desportivismo gritante, por parte de quem não tinha capacidade para ganhar em campo.

Após um curto dia de descanso, a 2ª volta começou com o jogo precisamente contra a Académica, que na 1ª volta tinha revelado falhas nos jogos contra as equipas ultramarinas. O Sporting partiu favorito, e na primeira parte superiorizou-se, chegando ao intervalo a vencer por 32-29. No reatar do jogo a equipa verde branca arrancou de forma fulgurante, chegando ao 42-31, e o jogo parecia arrumado, com a Académica aparentemente em quebra física. Aí aconteceu o que por vezes acontece no basquetebol: os jogadores certos da vitória, abandonaram o espírito de equipa, e entregaram-se às exibições de individualimos. O adversário aproveitou os erros do Sporting, cresceu, encheu-se de ânimo e acabou por recuperar e vencer o jogo por 70-67.

Esta foi uma lição dada pelos “estudantes” que os jogadores do Sporting não esqueceram no jogo seguinte contra o Desportivo, que era decisivo: a vitória era necessária para alcançar o almejado título. E a equipa leonina jogou com autoconfiança mas sem soberba, e sobretudo serenidade e determinação. Ao intervalo o Sporting já vencia por 35-22. No reatar da partida o Desportivo conseguiu reduzir a diferença, mas um José Valente inspirado, a marcar cestos espectaculares, determinou o resultado final de 74-45.

O resultado do último jogo, contra o Sporting Clube de Luanda, nunca esteve em causa tal a superioridade do Sporting. Os “Doze Magníficos” do Basquetebol leonino tinham conquistado o 4º Campeonato Nacional, e um Pavilhão da Ajuda cheio de sportinguistas fez a festa.